No Limite do Amor escrita por J N Taylor


Capítulo 2
Capítulo 2 - Edmund Blake




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Helena acabara de chegar em casa e foi para seu quarto. Melissa a acompanhou, acendeu as velas e arrumou a cama da amiga enquanto ela tomava banho.

–Pode ir tomar banho, Melissa. Eu já tomei o meu.

–Não vou demorar, Helena. - e saiu.

–Que noite linda! - disse Helena para si própria, dirigindo-se para a sacada de seu quarto. Ela se apoiou na pequena parede. Então sentiu a presença de alguém atrás dela. Ela se virou, olhando para a porta – Você voltou, Melissa?

–Não, ela não voltou. - disse um homem saindo de trás da cortina dela – Sou apenas eu.

–Quem é você? - disse, tentando manter a voz firme – Se não disser, eu vou gritar.

–Helena, minha querida. Não reconhece minha voz? Sou eu, Edmund.

–Blake? Deus! Blake!

–Fale baixo, Helena. Por favor, não diga para a Melissa que estou aqui, ela não pode saber. - então ele mostrou o rosto, saindo da escuridão para ser iluminado pela clara luz da Lua. Ele era pálido e tinha os cabelos pretos bagunçados, seus olhos eram da mesma cor. Seu nariz era fino e comprido e vestia um sobretudo preto.

–O que você está fazendo aqui? Se meu pai descobrir que você esteve aqui, ele te mata!

–Por isso ele não vai descobrir. Por favor, não podem saber que eu voltei pra cidade. Voltei atrás do Arthur. Eu sumi por causa dele.

–Espera, me explica isso. Acho que não entendi.

–O Arthur e eu estávamos brigados, ele parou de negociar comigo. Tivemos um desentendimento maior e ele me ameaçou. Eu continuei enfrentando-o e ele… Ele cumpriu a ameaça. Ele tentou me matar. Mandou me matarem. - ele abriu a parte de cima do sobretudo e uma enorme marca de algo que já foi um corte estava ali, atravessando o peito dele – Eu escapei, com muita sorte.

–O que ele fez com você, Blake?

–Ele é forte, mas eu sou inteligente. Eu sei cuidar de mim mesmo, Helena. Mas, isso não vem ao caso agora. Vim saber como você está! - disse ele, se aproximando e segurando as mãos dela – Você cresceu. E está mais linda do que nunca.

–Eu estou ótima, meu amigo.

–Você realmente está prometida para Arthur? Ouvi comentarem sobre isso quando cheguei. Eu não consigo acreditar que você vai se casar com aquele nojento.

–Não lute por mim novamente, Blake, por favor. Daqui a pouco a Melissa volta, melhor você ir, por sua segurança.

–Certo, Helena. Eu volto outro dia. Quando eu conseguir um lugar para morar, eu te dou meu endereço para que me visite. Ou me escreva. Por enquanto, estou morando com um amigo. Tenho que ir, então. Me abrace, minha amiga. Quanto tempo passei longe dessa cidade. - ela o abraçou – E de você. - ele se afastou dela e sorriu. Subiu na pequena parede de apoio, sorriu para ela novamente, fez um sinal e pulou, sumindo na escuridão.

Helena olhou confusa. Pouco tempo depois, Melissa voltou.

–O que houve, Helena? Está sorridente ou estou vendo errado?

–Estava pensando no Ethan. - mentiu.

–E diz que não está apaixonada. Vamos dormir. E sonhar com nossos amados.

–Não consigo imaginar nada melhor.

–Espere! Lembrei de onde conheço o Ethan.

–Como? - perguntou Helena, um pouco confusa.

–Ele é o amigo do Eric.

–Eric. Coincidências demais. Bom, amanhã você me fala mais sobre ele.

–Certo, Helena. Vamos dormir.

–Vamos. Noite, Melissa.

–Noite. - disse enquanto apagava a vela.

Eric sentou-se na cadeira ao lado da mesa. Ethan pegou alguns frascos e colocou dentro de uma pequena bolsa, junto com dois livros e alguns instrumentos de ferro.

–O que é isso?

