No Limite do Amor escrita por J N Taylor


Capítulo 7
Capítulo 7 - Sacrifício




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Ethan saiu correndo atrás de Eric, alcançando-o alguns metros depois. Ele segurou o amigo pelo braço.

–Eric, me escuta.

–Fale rápido, por favor. Tenho que encontrar a Melissa.

–Eu posso ir com você?

–Não, Ethan. Quero falar sozinho com ela. - um dos homens contratados por Edmund apareceu, batendo no ombro de Eric – Sim. - ele respondeu.

–E o meu pagamento?

–Quem é você?

–Steve Sanders. E o meu pagamento?

–Que pagamento, homem? - disparou Eric.

–Do incêndio!

–Que incêndio? - interrompeu Ethan.

–Na casa de um médico aqui perto da praça. Ele marcou de me encontrar aqui hoje e me pagar. - Steve agarrou Eric e começou a mexer em seus bolsos.

–Tire a mão de mim. - uma pequena multidão começou a se juntar em torno deles ao perceber a confusão. Eric deu um soco no homem, que sacou uma faca do cinto e investiu contra ele. Ethan correu e imobilizou o homem por trás enquanto o amigo dava um soco no rosto do homem.

–O que está acontecendo aqui? - eles ouviram uma voz familiar. Perceberam que estavam na frente da casa de Arthur e reconheceram seu dono – Soltem esse homem!

Eles soltaram. O homem se ajeitou e olhou, ficou levemente pálido ao perceber quem era seu defensor.

–Arthur? - disseram juntos. Cada um em um tom. Ethan, surpreso. Eric em um leve tom de risada e Steve com medo.

–Alguém poderia me explicar que escândalo é esse na minha porta?

–Esse homem está me devendo! - gritou Steve, tentando disfarçar o medo.

–Quanto ele te deve?

–Ele me deve o trabalho de ter…

–Não me interessa o motivo. Só me diga o valor.

–Ele me deve 40 libras.

–Pegue! - disse Arthur entrando, pegando um pano, enchendo com moedas até juntar 40 libras, amarrando o saco improvisado com um pedaço de corda e jogando para o homem. Ele pegou e ia abrir para contar, mas foi interrompido pelo dono da casa – Está certo. Suma daqui. E largue essa faca. Deus, o que houve com vocês?

–Nada, vamos resolver sem irritarmos você. Obrigado pela ajuda. - disse Eric, se virando para sair. Ele olhou para a frente da multidão e reconheceu Melissa.

–Eric, acho que deve se explicar para alguém. - disse Ethan, dando um tapa no ombro do amigo. A garota se aproximou – Não se preocupe, Eric. Só precisa convencer ela. Acredito na sua inocência agora.

–Eric? O que houve?

–Melissa, eu não sei. Aquele homem veio me cobrar.

–Eu conheço ele. Perdão, meu pai conhece ele. - explicou Melissa – Ele, como você sabe, trabalha como xerife. E aquele homem é procurado por tantos crimes que só Deus sabe. E isso nos leva até um ponto interessante: o que ele veio te cobrar?

Ethan e Eric se entreolharam. Melissa colocou as mãos na cintura.

–Ele veio me cobrar o incêndio na casa do Ethan. Mas eu posso explicar!

***

Alguns meses depois, Eric e Melissa estavam felizes. Helena e Ethan estavam se preparando para contar para os pais dela sobre o seu relacionamento.

–Helena! Como eu senti sua falta. - disse ele a beijando apaixonadamente ao entrar no quarto dela e fechando a porta.

–Arthur desistiu da proposta de casamento. Não entendo o motivo disso.

–Ele deve ter se apaixonado por outra, talvez. Agora podemos contar para seus pais.

–Vamos, então.

Eles desceram a escada correndo. Ela pediu para que um empregado chamasse seus pais. Eles chegaram alguns minutos depois. Encontraram a filha e o médico sentados um ao lado do outro. Por um momento, seu pai abriu a boca para perguntar que doença grave atingiu sua filha. Mas a mão dela o segurou pelo pulso, em um gesto silencioso indicando que não era aquilo. Ele fechou a boca e sentaram-se no outro sofá.

–Pai. Mãe. Tenho que contar uma coisa.

