Wyrda escrita por Brisingrrr


Capítulo 7
Carta


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como sempre, agradeço aos novos leitores e sejam bem-vindos.
Estou postando antes, porque provavelmente dia 5 não poderei :c Enfim, nos vemos nas notas finais, até lá.
Boa leitura, espero que gostem!



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Despertou ainda era madrugada, e as árvores ao redor pareciam sussurrar segredos entre si. Levantou-se e entrou na casa, dirigindo-se à biblioteca. Sentou-se em uma cadeira esculpida no tronco de uma árvore, obra dos elfos, e pegou um pergaminho à sua frente. Encostou-se na cadeira e fechou os olhos. Organizando os pensamentos, pôs-se a escrever a carta.

Não sabia ao certo quando tomara aquela decisão, mas ao acordar já estava decidido quanto a isso, era o mínimo que deveria fazer diante da sua covardia.

 

 

Arya Dröttning e Cavaleira de Dragão,

 

Sinto a responsabilidade de contatá-la por esta carta diante de tudo o que está acontecendo. Peço perdão pela falta de cordialidade que apresento, mas é o melhor modo de dizer o que preciso.

Eu, Eragon, peço que compreenda os motivos que me levaram a ficar na Ilha dos Cavaleiros. Estou fadado a isso, desde sempre, suponho. A Ilha e tudo aqui é a minha responsabilidade, e por mais que eu saiba os motivos da Árvore Menoa, e saiba que isso é culpa minha, não posso ignorar o destino. Ele, o destino, me fez ir embora da Alagaësia para nunca mais retornar, e eu temo o que poderá acontecer caso eu tente retornar à essas terras, e não posso ser imprudente a esse ponto, sabendo que a Ordem depende de mim. Foi o destino também que causou que a vingança da Árvore virasse um fardo seu, e embora eu não entenda o motivo dela ter a escolhido, é a única resposta que encontro. Não poderia ser mais evidente que isso tudo é minha culpa, e novamente peço perdão.

Os melhores Cavaleiros e Feiticeiros, junto com os Eldunarí e Blodhgärm foram enviados para resolver essa fatalidade, e sabendo do poder que têm, tenho a esperança de que resolverão o problema da forma mais sábia e sadia possível. Peço que me contate diante da menor mudança que aconteça, pois desde já estou apreensivo.

Aqui na Ilha as coisas se complicarão, mas tudo será resolvido, assim espero.

É com muita sinceridade que desejo que haja melhora, e que essa sombra inominável que paira sobre você, se dissipe. Saphira também lhe deseja melhoras, e manda saudações.

Me despeço, pedindo mais uma vez sinceras desculpas, e esperando que entenda meus motivos.

Mande saudações ao seu dragão, Fírnen.

Eragon, Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Dragão

 

Após terminar, se sentiu tolo. A carta era superficial e apesar de tantas palavras, não dizia nada. Leu, releu e tornou a ler. Arrependeu-se por parecer tão informal, depois de tanto tempo sem sequer manterem contato direto. Estava prestes a descartar o pergaminho, quando se aprumou e decidiu que enviaria aquela carta, daquele jeito. Pensou em pelo menos reescrevê-la, de forma mais educada e menos superficial. Voltou a se sentar, mas logo desistiu. Seria aquela carta, naquela versão, que ele enviaria. Se tentasse, não conseguiria fazer melhor e ficaria mais frustrado, talvez até desistisse. E dessa vez, realmente decido, selou a carta com o carimbo do yawë e guardou-a na gaveta. Entregaria a Blodhgärm quando ele partisse com os demais.

Quando havia despertado, Saphira já havia saído. Contatou seu dragão, e viu em seus pensamentos que ela estava irritada com ele.

Uma carta, Eragon? Não faça isso consigo mesmo.

O que espera que eu faça, Saphira? Isso é o máximo que posso.

Parece uma criança se portando assim, 200 anos não foram suficientes para se tornar sábio? Toda essa sua insegurança não condiz com o Cavaleiro que é. Você não é mais aquele jovem inexperiente que viveu na Alagaësia. Você tem papel importante para todos e não duvido da sua capacidade para dirigir a Ordem, mas mesmo com toda essa experiência adquirida não controla os próprios sentimentos. Você sabe que está errado, Eragon.

O dragão se calou, claramente irritada com a atitude do Cavaleiro.

