Brasão de Fogo escrita por Mary P


Capítulo 9
Capítulo VIII - Jennifer, a Filha do Caçador.


Notas iniciais do capítulo

Ooi pessoas! Vim trazer este Capítulo novinho em folha para amenizar um pouco a tensão do Capítulo anterior, e é claro, fazer algumas Apresentações de Ambientes e Novos Personagens. Sinceramente não ficou tãão bom quando eu esperava, mas mesmo assim espero que gostem! Boa Leitura!



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Capítulo VIII

Jennifer, a Filha do Caçador.

Um fraco raio de luz me atingia enquanto sentia a leve brisa tocar meu rosto. Minha cabeça latejava, meu corpo permanecia imóvel não importava o que eu fizesse para tentar movê-lo de alguma maneira.

Senti pontas de cabelos fazerem cócegas em minhas bochechas e consegui finalmente escutar um leve choro acima de mim.

Ao lentamente abrir meus olhos vi a figura de Irina que me olhava com teus olhinhos lamentosos, que agora se enchiam de felicidade, vendo abrir um lindo sorriso angelical em seu rosto sujo, enquanto suas enormes tranças negras tocavam meu rosto.

–Jennifer! Você esta bem! Fico tão feliz! -Irina encostou sua cabeça em meu ombro.

Não estava entendendo absolutamente nada do que estava acontecendo! Onde estou? Porque ela esta chorando? Porque minha cabeça dói tanto? E qual fato justifica ela estar me chamando de Jennifer?!

–Irina, ei, onde estou?

–Ah você. -Ela disse levantando-se e se sentando ao meu lado. - Estamos na Vila onde disse, se lembra? Trouxe-a aqui depois do...

Por um instante a voz dela não soava mais a meus ouvidos, a dor havia sumido, meus olhos se arregalaram e pude sentir o sangue ferver de felicidade em minhas veias. Ignorei a dor constante em minha perna esquerda e andei rapidamente até a grande janela.

Primavera! Vila! Festival! Flores! Felicidade!

Mas a única coisa que pude contemplar foi os cristais de gelo pendurados na janela de vidro e metal enferrujado. Toquei a palma de minhas mãos quentes me chocando com o gelo que estava a janela.

Havia uma única ruazinha que levava á não sei onde, montinhos de neve recobriam o chão, a rua, o topo das árvores, e até algumas casinhas um pouco distantes. Tentei falar e ao respirar pela boca pude ver o hálito branco qente que saiu esquentando por um mero segundo o vidro, se tornando gélido como todo o resto.

Não havia cor em nada, só enxergava o branco da neve, o verde acinzentado das árvores feias, a ruazinha de pedras e os tijolos das casinhas simples e humildes que rodeavam o resto da rua distante, pelo menos tinha luz para iluminar este dia nublado, bem, ao menos alguns postes retro antigos, com luzes fracas e gastas que se juntava com os poucos raios de Sol que desviavam-se das nuvens cinzentas.

E no meio daquela neve branca algo foi se transformando em sangue negro, e pude ver em minha frente olhos ferozes que me encaravam, sentir sua respiração ofegante, e suas garras cortando a neve ao som de seu rosnado... Por um mísero instante pareceu claro a imagem do lobo que via. Finalmente lembrei-me de tudo, o Lobo, a Alcateia, quando Irina soltou minha mão, quando ele mordeu minha perna... E tudo se embaçou novamente.

Como um impulso vir-me-ei e corri para abraçar Irina.

–Irina! Oh meu Deus! Eu me lembrei de tudo! Você... Você esta viva! Como? Ah, me perdoe! Por favor! Me perdoe por pedir aquele favor ridículo! Nunca mais volte lá, entendeu? Nunca!

–Ei Jennifer. -Ela se afastou de mim e tocou suas mãos delicadas em meu rosto. -Esta tudo bem! Você esta aqui não esta? E estamos vivas! Sorria.

Sorri quase instantaneamente.

–Mas afinal, o que aconteceu?!

–Sente-se.

Pude agora finalmente reparar onde estava.

As paredes possuíam um papel de parede vintage antigo bege e marrom rasgado que recobria poucas partes da parede cinza de cimento; o canto do teto branco, agora amarelado, estava mofado. Tinha uma pequena cama de Solteiro feita de madeira rústica com um dos pés quebrados, porém com uma linda colcha bordada, provavelmente á mão, colorida cheia de retalhos. Em baixo da cama conseguia-se ver um colchão com lençol rosa.

