No Limite do Amor escrita por J N Taylor


Capítulo 8
Capítulo 8 - Ato Final




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–Podem me ajudar aqui? - perguntou Arthur.

–Perdão. - Ethan se virou para ele. Olhou rapidamente para os ferimentos – Não se preocupe. Isso não vai te matar.

–Deus! Está queimando. - disse Helena, apontando para o local onde Sebastien caíra. Uma das velas foi derrubada e alguns pequenos pedaços de madeira de caixotes próximos começavam a queimar.

–Temos tempo. Vá verificar se ele está vivo, Helena! - disse Eric apontando para o garoto caído. Logo depois mostrou para ela como verificar a pulsação, ela entendeu rápido.

Ethan tirou um pequeno frasco com cerveja do bolso e jogou um pouco sobre cada um dos cortes de Arthur, que eram poucos e todos foram de raspão. Só um foi mais fundo, atingindo a carne realmente. O ferido deu um gemido alto de dor.

–Controle-se, homem. Já passou por coisa pior. - tirou o casaco e amarrou em torno da barriga dela, como uma atadura provisória. Apertou bem firme – Me ajude, Eric.

–E ele? - disse, apontando para Edmund que estava de joelhos segurando Melissa nos braços, com a testa encostada na dela.

–Esse vai ficar bem. O sofrimento vai manter ele comportado.

Eric o ajudou a terminar o curativo. Helena confirmou que Sebastien estava morto. O fogo tentava lutar contra a madeira úmida das caixas. Em pouco tempo, aquilo viraria um inferno. Barbara entrou correndo e deu um grito ao ver Arthur no chão. Ele disse estar bem e se levantou.

–O que houve com o Sebastien?

–Ele era meu agente. O conheci quando chegaram na cidade. Ele gostava de você, sua desgraçada. Ele compartilhou meu sentimento de amar e não ser amado.

–O que? - ela perguntou confusa.

–Ele te amava, sua burra. E eu amava a Melissa. - ele se levantou, segurando ela no colo, se virou para o fogo que ficava mais intenso e começou a andar – Nós merecíamos a eternidade. E vamos ter, meu amor. Me perdoe.

–Edmund! Para! - gritou Eric.

–Não! - ele berrou em resposta – Eu sou um herói! Eu merecia! Eu merecia o amor dela! Eu merecia ser compreendido! Eu merecia ver vocês mortos! Eu merecia matar vocês!

–Para, Blake. Vamos ser racionais. - disse Arthur.

–O fogo é tão lindo. Não tanto quanto você, anjo. - Edmund caminhava lentamente para as chamas, em um devaneio – Os portões do céu, meu anjo. Vamos viver juntos para sempre. Eu te amo. - e se inclinou, beijando-a

Eric não se conteve vendo aquilo e correu até ele, segurando-o pelo braço, tentando tirar Melissa dele. A garota começou a acordar. Ethan correu para ajudar o amigo. Ele conseguiu tirar a garota, mas agora Blake fazia um esforço desesperado para jogar alguém para as chamas.

–Eu mudei por você! - murmurou Arthur para Barbara. Ele se beijaram apaixonados – Eu te amo, Barbara. Você me deu a minha vida de volta, não poderia pedir mais. - ela sorriu para ele – Eu vou fazer isso por você e por eles. Saiba disso se eu morrer. Te amo.

Arthur correu o quanto conseguiu por causa da dor. Chegou perto de Ethan e Eric que lutavam para afastar Edmund do fogo. Helena foi ajudar a amiga, que começava a recobrar a consciência após a poção. A ideia surgiu repentinamente em Helena. Ela comprou a poção e deu para a amiga quando foram se falar durante o sequestro.

–Eu vou matar todos vocês! Eu vou matar todos vocês! - ele berrava, com ódio.

–Não vai. - Arthur saltou sobre ele.

Blake caiu, surpreso, e seu braço esquerdo caiu diretamente no fogo. Ele deu um urro selvagem de dor e raiva, desferindo um soco no rosto do seu atacante. Arthur rodou para o lado e a mão passou perto de seu rosto, deixando uma marca de queimadura superficial. Ele chutou as costelas de Edmund e foi puxado pelos garotos. Os três correram. Helena, Barbara e Melissa, agora já acordada, seguiram eles. O grupo deixou o corpo de Sebastien ser engolido pelas chamas crescentes e Edmund. Esse tentava apagar as chamas da manga do sobretudo, mas o calor no lugar aumentava cada vez mais, apenas intensificando as chamas.