E Eragon sabia que ela estava certa. O que estava havendo com ele, afinal? Portava-se como um tolo, preocupando-se com coisas superficiais. Ele enfrentava uma crise e tudo que conseguia fazer era agir com insegurança. Não, ele não podia seguir assim. Ele era o Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Dragão, ele tinha que ser sábio e seguro de si. Esses dois séculos foram suficientes pra isso, ele sabia, era só mudar sua postura. Não havia desistido da carta, nem mesmo de enviar Mestres e Feiticeiros para a Alagaësia, mas as palavras de Saphira foram suficientes para abrir seus olhos quanto aos seus sentimentos. Silencioso, prometeu a si mesmo ser mais sensato.

Ficar ali parado não ajudaria em nada. Saiu da casa, foi até a clareira e como de costume, praticou o Rimgar. Além de o deixar calmo e fazer com que sua mente se esvaziasse, dava-lhe uma sensação de plena paz e liberdade. Sentia a brisa fazer seus cabelos bagunçarem, e o farfalhar das folhas e arbustos mantinham sua mente calma e relaxada. Depois de longos minutos, viu os primeiros raios de sol iluminar as copas das árvores mais altas e sem saber o que fazer, foi até a casa para comer algo. Nada disponível o agradou, e inquieto como estava, decidiu-se por ir procurar alimento.

Já que ele não mais comia carne, suas “caçadas” eram resumidas a buscar frutos, vegetais e legumes. Nos bosques próximos cresciam todo tipo de frutos selvagens, e em jardins cuidados por elfos e pelo próprio Cavaleiro davam-lhe uma variedade de saborosos alimentos.

Pegou uma pequena faca e uma cesta, já tendo em mente o que procuraria, e saiu para a floresta um pouco atrás de sua casa. Logo ao entrar em meio às árvores sentiu o ar úmido e o cheiro de madeira molhada e caminhou até embrenhar-se no bosque. Parou, imediatamente entrando em sintonia com o ambiente e prestando atenção às formas de vida dali. Concentrou-se nos sons da natureza e nas pequenas criaturas. Olhou para as folhas mortas que seus pés pisavam, e seguindo por uma pequena e fina trilha dirigiu-se para onde pequenos cogumelos com talos compridos estavam escondidos pela vegetação rasteira. O solo úmido era propício para eles, o que ocasionou em um crescimento generoso, cobrindo um espaço de alguns palmos com o branco de suas copas esponjosas. As bordas onduladas encorajaram Eragon a colhê-los com delicadeza e auxílio da faca afiada.

Cuidadosamente Eragon colocou um a um em sua cesta e se levantou. Parou ainda mais duas vezes: uma para colher amoras inchadas e saborosas, que comeu ali mesmo, e outra para recolher e retirar um galho caído.

No caminho ficava atento ao canto dos pássaros e o movimento das copas das árvores com o vento calmo. Nessas distrações, acabava esquecendo os problemas que o afligiam, e essa era a intenção. Sempre procurava fazer coisas normais, que não focassem só em ser um Cavaleiro de Dragão, mas dessa vez o objetivo era um só: distrair-se da missão que estaria pra acontecer, da reação dos demais Cavaleiros e... de Arya. Tentava convencer a si mesmo que era só preocupação, afinal, se algo realmente acontecesse com a Cavaleira, muitas coisas entrariam em jogo.

Após caminhar por alguns minutos, já estava na clareira de sua casa. Entrou na pequena cozinha e sem pressa preparou uma sopa com os talos dos cogumelos, e com a parte restante uma salada. Eragon não dispensava os grandes banquetes e fartura comum aos elfos, mas quando estava recluso comia com simplicidade e se satisfazia. Depois de comer e organizar sua cozinha, o Cavaleiro percebeu que já era hora de ir para a Sede.

Vestiu outra camisa e fez contato com seu dragão. Ela já estava na cidade e esperava por ele. Foi até onde a carta estava e a pegou, guardando por dentro de sua camisa. Caminhou em direção a trilha, e minutos depois já estava lá. Decidiu-se por contatar os demais Cavaleiros naquele dia, já que não adiantava adiar o que precisava ser feito, então convocou todos até o pátio que se estendia pela frente da Sede. Saphira postou-se ao seu lado, ocupando um espaço enorme. Blodhgärm também estava com ele, como sempre.

