No Limite do Amor escrita por J N Taylor


Capítulo 5
Capítulo 5 - Retorno




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A mulher tinha os cabelos dourados caindo sobre os ombros, cerca de 30 anos. Seus olhos eram castanhos. Era, talvez, a mulher mais bonita na cidade. Seu olhar era perigoso e profundo. Em sua carruagem, na sua frente, estava um jovem, de 20 e poucos anos. Seu cabelo era preto, seus olhos eram da mesma cor, e tinha um leve sorriso no canto da boca. Ele se assustou quando ela o chamou, despertando-o do leve transe.

–Sebastien! - ela disse – Mande parar a carruagem! - ele deu a ordem para parar.

–Que ouve, Barbara? - Sebastien tinha um sotaque levemente alemão.

–Eu vi uma coisa, uma pessoa, em um beco. Vem comigo. - ela disse, descendo.

Ele a seguiu. Ela corria na frente. Era quase meio dia. Ela entrou no beco e se aproximou de um homem, jogado no chão. Ela tentou virá-lo.

–É só um bêbado. Ou um mendigo. Deixe ele.

–Não. Lembra do Eric? - ela disse, tentando ainda virar o corpo ensanguentado – Não fique aí parado. Me ajude com ele, Sebastien.

Ele o puxou e o virou. Ela viu o rosto do homem.

–Esse é o Eric. - ela afirmou – Me ajude a levar ele para a carruagem. Tenho um amigo aqui que pode ajudar.

–Claro. - ele segurou Eric por um ombro, e ele acordou, ainda tonto. Olhou em volta, abriu a boca e desmaiou de novo. Ela segurou ele pelo outro ombro e junto de Sebastien, o levou para a carruagem.

***

Melissa entrou impaciente pela porta e assustou Ethan.

–Eu recebi sua mensagem, Ethan. Nenhuma notícia do Eric?

–Nada. - ele respondeu, cabisbaixo.

–E você continua aí sentado?

–O que posso fazer, Melissa? Alguém tem que esperar ele aqui. Já coloquei alguns amigos pra procurar por ele. Espera, estão chamando. - alguém batia à porta. Ele correu para abrir. A mulher de cabelos dourados estava de pé ali – Barbara?

–Ethan, desculpe aparecer assim. Eu estou com um problema. E envolve o Eric.

–Deus, você encontrou ele? Onde ele está?

–Sebastien! - ela chamou. Ele tentava se manter debaixo do peso de Eric. Ethan correu para ajudá-lo e ambos os colocaram na cama.

–O que houve com ele? - perguntou Melissa, desesperada.

–Nova namorada, Ethan? - ironizou Barbara.

–Sou namorada do Eric, com licença. Meu nome é Melissa. E quem é você?

–Barbara Vermont. Ex-noiva do Eric. - e deu um sorriso cínico.

–Meninas! Sem brigas. Melissa, na prateleira do meio da estante do meu consultório tem um frasco com um líquido azul, pegue. Barbara, pegue água na cozinha. Você…

–O que precisar, senhor.

–Nada, obrigado. Só fique aqui, já volto. E não deixe elas se matarem.

–Ele vai ficar bem? - disparou.

–Ele teve sorte. Pelo estado dele, se passasse mais uma hora, seja lá onde ele estava, ele teria morrido. Com essa hemorragia ou com a hipotermia.

***

Edmund pulou por cima da cadeira e se sentou, rindo histericamente.

–Eu sou genial, não sou? - Arthur deu um olhar de ódio para ele, que riu mais ainda. Então ficou repentinamente sério – Sou ou não? - ele gritou.

–Que diabos deu em você, Blake?

–Eu tenho meus planos, seu idiota.

–Você disse, seu imprestável, que ia me ajudar a conquistar a Helena. E quando eu tenho a chance de me livrar do meu único inimigo, você interrompe.

–Matar o amor dela? Seja racional. Ela não quer você como herói, não vai querer como assassino. Qual seu problema, Arthur?

–Você é meu problema, Edmund! - ele berrou.

–Você tem certeza disso? - ele se aproximou do rosto de Arthur. Eles se encaravam.

–Tenho. Eu odeio você.

–Você odeia todo mundo que se aproxima de você! Você é um covarde!

–Eu sou o covarde? Você foge, some e não tem coragem de assumir que fugiu.

–Não finja que você é um bom homem. Um ideal pra sociedade. Você também peca.

–Viemos falar sobre fatos ou pecados?

–Boa pergunta, Arthur. Qual a diferença? Pecados são fatos. Alguns fatos são pecados.

–Não é hora para filosofia.

–Quieto. Se o Samuel estivesse aqui, já teríamos um acordo.

–Não fale do meu irmão! - Arthur gritou.

–Você não é metade do Samuel. Mal sabe negociar. - disse, se afastando.

