Carlos olhou para seus tios, seu primo, seus avós... notava que estavam interessados no assunto. E logo seus pais que o fitavam.

CR – Bom, conste que eu não queria falar, e estou sobre um olhar ameaçador... – ele tentou descontrair mas não deu muito certo, Estrela ainda mantinha aquele olhar sobre ele – Pois porque ela está grávida e agora tem que comer por dois. – Seus avós o olharam surpresos “Como ele sabia?” Logo trocaram olhares entre Irmãos e Pais.

Estr – Desde quando você sabe disto, Carlos?

CR – Ah, faz como um mês, ou mais, que a tia me falou. – disse naturalmente, outra surpresa – Acabo de falar com ela no celular – mostrou o telefone – perguntei se ela já havia comido... e está tudo bem.

Es – Carlos, se você sabia dessa gravidez há mais de um mês, por que não nos falou nada?

M – Carlinhos, você fez errado em guardar isso. – O menino Respirou fundo – Nós podíamos ter....

CR – “Nós podíamos ter ajudado e apoiado a Vicky desde o começo?” – Maria o olhou impressionada, “Como saberá o que ia dizer?” – Não me olhe assim vó, eu não sou vidente nem nada por estilo. A tia Vicky disse que se ela comentasse com vocês, a senhora diria isso. E se eu não disse nada é porque eu já não sou uma “criança” fofoqueira, a tia Victoria me pediu segredo, e como ela é a única que não me trata como criança, eu devia isso à ela.

M – Ai Carlinhos – disse Maria com resignação – e onde ela está? Você sabe?

CR – Não. E mesmo que soubesse não ia dizer...

Gr – Carlos Renato...

CR – Desculpa, mas ela não quer ver ninguém, e eu amo muito minha tia para aborrece-la traindo a confiança que ela tem comigo. Não me perguntem mais nada porque eu não sei...

Estr – Não disse que ela não te vê como criança? Então deve saber mais. Conte para nós, porque só queremos ajuda-la. - o menino soltou mais um longo suspiro.

CR – Eu já disse que não sei, ela ficou de me contar o resto da história, já que conhecendo como conheço o senhores, não irão me dizer nada. E volto a repetir se soubesse não diria. Com licença, tenho aula agora – levantou-se deu um beijo em seus avós e saiu.

H – É parece que esses dois tem bastante confiança. E não é de hoje... Veja! – exclamou extasiado - Nós aqui sem saber nada, enquanto o adolescente sabia tudo.

Estr – Tudo não né Heitor... Espero que Victoria não vá abrir a boca mais que o necessário. – Estrela estava realmente chateada com a irmã... Maria a olhou, como desaprovando seu comentário, mas não disse nada, somente se levantou.

M – Eu também vou indo, vou a prataria e aproveito para ir com Pedro que já deve estar saindo levar Carlinhos, Bom dia – deu um selinho em Estevão e saiu.

Maria tentou todo o trajeto até o colégio de seu neto tirar alguma informação dele, mas ele sempre se negava à dizer algo. Ela havia dito à todos que iria a prataria, mas desde já ela mentiu... Seguiu rumo à universidade de sua filha, sabia que lá à encontraria, mas desistiu, retomou o rumo de volta a prataria, lá pensaria com calma, e logo iria vê-la, e também tão cedo Victoria não estaria lá.

**

APARTAMENTO DE MAICON – (Enquanto todos discutiam na mansão, antes de Maria sair de casa com Carlinhos)

Victoria havia acordado cedo, fez um lanche para ela e seu amigo, tomou um banho e quando saiu, Maicon já havia levantado e se arrumado, apenas à esperava para tomar café da manhã.

V – Bom dia dorminhoco! – disse o cumprimentou com um beijo no rosto.

M – Bom dia, vejo que madrugou, certo?

V – Não, não é isso... Meu sobrinho me ligou agora pouco perguntando aonde eu estava, que não havia comparecido para tomar café.

M – O Carlinhos?

V – Sim, ele se preocupa comigo assim como eu com ele. É que ele diz que eu sou a única que não o trata como criança, e o pior é, que é verdade.

M – Pois pra ele pensar assim e você também, vocês tem segredo...

V – Sim, depois de você, ele também soube da minha gravidez... e por isso me ligou estava preocupado com que eu não comesse.

M – Quantos anos ele tem? 16? – Victoria riu com vontade.

V – 14 anos. A menina que se apaixonar por ele será sortuda, porque ele é tão compreensivo e amoroso. Daquela casa, era o único que não o tratava com indiferença, e também o Gabriel, meu outro sobrinho de 7 anos.

M – Vicky, a conversa está boa, mas temos que ir rápido. Mamãe e papai irão viajar hoje, papai irá fazer um Check-up na empresa, eu só não vou porque tenho a universidade.