Via em todos Cavaleiros e demais pessoas presentes a curiosidade. Não era comum reunir todos eles assim, sem um aviso de antecedência principalmente. Ali, da parte mais elevada, uma espécie de palanque, olhou os rostos que observavam-no atentos. Era uma visão gloriosa. Dezenas de dragões, das cores mais variadas, olhavam-no com olhos cristalinos que pareciam penetrar seus segredos mais íntimos. Passou os olhos mais uma vez pelo pátio, e percebeu que o sol refletia as escamas dos dragões, fazendo com que as construções ao redor adquirissem tons coloridos e misturados, e diante da percepção da beleza que presenciava se sentiu preparado.

— Cavaleiros, peço desculpas por tirá-los de seus afazeres – o Mestre disse na Língua Antiga – mas passamos por uma situação que faz essa atitude se tornar necessária.

Com isso, viu burburinhos se iniciarem e pessoas ficarem mais atentas. Alguns dragões rugiram baixinho, e viu um Urgal socar seu escudo, como se pressentindo que havia algo errado.

— Acalmem-se, o comunicado não é esse – Blodhgärm tomou a palavra e todos se calaram.

— Pra esse problema ser resolvido, mandaremos os Mestres e os Feiticeiros para a Alagaësia amanhã – Eragon disse tentando transparecer calma para que as reações dos Cavaleiros não fossem negativas – Eu, Eragon e Mestre dos Cavaleiros, ficarei aqui em Wyrda. Infelizmente – preparou-se para dar a notícia que sabia que causaria maior repercussão – não poderemos informá-los o que está acontecendo, por motivos maiores.

Todo o pátio explodiu em protestos. Dragões rugiram, elfos pareciam prestes a gritar, humanos riam como se estivessem descrentes, anões batiam seus machados no calçamento de pedra da rua e Urgals urravam, todos protestando e o ambiente parecia que irromperia em caos. Saphira, atendendo ao comando de Eragon, rugiu alto, fazendo todos se calarem e as construções menores balançarem.

— Chega! Eu já esperava essa reação de vocês, e compreendo. Mas infelizmente nada pode ser feito. É uma decisão que não pode ser reconsiderada, e é em prol de um dos nossos. Peço que se acalmem e não tentem nada que os prejudicará. Com calma, se algum Cavaleiro quiser se pronunciar, levante sua espada.

Eragon viu diversos braços se levantarem com as espadas em punho. Indicou o anão que estava mais próximo, e ele deu um passo à frente.

— Ebrithil, não acha que é injusto com os demais Cavaleiros serem excluídos de algo que parece ser tão importante? Porque não podem ir outros Cavaleiros? - o anão parecia desconcertado.

— Gadfur Vor – Eragon preferia tratar os demais Cavaleiros assim, como amigos e não como inferiores – se eu pudesse, faria com que todos participassem. Nós decidimos por levar somente os Mestres, porque são mais experientes.

Um humano levantou sua espada novamente, e Eragon indicou que ele poderia falar.

— Eragon, Mestre dos Cavaleiros, é uma ofensa esses feiticeiros poderem ajudar, e nós, verdadeiros defensores da Alagaësia ficarmos de braços cruzados e sem nenhuma noção do que está acontecendo! – Por todo o pátio ouviu-se exclamações de concordância, e já era esperado, já que havia uma certa rivalidade contra os Feiticeiros.

— Cavaleiro, já explicamos os motivos. Escolhemos os mais experientes e que têm maior controle da magia, foi a decisão mais sensata a se fazer. Não podíamos escolher também alguns outros Cavaleiros e deixar os demais, seria mais injusto. Acredito que já esclareci tudo. Mais alguma pergunta?

Um outro humano, timidamente ergueu sua espada, e recebendo a autorização de Eragon, deu um passo a frente, parecendo temer os olhares ao seu redor.

— Ebrithil, e o que nós, que continuaremos em Wyrda, faremos sem os Mestres?

— É uma boa pergunta, Cavaleiro. Como eu disse, eu continuarei aqui, então todos serão conduzidos por mim nesse tempo. Já venho planejando, e serão aulas diferenciadas. Já adianto por avisá-los que amanhã quero encontra-los todos aqui, quando o sol estiver tocando o pico de Arüna – Eragon decidiu iniciar as aulas mais tarde, já que estaria sozinho com dezenas de Cavaleiros e dragões.

Depois de alguns outros comunicados menos importantes, todos se dispersaram do pátio e Eragon dirigiu-se a sua sala na Sede junto com Blodhgärm.