–Eu cansei de você! - Arthur saltou sobre ele e o pegou pelas costas.

Quando se viu preso, Edmund tentou escapar, mas seu agressor o segurou firmemente e o empurrou para o chão, forçando seu rosto contra o piso frio.

–Repita, Edmund!

–Você não é metade do Samuel! - ele gritou, em resposta. Arthur bateu o rosto dele contra o piso. Ele gemeu e riu. Blake sentiu seu corpo ser virado, mas estava de olhos fechados. Sentiu os socos sequenciais em seu rosto, ele ria insanamente.

–Samuel já teria me matado. - disse, entre os socos.

–Cale-se! - ele gritou de novo – Cale-se! Agora!

Edmund ria cada vez mais alto. Arthur se afastou, pálido. Ele deslocara o pulso espancando o outro que parecia não sentir nada. Seu rosto estava coberto de sangue.

–Deus…Você não é um homem.

–Não. Não sou. Eu sou um justiceiro. - se levantou e virou as costas. E antes de sair, ainda se aproximou do rosto de Arthur e gritou, enfatizando cada palavra que dizia para ele: - Eu sou um herói! - e saiu.

***

Dois meses depois, Eric estava melhor, recuperado. Edmund desaparecera novamente. Ethan e o amigo estavam sentados na mesa, conversando.

–Sabe uma coisa que você não falou pra nós nesses dois meses, Eric?

–Não sei. O que?

–O que aconteceu que você apanhou tanto daquele jeito?

–Uma briga de bar.

–Eric, você não brigou em um bar.

–Como você saberia?

–Você não gosta de brigas.

–E? - perguntou, esperando não ser pego na mentira, mas mantendo a calma.

–E? Você pergunta? Você nem sequer bebe, Eric! O que você foi fazer em um bar?

–Não te interessa, Ethan. Vamos falar sobre algo que importe? A Helena?

–O que tem ela?

–Como vai o relacionamento de vocês dois?

–Ela me evita. Desde o dia do duelo. Nem fala comigo. Um cumprimento, um aceno de cabeça, quando isso. Eu estraguei tudo.

–Não, você não estragou. Se acalme. Eu preciso ir na casa da Helena, falar com a Melissa. Eu posso tentar tirar alguma informação dela.

–Não! - a voz de Ethan saiu mais alta e autoritária do que esperava – Digo, por favor, não.

–Por que não?

–Porque ela pode ter uma reação negativa. Ela pode imaginar que você foi lá apenas por isso, e acabar se afastando de você. E consequentemente te afastando da Melissa.

–Não importa, Ethan. Ela vai saber que não fui apenas por isso

***

Eric tremeu no momento que deu as batidas na porta. Melissa atendeu. Eles trocaram um olhar de cumplicidade e ela o abraçou.

–Desculpe, amor, não vim falar com você.

–Como é? - ela ficou confusa.

–Vim falar com a Helena. Ela está?

–Está. No quarto.

–Obrigado. - ele a beijou delicadamente e subiu a escada. Melissa o seguiu.

–É particular, por favor. - ele mantinha o tom calmo e educado. Melissa lançou um olhar entre a tristeza e a curiosidade, se mantendo no pé da escada. Percebendo isso, ele tentou se desculpar – Desculpe, vai ser rápido. - e ela acenou que sim com a cabeça.

Helena estava na bancada, apoiada, olhando o jardim dos fundos. Eric bateu à porta e ela disse para entrar. Ele entrou, um pouco constrangido, e a fechou atrás de si.

–Eu preciso da sua ajuda, Helena.

–Fale, Eric. - ela disse, se virando para ele. Ela estava pálida.

–Deus! Você parece uma vela, Helena! O que houve?

–Nada. - ela olhou para baixo. Ele acompanhou o olhar dela. Os pulsos dela tinham uma marca de um corte recente.

–Helena. Por Deus, o que deu em você?

–Ethan. Eu entendi que, com ou sem aquele duelo, com ou sem a morte dele, eu vou para o Arthur. Vou me casar sem amor, por dinheiro. Meus pais se casaram por amor e agora querem me privar desse direito. Eles querem me privar da minha liberdade! Eles querem me vender para o Arthur como se eu fosse uma… Uma…

–Chega. - ele colocou um dedo nos lábios dela, indicando silêncio – Diga a eles.

–Eles não me ouvem. Eles acham que eu estou fugindo. Eles não compreendem.

–Você já falou com a Melissa? Ela pode te ajudar, eu acho.

–Quem você acha que me atrapalhou? - ela indicou o pulso com os olhos – Ela. E eu disse que me cortei com um vaso quebrado.

–Mas por quê, Helena? Você se afastou do Ethan. Foi você.

–Eu me afastei pois eu sei que se eu continuar me aproximando, ele vai virar o alvo do Arthur. Eu quero afastar ele do perigo.

