Terra das Estrelas escrita por Anninha Batatinha Queiroz


Capítulo 3
Terra do Esquecimento


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu demorei quase cinco meses, desculpa... mas a culpa não é minha se a criatividade correu na velocidade da luz de mim ;-;
Eu também to estudando os dois horários, então ta bem difícil escrever qualquer coisa.
Na verdade eu deveria ta dormindo pois tenho que acorda de quatro da matina pra começar a me prepara pra escola...
Boa leitura 0/



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Chiado...

Meu corpo está dolorido e esse maldito chiado não para, o que seria isso? Está ficando mais alto...

– VOVÓ! – Gritei. A dor começando a ficar insuportável. – TA DOENDO!

Cai da cama e continuei estatela pressionando a cabeça com as mãos. Ouvi o som de passos subindo a escada às pressas. Vovó entrou no quarto e um grito sufocado saiu de seus lábios.

– EVA! – Ela me pegou nos braços e voltou a descer as escadas. Abriu a porta de casa e a luz do sol fez com que luzes estranhas passassem dentro da minha cabeça. – Não se preocupe, vamos chegar logo no medico.

O carro acelerou rapidamente e a ouvi falar ao telefone.

– Doutor? Aqui é Olga Ivanov, avó de Evangeline. Eu a encontrei caída no chão e gritando de dor... – Ela parou para ouvir. – Sim, estou levando ela agora. – Ele falou mais alguma coisa. – Obrigada doutor, estamos chegando.

Acho que desmaiei antes de chegar a clinica, pois não me lembro do caminho e a dor parou por um tempo e quando voltei a acorda as luzes azuladas da sala do Doutor faziam meus olhos também doerem.

– Eva, você consegue me ouvir? – Perguntou enquanto iluminava meus olhos. – Eva você consegue me ouvir?

Apenas me retorci de dor.

– Eva você precisa em dizer onde dói. – Falou calmamente. – Você precisa em dizer.

– Ca... beça... – Conseguir dizer antes de começar a gritar, está ainda pior.

– Por favor, Doutor, faça com que a dor dela passe! – Implorou vovó.

– Não se preocupe Sra. Ivanov. – A tranquilizou. – Eva, a dor já vai passar. Não se preocupe.

Senti uma pontada no braço e a dor aos poucos foi desaparecendo.

– Estaremos te esperando acorda, Eva. – Falou o Doutor antes que uma neblina me tragava para algum lugar...

...

...

...

“Onde eu estou?” Olhei ao redor. Um local estranho.

Levantei e ajeitei meu vestido branco... Mas quando eu coloquei esse vestido? Não que isso importasse no momento, mas isso me incomodou...

Comecei a explorar o lugar, parecia que não havia ninguém, uma terra de ninguém...

Quanto mais andava, mas parecia que nunca ia acabar. A paisagem morta me deprimindo mais e mais... Sufocava-me...

“Parece com uma área ao redor de um vulcão.” Abaixei-me e toquei o chão “Esse chão negro e estéril...”.

– ...

– ...! – “O que é isso? Não consigo falar!”.

“O que aconteceu comigo?”. Assustador! Isso estava se tornando algo ainda mais assustador.

Levantei um pouco tonta com o que estava acontecendo e voltei a andar, uma hora teria que dar em algum local, uma casa, uma cidade, uma vila, um ser humano...

Não sei quanto tempo eu continuei a andar, mas já estava irritada e cansada, com as pernas latejando de dor, com a garganta implorando por alguma coisa líquida, meu corpo pedindo arrego. Sempre gostei muito de andar, mas isso já tava indo longe demais. Se juntasse tudo o que eu andei desde que eu aprendi a andar, não seria metade do que eu andei desde que acordei nesse lugar estranho.

Talvez o céu fosse um dos motivos da minha irritação. Nem nos invernos mais obscuros que eu já vi, o céu havia ficado desse jeito perturbador. Sufocante. Denso. Morto... O cinza e o preto se misturavam, e juntos faziam com que nem mesmo uma pequena faixa de luz entrasse.

“Espero encontrar algum lugar antes que anoiteça e fique ainda pior. Não quero dormi ou mesmo passar a noite aqui. Olhando para esse céu perturbador”.

Continuei a andar, acho que se passaram pelo menos mais duas horas quando já estava quase desistindo e me jogando no chão ali mesmo, avistei algo parecido com uma pequena nascente de rio.

“Finalmente!”

E com o resto de forças que ainda existia em meu corpo, corri, ou melhor, tentei correr.

