Wyrda escrita por Brisingrrr


Capítulo 8
Partida e Benção


Notas iniciais do capítulo

Kvetha Fricai!
Mais um capítulo no prazo! Espero que gostem, boa leitura!
(Nos vemos lá embaixo, tenho coisas para falar que são importantes)



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No dia em que os Mestres e Cavaleiros iam partir, Eragon despertou antes do dia estar claro. Ao olhar pela janela viu seu dragão sobrevoando a floresta, apenas um vulto azulado em meio ao negrume do céu sem estrelas. Eragon se sentia tão completo quando via Saphira nos céus ou quando estava com ela, era como se tudo estivesse no seu lugar. Ela era a coisa mais importante da vida dele, ele vivia em função dela e confiava no dragão mais do que em si mesmo.

Depois de se alimentar e vestir-se, chamou Saphira. Olhou para o céu, ainda negro e pode ver o borrão azul que descia em espiral, diminuindo a velocidade ao chegar perto do chão, tentando não destruir nada por perto. Ao finalmente pousar, encostou o pescoço ao chão e Eragon caminhou até onde a cabeça do dragão estava. Ele alcançava somente até a altura dos dentes inferiores dela, então escalou a mandíbula até alcançar seus olhos enormes. Quando estava olhando em um de seus olhos, deitou-se sobre o focinho e a acariciou, passando a mão pelas escamas duras e azuis.

Posso voar com você aí, pequenino?

Não vai atrapalhar sua visão? — Perguntou, ansiando por experimentar a nova experiência.

Você não tem tamanho pra isso, emitiu um som que Eragon reconhecia como uma risada, e ele riu também.

O dragão apoiou-se nas patas traseiras e ergueu-se. Eragon sentia-se seguro, pois estava em uma pequena concavidade que permitia que se mantivesse em cima do dragão. Depois de impulsionar-se, Saphira levantou vôo, e as árvores receberam a rajada de vento que ela causou.

Quando já havia alcançado altitude, rumou em direção contrária ao destino deles, mas Eragon não protestou, eles ainda tinham tempo e ele queria aproveitar o momento com sua parceira. Voaram em direção às praias ao norte, e depois de longos minutos em sintonia com Saphira, ela fez meia-volta e retornou para o caminho que deviam seguir: as prais à sudoeste, entre a parte rochosa e o cais.

Quando sobrevoavam o centro da Ilha, podiam avistar Cavaleiros e seus dragões lá embaixo, que observavam, provavelmente desejosos de saber qual era a missão que estava acontecendo. Depois de alguns minutos, chegaram onde a partida aconteceria e já podiam ver os dragões dos Mestres de longe. Ao pousarem levantando areia e formando redemoinhos, Eragon desceu com cuidado, foi até os Mestres e Feiticeiros e cumprimentou-os.

— Chegou a hora, então. Todos estão prontos para a viagem? Lembrem-se, será extensa e sem paradas longas. Só vão fazer uma pausa quando chegarem na Alagaësia e Blodhgärm e o outro feiticeiro forem trocar de dragão — e virando-se para encarar o elfo de pelos azulados — Tudo correu bem com os Eldunarís?

Era tarefa do elfo retirá-los do esconderijo com segurança e privacidade. Com um sinal de concordância de todos, Blodhgärm tomou a palavra.

— Sim Mestre, inclusive já fizemos o encantamento que os esconde, e eu estou encarregado de protegê-los, e decidimos que irei com Luien junto com Cedric, Sligö disse a ele que aguenta nos levar.

Sligö, o dragão vermelho de Luien era um dos maiores da Ilha e tinha a personalidade mais divertida que Eragon já havia visto em dragões.

— Ótimo. Estão todos com mantimentos e água? — Eragon se sentia um pai tratando Cavaleiros já experientes dessa maneira, mas não conseguia evitar.

Com um sorriso de divertimento, eles assentiram.

— Bom, nós estamos preparados e sabemos tudo o que temos que fazer, as estratégias já estão montadas, então creio que podemos partir, sim Mestre? — Ryia perguntou.

— Está certa, Ryia. Eu desejo que tudo corra bem, e quero ser informado de qualquer mudança que ocorra, quero todas informações, entenderam?

— Informaremos, Mestre — Vannruk disse.

— Cuidem dos Eldunarí e ouçam seus conselhos.

Eragon sentiu uma presença em sua mente, e a vastidão do Eldunarí e sua voz ecoou em seus pensamentos: Eles vão ouvir, tenha certeza. Eragon percebeu que não foi o único a sentir a presença, os outros Cavaleiros riam diante do aviso-ameaça.

— Então, essa é hora — Eragon usou a frase que considerava mais significativa para cumprimentá-los na despedida — Atra du evarínya ono varda.

Depois das despedidas, cada Cavaleiro montou seu dragão e ajudaram os Feiticeiros a subir. Eragon e Saphira ficaram juntos vendo-os se prepararem. Um por um, impulsionaram-se e levantaram voo. Quando todos já estavam no céu, um misto de cores e reflexos, o Cavaleiro e dragão voltaram ao centro da Ilha.