***

Seis meses se passaram desde o sequestro, quando Ethan e Helena, e Eric e Melissa se casaram em uma dupla cerimônia, o que não era comum. Os pais de Helena fizeram questão de pagar o casamento das duas.

–Estou nervosa. - confessou Melissa para a amiga.

–Você vai ficar. Desde que diga sim, tudo está certo. - ela respondeu.

O cabelo dela estava mais longo que o normal, caindo sobre o ombro direito e o vestido branco simples, sobre seu cabelo, segurando o véu, estava uma coroa de flores brancas. Helena vestia um vestido da mesma cor, mas não quis a coroa de flores.

–Você está linda, minha amiga.

–Obrigado. - elas saíram juntas do pequeno anexo para a capela da igreja.

Ela entrou de cabeça erguida, com o véu sobre o rosto. Ao seu lado estava seu pai, ele era calvo, um pouco gordo e vestia algo semelhante a um terno. Sua amiga estava ao seu lado no altar. Ethan estava do lado oposto e poucas pessoas estavam na igreja, apenas os amigos mais próximos e parentes. Eric ainda não havia chegado. Depois de quase dez minutos de espera, ela começou a entrar em desespero.

–Helena, ele desistiu. - ela confidenciou para a amiga.

–Não, se acalma. - ela sussurrou em resposta.

–Ele não quer mais casar. - disse com uma voz um pouco chorosa.

–Não chora, ele está vindo.

Ela se acalmou. Dois minutos depois, Eric chegou. Todos suspiraram aliviados. Ele esperou o padre fazer o ritual de costume, ao fim, tirou uma pequena caixa e abriu. Um anel de ouro brilhava dentro da caixa. Ela deu um sorriso para ele.

–Não precisava. - ela disse.

–A mão. - ele fez um gesto segurando a mão dela e colocando a aliança.

Um garoto apareceu carregando uma almofada, sobre a qual estava uma tiara de ouro. Ethan pegou e sorriu para Helena.

–Isso está na minha família por cinco gerações. É uma tradição os homens da minha família darem isso para a mulher que esperam passar o resto da vida.

–Ethan, isso é… Eu não posso aceitar, minha família deve dar o dote.

–E eu devo aceitar. Eu devo provar que consigo manter você no mesmo nível social.

–Dispenso essas formalidades.

–Mas seus pais não.

Ela se calou e ele colocou a tiara nela.

–Impressionante. - uma voz ecoou pela igreja. Eles se viraram e um homem entrou, vestindo uma enorme capa e aplaudindo. Ele jogou o capuz para trás e mostrou o rosto. Metade dele estava horrivelmente queimado.

–Edmund? - perguntou Helena, horrorizada. Foi a única que conseguiu mostrar alguma reação – Deus, o que houve?

–Vocês sabem que eles me deixaram para morrer? Desculpe estragar essa linda e comovente cerimônia. Mas acho que uma questão ficou pendente.

–Não, não ficou. - Ethan deu um passo para a frente.

–Logo você, jovem Ethan? Você é um garoto bonito, não quero arruinar seu lindo rostinho da forma como o bruto do seu amigo arruinou o meu.

–Por favor, estou implorando, não vamos fazer nada. Nos deixe em paz. Vá embora.

–Você vai encontrar alguém que te ame. - completou Melissa.

–Deformado? Desfigurado?

–Não pense assim. - ela continuou.

–Como devo pensar, Melissa?

–Não façam nada! - gritou Ethan quando alguns homens se levantaram para atacar Edmund. Eles se sentaram novamente.

–Atitude admirável, mas agora é tarde. Não pode reparar o que fez.

–O que eu fiz! - gritou Arthur.

–Que seja. Vocês arruinaram qualquer chance minha! Com ela, com qualquer outra.

–Não, Edmund. Você fez isso com você. - Eric retrucou.

–Eu, Eric? - ele berrou, meteu a mão por dentro da capa e tirou uma pistola. Apontou para ele – Vocês sabem que uma pistola só pode dar um tiro. E eu não errarei dessa distância.