Cada parte do meu corpo dói tanto que eu já estava pensando se não ia desmaiar por causa da dor.

Mas eu acabei pisando em falso, não havia percebido que havia um declínio em meu caminho. Comecei a rolar entre as pedras negras que machucavam meus braços e pernas. Mesmo sem percebe, acabai usando os braços para proteger o rosto das pedras que passavam por mim. Finalmente consegui parar, olhei para frente percebendo que estava a poucos metros da água límpida.

Não esperei por mais nada, engatiei até perto da água e comecei a beber, utilizando as mãos. Bebi como se não ingerisse liquido a muitas vidas, estava mais desidratada que uma múmia.

Estafada de tanto andar, acabei caindo ali mesmo, sem forças para nada, apenas afastei meu rosto da água.

Acho que acabei dormindo ali mesmo, no leito daquela nascente, entre pedras e o frio do chão, mas depois de andar tanto, aquilo parecia tão confortável quanto o sofá da sala de casa.

Acho que sonhei com cores...

Eu podia ouvir algo, mas não conseguia identificar, o que seria isso? Meus olhos finalmente se abriram e aquele céu morto me encarava. “Tenebroso”, pensei.

– Ainda bem que você acordou. – O som havia parado. – Achei que você fosse passar o resto da vida dormindo.

– Minha cabeça está doendo... – Falei rouca.

– Imaginei que estaria. – Ele esticou o braço e jogou algo em cima de mim.

– O... O que é isso?

– Apenas algo que passa a dor. – Ele finalmente me olhou e seus olhos, por incrível que pareça, são de um tom roxo púrpura. – Pode confiar em mim, não vai te fazer nenhum mal.

Engoli os comprimidos laranja que ele havia me joga e para minha surpresa ele tinha um gosto incrível, diferente de todos os remédios que eu já havia tomado.

– Não é incrível?

Eu não sabia o que responder, fiquei encarando-o por um tempo. Uma pontada no meu coração anunciava algo, avisava algo, mas no momento eu não sabia o que era.

– Vamos. – Ele estendeu a mão para me ajudar a levantar. – Precisamos chegar a um local, é urgente.

– Quem é você? Que lugar é esse? – Perguntei sem consegui me segurar.

– São coisas que não importam no momento, por favor, apenas me siga. – Falou puxando meu braço.

– Eu não vou até você me dizer pelo menos o seu nome. – Falei cruzando os braços por sobre a minha barriga.

– De onde eu venho não existe essa coisas de nome. – Senti uma grande fisgada na cabeça, como se faltasse algo.

Ele agora emanava uma tristeza desconcertante, que da vontade de abraçar a pessoa, mas eu nem sei quem é esse garoto, não posso sair abraçando ele assim. Apertei ainda mais meus braços em torno do meu dorso.

– Eu vou com você. – Eu finalmente consegui falar algo. A camada de tristeza ainda o cobria, mas ele ficou um pouco mais aliviado.

Começamos a andar e ele não falou mais, o silêncio me incomodava, pois ele fazia a dor que eu estava sentido aumentar.

–Você sabia que uma realidade destruída nem sempre significa o fim? – Falou pela primeira vez.

Fiquei sem entender, mas ele parecia está preso em um monologo.

– Como nem sempre a morte é o fim. – Ele suspirou pesarosamente. – Mas mesmo assim é muito difícil dizer adeus.

Eu sabia que deveria responder, mas não sabia o que dizer pra ele, de repente era como se eu não soubesse mais falar.

– Mas nem sempre um adeus é triste ou sufocante, às vezes ele é libertador. – Falei, mesmo sem saber de onde eu tinha tirado isso.

Ele me olhou espantado, mas nada disse.

“Deve achar que sou louca.”.

A minha cabeça latejava ainda mais forte, então parei um pouco.

– O que foi? – Perguntou parando para me olhar.

– Acho que eu comi algo que não me fez bem...

– Vou pegar um pouco de água para você. – Ele então se direcionou para a esquerda, eu não havia notado, mas ali tinha uma maquina de bebidas.

– Pera, isso estava ai desde o começo?

– O que você acha? – Perguntou ele sem se virar.

“O que eu acho?” Perguntei para mim mesma. “Acho que estou ficando louca, que esses remédios devem ter alguma substância alucinógena”.

Ele voltou e me entregou uma garra d’água e voltou a andar.

– Você pode beber enquanto anda. – Voltamos a andar, mas dessa vez ele cantarolava alguma coisa, uma música de ninar, talvez.

