No Limite do Amor escrita por J N Taylor


Capítulo 3
Capítulo 3 - Confronto




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Ethan chegou em casa após uma breve caminhada com Eric. Ele abriu a porta e começou a tirar as coisas de dentro da bolsa. Após alguns minutos, alguém bateu a porta. Ele atendeu, tranquilamente.

–É o doutor Ethan Cole? - perguntou Arthur, entrando.

–Sim, senhor. Pode entrar? - disse, surpreso pela intromissão do estranho.

–Senhor Cole, eu vim pedir por um remédio. Que não sei ao certo se o senhor pode me dar. Eu tenho um pequeno problema.

–O senhor veio por uma consulta?

–De certa forma, sim. - disse, puxando uma cadeira e sentando-se. Eric entrou na sala.

–O que houve, Ethan? Oh… Desculpe. - ele olhou surpreso para o homem sentado – O senhor nos daria um minuto? Quero falar com o Ethan. Ethan, por favor.

–O que houve, Eric? - disse, quando o amigo o puxou para um canto.

–Você sabe quem é esse?

–Eu ia perguntar isso quando você chegou. Quem é? E por que você está estranho?

–Ele é Arthur Caldwell.

–Como? Espera, você está assim porque Arthur Caldwell veio pedir uma consulta?

–Não acha uma coincidência muito grande ele aparecer aqui logo após você chegar da casa da Helena?

–Eric, você está ficando paranoico. Ele não poderia saber de algo sobre, pois não tem o que ele saber. Nos encontramos. Consultei o pai dela. E?

–E? Você ainda me pergunta? E se ele soube?

–Soube do quê? Você pode ter contado ou, talvez, contado para alguém que contou para ele. De qualquer forma, ele só saberia se você tivesse falado. E isso me levaria para uma conclusão triste: Você não é confiável.

–Ethan, eu não falei. Eu nem me afastei de você para algo além de ir ao banheiro e dormir. Como você pode achar que eu posso ter falado?

–É a única explicação racional para seu breve surto. Com licença, Eric. Tenho uma consulta para fazer. - e virou as costas, voltando para o centro da sala – Então, senhor. Qual o seu nome?

–Arthur Caldwell. - respondeu, com um sorriso leve no rosto.

–Qual o seu problema?

–Bom, senhor Cole. Eu fui muito bem indicado até aqui. E eu, infelizmente, devo lhe incomodar com alguns problemas pessoais até chegar ao ponto.

–Problemas pessoais são fatores que levam ao aparecimento de alguns problemas de saúde, senhor. Sendo assim, não me incomodo de ouvir os seus problemas, desde que isso o ajude. O estresse, principalmente, é muito perigoso.

–Muito obrigado, senhor Cole. Vejo que minhas recomendações não erraram em nenhum ponto. - Ethan se sentou. Eric se encostou na parede para ver aquilo.

–É apenas meu trabalho, senhor Caldwell.

–Bom, senhor Cole. Não sei se o senhor sabe, mas a filha do duque Hawthorne foi prometida em casamento a mim. O senhor sabe?

–Ouvi algo, vagamente, de algum paciente. E, por favor, senhor Caldwell, pode me chamar de Ethan. Sem formalidades.

–Certo, Ethan. Pode me chamar de Arthur. - e deu um sorriso sarcástico para ele.

–Não se preocupe, Arthur, apenas continue.

–Desculpe. Como eu dizia, a filha do duque foi prometida em casamento a mim. E eu creio que ela não queira se casar. E, apesar de vários e inúteis esforços, ela ainda tem uma visão ruim de mim. Eu realmente tento me aproximar dela, dar a ela alguns momentos de alegria, mas ela apenas ignora tudo o que eu faço. E isso me causa uma dor horrível, no meu coração. Além disso, eu me sinto cada vez mais triste e sozinho.

–Lamento, senhor. Eu creio que o senhor possa entrar, ou esteja, em uma depressão.

–Desculpe, Ethan. - ele secou uma lágrima – Sabe quantas vezes eu contemplei a ideia de acabar com tudo?

–Acabar com tudo? O que o senhor quer dizer?

–Tirar a minha vida. Eu já pensei em tantas formas de suicídio. Tentei, de fato, duas vezes.

–Senhor, não! Se ela não o ama, acredite que achará alguém que o ame. O senhor é jovem, é rico, é inteligente. Dê uma chance para que a vida mostre o que pode ser.