–Afaste-se, Melissa! - Eric a empurrou para o lado. Ethan empurrou Helena para trás e entrou na frente dela, protegendo-a.

–Então? Preparado.

–Sua mente perturbada te deixou cego, Edmund.

–Minha mente perturbada. - e riu.

–Isso é sacrilégio! Não pode matar um homem dentro de uma igreja! - disse o padre.

–Pro Inferno com você, sua igreja e seu Deus!

–Deus é misericordioso, arrependa-se. Ele pode curar sua insanidade, filho.

–Cale a boca, homem! Não me importo com seu Deus! Diga mais uma palavra e mato você. Tenho munição o suficiente.

–Não temo a morte, jovem.

–Chega! - berrou Edmund – Cale-se!

–Eu vou fazer uma coisa agora. - Arthur sussurrou para Barbara – Espero que você e Deus me perdoem por isso.

–Esse é meu ato final. - ele deu um sorriso sádico.

–Edmund, não!

Eric deu um passo para a frente. Blake apertou o gatilho e o som do disparo se espalhou pela igreja. Melissa soltou um grito de pavor e correu para Eric. Ele estava bem.

–Eu te amo, Melissa. - disse Edmund, caindo de joelhos. De pé atrás dele estava Arthur segurando um revólver. A fumaça saia lentamente do cano.

–Por que você trouxe uma arma pra uma igreja? - perguntou Eric depois de recuperado do choque.

–Não saio de casa sem isso.

–Deus, isso é um pecado. Isso é heresia! Isso é blasfêmia! Isso é sacrilégio! Você queimará no Inferno! - berrou o padre para ele.

–Deus, me poupe.

–Não use o nome de Deus em vão!

***

Três meses depois, Eric e Arthur estavam conversando com o anfitrião na casa de Ethan. Mesmo mudado, Arthur não escondia uma certa antipatia que tinha pelos dois.

–Ora, Arthur, você salvou a minha vida no meu casamento.

–E pagou aquele homem quando ele tentou matar o Eric.

–Sim, eu salvei. E aquele homem eu só paguei porque eu conhecia. Ela me devolveu o dinheiro depois. - disse, dando um gole em sua bebida.

–Verdade? - perguntou Eric.

–Claro que é. Eu não gastaria meu dinheiro com você nem se você fosse de ouro.

–Isso foi grosseiro. - murmurou Ethan.

–Eu sei que foi, mas é um fato. - respondeu com rispidez.

–Rapazes? - disse Helena, entrando. Melissa e Barbara a seguiam.

–Sim. - respondeu o marido dela.

–Temos uma notícia. Para você, Arthur. - disse Melissa.

–Para mim?

–Sim, pra você. - ela repetiu.

–Diga, então. - ele falou, curioso.

–Lembra que eu insisto para nos casarmos? - perguntou Barbara.

–Não vou gastar meu dinheiro com isso, já disse.

–Calma, não estou insistindo no casamento. Acho que vai ter que gastar seu dinheiro da mesma forma. - ela soltou uma risada tímida.

–Não estou entendendo. - e olhou para Ethan e Eric – Vocês entenderam?

Eles deram de ombro e fizeram que não com a cabeça.

–Homens… - murmurou Barbara.

–Explique, então! Quero saber o que houve.

–Bom, eu… Eu…

–Vocês vão ter um filho. - disparou Helena. Ele cuspiu a cerveja que havia acabado de botar na boca. Os dois rapazes olharam pra ele.

–O que? Como isso aconteceu?

–Você não sabe como? Barbara, o que vocês dois andam fazendo?

–Melissa! - Helena repreendeu a amiga.

–O que? Curiosidade.

–Não seja inconveniente. - todos riram. Logo depois, os visitantes saíram.

–Então, Helena? - disse Ethan após fechar a porta.

–O que?

–Você não quer me contar nada? - disse enquanto se aproximava dela.

–Creio que não. - ela disse após um beijo.

–Certeza? - perguntou enquanto a empurrava na parede gentilmente.

–Tenho.

–Não está esperando um filho?

–Não, não. - ele a segurou pela cintura e a levantou um pouco, mantendo ela apoiada entre ele e a parede. Ele a beijou e ela soltou um leve gemido.

–Não na sala. - ele a colocou no colo, se afastando da parede e a levou até o quarto.


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