— Mestre Eragon, tudo correu bem, não acha? Eu esperava que fossem mais inflexíveis.

— Eles escutaram a voz da razão, Vor Blodhgärm. Serão dias difíceis aqui na Ilha, espero saber resolver tudo com sabedoria e responsabilidade de um mestre.

— Eragon-elda! Há dois séculos guia essa Nova Ordem com eficiência, não será em alguns dias que vai falhar.

— Blodhgärm – disse sorrindo, sem a necessidade dos títulos pois conversavam como amigos íntimos, o que de fato eram – eu sempre tive você e os Eldunarís pra me aconselhar, senão o que seria de mim?

— Não seja modesto – Blodhgärm deu um pequeno sorriso de lado – Mas não vá botar fogo na ilha.

Eragon gargalhou, e sentando-se em uma cadeira, chamou Blodhgärm para perto de si. O elfo com pêlos azulados e olhos de águia de aproximou e sentou-se também.

— Blodhgärm, eu tenho uma... missão, à parte para você.

— Diga-me o que é, amigo. Farei de tudo para cumpri-la – disse com uma pequena reverência.

— Sem tantas formalidades – Eragon disse sorrindo – Eu preciso que entregue isso para sua Rainha.

O Mestre estendeu a mão com um envelope e o elfo pegou. Analisou o que tinha em mãos e olhou para Eragon desconfiado.

— Entregarei.

— E – Eragon não sabia como dizer isso – não deixe que ninguém veja ou saiba sobre esta carta, sim?

Ainda mais desconfiado, Blodhgärm assentiu.

— Sem tantas formalidades – Eragon disse sorrindo – Eu preciso que entregue isso para sua Rainha.

O Mestre estendeu a mão com um envelope e o elfo pegou. Analisou o que tinha em mãos e olhou para Eragon desconfiado.

— Entregarei.

— E – Eragon não sabia como dizer isso – não deixe que ninguém veja ou saiba sobre esta carta, sim?

Ainda mais desconfiado, Blodhgärm assentiu.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Quero que sejam sinceros, a aprovação de vocês é o que importa.

Bom, no capítulo anterior recebi críticas relacionadas ao comportamento do Eragon (e sou grata por elas, me ajudaram muito), e nesse eu tentei trabalhar isso. Tentei fazê-lo menos inseguro, e também fiz a Saphira apontar os erros dele, pra ele mesmo enxergar e mudar. Faço das palavras da Saphira as minhas hahah
Então, esse é um ponto importante. Acham que a personalidade dele está melhor? Condiz melhor com o Eragon de 200 anos?
E uma coisa que eu particularmente gostei, foi a amizade com o Blodhgärm, já não sei vocês ahahah
Eu espero que tenha agradado, reescrevi esse cap mil vezes, revisei mais mil uahuahu
Obrigada por comentarem os capítulos anteriores, o apoio de vocês é importantíssimo, beeeeijos e até dia 20! (Falei demais, desculpeeeem)

~Até aqui é o ponto que se trata da fanfic, vou dizer uma coisa nada a ver (mas relacionada à Arya) então se quiserem parar por aqui, fiquem à vontade kk~
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Isso é um desabafo. Quando eu tiver uma filha, ela se chamará Arya, e toda vez que alguém pergunta: "Qual será o nome dos seus filhos?", e eu digo:
"Só tenho certeza de Arya, é em homenagem à minha personagem preferida"
A PESSOA FAZ QUESTÃO DE PERGUNTAR:
"Arya Stark?"
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, isso acaba com minha alegria. Cara, criei uma rixa pessoal com GoT por isso. Sei que é bobeira, mas é involuntário também. Nunca li e nem assisti, o que torna isso mais idiota, mas também não pretendo nem ler nem assistir. Sério, se eu ler meu psicológico vai ficar sussurrando "traíra... traíra... traíra!". E me irrita muito essa reação das pessoas. Tudo bem, GoT é mais popular, é natural, mas eu quero que reconheçam que é homenagem ao Ciclo da Herança :(
Era só isso. É bobo, eu sei, mas precisava desabafar uhahuahuahu pra quem leu até aqui (se é que alguém leu), MIL BEIJOS! E ah, não tenho nada contra os fãs, viu? É só uma rixa interna boba.
Até a próxima, que as estrelas zelem por vocês!



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