A grande janela era de metal dourado já enferrujado, e ao sentar-me vi uma pequena mesa de madeira ao lado de duas cadeiras bambas com almofadas e em cima da mesa uma pequena toalhinha também bordada á mão, com um vaso lotado de lindas flores vermelhas combinando com a toalha e as almofadas da cadeira e um jarro de metal ao lado de dois copos transparentes com água.

Tudo consideravelmente limpo. Certamente uma casa muito humilde, porém bem cuidada.

–Quando saí meu irmão já estava a minha procura, e quando os lobos nos atacaram ele conseguiu escutar o som dos rosnados e nos seguiu e quando me viu, como estava escondido puxou minha mão com força para tentar me proteger, pois sua capa escondia teu rosto. Dois lobos nos seguiram, mas como ele é caçador ele matou os dois rapidamente em duas flechadas, então insisti para ele a ajudar, porém quando chegamos só pudemos ver um Lobo a atacar e você o chutar com muita força. Nós dois sinceramente não acreditamos quando vimos aquela cena, você sabe a força que um Lobo tem? Ainda mais o Alpha! E com a morte dele os outros decidiram fugir, mesmo nós dois não conseguindo entender certamente por que. E assim você desmaiou e ele a carregou até aqui.

–Ele me carregou? –Disse chocada. Como um cara conseguiria me carregar até aqui, bem , um cara que mata lobos á flechadas, mas deveria ser longe, certo? Certo! E eu sou pesada! Acho...

–Sim. –Escutei uma voz masculina ao meu lado e senti minhas bochechas corarem no mesmo instante em que olhei para ele apertando a colcha em cima da cama.

Sim, ele era alto, e permanecia debruçado no canto onde não tinha a porta com botas parecidas com as de Irina, com os pés cruzados, usava uma jeans apertada e um casaco enorme e longo aparentemente bem quente de pele de algum animal; algo consideravelmente típico para um caçador, percebia-se que tinha um físico bonito pelas jeans... Aah, bem, mais o que mais chamava minha atenção era ironicamente o seu cabelo! Devia ser algum tipo de louro, mas que parecia extremamente branco! Destonando-se totalmente de sua pele morena bem clara, e combinando com seus belos olhos azuis cor do céu em um lindo dia de verão ensolarado, tal possuia uma pequena cicatriz em embaixo de sua orelha esquerda parecido com um arranhão.

–Aah, me perdoe, eu sinto muito por você ter que ter me carregado!

–Não sinta. –E assim ele voltou a brincar de enroscar e desenroscar seus dedos, aparentando estar muito concentrado.

Por um momento eu não consegui acreditar que pudesse ter sentido o mínimo de atração por esse cara estranho, mas algo, alguma coisa aí me fascinava de um jeito que não conseguia entender, esse olhar...

–Não se preocupe Jennifer, ele é assim mesmo! –Irina falou meio sem jeito. –Esse é meu irmão Joseph!

Uma garota de tranças negras e uma mecha branca, e um cara de cabelo branco e pele morena clara... Tinham que ser irmãos mesmo!

–Oh crianças, vejo que temos visi... –Disse uma mulher que aparentava passar dos 56 anos. Possuía curtos cabelos já brancos pela idade amarrados em um pequeno coque, e parecia uma típica avó de livros infantis, negra, de lindos olhos cor chocolate com um pequeno óculos na ponta do nariz, vestia um vestido florido bem claro, com um avental branco amarelado por cima e sapatilhas azul bebê.

–Olá...

Ela parecia admirada ou curiosa com algo, seu olhar me soava um pouco estranho...

–Que moça mais linda! É sua namorada Joseph? –Tal virou seus olhos para ele.

–Obviamente não. –E continua a enroscar e desenroscar seus dedos.

–Ah mais que coisa! Porque não admite, ela te olha de maneira diferente! Ou não percebeu ainda? –E eu permanecia imóvel ali apenas escutando a senhora falar de mim na minha frente, mais mal seria pelas costas. Mas o fato de eu, olhar ele, de maneira diferente?! – Á quanto tempo se conhecem?

–Se me permite dizer eu nem a conheço, e é a primeira vez que a vejo. –Percebi-o falando isto de maneira desagradável, ou poderia estar errada...

