A princesa e o Guarda escrita por Amanda Azevedo


Capítulo 4
Decisão


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal, como eu estou há um tempo sem postar... Eu decidi fazer uma surpresinha, esse capitulo é na visão do pequeno Jem
Bom, boa leitura, bjs da titia Manddie



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10 anos antes, James Bennet

Era um dia frio em Angeles...

— Achamos! Achamos! A princesa Alice esta aqui! — Disse o guarda que abriu a porta do abrigo

Meu pai havia me contado como eram os abrigos para possíveis ataques rebeldes. Nunca havia presenciado tal coisa para acreditar que aquilo realmente aconteceria. Quando aquele guarda anunciou o ataque, aquilo foi o estopim para a multidão de empregados e visitantes saírem correndo para salvarem suas vidas, sabia que não era um simples ataque nortista.

Estava frio e úmido, a partir do momento em que chegamos não proferimos nenhuma sequer palavra, nos comunicávamos ao toque, apertei sua mão e comecei a esquentá-la, ela fechou os olhos e começou a cantarolar baixinho, até a chegada deles.


— Onde está o papai? E minha mãe? O que aconteceu? — Ela se levantou num estalo e soltou minha mão.


         Eles se entreolharam com medo de contar. Tentei observar os estragos por cima de seus corpos gigantes, mas eles interromperam o caminho de propósito. 


— Estão me escondendo algo — Ela passou por baixo das pernas dos gigantes e começou a correr.

— Lily! — Comecei a correr atrás dela, mas um dos homens me segurou – Me solte! Me solte! – Gritei

— Precisa vir conosco pirralho, a rainha te espera — Ele disse carrancudo.

Começamos a andar pelos corredores, eles estavam grudentos e escorregadios, quando olhei para baixo vi as poças de sangue invadindo os corredores. Uma onda de náusea passou por mim, mas me recusei desistir naquele momento, precisava descobrir o que estava acontecendo. No caminho, várias criadas e mordomos corriam de um lado para outro socorrendo feridos aqui e ali, alguns guardas feridos ou mortos espalhados por todos os cantos, tudo estava um caos.

Ao me aproximar do escritório real ouvi algumas vozes abafadas

— Quantos mortos e feridos? — Ouvi a voz de um dos guardas

— 26 mortos e 69 feridos até agora — Alguns suspiros sufocados e gritinhos foram ouvidos

— Ai meu deus — Dessa vez era uma voz feminina — Foram os... Os...

— Sim Madeline, esse foi um ataque sulista — disse com pesar — E parece que os avisos na parede, dizem que esse não será o único, quando a princesa completar 18 anos... — Uma sessão de “oh” foi ouvida por toda a sala, o que me impediu de ouvir o resto da frase.

Alguma coisa está acontecendo, preciso falar com lily.

Comecei a correr contra o fluxo de criadas com panos molhados e até bandagens para socorrer os feridos. Gritos e correria, mas eu tinha um objetivo, contar a Alice o que estava acontecendo.

— Ei garoto! Volte aqui! — Disse o guarda mais velho, enquanto o mais novo corria para me alcançar. Começei a correr em zig- zag e encontro a no porta final do corredor. Entrei num piscar de olhos.

Meu mundo parou.

Ao me deparar com aquele sangue ao seu redor, ao ver os buracos em sua farda, dois tiros certeiros no coração...

Não, não, NÃO!

Não ouvi meu grito, não ouvi mais nada, somente aquela voz acolhedora em que me repreendia por roubar as maçãs da árvore da rainha. Apoiei-me a parede e segurei minha garganta, o ar faltou em meus pulmões, uma facada no meu peito, que só foi machucando mais, cada vez mais, toda vez que encontrava meu olhar àquele corpo inerte. A única pessoa, que sempre cuidou de mim, que me ensinou todos os valores, que me deu minha primeira espada no meu aniversario de oito anos. Meu porto seguro.

Não...

Corri até onde seu corpo se encontrava, segurei seu rosto, cortes invadiam toda sua pele, em meio a cacos de vidro. Sua cabeça não estava melhor, milhões de pedacinhos de vidro espalhados por seu cabelo, de longe, poderia se assemelhar a neve. Mas não estávamos no natal.

