Brasão de Fogo escrita por Mary P


Capítulo 10
Capítulo IX - Falso Profeta.


Notas iniciais do capítulo

Só digo uma coisa... É agora que realmente começa esta história.



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Capítulo IX

Falso Profeta.

Eu andava sigilosamente, com o braço empunhado em Irina observando cautelosamente cada detalhe desta ruazinha estreita. Olhava para o chão e via-se uma fileira exata de pedrinhas subdivididas em 4 faixas que seguiam pelo caminho que levava há... Esqueci-me que não sabia exatamente para onde estava indo.

–Seria deselegante perguntar onde estamos indo?

–Olha... Sinceramente eu não sei, mas não acho que tal precise falar com tanta formosura assim Milady. –Aquele teu sorriso irônico certamente era algo que me irritava profundamente.

–Certamente não pedi sua opinião. Mas fico contente que tenha respondido, mas então continuaremos andando á toa.

–Não preciso que peçam para simplesmente dizer o que penso, minha cara Srta.

–Devo admitir que para alguém que exigia educação o Sr. Está educado demais.

–Primeiramente não sou um Senhor. Segundamente nenhuma vez exigi falta de educação. E terceiramente sou um ser de total liberdade que tem a capacidade de expor opiniões livremente, para o seu saber.

–Não parece tão livre a minha visão, seja pelo fato de que é sustentado por sua Tia.

–Na realidade você não tem autoridade nenhuma em discutir minha liberdade, e segundamente o que tu sabes á meu respeito que lhe impõe a capacidade de simplesmente me dizer isto. Saiba que eu, sozinho, sustento aquela Casa com o meu suor desde que tal parou de Trabalhar. –E aquele olhar sarcástico se transformou em rancor ao olhar diretamente em meus olhos, mas senti algo de estranho naquele olhar...

Sim, estava doente. Sofrendo de uma terrível síndrome de acreditar que tudo é completamente estranho, pois é já havia reparado isto.

–Ei, vocês dois olhem, chegamos!

–Chegamos? Onde? –Eu e Joseph dizemos quase como um coro.

–Ao centro da Aldeia, onde mais poderia ser!

–Olhe Am... Jennifer! Aqui vão ocorrer os preparativos para...

Percebi a chateação tomar posse do rosto de Irina, ao simplesmente olhar para tudo entendi quase instantaneamente o porquê...

Todas as fitas que cobririam as árvores verdes estavam caídas no chão, pois as árvores verdes estavam miúdas e cinzas assim como o céu que nos cobrira. As belíssimas flores que recobririam os belos pastos enormes eram apenas mato ralo molhado. E as luzes que formariam fileiras no céu como dezenas de vagalumes brilhantes estavam embaladas em enormes caixas de papelão recobertas de poeira assim como todos os outros pertences do Festival.

–Não! –Joseph gritou aparentemente desesperado e depois recuperou a sanidade com um outro “Não” desta vez mais baixo, repetindo-o umas dezenas de vezes.

Irina por sua vez soltou minha mão e correu rapidamente até chegar ao montinho de pessoas amontoadas e falar algo que não consegui escutar.

Depois voltou-se para mim com uma carinha triste e tentou com muito esforço abrir um leve sorriso falso.

–Err... Jennifer, acho que... Bem, talvez...

–Precisamos falar com o Rei!

Tal grito chamou minha atenção.

–Tulio, eu acho que talvez tenha chance.

–Não! Olhe para isto! Esta um completo desastre! Ou você acha que temos direito de comemorar a Primavera assim? O nome diz claramente: “Festival da Primavera”! Que eu saiba não existe um Festival em homenagem ao Inverno! Existe? Não!

–Mas...

–Sem mais! Vamos falar com o Rei!

–Irina, quem é esse? –Cochichei dirigindo-me há um homem gordo mediano, praticamente careca, com alguns tufos de cabelos castanhos atrás das orelhas, tal vestia um avental sujo que cobria sua camisa branca de mangas esgarçadas e uma calça preta com sapatos bons, porém velhos.

–Ah, este é o Tulio, o Padeiro. Ele é um sujeito bem humorado, porém sempre que deixa sua careca para fora significa que esta mal-humorado, e lembre-se. Quando vê-lo assim, fuja! Ninguém o aguenta! Mas quando esta de bom humor, minha querida, prepare-se para engordar. Ele faz os melhores waffles do mundo!

“Talvez não tão bom quanto os de Ronnie que fora demitido, coitado.” Mas apenas respondi um “Hmm” sem ânimo algum.

–Vocês reclamam do Frio, pois nunca viram o calor de verdade... –Disse um Senhor de idade, da qual vestia uma Capa de couro legítimo, com teu rosto sujo e teu corpo caquético apenas o esqueleto, cuja barba branca imunda aparecia para fora da Capa, descalços aparentava ter uma voz grossa e falava firmemente.

–Ou pensavam que após o nascimento do Escolhido nada iria mudar? A cada dia que se passa mais ás Trevas se aproximaram... Quando o último maço de Trigo e a última espiga de milho acabar, quando a última flor da Primavera murchar...

Não entendi a razão pela qual neste instante Joseph segurou e apertou minha mão, quando pude ver o velho se aproximar de nós dois e viram teus olhos negros paro o resto da multidão que o cercava.

–Quando o último floco de neve cair do céu... Tal se queimará diante do Fogo intenso. O Sol aparecerá no céu em Homenagem á seu Triunfo, pois a Glória do Fogo se resplandecerá! Será o Fim de todos nós! Tudo... Tudo que vimos hoje está por acabar!