–Vou trabalhar amanhã cedo. - disse, fechando a bolsa e se levantando.

–Consultório? Ou vai atender alguém em casa.

–Alguém que vai pagar pela minha ida. Acho que tenho que ir. Vou acordar cedo.

–Quem é, Ethan?

–Quem é quem? Que impaciência, Eric.

–Fale logo. Você está escondendo quem é. Não me chamou para ir contigo, como sempre faz. Fale com quem é a consulta.

–O duque. - murmurou.

–Quem? Que duque?

–Hawthorne. O duque Hawthorne.

–Você vai na casa do pai da Helena? Você está louco?

–Tinha um bilhete dele na minha porta quando chegamos. Ele me chamou lá pela manhã. Aparentemente, não está muito bem.

–E se ela te encontrar e o pai dela perceber… Algo? Você quer arriscar isso por uma garota que mal conhece? Seu emprego? E se ele perceber? E te difamar?

–Eric. Você deveria ser o primeiro a me apoiar.

–Por que me apoiou com a Melissa?

–Exatamente! Vocês tinham, ainda tem, muitos obstáculos. Não me diga que ela estar prometida a outro é algo que me faça desistir dela. Eu entendi o que você me disse que sentiu quando encontrou a Melissa. É indescritível.

–Certo, então. Espero que dê tudo certo. Acho que devo ir também.

–Não, você dorme no quarto de hóspedes hoje. Você não vai para casa. Amanhã vamos acordar cedo e visitar o duque. Será que eu encontrarei a Helena? E você, a Melissa?

–Não sei. Seria bom. - e riu.

–Seria ótimo, na verdade, Eric. Vá para a cama, só vou terminar aqui.

–Estou indo, chefe. Boa noite. - e saiu enquanto o amigo desejava o mesmo para ele.

Arthur estava sentado na sala de sua casa, encarando o fogo crepitar na lareira, enquanto bebia uma boa taça de algum vinho italiano que ele não se importara em pegar aleatoriamente na adega. Seu empregado entrou.

–Senhor Caldwell.

–Sim. - ele respondeu.

–O senhor tem uma visita. Posso mandar entrar?

–O meu visitante chega a essa hora da noite e não se identifica?

–É o senhor Blake.

–Que senhor Blake? - ele respondeu, confuso.

–O senhor Edmund Blake, senhor Caldwell.

–Como? - ele deu um salto da cadeira, derramando uma pequena dose de vinho no chão. Ele se virou, assustado – Quem está aqui? Edmund Blake está morto!

–Foi como ele se identificou, meu senhor. É a única informação que eu tenho, desculpe.

–Deveria aprender a disfarçar seu ódio. Ou sua surpresa, Arthur. - disse Edmund entrando e se sentando em uma cadeira próxima a lareira – Eu aceitaria uma taça de vinho, jovem.

–Senhor. - disse o empregado.

–Pode sair. Não traga vinho para um morto.

–Mas, senhor, ele…

–Saia! - Arthur ganiu.

–Certo, senhor. Desculpe, senhor. - e saiu, tremendo.

–Isso foi indelicado, Arthur.

–Indelicado é voltar para Londres depois de eu ter matado você!

–Devemos ficar felizes que eu não morri. E que você, e seus homens, são incompetentes demais para matar um porco. Imagine um homem.

–Eu posso matar você aqui e agora!

–Exatamente, você pode, você quer, mas não vai. Pois se fosse, não estaríamos conversando nesse exato momento. Agora, sente-se. Eu tenho uma proposta.

–Não quero ouvir nenhuma proposta sua.

–Primeiramente, eu quero uma trégua. Em segundo, quero dinheiro, uma casa e sua proteção. Terceiro, eu quero a Melissa.

–Ainda não ouvi onde eu entro nisso? Cadê o meu lucro?

–A Helena é toda sua. E, de presente de paz, nosso pequeno desentendimento no passado, continuará no passado. Entende?

–Você entra na minha casa, se senta na minha cadeira, na minha sala, quer dar ordem nos meus empregados e me ameaça? Qual o seu problema?

–Você é meu problema. E eu sou o seu. Estou oferecendo paz. Até você precisa admitir que momentos de paz são bons para os negócios.