O que aconteceu? Que lugar é esse?

Milhares de perguntas sem respostas. Sujeira, vidro e sangue.

NÃO!

— PAI! Papai... Não por favor! — Puxava seu colarinho com força, sacudindo-o, as lágrimas que tanto havia reprimido chegando, sem parar — Acorde! ACORDE! Eu preciso de você... Por favor... — Deitei minha cabeça em seu peitoral, desliguei-me de tudo, era só eu e ele, pela ultima vez.

Escutei estalido na porta.

— Levante pirralho — Ouvi a voz gélida de Melody atrás de mim — Vamos, vamos não tenho o dia todo para “você”

Limpei as minhas lágrimas restantes e me endireitei, não iria a deixar ver minha dor, somente minha indiferença.

— Vossa Majestade — Fiz uma reverencia e disse com a voz embargada — A que devo a honra de sua presença?

— Poupe-me muleque, sabe muito bem por que estou aqui — Ela disse com dedo a riste a meu rosto, logo depois disso ouvi a porta bater, era Mitch. Ele era da guarda pessoal do rei, muito bom e acolhedor, de meia idade, quase nem dava para acreditar o que fazia servindo a família real.

— Vossa majestade o que... — Ele foi interrompido por ela, que virou pra ele e fez um sinal para ir embora.

— Preciso atualizar o jovem sobre o que aconteceu nesse ataque, o pobre menino vai precisar de alguém nesse momento triste — Ela apontou para o corpo inerte de meu pai, com um falso pesar.

— Como quiser, Senhora — Ele me lançou um olhar acolhedor e saiu da sala a passos firmes

Após um longo momento a saída de Mitch, a rainha retornou a falar.

— Sabe onde estamos? — Pergunta, sem querer a resposta — Essa é a segunda biblioteca do palácio, quase ninguém vem aqui, e como pode ver, ela foi feita mais para relaxar com um livro do que pegá-lo aqui.

         E era verdade mesmo, a sala era estranhamente quadrada. Algumas estantes de livros aqui e ali, mas não muitos. O que mais ocupava a sala eram os sofás e poltronas, além da mesinha com um computador e alguns papéis. Só que... Estava tudo revirado. Papéis no chão, livros rasgados, sangue... Descobri de onde vinha o vidro, os vasos de cristal não estavam mais lá. Naquela sala havia ocorrido uma luta. Meu pai se encontrava um pouco depois da mesinha. Como não havia prestado atenção onde estava?

— P-por que...? — Não conseguia formar uma sentença, mas...

— Por que seu pai não foi levado para receber os devido cuidados a tempo? Por que ele estava aqui e não na ronda? Ou seria... Por que sua família patética tem o dom de não me ouvir? — Ela disse cínica, mas uma vez não me deixou responder, me interrompendo novamente — Meu marido estava aqui, sim, nessa pequena salinha quando tudo aconteceu, daria tempo dele fugir, mas ele estava muito ocupado pensando em outras coisas. — Ela foi em direção a uma das poltronas e se sentou — Sente-se querido, essa história é longa, e não queremos você muito cansado para viagem.

Olhei para ela, confuso fui em direção a uma das poltronas também, quando me sentei, um pouco de coragem me invadiu.

— Q-que viagem? — Minhas mãos começaram a suar e esfreguei-as rapidamente em minha calça.

— Ah meu querido, somente ouça...

“Eu e seu pai tivemos um caso, oh não, por favor, não me olhe com essa cara. Henry descobriu tudo aquela noite, eu sabia que ele desconfiava, mas o que poderia fazer?

Quando o ataque começou ninguém sabia onde estávamos, e os que sabiam morreram antes de avisar qualquer um. Seu pai sempre foi um homem honesto, mas ele me amava aquele tolo, e realmente achava que poderíamos viver juntos, sem segredos.

Sabia que deveria dar um fim nos dois para continuar a ser rainha, você me entende não?

Já Henry estava sereno, quando descobriu a traição pude ver sua mágoa, mas não levantou um dedo para nenhum de nós, e quando os sulistas vieram, ele não lutou.