–Seu louco! Louco! Não acreditem nele!

Logo uma multidão de homens apareceu e o agarrou levando para longe.

–Vocês verão! Acreditem em mim! A Profecia é verdadeira! Temam aquele pela qual não se vê! Pela qual não se sabe quem é! Todos verão teu dom! Todos!

–Velho imundo! Cretino! Repugna-nos com tuas mentiras ousando caçoar do Grande Oráculo com as farsas de tuas Profecias!

–Eu disse que a neve iria cair não disse! Não há mais comida! O que irão comer hoje á noite? Fujam deste País que é amaldiçoado pela Tradição de teu Reinado Imundo! –O velho disse.

–Salve o Rei Declan! Salve o Rei Declan! –A multidão começou a gritar.

–Você garota, tu acredita em mim?

–Vamos embora Amelia.

–Amelia?

É. Vamos embora. Agora!

–Mas...

Joseph me arrastou para longe do Senhor.

Não entendia como ele sabia quem eu era, mas só sabia que precisava de respostas.

–Para onde você esta me levando? Hein? Diga-me!

–Ou o que? Você ordena?!

–Sim. Eu orde...

Tal virou-se para mim em uma fração de segundo e segurou meus dois braços me forçando á olhar em teus olhos de fúria.

–Lá no teu Palácio você pode dar ordens nos teus Mordomos, mas em mim não! Lá você até pode ser Rainha, mas aqui você é Camponesa! Lá você é Amelia Write, aqui você é Jennifer uma garota qualquer! E se pretende voltar para Casa, espero que tenha entendido?!

Como ele ousa falar assim comigo?!

–Eu poderia matá-lo se quisesse, poderia te estrangular em Praça pública! Poderia te fazer preso perpetuamente por insultar á mim, pois eu sou a Rainha deste País, e este povo faz o que eu mando! O que eu ordeno... O que eu quiser! –Mas apenas segurei minha vontade imensa de gritar e o espancar e permaneci calada. Pois no fundo talvez eu não era esta Rainha temida, eu nunca fui assim e tinha plena consciência disto. Vim aqui para aproveitar minha vida normal, certo? ...

Talvez eu não tivesse nascido para ser Amelia Write, e sim, Jennifer uma garota qualquer...

Ele me levou até uma Fazendo enorme e pude ver em meio uma Plantação inteira destroçada uma garotinha ajoelhada, e logo percebi que tratava-se de Irina.

Soltei meus pulsos dos braços firmes de Joseph e corri para abraçá-la de costas, que chorava.

–Não! Não!

–Irina sou eu... Amelia...

–Não! Não! Solte-me! Solte-me!

–Afaste-se dela.

–Quem é você para me dar ordens? –Levantei-me e o confrontei de frente.

–Vou repetir novamente. Afaste-se dela.

Combati teu olhar frio com um raivoso e me afastei, ficando apenas escutando sua conversa.

–Irina... –Ele segurou sua mão.

Ele disse aquilo novamente, não disse? Não disse! –Irina gritou.

–Disse. As mesmas palavras.

...

–Irina, é verdade? O que ele disse?

–Eu não sei, eu não vejo... Não vejo nada... Nada! Eu não entendo...

–Talvez se...

–Não existe talvez. Você precisa aprender a se controlar Joseph.

–Eu... Eu sei.

E o silêncio reinou novamente.

Senti como se Irina se referia á aquele velho barbudo tachado de louco á pouco tempo atrás, ainda estava em choque com tudo isso. Também sentia como se o tempo tivesse acelerado.

Simplesmente cheguei na Aldeia e deparei com toda a destruição, depois com um gordo rabugento, e do além surge um velho barbudo que profetiza coisas estranhas, e Joseph me leva ás pressas enquanto Irina sumiu, assim, do nada! Então Joseph grita comigo, me ofende, me trás aqui com Irina tendo praticamente uma convulsão em uma Fazenda deserta que nunca vi na vida e agora estou aqui. Parada. Vendo os dois ajoelhados, paralisados em um completo silêncio.

Que dia Amelia... Que dia!

Joseph levantou e foi em minha direção.

–O que...

–Silêncio. Vamos deixá-la sozinha por um tempo. –Ele disse.

–Mas...

–Você precisa ir para casa, não precisa?

–No caso...

–Eu disse silêncio. Acompanhe-me.

O acompanhei em silêncio para fora daquela Fazenda deserta estranhamente perturbadora.

–Tudo foi muito estranho, não Amelia? Você esta com medo?

–...

–Olhe para mim.

–...

–Olhe para mim!

Não evitei e fui de encontro aquele par de olhos azuis.

–Aaah... Diga, eu estou olhando. –Falei séria.

–Sente-se.

–On...

–Em qualquer lugar.

Sente-me em uma pedra qualquer de frente para o enorme cercado que recobria o terreno da Fazenda, em baixo de uma enorme árvore recoberta por compridos galhos sem folhas.

–Depois de todo este extress, você certamente viu o que não deveria e deseja respostas... Então acho que devo, finalmente esclarecer as coisas para você.

–Eu não te conheço. Você não me conhece. A única coisa que realmente desejo é ir embora daqui para minha casa onde estarei segura.

–Talvez eu te conheça melhor do que você imagina.

...


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Notas finais do capítulo

E aí? Sei que esta extremamente corrido, extremamente confuso e extremamente sem sentido, mas não se preocupem, não estou ficando louca e nem "comendo a história" tudo vai vir na sua hora, e também cansei desse mistério chato, para quem quer finalmente conhecer a Amelia, saiba que você esta no caminho certo!



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