Ainda faltava muito tempo para se encontrarem com os demais Cavaleiros, então Saphira foi caçar enquanto Eragon procuraria se distrair. O meio-elfo decidiu visitar um elfo que se tornara seu amigo e aproveitar para ver uma elfa que tinha nascido há algumas semanas, a primeira elfa nascida na Ilha e causa dos festejos dos elfos. Encaminhou-se até os bosques, onde a maioria dos elfos viviam em suas árvores-casa. Caminhando entre as árvores, avistou Alanna, a elfa que ele havia visto em Ellesméra ainda criança, enquanto forjava sua espada. Era do conhecimento de Eragon que Alanna nutria amor por ele.

— Bom dia, Mestre — a elfa de cabelos negros e lisos e olhos também negros fez uma pequena reverência — O que te traz até aqui?

— Bom dia, Alanna — era tolice, mas Eragon se sentia desconfortável com a elfa em algumas ocasiões — Vim visitar Maidin, faz dias que não o vejo.

— Sabe que Maidin estava com intrigas com aquela velha elfa, Sared?

— Ainda não se resolveram? Conversarei com ele, talvez eu consiga acalmar o ânimo dele.

Maidin era um elfo jovem para seus padrões, e diferente dos demais elfos, era descontraído e comunicativo, e foi assim que conquistou a amizade do Cavaleiro. Mas era também travesso, e com isso vivia causando desordem e intrigas com os habitantes de Wyrda, mas apesar disso, era bem querido por todos.

— É só a você que ele obedece, Mestre, então com certeza resolverá — a elfa disse, fitando Eragon intensamente.

— Preciso ir, não tenho muito tempo — Eragon disse tentando não soar rude — Nos vemos outra hora, Alanna.

— Shur'tugal, eu poderia acompanhá-lo? Estou mesmo à toa e a sua companhia me agrada.

— Como quiser — Eragon sentiu as pontas de sua orelha queimarem. Passou as mãos pelos cabelos com intenção de cobrir as orelhas com os fios castanhos, sem sucesso.

Caminharam em um silêncio incômodo, e Eragon continuava desconcertado. Ele não sabia agir em situações assim, não adiantava. Não é que nesses duzentos anos ele não tivesse se relacionado com nenhuma mulher, ele havia, mas não fora o suficiente para deixá-lo inibido na presença feminina.

Há algumas décadas, diante da insistência de Saphira, ele havia conhecido Kiara, uma elfa que vivera muitos anos na Ilha e com a ajuda do tempo e de Saphira, eles se aproximaram. Eragon sabia que a elfa era digna, e resolveu finalmente dar uma chance a algo mais sério. Quando estava caminhando pra isso, se lembrou de palavras ditas há muito tempo:

— Como sabe, em tempos teria dito “nada”, mas… Volto a dizer: você ainda é jovem e os humanos mudam frequentemente de idéias. Daqui a dez anos ou até mesmo cinco, poderá já não sentir o que agora sente.

— Os meus sentimentos não se modificarão — disse ele com uma absoluta convicção.

Ela sondou-lhe o rosto demoradamente, com uma expressão tensa. Depois Eragon viu algo mudar nos seus olhos e ela disse:

— Se não mudarem… talvez a seu tempo… — Pousou-lhe a mão no queixo. — Não pode exigir mais de mim agora. Não quero cometer um erro contigo, Eragon. É muito importante, tanto para mim, como para o resto de Alagaësia”.

Depois disso, sentindo o peso da culpa e da insegurança, aos poucos se afastou de Kiara, deixando a elfa confusa, mas em seu íntimo sabendo que era o certo. No seu desejo escondido, nos seus segredos mais profundos, ele ainda tinha esperanças de que as palavras de Arya um dia se concretizassem e de algum modo envergonhava-se por isso.

Alanna havia se mudado para Wyrda há algumas décadas, pouco depois do que aconteceu com Kiara, e no início nada demonstrou. Com o passar dos anos, Eragon foi percebendo que ela se comportava de maneira diferente com ele, até ter a certeza do motivo dessa mudança, quando a elfa disse palavras insinuantes para ele em um banquete festivo. A partir daí, a elfa continuou demonstrando sua atitude e Eragon agia naturalmente, tentando evitar ser mal interpretado por ela.

Após longos minutos, chegaram até a casa de Maidin. Eragon bateu à porta, sem resposta. Bateu mais uma vez, e ninguém apareceu. Foi até a janela lateral e não viu nada que indicasse que o elfo estava presente, suspirou e disse:

— Acho que Maidin saiu para se aventurar, como sempre.

— E vai perder a viagem até aqui, Cavaleiro?

— Vou visitar a criança-elfa, prometi que iria abençoá-la — Eragon rebateu, já imaginando onde a elfa queria chegar.

— Ah, já tem planos – a elfa disse decepcionada — vou continuar o acompanhando, também quero ver a criança.