–Senhor e senhora Hawthorne. - ele olhou para Helena – Eu posso fazer? - ela acenou com a cabeça, indicando um sim. Ele se levantou e manteve-se em silêncio.

–Diga, senhor Cole. - apressou o pai – Juro pela minha alma! Se disser que engravidou a minha filha, eu mato você!

–Calma, senhor! Eu e a Helena temos conversado e eu vim pedir a mão da sua filha.

–Graças a Deus! - murmurou a mãe dela. Os outros a olharam.

–Vocês tem a minha benção. - disse o pai dela, levantando-se com um salto e cumprimentando o novo genro. Logo em seguida o puxou e o abraçou apertado, aproveitando para sussurrar em seu ouvido: - Faça minha filha triste, machuque ela, e farei mil vezes pior com você. Se ela derramar uma lágrima que não seja de felicidade, eu farei você chorar tanto que você se afogará nas suas lágrimas.

–Se eu fizer sua filha triste em algum momento – disse Ethan, em resposta – Tudo o que fizer será menos que o mínimo que eu mereço.

–Acho que posso confiar na sua palavra. - e o soltou.

A mãe de Helena o abraçou, desejando a felicidades. Depois os pais foram parabenizar a filha.

–Mãe, tenho uma pergunta. - disse Helena. Sua mãe fez um sinal com a cabeça e a jovem prosseguiu – A sua reação quando ele falou do casamento. Parecia que já sabia.

–Claro que já sabia. Ele vem aqui quase todo dia e passa horas trancado em seu quarto. É um tanto óbvio. Eu só espero que não tenham tido relações. Mas a Melissa sempre está com vocês e, pensando bem, a Melissa deveria te apoiar nesse namoro secreto. De qualquer forma, foi assim que conheci seu pai. Você tem mesmo meu sangue.

Todos riram.

***

Arthur estava deitado na cama, em silêncio. Ele murmurou uma ofensa para si próprio. Ele riu da situação. Ele desistira de sua paixão cega e infrutífera por Helena. Alguém bateu à porta do quarto.

–Entre! - ele disse. Um dos empregados abriu a porta e entrou.

–Senhor Caldwell. A senhorita Barbara está lá embaixo.

–Diga para ela me esperar, já desço. - ele disse com um sorriso. O empregado se virou para sair, mas foi chamado de volta – Faça melhor, John! Mande ela subir, mande os cozinheiros prepararem o jantar e nos traga vinho. O melhor que tivermos. E taças. Duas.

–Sim, senhor. Mas o jantar está quase pronto. Em vinte minutos ou meia hora já teremos tudo pronto, senhor.

–Melhor ainda, John. Oh, pegue isso pela sua ajuda. - Arthur revirou os bolsos e tirou algumas moedas do bolso e jogou para o empregado.

–Cinco pence? Muito obrigado, senhor Caldwell.

–Arthur, por favor. E se trouxer o vinho em cinco minutos, ganhará mais cinco.

–Muito obrigado. - o jovem saiu e desceu a escadaria correndo, com um sorriso no rosto.

–O que houve, garoto? - ela perguntou, delicadamente.

–O senhor Caldwell disse para a senhora subir. Primeira porta a direita.

–Obrigado. - ela disse, subindo. Ela encontrou sentado em um banco, de frente para a mesa -Arthur?

–Barbara. - ele levantou e a cumprimentou segurando a mão dela entre as suas e beijando as costas da mão dela – Você está linda. - ele comentou, vendo-a em um vestido azul.

–Obrigado. Mas, o que queria falar comigo?

–Queria dizer que tenho sentido coisas diferentes. Por uma mulher.

–Quem seria? - ela disse, em um tom misto de desafio e ciúmes.

–Você, Barbara.

–Oh... - ela gemeu – Bom, eu também tenho que te dizer uma coisa, Arthur, nesse caso. Me desculpe, mas eu amo um homem.

–Entendo. Que interessante.

–Não quer saber quem é?

–Tenho medo de perguntar e descobrir que é o meu empregado. Ou algum animal. Do jeito que tenho sorte com esses assuntos. - disse, irônico.

–Você parece triste.

–Claro que estou triste. Me apaixonei pela Helena e ela me trocou pela Ethan. Agora amo você e você ama outro.

–Eu nunca disse que amava outro. Eu disse que amo um homem. Só não expliquei que era você. - ela se aproximou dele.