Mas por incrível que pareça seu pai o protegeu com a sua vida, matou dois ou três sulistas, mas com um vaso em sua cabeça e um ou dois tiros em seu peito não há quem resistiria, logo depois mataram o rei.

Você deve estar se perguntando como estou viva agora, eu me escondi. Mas se não percebeu isso ainda sua família interferindo na nossa só nos causa problemas, Illéa precisa se reestruturar e a única que pode fazer isso, é minha filha. Mas não com você aqui, sei que não são simples amigos, e sei que você a faz se rebelar a etiqueta e os bons modos.

Henry não esta mais aqui para te defender, seu pai pode ter tentando defende-lo, mas se você ainda não viu isso foi tarde demais, quer cometer o mesmo erro? Quer ser a causa do fim de minha filha? Por ter ido embora tarde demais?".

Quando por fim terminou seu discurso, esperou as respostas, que não vieram.

Escutei seu discurso gélido quase sem piscar, ela descrevia tudo como se fosse uma grande piada, e eu fosse seu publico, mas em seus olhos via que falava a verdade. Aquilo me doeu, não poderia deixar que Lily se prejudicasse por minha causa, ela havia quebrado o braço somente a uma brincadeira comigo, o que seria para ela o momento em que tivesse que assumir Illéa? Meu pai havia me incentivado a ser amigo dela, a acreditar nos meus sonhos, mas... Como pude confiar em um homem que traiu seu amigo? Henry não era somente o rei para meu pai, eles se conheciam desde a infância, casaram-se juntos, tiveram seus filhos quase na mesma época, o que meu pai fez não tinha perdão. E não ia cometer o mesmo erro.

— Sei que esta refletindo sobre o que lhe disse, quando os médicos chegaram tanto Henry quanto Wade já estavam mortos, levaram meu marido, pois é o rei, mas com tantas prioridades no palácio não iriam dar atenção a um mero guarda morto que não teve a capacidade de fazer seu trabalho e por isso teve seu fim, não me entenda mal, mas se seu pai permanecesse vivo, ele seria severamente punido... — Ela começou novamente e ai eu percebi...

Calafrios percorreram minha pele, olhei furiosamente para ela.

— Só que isso não pode ser desfeito não é mesmo? Então me diga logo por que veio a mim enquanto podia estar consolando sua filha, por mais que conheça suas maldades você não seria tão frívola a ponto de só vir pisar em minha ferida pelo simples prazer de ver um garoto que perdeu tudo o que amava em uma só noite - Disse enquanto me levantava e ia até ela, uma gota de acusação a cada palavra — E também não era necessário contar sua história de amor com meu pai nem hoje nem nunca, então. Me. Diga. Logo. O. Que. Quer. Pois sabe que nunca faria mal a sua filha.

Ela sorriu amargamente e se levantou também, não se preocupou com rapidez, arrumou seu vestido amarelo de baile em seu tempo, quando ela terminou olhou para mim com um falso pesar muito mal disfarçado.

— Há um ótimo programa de jovens para ser treinada a guarda na Nova Holanda sabia pequeno James? E como meu velho amigo, o rei Wood aceitou-o com enorme prazer em sua instituição... Não podia deixar de ver que é o melhor para você nesse momento. Que oportunidade! Eu disse que iria falar contigo, e que se aceitasse, iria embarcar amanhã mesmo— Ela ofereceu mais um de seus sorrisos fingidos.

— E eu não tenho escolha não é mesmo? — Disse sarcasticamente

— Ora, mas é claro que tem meu querido, pode aceitar meu convite amigável e ter uma ótima vida na Nova Holanda ou... Pode simplesmente ficar, mas não vou deixa-lo chegar perto de minha filha — Ela gargalhou levemente — Tem até amanha para decidir, bons sonhos, pequeno Jem.

Observei sua saída sem nem acreditar no que estava acontecendo, aquilo tudo era de tão modo irreal que uma pequena parte de mim ainda tinha esperanças de que isso era um sonho. Eu precisava me despedir, corri até meu quarto e peguei meu casaco, uma folha e uma caneta.

Lily

É o Jem, preciso te encontrar no jardim o mais depressa possível é urgente! Venha escondida, sua mãe não pode saber que vamos nos ver.

Te espero no jardim

Jem


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