–Helena, ele pode decidir se quer se sacrificar por você.

–Não, Eric. Eu não quero ver ele tão perto da morte outra vez.

–Helena, ele pode escolher.

–Eu não suportaria! Eu morreria por ele!

–Ninguém vai morrer, Helena!

–Eu espero. - ela o abraçou em um impulso – Muito obrigada. Realmente, muito obrigada.

–Não precisa agradecer. - e ele retribuiu o abraço, carinhosamente.

–Desculpe. Eu precisava dessa conversa. - e se afastou dele – Mas acho que você não veio aqui falar apenas sobre isso, ou veio?

–Não. Preciso te impedir de ir a ópera hoje.

–Como soube?

–Eu sou médico, Helena. As pessoas acabam falando sobre os negócios do seu pai.

–Eric, o que você está me escondendo?

–Não posso dizer, mas…

–Helena! - a mãe dela batia à porta, chamando-a.

–Espere, mãe. Diga logo.

–Eu soube que estão planejando um atentado ao duque, amigo do seu pai.

–Tenho que contar isso para ele.

–Não! Helena, por favor, não. Se souberem que eu te contei, eu posso correr risco.

–Você tinha ideia de que vindo aqui seria um risco?

–Helena, você não pode.

–Helena! Tudo bem, querida? - a mãe dela bateu novamente.

–Certo, eu não digo. Mas eu preciso ir. Não posso passar mal todas as noites.

–Helena!

–Você precisa ir. Eu não posso faltar. Desculpe, mas eu sei me cuidar.

–Certo. Eu vou. - ele virou as costas e abriu a porta, dando um sorriso para ela.

–O senhor estava aqui? O que houve com ela?

–Nada, senhora Hawthorne. Ela se sentiu mal e Melissa me chamou para ver o que era.

–E o que era?

–Nada de preocupante. Só estava indisposta, na verdade. Mas ela me disse que tem sentido dores de cabeça durante a noite. - ele colocou a mão no bolso, retirou um pequeno pote retangular com pequenas pedras brancas. Jogou para ela – Tome isso e não saia por umas duas noites.

–Pode deixar, Eric. - e se corrigiu – Doutor, desculpe.

–Nada. Espero que melhore. - e saiu, tranquilamente.

***

Edmund estava sentado em uma mesa no canto de um bar. Duas mesas depois da sua estava cinco jovens, com idade entre 20 e 35 anos. Eles conversavam raivosamente sobre algum assunto aleatório. Ainda não estavam bêbados, e gente que se embebedava cedo incomodava Blake profundamente. Ele pediu um copo de cerveja, mesmo não gostando da bebida. Precisava de algo forte. Olhou para a porta. Um homem, de 40 e poucos anos entrou pela porta e se sentou de frente para ele.

–Fez o que eu pedi? - disse para o homem.

–Sim, senhor Edmund.

–Ótimo. E o Eric acreditou?

–Sim. Bom, pareceu que sim.

–Menos mal. - ele pegou alguns pennys no bolso e colocou sobre a mesa.

–Isso é menos que o combinado.

–Pegue o maldito dinheiro e suma da minha frente agora!

–Eu cobro o resto depois. - disse ao levantar. Pegou o dinheiro e saiu. Edmund se levantou, terminou com a cerveja e colocou um penny no copo. Andou até o grupo, tossiu, esperando que o percebessem.

–O que quer? - disse o que parecia ser o líder do grupo.

–Querem dinheiro? Se quiserem, eu tenho um trabalho para vocês hoje a noite.

–Desculpa, mas preferimos mulheres.

–Não esse tipo de trabalho, seu imbecil! - Edmund rosnou, em resposta.

–O que? Segurem ele! - os dois que estavam mais próximos segurara ele, um em cada braço. O líder se aproximou e olhou para ele. Blake manteve a expressão calma.

–Eu quero que vocês causem um… Acidente.

–Que tipo de acidente?

–Aceitem o trabalho. Digam os nomes e o preço. Depois vão saber qual o trabalho.

–Clifford Huffman. - apresentou-se o líder. Esse é Steve Sanders. - apontou para o que segurava o braço direito dele. Depois apontou para o que segurava o esquerdo – Ele é Travaughn Barrett. Esses dois aqui são James Leonard e Alfred Carlson.

–Bom, acho que se os seus amigos me soltarem, podemos negociar civilizadamente.

–Soltem. - eles soltaram – Sentem-se. - todos se sentaram.

–Qual o preço?

–Depende. 50 libras? Para cada.

–40. E acabou.

–Ainda estamos no lucro. O que devemos fazer? - disparou Clifford.

–Queimar um lugar essa noite. Espero que não se incomodem em matar algumas pessoas. - e deu um sorriso triunfante quando concordaram.


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