–Nessa condição, não seria errado eu fazer isso. - e a beijou. O empregado empurrou a porta, trazendo o vinho. Eles se afastaram com a surpresa.

–Senhor Caldwell. Aqui está o vinho.

–Obrigado, John. - ele pegou uma moeda do bolso e jogou para ele.

–Uma libra! Senhor, isso é uma semana minha de trabalho.

–Se quiser tirar uma semana de descanso, posso permitir.

–Muito obrigado, senhor Caldwell. Mas vou trabalhar. Deixarei o descanso para quando necessário. Seu vinho. - e entregou um cantil junto de duas taças. Arthur pegou os objetos, serviu Barbara e se serviu logo depois.

–Pode ir, John. Chamarei caso precise.

–Não deveria dar tanto dinheiro para os empregados.

–Claro que não devo. Mas eu quero. Estou feliz. Quero as pessoas felizes ao meu redor.

–Pensamento inteligente. - ela bebeu um gole do vinho.

–Sem dúvida.

***

Melissa entrou em seu quarto. Em cima de sua cama estava uma rosa vermelha com um bilhete preso ao caule. Ela cheirou a flor e logo deduziu que era de Eric. Nas últimas semanas ele desenvolveu o hábito de surpreender Melissa com presentes. Ela desenrolou o bilhete e leu.

Melissa, essa flor me lembrou de você essa tarde. Poderíamos nos encontrar mais tarde, as 9 horas? Se possível, em um depósito no porto. Você saberá onde é. Ele estará marcado. Assinado, E.B.

–E.B.? - ela disse para si própria, tentando se lembrar do sobrenome de Eric – Eric Baker?

Ela sorriu. Assinar as iniciais era novidade. Mas ela sabia que Eric gostava de surpreendê-la, as vezes.

–Eric Baker, óbvio. - ela disse para si própria. Ela saiu e entrou no quarto de Helena.

–Melissa, minha amiga. Tudo bem?

–Sim. O Eric me deu um presente hoje. - e mostrou a rosa. A amiga sorriu.

–Que romântico!

–Sim, e marcou um encontro. Mas me conte. Como foi hoje com o Ethan?

–Foi ótimo. - disse Helena se levantando – Sente-se.

***

Melissa se preparou para sair no horário. Faltando cinco minutos para o encontro, ela chegou no porto. Na parede externa de um dos depósitos estava uma rosa vermelha. Ela sorriu e entrou. Estava escuro.

–Eric? - ela perguntou. Logo após viu várias velas sendo acendidas sequencialmente. Ela esperou, imaginando que fosse uma brincadeira de Eric. As velas iluminaram todo o lugar e a porta atrás dela se fechou. Ela se virou. Atrás dela estava um homem de cabelos negros e bagunçados, vestindo um sobretudo com um sorriso sádico no rosto. Seu olho esquerdo estava coberto por um tapa olho. Uma enorme cicatriz descia de um pouco acima do olho ferido até próximo da boca, dando uma aparência macabra para ele.

–Melissa? Eu não esperava que você viesse. Eu preparei tudo para nós dois.

–Edmund? O que você quer comigo?

–Nós nos amamos, Melissa. Você veio, você sabe que me ama.

–Edmund, você está me assustando. O que houve com seu olho?

–Você está preocupada comigo, amor? Obrigado. Foi o Eric. Ele tentou te afastar de mim. Eu fui te defender e ele fez isso.

–Por que me disseram que foi você quem incendiou a casa do Ethan?

–Eles me odeiam. Eles não gostam de nos ver juntos. O nosso amor incomoda aqueles tolos patéticos, Melissa. Nós nos amamos, não?

–Não! Você é meu primo!

–Você não me ama? - ele esticou a mão para um caixote próximo e ela olhou para saber o que ele faria. Uma pistola estava esperando. Ela correu para impedi-lo de alcançar a arma, mas ele foi mais rápido. Alcançou a arma e apontou para ela – Você me ama?

–Edmund, entenda. Eu amo outro, você tem que entender. - ela disse, dando um passo para a frente – Largue isso e vamos conversar.

–Você não vai me enganar! Amarre ela! - ele gritou para alguém sentado em um canto escuro. Sebastien apareceu da escuridão. Ela olhou para ele, apavorada.

–Sebastien? Você? A Barbara trabalha com você também?