–Blake, meu adorado amigo Blake. Eu não tenho nenhuma intenção de fazer um acordo com você. Não importa sua proposta ou sua paz. Quero você fora da minha casa.

–Deus, você é tão idiota assim? Acho que não fui claro o suficiente. Se você não aceitar, a Helena vai saber do nosso passado obscuro.

–Que eu tentei te matar? Ela vai entender que foi defesa própria.

–Não, Arthur. Não! Esse detalhe ridículo? Eu não guardo rancor. - e levantou.

–Não sei o que quer dizer. - e Arthur se sentou.

–Arthur, meu querido. Você sabe. Acho que você não está ficando esquecido ainda. Ainda está muito novo para isso. - e alisou o cabelo dele, se sentando no braço da cadeira.

–Não me encoste, Blake! - ele gritou – Desculpa.

–Está desculpado. Como? Você se desculpou?

–Sim. Eu aceito seu acordo. Sua proposta.

–Cadê a resistência que oferecia agora a pouco? - ele disse, surpreso.

–Eu vi que você pode me ajudar a conquistar a Helena, Blake. E eu só quero isso. Eu só preciso disso. Eu aceito. - ele disse, levantando-se e apertando a mão do novo aliado.

–Que surpresa agradável tivemos essa noite. - Edmund se levantou e apertou a mão esticada dele – Então?

–Temos um acordo? - perguntou Arthur.

–Temos um acordo. - repetiu.

Ethan e Eric estavam de pá, na porta da casa do duque, ambos bateram à porta sincronizadamente. Eles riram. A mãe de Helena os recebeu. Ela não era muito diferente da filha. Os mesmos cabelos castanhos ondulados nas pontas, os mesmos olhos verdes intensos. Apenas tinha os cabelos mais claros. Mesmo assim, ainda poderiam passar por irmãs na rua, que as pessoas não perceberiam a diferença se não as conhecesse. Eles entraram, ela levou os dois até o quarto do marido. Melissa, que viu Eric entrando, correu para o quarto de Helena.

–Helena! Helena! - ela disse, fechando a porta ao entrar. A amiga estava penteando os cabelos na frente do espelho.

–O que houve, Melissa? Deus, você está pálida. Parece que viu um fantasma.

–Eric está aqui. - ela disse, ofegante.

–Que bom! Não chame muito atenção. Fique quieta e…

–Ethan também. - ela cuspiu a informação.

–Ethan? Onde? O que ele veio fazer aqui, Melissa? Ele está procurando por mim?

–Calma, Helena. Respira, amiga. Não. Ele é médico, ele veio visitar seu pai. Aparentemente, ele não saiu ontem pois não estava bem. Eles estão no quarto dele.

–Então não posso falar com ele. Não diretamente. O jardim. Eles passarão pelo jardim ao saírem. Vamos passear lá fora, é uma bela manhã.

–Sim, vamos, Helena. Mas sua mãe não pode perceber nada.

–Certo, apenas uma coincidência.

Elas saíram para o jardim e começaram a caminhar. Alguns minutos depois, Arthur chegou na entrada da casa. Ambas sentiram seu coração parar por um segundo. Ele desceu da carruagem com o mesmo olhar cínico. Ele sorriu ao ver Helena.

–Helena, minha querida. Recebeu meu presente? - disse, indo em direção a ela.

–Sim, Arthur. Um belo colar, obrigado. Vou usá-lo da próxima vez que sair. Mas, o que veio fazer aqui? - ela perguntou, encenando um sorriso, tentando parecer gentil.

–Eu vim falar com seu pai. Ele está?

–Não! - ela disse rapidamente – Digo, ele não está bem. Ele está com dois médicos no quarto, não passou a noite bem.

–Sim, sim. Então, obrigado. Diga para me avisarem quando ele melhorar. Com licença, senhoritas. - disse, tirando o chapéu e fazendo uma reverência. E virou as costas e saiu.

–Espero que isso tenha sido uma coincidência. Teria como ele saber algo sobre o Ethan?

–Creio que não. Helena, eu não falei nada, eu nem sabia quando encontrei com ele ontem a noite. Eu não acredito que você está duvidando de mim.

