Patricinha? Será? escrita por Alima


Capítulo 31
Quando tudo desmorona...


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus fiéis leitores!!! Mais um capítulo (momento óbvio) Hoje sem muita em enrolação, porque vocês estão ansiosos, não é mesmo? Espero que gostem :-)



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A dor. A agonia de sentir que perdi meu pai, e agora eu não tinha ninguém para me confortar era... Insuportável. A pessoa que mais me amava nesse mundo, o mais próximo de um amor familiar que eu já senti. Não que eu odiasse minha mãe, mas na maioria das vezes é como se ela não existisse, apesar de eu amá-la. Ethan não estava aqui para que eu pudesse desabafar, e não estaria perto de mim tão cedo, não quando as palavras que nem me lembro podem ter estragado qualquer amizade ou pelo menos uma gota de amor, se é que ele já sentiu isso por mim.

Não consigo. Não consigo, repito algumas vezes enquanto o choro não dá trégua, deitada sobre a cama, meu queixo começa a doer por que meus dentes estão cerrados.

Minhas unhas estão machucando a palma da mão, pelo menos isso impede que eu pegue o celular e ligue para Ethan. Se isso me acontecesse sofreria mais, depois de seja lá o que eu disse, ele não me perdoaria. Mas decido por fim tentar. Limpo as lágrimas com as costas das mãos e me levanto para pegar o telefone.

Minhas mãos estão tremendo, quando digito e mando a mensagem:

POR FAVOR, PRECISO DE VC! ME PERDOE PRECISO DE VC

–CLARA

Penso um pouco qual a probabilidade de Ethan aceitar ao meu pedido de desculpas. Minhas chances são de 1%, não pensei em zero porque não quero sofrer mais. A medida que os minutos vão passando minha esperança vai acabando. Até que alguém bate na porta.

–Pode entrar.

Sento na cama, quando a minha vontade e de me esconder em algum lugar e não sair nunca mais de lá. A maçaneta gira em câmera-lenta aos meus olhos, e meu corpo fica imóvel quando vejo que é Ethan. No começo seus olhos estão no chão, quando fecha a porta atrás de si, todo o ar do quarto parece ter ficado do outro lado da porta. Ele se vira para mim, seus olhos não estão distantes, e não me viro por sequer um segundo. Seu rosto rígido me faz pensar que ele me diria coisas horríveis, mas Ethan apenas abre os braços. Não penso duas vezes, corro para o seu abraço.

A sensação de abraçar Ethan nesse momento é como uma criança que acabou de se machucar e agora o adulto a pega no colo e diz que vai ficar tudo bem. E é como uma criança também que eu choro os soluços não consigo controlar. Tento parar de chorar para que eu possa dizer qualquer coisa a ele, mas não consigo minha voz não sai. Sinto que ele esta sustentando meu corpo, minhas pernas estão tremulas, me apoio ainda mais, passando meus braços no seu pescoço.

Ele me guia e faz com que eu me sente na cama, sentando ao meu lado. Segura meus ombros, e faz com que minha cabeça seja apoiada em seu colo, sinto o toque das suas mãos em meus cabelos. Continuo chorando, e depois simplesmente paro, pensando agora na noite da festa, o beijo dele e Mel, isso sim deveria ter saído da minha memória.

Ficamos assim por quase meia hora deixando que só o silêncio falasse por si só. Mas eu queria saber o que estava se passando na cabeça de Ethan.

– Não me lembro muito bem do que eu disse... – Digo limpando o rosto com as mãos, ainda com a cabeça no seu colo me viro para encará-lo, seu rosto esta diferente, um pouco de ternura, mas seus olhos têm culpa. –... Acho que te magoei.

– Imaginei que não se lembraria. –Sua voz calma me deixa mais aliviada. –Mas sempre tem um pouco de verdade no que fazemos ou dizemos quando estamos naquele estado.

Isso me fez refletir, nós trazendo de volta ao silêncio.

Me lembro repentinamente da festa em que Ethan estava brigado com Lisa, logo quando ele começou a trabalhar de “diário”, fui embora e acabei quebrando o salto. Ele estava bêbado se ofereceu para me acompanhar e quando chegamos em casa Ethan tentou me beijar. O dia do quase. Havia um pouco de verdade? Algum sentimento ou qualquer atração, que fez com que Ethan tivesse aquela reação? Nunca irei saber, ele não se lembra, ou finge que não.

– Seria demais se eu te pedisse que repetisse o que te deixou magoado? –Pergunto envergonhada, dessa vez olhando para qualquer lugar, menos em seus olhos.

– Não importa. Já me esqueci de cada segundo daquela noite. –Diz ele, me viro rápido para avaliá-lo, ele sorri timidamente.

– Você devia ter me levado a força para o quarto com fita adesiva na boca, ou me dito algumas coisas que me fizessem ficar calma.

– Eu disse. –Sussurra ele. –Mas não me pergunta, por que... Apaguei tudo da minha memória.

– Seja lá o que disse só me disse por que sabia que eu me esqueceria. –Brinco mesmo sem humor. – Não importa. Só uma coisa importa: Me perdoa?

– É claro. –Diz ele, sua voz aveludada.

* * *

Na cerimônia de enterro havia poucas pessoas no cemitério, que se resumia em minha mãe, eu, meus colegas/amigos: Lis, Edgar, Rafa, Rebeca, Beatriz, Pedro e Ethan, que vieram me dar apoio, não era assim que eu imaginava ser esse dia, cercada pelas pessoas me dando abraços e chorando comigo.

Minha tia, a mãe de Mel. A própria Mel, que se manteve distante de mim. Alguns colegas de trabalho de meu pai.

Alias, nada era como eu imaginava. Foi tudo tão rápido que não tive tempo nem meu coração estava preparado para despedidas. Porque é claro eu não queria me despedi.

Sinto alguém passando o braço no meu ombro, vejo que e Ethan e então escoro minha cabeça em seu peito.

–Tenho que ir. –Sussurra ele no meu ouvido, com uma voz que é como canção de ninar. –Posso passar mais tarde na sua casa, ou prefere que eu ligue?

–Você quem sabe. –Sussurro de volta. Não recusando sua companhia.

Ele vai embora, e sinto um grande vazio ao meu redor. E é quando minha mãe retoma a mesma posição de Ethan.

–Clara... –Diz ela meio ao choro. –Posso estar sempre distante, mas não quero mais isso. Eu te amo mais que tudo nesse mundo.

Minha mãe beija minha testa, e volta a alisar meu cabelo.

–Eu também te amo, mãe. –Digo.

Aos poucos as pessoas vão se despedindo, e decido por fim dizer algumas palavras em pensamentos ao meu pai:

Pai, em qualquer lugar que esteja te peço pra que nunca se esqueça de mim. Sempre te amarei, infinitamente. Isso não é uma despedida. Ainda não consigo... E talvez eu nunca consiga. A vida bem que podia ser mais fácil.

–Vamos? –Minha mãe me chama.

–Vamos. –Respondo.


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Notas finais do capítulo

E aí??? Como estão os coraçãozinhos? Tristes? Alegres com o perdão?
Vejo vocês... Na quinta, pode ser??? Até mais!!!