–E você garota? Não vai me apresentar a moça, não?! –Falou dando altas gargalhadas olhando para Irina que respondeu logo em seguida.

–Bem, Jennifer esta é minha Tia Darcy, ela veio de uma Família Rica, porém sempre odiou o modo como tais viviam sempre se exibindo e crescendo á custa dos outros, então decidiu fugir e casa e se auto sustentar trabalhando em um Orfanato, onde conheceu a mim e ao Joseph e decidiu nos adotar. –Não conseguia perceber se Irina dizia isto com felicidade ou melancolia, mas seria tão bom se eu pudesse simplesmente fugir e abandonar tudo... –E Tia Darcy, esta é a Jennifer, uma amiga minha que mora em uma Aldeia distante, que a mãe morreu de uma peste, e era filha de um caçador viúvo que morreu tentando salvar a filha de um ataque de uma Alcateia. Á conheci na Floresta colhendo frutas para sobreviver, então viramos amigas e ela decidiu que queria conhecer nossa Vila!

Irina simplesmente destruiu a minha história! Não poderia ser uma amiga distante, que morava com o pai a mãe e o irmão?! Não! Tinha que ser uma órfã cuja mãe morreu de uma peste desconhecida e o pai viúvo solteiro morreu tentando a salvar! O pior é o fato de encontrar uma garota de 15 anos caçando frutinhas para sobreviver!

E eu ainda me achava uma péssima mentirosa...

–Hmm Jennifer não é, Irina? –Darcy encarou a garota que lhe devolveu um sorrisinho falso e abaixou a cabeça. Parece que ela notou algo de estranho na história... Porque será.

Não resisti e olhei novamente para Joseph, que continuava debruçado na porta, de pés cruzados brincando com os dedos, rindo baixo como se Irina tivesse contando uma piada besta.

Tal percebeu que eu o observara e quando pousou teus olhos em mim tive o impulso de no mesmo instante olhar para o chão. Por quê? Não sabia.

Ficamos nessa de eu olho pra ele, ele olha para os dedos; ele olha pra mim, eu olho para o chão, por uns 10 minutos, talvez 5, ou até 2, porém os mais longos da minha vida.

Mas de uma coisa eu sabia, não havia fugido de casa, perseguida por uma Alcateia de Lobos Selvagens, desmaiado, acordado em uma casa desconhecida á toa! E finalmente disse algo para quebrar aquele silêncio terrível e agonizante:

–Irina, já que finalmente estou aqui, que tal se nós formos passear por aí?

–Claro Am... Jennifer!

–Ótima ideia! Um passeio! Podem ir crianças. –Tia Darcy disse contente.

–Ei, quem disse que eu vou Tia?

–Mas é claro que vai menino! Onde já se viu deixar a dama e sua irmã sozinhas?! Acompanhe-as.

Joseph fumegou e encurvou sua postura, mas fez sinal afirmativo com a cabeça.

–Vamos então Irina e... Jennifer. –Ele falou erguendo-se postura ereta e firme novamente, entregando suas duas mãos á mim e a Irina. Só eu que havia percebido que ele falou meu nome de forma... Engraçada? Talvez estivesse zombando de mim ou coisa parecida. Não. Eu não iria andar por aí de mãos dadas com esse cara.

–É. Vamos Irina. –Disse o driblando e segurando a mão dela e caminhando apressada; como se soubesse o caminho.

Tal me olhou com um olhar de “você quer brincar?” e foi em direção a garota e segurou sua outra mão.

–É. Vamos Irina. –Joseph sorriu sarcástico e lançou novamente aquele mesmo olhar, e por um instante percebi que aquele dia... Aquele dia iria ser longo...

...


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Notas finais do capítulo

AVISO - EU FUI VIAJAR É VOLTAREI SOMENTE SÁBADO (03/01), CAPÍTULO NOVO PROVAVELMENTE DOMINGO (04/01) E RESPONDEREI Á TODOS OS COMENTÁRIOS -
Queria agradecer á você que está aí sentado ou deitado em sua poltrona/cama/cadeira ou seja o que for, que esta lendo e acompanhando minha fanfic, e dizer para que não seja Leitor (a) fantasma! Afinal o que custa deixar um comentário? Aceito críticas elogios, conselhos, sugestões e etc. Enfim, até o próximo Capítulo!



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