–Ethan. A única coisa que eu quero. Que eu preciso, de fato. Eu não posso ter. Eu, antes de vir para cá, tive uma surpresa muito agradável. Mas, sabe o motivo de eu não ter me matado, Ethan? - o médico permaneceu em silêncio – Eu sabia que, se a Helena soubesse que eu me matei por causa dela, ela ficaria culpada. Ela é tão doce.

–Eu compreendo, senhor. Tem coisas que são difíceis de entender. Deus irá…

–Eu não vim atrás de Deus! Se eu quisesse Deus eu estava no banco da igreja, confortando-me em uma entidade invisível. Eu sempre, sempre, tentei ser um bom homem, pela Helena. Desde que a conheci, quando éramos mais novos. Eu sempre quis ser o melhor que pude perto dela. E ela… Seu Deus não se importa comigo, garoto. Pode me dar algum remédio.

–Com licença. - ele se levantou e abriu a bolsa. De dentro, tirou dois frascos. Um continha um líquido azulado e o outro era cinza, quase branco. Ele indicou o primeiro – Esse vai te ajudar a dormir, um relaxante. E esse é um calmante, bom para o seu estresse. E não se incomode de me procurar, senhor. Estou aqui para o que quiser. Até ouvir seus problemas, se necessário. - e entregou os frascos.

–Obrigado, Ethan. - e o acompanhou até a porta. O médico a abriu e o visitante saiu. Ele fechou a porta em seguida e se encostou nela, deixando o corpo escorregar até o chão.

–Deus, o que ouvi aqui? - ele sussurrou para Eric. O amigo fez um sinal de reprovação com a cabeça e saiu do cômodo.

Edmund estava dentro da carruagem dele, sentado.

–Como foi? - perguntou, enquanto Arthur entrava.

–Acho que ele se comoveu com meu drama. - disse, ameaçando derramar o líquido dos frascos no chão – Pensando bem, acho que vou ficar com isso. - e guardou no bolso da roupa – Ele pareceu realmente não saber do que eu falava.

–Esse garoto realmente é dissimulado. Arthur, ele quer a sua Helena. Ele quer te destruir.

–Ele nem me conhece.

–Mas ele quer. Quem não quer ser você, Arthur?

–Ele é só um médico! Ele nunca chegará ao meu nível!

–Acredite, Arthur, ele não precisa.

Helena estava em seu quarto novamente. Melissa entrou.

–Helena, o que houve?

–Melissa, eu tenho que te contar uma coisa.

–Fale. - disse, se sentando na cama.

–Ontem a noite, enquanto você tomava banho, eu…

–Melissa, por favor, pode me ajudar aqui? - disse a mãe de Helena, batendo na porta.

–Sim, senhora Hawthorne. Eu já volto, Helena. Espere um pouco. - e saiu.

–Inacreditável. A Melissa vai me achar louca. Eu não posso falar que o Edmund está vivo.

–Fale, Helena. - disse Melissa, entrando novamente – Sua mãe conseguiu resolver o problema no corredor.

–Melissa. Minha amiga. - ela respirou fundo – Ontem, enquanto você tomava banho, eu me senti um pouco enjoada, estou ficando preocupada.

–Minha amiga, não se preocupe. Aquele remédio deve ajudar. Talvez um pouco de ar fresco? Quer caminhar na praça?

–Sim, vamos. Ótima ideia. - e se levantaram, saindo do quarto.

–Não, Arthur. - sugeriu Blake. Eles já estavam na casa de Arthur – Você está se precipitando.

–Não, Edmund. Você não entende. Você nunca quis o amor de uma mulher.

–Eu amo a Melissa. Por que você não entende isso?

–Ela é sua prima, Blake! Isso é nojento. Isso é loucura.

–Cale a boca! - e deu um tapa no rosto de Arthur, que reagiu, empurrando-o contra a cadeira. Blake rodou para o lado, desviando de um soco, agarrou o atiçador de lareira na parede oposta e girou, atingindo o rosto de Arthur com o objeto – Repita isso e eu mato você, Arthur. Não me ameace novamente!

–Você me cortou! - ele disse, colocando a mão sobre o filete de sangue que escorria.

–Sorte que passou perto.

–Você tentou me matar, seu psicopata! Eu acabo com você, Blake!

–Você não faria isso, meu querido. Você precisa de mim. - ele entendeu o que acabara de fazer. Ele apoiou o atiçador novamente ao lado da lareira e se aproximou de Arthur – Eu não sei o porquê de eu ter feito isso, Arthur. Me perdoe. Eu me estressei.