Sem dizer nada, Eragon começou a caminhar e a elfa o seguiu. Chegaram até a árvore-casa em que a criança-elfa vivia, e a elfa que era sua mãe veio recebe-los alegre.

— Que honra recebê-lo em minha casa, Mestre! — Iríane disse.

— Eu é que me sinto honrado com a oportunidade de abençoar a primeira elfa nascida na Ilha, e ela será motivo de grande alegria para todos nós — ao dizer isso, a elfa sorriu radiante.

— Que as estrelas o ouçam Cavaleiro! Entre e eu já trarei a pequena, é tão linda, tão calma também!

A elfa entrou agitada e Eragon e Alanna entraram na casa. Com a decoração suave, a casa era charmosa. Uma lareira bem no centro da sala emitia chamas sem calor, e não demorou para Iríane voltar com uma coisa pequena em seus braços e enrolada por alguns tecidos.

— Essa é Illian, felicidade na Língua Antiga.

Eragon olhou para a elfa ainda bebê e encantou-se com a beleza. Tão pequena, tão frágil, mas tão bela. Com feições angulosas, um nariz pequenino e lábios muito vermelhos, tinha o rostinho emoldurado por fios lisos e acobreados. Os olhos estavam semi-abertos e Eragon podia ver a íris cor de mel. A pele era tão aveludada e clara, que parecia um pedacinho da superfície da Lua.

— É uma criança linda. Nunca imaginei que as crianças-elfas tão pequenas emitissem toda essa beleza.

— É encantadora! Será que se tornará Cavaleira um dia? — Alanna olhava para a criança com brilho nos olhos.

— Seria maravilhoso! Mas isso só o tempo pode dizer, e mesmo que não se concretize, sinto que será uma elfa importante – Iríane parecia flutuar na presença de seu bebê.

Depois de alguns minutos conversando, Eragon pegou a criança em seus braços, e sentindo seu aroma de flores, a abençoou na Língua Antiga. Iríane ofereceu-lhes bebida, mas ambos recusaram e Eragon disse:

— Eu preciso mesmo ir, Iríane, há trabalho para fazer, ainda mais sem os outros Mestres para me auxiliarem. Me perdoe a falta de cortesia, prometo que voltarei para ver Illian.

Despediram-se, e juntos, Alanna e Eragon saíram da casa da criança-elfa. AO caminharem alguns passos, já estando longe de outras casas, Alanna tocou o ombro de Eragon.

— Espere, Cavaleiro. Por que não vem até minha casa hoje à noite? Há tempos não conversamos como bons amigos e vejo que sem Blodhgärm-elda está mais solitário... — a elfa dizia as palavras com os olhos colados ao chão. A indumentária que usava esvoaçava e sendo de um verde musgo, quase se camuflava com as árvores em volta. O cabelo negro, preso em trança caía lateralmente e os fios soltos encobriam seu rosto. Eragon hesitou e a elfa percebeu — Aceita o convite?

— Haverei de ir — o Cavaleiro decidiu-se por ir, não haveria problema em simplesmente visitá-la, e ela estava certa, sem Blodhgärm e os demais Mestres, junto com Maidin, Eragon estava mais solitário – Me espere ao anoitecer.

A elfa sorriu-lhe serenamente, irradiando satisfação. Despediu-se dele com um aceno e caminhou para as casas, quase flutuando. Eragon sorriu timidamente vendo a reação da elfa e caminhou para o pátio. Sua missão com os Cavaleiros iria começar.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Comentem, critiquem, apontem pontos negativos e positivos, dêem sugestões, palpites, o que quiserem, mas é importantíssimo saber o que vocês acham.
Tenho umas coisinhas para dizer, que vão por tópicos:
• Ah, viram uma diferença? Estou usando o travessão certinho, é mais bonito hahaha antes eu não usava porque não sei fazer no teclado e tinha preguiça de procurar;
• Esse é o capítulo 8, até o 11 já está pronto (essa semana de Carnaval foi mais produtiva que 2 meses de férias hahah). E, ESSA É A PARTE IMPORTANTE, NÃO IGNOREM POR FAVOR, até onde escrevi, não tem muita ação e novidade, mas esperem! Logo ela virá, é só que achei que ficaria muito "atropelado" colocar todas as reviravoltas muito rápido (sim, existem muitas reviravoltas). Então, não desistam, nos próximos capítulos dá pra explorar a personalidade dos personagens e escondido nas entrelinhas tem certas dicas. Ops, spoiler não. E ah, mesmo sem ação eu adorei os capítulos e espero que adorem também. Pensando bem, tem ação, só não é ação do tipo "Menoa vingativa", é outro tipo de ação, enfim;
• Perguntinha: o que acham da Alanna? Lembravam dela? Ela é mais do que parece ser...
• Sobre Eragon e relacionamentos amorosos: o que acharam? Essa parte me incomoda, mas era inevitável ignorar;
• Spoiler: no próximo capítulo um personagem aparece, palpites?
Já falei demais, não controlo.
Comentem nem que seja um "legal", não sejam fantasminhas hahah muito obrigada por acompanharem, até dia 05!



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