– Contaram-me uma história uma vez, onde um garoto viajava por entre os mundos para encontrar o sentido de existir. Ele atravessou muitas dimensões, mas no final, acabou por não encontrar nada. Então ele finalmente aceitou que nascemos sem nenhuma razão especifica. – Ele suspirou. – Então ele continuou a viver sua longa existência sem sentido, sem nunca arrumar um motivo para isso, uma motivação para seguir em frente, apenas vivendo uma existência medíocre.

– Isso é tão triste. Viver sem sentido é a mesma coisa que não viver. –Sussurrei mais para mim do que para ele.

Comecei a notar mais as coisas ao meu redor, a terra vulcânica que parecia não ter fim, o céu morto que me angustiava, então percebi que eles me lembravam do menino da história, existências sem propósito, vazios e mortos. A angústia se instalou ainda mais pesada no meu coração, quase sufocante, quase mortal.

– O que aconteceu com esse lugar? – Perguntou para o garoto que continuava a andar em sua frente. – Porque ele é tão morto?

– Ele perdeu o seu sentido de existir, ele está se deteriorando, chegara um momento que ele não existirá mais, nem mesmo a lembrança existirá. – Ele falou como se essa ideia já estivesse certa, confirmada, algo sem volta.

– Não existe uma maneira de salvá-lo? – Ele não me respondeu.

Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, eu não sabia o por que, mas sabia que esse lugar era importante, mesmo sem consegui lembrar.

– É um mundo vazio. – Disse simplesmente.

Então tudo deixou de ser tão preto e cinza e começou a aderir outro tom. Uma cor mais pura, uma cor extremamente translucida, um branco de extrema claridade. No horizonte eu conseguia notar uma forma estranhamente familiar, ele começou a andar mais rápido, mais urgente. Já estávamos correndo. A forma finalmente se tornou algo claro. Uma grande árvore com um balanço. Parei bruscamente, algo dentro de me dizia para não ir em direção a ela, como se algo muito ruim fosse acontecer se eu chegasse lá.

– Vamos lá, estamos tão perto. – Falou em um tom urgente.

– Por que precisamos chegar ali? Por que você parece tão nervoso?

– Eva, por favor. – Ele estendeu a mão, mas eu não a segurei. – Você precisa fazer isso. – Era quase como um soluço de desespero.

Fiquei sem reação no momento, então ele aproveitou para continuar me puxando em direção àquela árvore, mas eu não queria isso, pois tinha certeza que quando chegasse lá eu perderia algo muito importante, eu não sabia o que era, mas a única coisa que eu tinha certeza era que era importante.

– Por favor... – Ele continuava a me puxar e o desespero se apossou de mim.

– Por que você ta fazendo isso? – Eu tentava me soltar de suas mãos, mas meu corpo ainda estava muito exausto, então não era um grande progresso o que eu estava fazendo.

– Apenas continue andando. – Faltava menos de um metro e no ápice do desespero, meu rosto se encheu de lágrimas.

Ele me colocou junto ao balanço e deu um sorriso fraco, de parti o coração.

– Esse é realmente um adeus, Eva. – Ele apertou minha mão esquerda de modo carinhoso. – Muitas histórias são criadas, mas pouquíssimas delas são vividas, então não é algo para se arrepender. – Olhei pra ele, confusão estampada no meu rosto. – Desculpe-me, você não deve está entendendo nada. – Ele olhou para cima e eu segui o seu olhar, aquela parte do céu não era de nenhuma das cores que eu já havia visto antes, não era nem cinza com preto e nem o branco total, um grande furacão de cores; laranja com amarelo, vermelho sangue, rosa com azul que formavam um tom violeta, algo como um rosa queimado e outras cores que meus olhos não conseguiam identificar. – Chegou a hora.

– Não! – Eu estou tão próxima da memória perdida. Eu preciso me lembrar AGORA! Um soluço cortante atravessou minha boca. – Só mais um pouco... por favor. – As últimas palavras saíram sufocadas.

– Eu sinto muito. – Então ele me empurrou e já não tinha mais volta. Pervyy me mandou embora para sempre.

– Pervyy! – Ele olhou surpreso, mas no mesmo instante tudo perdeu foco e voltou ao branco.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Obrigada por ler até o final.
Só pra avisar que a (curta) fanfic só terá mais dois capítulos (sim, ela será finalizada com cinco capítulos).
Até o próximo capítulo 0/