–Você é um louco. Não chegue perto de mim!

–Arthur, meu querido, me desculpe. Eu vou ajudar. - Blake rasgou uma parte da camisa que usava por baixo e colocou no rosto dele – Desculpe, não foi de propósito. Você poderia, por favor, me perdoar?

–Não me encoste, Edmund! - disse, se afastando.

–Arthur. Eu estou implorando por perdão! Me desculpe. - e se jogou de joelhos no chão.

–Pare com isso! - retrucou secamente.

–Por favor, me perdoe. - e segurou as pernas dele.

–Eu mandei não me encostar! - ele gritou – Você quer meu perdão? Ótimo, está perdoado. Mas eu não quero mais você morando aqui! Suma daqui. Só vou falar com você quando eu quiser! Sai da minha casa, seu desequilibrado!

–Arthur, eu não fiz de propósito.

–Não? Você quase enfiou um atiçador de lareira na minha cabeça! Acidentalmente?

–Você me pressionou. - ele respondeu.

–Quer saber? Continue, faça o que quiser nessa casa, mas não fale comigo. Não chegue perto de mim sem minha autorização. Entendeu? - silêncio – Entendeu?

–Entendi, Arthur. Não precisa gritar comigo.

–Você quer se fazer de vítima?

–Desculpe. Você está certo.

Ethan se sentou na cadeira de seu quarto.

–O que aconteceu naquela sala? - perguntou Eric.

–Acho que você viu tudo.

–Não, Ethan. Você e o Arthur quase tiveram uma briga.

–Eric, por favor. Você pode ir comprar algo na praça, por favor?

–O que quer? - disse, tentando ignorar a súbita mudança de assunto.

–Alguns remédios. Para dor. Por favor. Os meus estão acabando e algum paciente pode precisar. - e entregou algumas libras para ele. E um papel.

–O que tem nesse papel? O que é para comprar?

–Não. Se encontrar a Melissa ou a Helena, entregue. E só saia com uma resposta.

–Ethan, o que você vai fazer?

–Leia e descubra por si só.

–Certo. - ele abriu e leu rapidamente – Você vai na casa dela? Você é louco?

–Um pouco. Faça isso.

Eric ensaiou uma resposta, mas viu que era inútil.

–Se eu morrer te ajudando, Ethan, eu juro que…

–A Melissa provavelmente vai admirar a sua coragem e sua fidelidade ao seu amigo.

–Você acha isso? Bom, já volto.

Ele saiu. Ethan continuou sentado enquanto o amigo ia para a praça. Ele já estava voltando quando avistou, de longe, Melissa e Helena, caminhando juntas. E rindo. Ele se aproximou delas e entregou o bilhete para Helena.

–Desculpe, senhoritas. Helena, leia rápido, por favor.

–Como quiser, Eric. - ela pegou e leu. Ela saiu – Ethan quer me encontrar? No meu quarto? Isso é arriscado.

–Ele falou para não voltar sem uma resposta.

–Diga a ele que eu o encontrarei. Diga que estarei na sacada. Diga para não ir tarde. Todos estão indo para a cama ao pôr do Sol. Diga para que me encontre por volta das nove horas. Obrigado, Eric.

–Disponha, senhorita. Não sei se irei.

–Vá logo, Eric. - sugeriu Melissa. Ele sorriu para elas e voltou para a casa de Ethan.

Deu o horário do encontro. Os pais de Helena haviam acabado de ir para a cama. Alguns minutos depois, Ethan chegou, escalando pela sacada.

–Helena. Deus, eu precisava te ver. - ele disse, segurando as mãos dela entre as suas.

–Ethan, seja rápido. O que houve?

–Eu preciso ter certeza de uma coisa.

–O que?

–Helena, ontem, quando nos encontramos na praça, eu senti algo diferente.

–Eu também.

–Eu só queria ter certeza disso. - ele se virou para descer.

–Ethan! Você vem, se declara e sai?

–Helena, você está prometida ao Arthur. - ele disse, sério.

–Senhor Hawthorne. - a voz de Arthur ecoou pela casa. Ele batia à porta da frente.

–O que ele está fazendo aqui, Helena?

–Eu não sei. Ele não sabe nem que eu o conheço.

–Eu acho que devo ir.

–Helena! - Melissa entrou correndo -Ethan, olá. Helena, Arthur está na porta da frente. Ele acabou de entrar. Ele disse que quer falar com você.

