A princesa e o Guarda escrita por Amanda Azevedo


Capítulo 3
Lembranças




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Está tudo escuro, aquela onda de frio repentino que faz um calafrio passar por todo meu corpo, aquele cheiro forte de metal tomando conta do lugar.
Começo a andar de um lado para o outro, esfrego as mãos rapidamente.


Inspira, expira, relaxa.

Meu médico diagnosticou claustrofobia uma semana após a morte de meu pai. Ele diz que talvez o trauma de ter ficado horas confinada naquele abrigo, e o baque que foi perder meu pai, havia provocado uma série de consequências. A partir daí tenho uma cota diária calmantes, e faço terapia duas vezes por mês, mas não acho que isso ajuda muito.


Inspira, expira, relaxa.


         O pavor começa a dominar todos meus sentidos, meu coração começa a bater mais rápido, não enxergo nada! A sensação de falta de ar é a primeira fase, depois o enjoo, e a tontura.

         Alguém esfrega a mão na parede, um pequeno fio de luz aparece, logo depois, a sala é iluminada.Havia algumas prateleiras com uns pacotes de plástico escuro, e outras com alguns cobertores finos. No meio daquele espaço, havia um banco de madeira com capacidade para umas quatro pessoas; na parede oposta, uma pequena pia e o que parecia ser um banheiro muito primitivo. Havia alguns ganchos instalados na parede, mas não tinha nada pendurado. Encostado na parede, ele.

         O verde de seus olhos parecia iluminar todo ambiente, seu sorriso sarcástico de sempre. Mas algo não se encaixava...
Respiro fundo.

— Jem?

Acordo com o barulho de uma forte batida na mesa.

—  Illéa está perdendo o poder – Melody diz olhando fixamente para os papeis em cima da mesa, ela olha para mim e franze a testa – Cada vez há mais rebeldes, mais discórdia, desde a morte de... – Ela faz uma pausa dramática

—  Eu sei – Tento esconder um bocejo – Mas o que pretende fazer? Que eu saiba sempre preferiu fazer seus cabelos a governar Illéa – Nem me preocupo em parecer irônica demais, ela já está acostumada com isso.

         Sempre soube que minha mãe entrou para seleção pelo poder e fama. Ela era uma atriz famosa de novelas e filmes que bombavam nas vendas. Primeiramente, a atenção foi ótima para ela, nas fotos sempre sorrindo e demonstrando seu “Amor” publicamente. A partir do momento em que percebeu que para ser a rainha a etiqueta e as obrigações viriam em primeiro lugar... Bem, as meninas disseram que o seu mau humor equivalia a todas as mulheres de Illéa na TPM.

— Não admito que fale assim comigo! – vermelha de raiva ela se levanta – Governar Illéa cabia a seu pai! Mas olha que divertido, ele não está aqui! Não sei o que é pior – ela suspira – Te aturar ou governar Illéa.

Essa doeu. Seguro as lagrimas que queimavam o fundo de meus olhos, engulo em seco.

— Fala logo o que deseja Vossa Majestade, tenho coisas a fazer – Finjo fitar meu relógio

Ela vai em direção a Susan e cochicha uma coisa para ela.

— Vamos receber a visita de algumas nações ainda não aliadas a Illéa. Holanda, Áustria e Alemanha. Precisamos nos aliar a cada vez mais países para manter a força de nosso país, e bem... Dar esperança a ele futuramente – Ela sorri conspiratoriamente para Susan.

— O que mais pretende com essas visitas? - Ergo uma sobrancelha

— Nada de importante filha, agora vá se arrumar para o chá. – Ela me dispensa com a mão, e sei que não há mais como argumentar com ela.

Estou em meu quarto há horas, aquela parede azul aquarela cheia de rabiscos e desenhos... Por que tudo me lembra ele? James.
Conhecemos-nos no meu aniversário de oito anos.

~/~


— O que pediu? – ouvi uma voz aguda aos meus ouvidos

— Como assim pedi? – Disse confusa, o jardim do palácio estava repleto de pessoas, como todos os anos, no meu aniversário meu pai fazia questão de produzir uma festa cada vez melhor. Crianças de nações aliadas, de castas superiores, mas o estranho é que nunca vi mesmo uma sequer Três...


Ele franziu a testa de um jeito estranho, comecei a rir.


— Horas, seu pedido de aniversário, ao soprar as velas daquele bolo – Ele apontou para o bolo que estava quase já pela metade – Um pedido deve ser feito.


— Oh, eu não sabia disso! – olhei para o bolo, indignada – Mas, quem é você?
Era a vez de ele rir, ele fez uma reverencia estabanada e estendeu a mão.


— Eu sou James, James Bennet – Ele sorriu e saiu correndo.


Comecei a correr atrás dele, mas com aquele vestido era impossível!


— Ei! Ainda tenho como fazer meu pedido?


— Nunca é tarde demais – Ouvi sua voz já distante.


         Dei um sorriso bobo e fui até onde uma das criadas estava cortando o bolo. Fiz meu primeiro pedido, nunca imaginei o quão próxima chegaria da realidade.

~/~

 
Uma batida na porta me tira do meu devaneio.

— Entre - Cubro meu rosto com um travesseio enquanto Mitch entra no quarto.

 Mitch fazia parte da minha guarda pessoal, era um doce mas nunca havia conversado com ele além do necessário.

— Vossa Alteza, Sua Majestade lhe aguarda na sala – ele me lança um olhar piedoso, e já posso até imaginar que o que está me aguardando não é nada bom.

— Hmm —Resmungo — Diga a ela que já vou — Ele sai de fininho me deixando sozinha em meu quarto gigante, respiro fundo.

         Levanto-me passando a mão por meu vestido lilás, com pedras transparentes no decote em formato de V, mas nada muito extravagante.

Saio de meu quanto, desço as escadas de porcelana onde dão diretamente no salão principal e me deparo com uma cena que não me agrada nem um pouco, agora eu sabia o que Melody estava aprontando.


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