–Eu não estou, Melissa. Desculpe se pareceu, mas não estou. Eles estão saindo.

–Como estou? - Melissa vestia um leve vestido de verão azul.

–Linda, Melissa. E eu? - Helena vestia um vestido rosado de seda, os cabelos caíam sobre o ombro esquerdo.

–Igualmente linda. - eles passaram pela porta. Elas foram até lá. Eles sorriram para ela e cumprimentaram com um aceno de cabeça.

–Senhoritas. - eles disseram.

–Senhores. - elas responderam.

–Quem são eles, mãe? - ela perguntou.

–Seu pai não está muito bem, Helena. Eles são médicos e acabaram de vê-lo.

–Que bom. Eu posso falar com eles? Não tenho me sentido muito bem.

–Se me permitem a intromissão: o que a senhorita tem sentido? - perguntou Ethan.

–Não sei ao certo. Insônia, dores de cabeça.

–Ela tem andado um pouco distante. - completou Melissa.

–Palpitações. - continuou.

–Não se preocupe, senhorita. Tem algo, ou alguém lhe incomodando?

–Sim. Na verdade, sim.

–Então, acho que isso é apenas um pouco de ansiedade. Espere. - ele abriu sua bolsa e tirou um pequeno frasco com um líquido âmbar. - Isso vai ajudar.

–Obrigado. - ela pegou aquilo, abriu e cheirou – Isso tem cheiro de cera derretida.

–O gosto é melhor, senhorita Helena. Duas gotas após o jantar, vai se sentir melhor.

–Obrigado, senhor. - respondeu a mãe dela.

–Disponha, senhora Hawthorne. Com licença, senhoritas. - e saíram.

Arhur estava alguns metros após a casa delas, sentado em sua carruagem com Edmund. Ele olhou para o novo companheiro de negócios.

–É aquele. O que está segurando a bolsa. - indicou Blake.

–Ele é o Ethan? - ele repetiu para ter certeza.

–Sim, ele mesmo. E o outro é o Eric. Já o vi com minha Melissa algumas vezes. E, pelo que ouvi dela ontem a noite, aquele realmente é Ethan Cole, amigo do Eric.

–Então, qual seu plano, Edmund?

–Não importa qual seja. Vou tirar os dois do nosso caminho.

–Como tem tanta certeza que pode fazer isso sozinho?

–Não tenho, Arthur. Mas se os seus homens não conseguiram matar um único homem desarmado, não vou correr o risco com eles.

–Então eu vou com você.

–Eu disse que não! Siga-os, discretamente. Quero saber onde ao menos um deles more.

–Você vai matá-los?

–Deus, não! Por que tudo se resume a matar? No sentido físico disso.

–Existem outras formas de se matar alguém que não seja fisicamente? - perguntou Arthur, totalmente confuso com a alegação.

–Claro que tem. Você pode causar um corte tão fundo no emocional de alguém que para fazer a pessoa ruir só precisa de algo pequeno. Você pode causar uma morte espiritual na pessoa. Não apenas a dor física machuca, meu amigo. Não dói ver a Helena longe, se aproximando de outro, enquanto você está aí?

–Dói. - ele gemeu.

–Você sente como um sangramento eterno, que nunca te mata? Uma dor que te consome por dentro? Um fogo que queima incessantemente ao imaginar ela beijando outro? Jurando o amor, que deveria ser seu, para outro? Diga-me, então, apenas a dor física machuca? Acho que a única dor que não machuca é a física. Ela passa, eu aprendi isso. Mas a dor emocional… Essa machuca mais. E ela só passa quando você, ou desiste, ou luta contra ela. Corta o mal pela raiz e ateia fogo no que restou. Para ter certeza que nada do passado vai voltar para te atrapalhar, Arthur. Então, meu amigo. Não pense muito, isso te deixa com dúvidas. Dúvidas te fazem fraco. Qual das formas de matar você quer?

–A que você preferir. Estou ao seu dispôr. E meus homens também.

–É ótimo ouvir isso. Obrigado. Agora, vamos conhecer nossas caças?


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