–Como? Quem atendeu?

–Seu pai. Ele me mandou ver se estava dormindo. Eu digo que está.

–Obrigado, Melissa.

–Ethan, é melhor você ir. - ela recomendou antes de sair.

–Ela está certa.

–Não! Você não vai até me responder.

–É perigoso, Helena.

–Não me interessa, Ethan. Por favor.

–O que você quer?

–Por que não podemos?

–Não podemos porque o homem ao qual você foi prometida está aqui.

–Helena! - Melissa entrou novamente – Ele está subindo.

–Helena, me deixe ir.

–Ethan, por favor, volte amanhã.

–Não, Helena, acho que não poderei mais voltar.

–Ethan, vai agora! - Melissa rosnou.

–Helena, eu sinto algo diferente por você. Não quero te trazer problemas.

–Você não me traz problemas.

–Helena, ele precisa ir.

–Não! Ele não precisa. Não mais. - disse Arthur, entrando no quarto – Doutor Cole.

–Senhor Caldwell. - ele tremeu.

–Que surpresa. Veio para uma consulta, Ethan?

–O que está acontecendo aqui? - disse Melissa.

–Deixa eu explicar, senhorita. Você estava encobrindo sua amiga e o amante dela do futuro marido dela. Bom, creio que depois desse encontro desagradável, eu deveria desistir dela. Mas, não vou. - ele tirou uma moeda de um dos bolsos da veste.

–O que você vai fazer, Arthur? - perguntou Helena.

–Não é com você, Helena. É com Ethan. Vamos fazer um jogo?

–O que eu ganho?

–A chance de não humilhar a Helena e manter sua honra.

–E o que você ganha?

–O mesmo. Espero que vençamos, os dois.

–Qual sua aposta.

–Ethan, não. - Helena se colocou entre eles.

–É apenas um jogo, Helena. - explicou Arthur.

–Não confio em você.

–Ninguém aqui confia! - murmurou Melissa. Os três a olharam – Desculpe, me calei.

–Você vai trapacear, como sempre, Arthur.

–Não vou, Helena. Eu te amo. Eu não iria te envergonhar. O que eu tenho que fazer para ter um pouco do seu carinho?

–Se tornar o Ethan. - Melissa soltou. Eles a olharam novamente.

–Melissa! - Helena a repreendeu.

–Certo, estou com sono. Não sei o que estou falando, me ignorem.

–Um jogo de cara ou coroa. - falou Arthur, com um olhar de desprezo.

–Eu aceito.

–Ethan, não!

–Eles são homens, Helena. Eles estão brigando por você. - Melissa sentiu o olhar da amiga. Ela se levantou e saiu – Desculpas, vou dormir.

–Cara ou coroa? - perguntou Arthur, jogando a moeda para o outro, pegando e colocando-a de cabeça para baixo sobre as costas da mão.

–Cara. - e sorriu.

–Esperto. - ele ergueu a mão. Cara.

–Bom, você me venceu. Mas, ainda me mantenho no meu direito de desafiá-lo. Pela invasão do quarto de minha futura esposa. - ele tirou as luvas de couro das mãos e jogou no chão – Senhor Ethan Cole, eu formalmente o desafio para um duelo até a morte.

–Vocês podem parar com isso?

–Não se intrometa, Helena. Eu aceito.

–Ethan, não. Arthur, por favor, não.

–Amanhã, na praça, ao pôr do Sol. Não falte.

–Me deixa aceitar do jeito certo. Eu aceito o seu desafio formal, Arthur Caldwell. - Ethan se abaixou e pegou as luvas – Estarei lá.

–Espero que esteja. - Arthur pegou as luvas e saiu – Não façam nada que eu faria enquanto estiverem sozinhos.

–Ethan, você está louco? - Helena disse, dando um leve soco no peito dele.

–Eu fiz o que tive que fazer, Helena. Eu dou um jeito.

–Você vai morrer amanhã!

–Ele não quis dizer até a morte, literalmente.

–Não, ele disse literalmente. Alguém não vai sobreviver amanhã. E a culpa vai ser minha.

–Somos homens, Helena. Podemos nos entender sem uma briga.

–Você não conhece o Arthur como eu. Eu cresci com ele. Ele quer, realmente, te matar.

–Veremos amanhã, então. Devo ir, agora. Adeus. Boa noite. - ele beijou a testa dela.

–Boa noite. - ela suspirou, enquanto ele descia pela sacada.


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