–Não, Melissa. Me desculpa. - ele disse enquanto desenrolava uma corda.

–Não faça! - ela tentou reagir.

***

Eric entrou na casa dos Hawthorne junto de Ethan. Ele procurou pela Melissa.

–Ela me disse que você marcou um encontro com ela.

–Não, não marquei. Hoje fiquei ocupado ajudando o Ethan no consultório improvisado na minha casa. - ele correu para o quarto dela e viu o bilhete – Não é minha letra.

–E.B.? - perguntou Helena.

–Deus, é o Edmund! Temos que achar ela agora. - e saíram os três correndo da casa até o porto. Eric pegou um caminho para sua casa, dizendo que os encontrava no porto. Ethan e Helena foram correndo. Logo encontraram o depósito marcado com a flor.

–Eu entro na frente. - Ethan disse, abrindo a porta de madeira. Ele entrou. Olhou a volta e foi golpeado por Edmund, caindo inconsciente. Helena entrou logo atrás.

–O que você fez, Edmund? - ela perguntou.

–Cale-se. - ele apontou a arma para ela.

–Me deixe falar com ela! Por favor. - implorou Melissa. Edmund deixou. Ela correu e abraçou a amiga, que sussurrou algo no ouvido dela.

–Chega! Sebastien! - o jovem puxou Melissa e pegou a corda.

–Vieram me resgatar?

–Era o plano.

–Cadê o Eric?

–Não sei. - mentiu Helena.

–Por que você pergunta por ele? - berrou Edmund, assustando todos.

–Porque ele não me sequestrou.

–Ótimo. Depois que acabarmos aqui. Vou atrás do Eric. E você vai ser só minha.

–Esperem! - disse Eric entrando, ofegante – Eu trouxe reforços.

–Ele me poupou um bom trabalho. - e apontou a arma para ele. Eric andou até perto de Helena e Edmund se colocou de costas para a porta – Preparado para morrer?

–Não! - Arthur entrou correndo pela porta e agarrou Edmund pelas costas. Ele se debateu, tentando se soltar.

Melissa aproveitou a distração de Sebastien e se aproveitou da corda frouxa que ele deixou. Ela o empurrou e ele caiu sobre um dos caixotes. Ele levantou para agarrar a garota, mas Arthur sacudiu Edmund, fazendo a arma disparar. A bala atingiu Sebastien no peito. Ele caiu, sangrando.

–Me solte, Arthur.

Ele aproveitou uma brecha e rodou por baixo de um dos braços, jogou a pistola no chão, tirou um fino punhal de algum lugar e atingiu Arthur na barriga por várias vezes. Ele caiu no chão, sangrando. Ethan se levantou e atacou Edmund que o atingiu no braço. Ele se preparou para mais um golpe, mas Melissa o segurou pelas costas. Eric e Helena correram para ajudá-la. Em uma fúria momentânea, ele se virou e acertou um golpe no rosto de Melissa. Ele não sentiu sua mão atingi-la, mas ela caiu, inconsciente. Ele viu o que fez. Ele empalideceu tanto que parecia que ia desmaiar a qualquer momento. Ele agarrou o corpo desmaiado de Melissa diante dos olhares apavorados de todos.

–Melissa! Melissa! - ele gritou, sacudindo-a. Ele a abraçou. Não sentiu a respiração dela. Ele entrou em desespero e levou a mão até o pulso dela. Não sentiu nada. Até a garganta, e nada. Estava sem pulso.

–Deixe-me ver. - disse Ethan, segurando o corte no braço. Ele checou a pulsação. Não sentiu. Edmund estava preocupado demais para reagir.

–Ethan? Ela está viva, não? Você pode curar ela.

–Não posso, desculpa. Você a matou.

–Não. Ela não pode estar morta! - ele disse, segurando-a.

–Deixe-o. - disse Helena, segurando Eric quando ele tentou se aproximar.

–Não. Melissa, me perdoa. - ele abraçou o corpo dela.

O rosto maníaco e psicótico dele agora se mostrava mais humana, em desespero, pânico. Ethan, Helena e Eric sentiam pena dele, mas mantinham a mesma expressão de indiferença. Em um momento de tristeza, quase uma depressão, Edmund deu um gemido como se sentisse uma dor profunda e uma lágrima escorreu por seu rosto.


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