V – Falando em universidade, vamos passar lá.

M – Fazer o que?

V – No caminho eu te conto, vem vamos!

HORAS DEPOIS – almoço.

Maria depois de muito refletir tomou coragem de passar na universidade. Chegando lá foi direto à recepção.

– Bom Dia senhora, posso ajuda-la? – perguntou a secretária de entrada.

M – Sim, minha filha estuda aqui, e gostaria de saber se ela passou cartão hoje... e queria adiantar as parcelas dos próximos meses.

– Sendo assim, é só dizer o nome de sua filha que, eu verifico no sistema se ela está na universidade.

M – Victoria San Román de Fernández…

– Um momento por favor – a moça checou no sistema – Senhora San Román, sua filha compareceu hoje sim, mas foi só para “trancar” a faculdade de Arquitetura.

M – Co... como?

– Isso mesmo, aqui consta que Victoria San Román de Fernández trancou sua universidade.

M – Bom, sendo assim Obrigada. – a mulher assentiu, e Maria saiu.

MANSÃO “MONTENEGRO”

(Gabriela Spanic é Valeria Ben Jor/ Bernie Paz é Fernando Montenegro)

Valeria e Fernando Montenegro, descendentes de Italianos, vieram para México há mais de 16 anos, Valeria trabalha como psicóloga e Fernando um grande advogado que tem empresas em vários lugares do país, e uma especialmente em Itália, sua terra natal. Eles são casados há mais de 20 anos, dois anos depois tiveram seu primogênito Maicon Montenegro, filho único do casal.

QUARTO DO CASAL MONTENEGRO

VM – Vicky, obrigada por ter me ajudado com as malas.

V – Não foi nada tia Val.

VM – Vem, vamos almoçar e depois nós iremos para nossa primeira seção.

MANSÃO SAN ROMÁN – Almoço

Es – Maria, amor!!! – exclamou Estevão ao vê-la entrar na sala de jantar, onde todos estavam e à esperavam para almoçar – Onde esteve? Liguei para prataria, mas me disseram que você já havia saído há algum tempo... Liguei para seu celular, mas você também não atendia – ele levantou-se e foi ao seu encontro, deu um selinho nela, mas quando foi puxar a cadeira para ela sentar, ela não quis, preferiu ficar de pé... – O que houve? – todos olhavam atentos.

M – Fui a universidade de Vicky, deixar alguns meses adiantado a faculdade, mas...

Es – Maria!! – seu tom saiu mais de repreensão que preocupação, Maria o olhou meio incrédula com sua atitude “fria?”.

M – Estevão, você sabe... Eu sou mãe e faço qualquer coisa por meus filhos, eu não fiz para Heitor? Estrela? Por que não iria fazer para Victoria? Mas não se preocupe, eu não ia usar o seu dinheiro, e tampouco gastei o meu... Ela trancou a faculdade, resumindo ela desistiu. – Maria virou-se e saiu dali. Estevão foi atrás dela.

**

Estr – Carlos, você sabe onde sua tia está? Me diga a verdade... ou prefere ver sua avó triste?

CR – Mãe... – disse com resignação – Eu juro que não sei, ela disse apenas que estava com um amigo. E pretendia ficar lá, até conseguir algo pra ela.

**

MANSÃO MONTENEGRO

Escritório – Depois do almoço

VM – Então Vicky, está pronta?

V – Estou tia...

VM – Já começamos mal, eu não sou sua tia aqui, nem a mãe do seu melhor amigo, essa intimidade a gente deixa lá fora. Aqui sou sua psicóloga, Valéria.

V – Está bem, Doutora Valeria. Já estou pronta – disse séria e tomando postura no divã.

VM – Iniciemos, vou tentar ser leve com as perguntas, para nós irmos com calma.

V – Bem...

VM – O que mais a deixa irritada? Que situações você não suporta?

V – A mentira, não tenho vocação pra ficar muito tempo perto de hipocrisia.

VM – E quem mentiu pra você?

V – Meus pais, minha família.

VM – E o que você sente agora?

V – Traída, eles me mentiram por anos.

VM – E você tem algum problema fora em sua família, na universidade, cursos?

V – Não...- disse sem confiança em suas palavras – não.

VM – Não senti firmeza em suas palavras, está me escondendo algo?

V – É que...bom, antes de sair de casa, meu, meu namorado terminou comigo.

VM – E você está triste por isso também?

V – Não, agora não, mas...

VM – O que aconteceu?

V – Eu... eu estou grá... grávida. – Valéria baixou seus óculos de descanso e a olhou – eu...

VM – E teu namorado te deixou por isso?

V – Não...Ele, depois que terminamos não nos falamos mais.

VM – Então? O que aconteceu?

V – Ele, ele não é o pai... No mesmo dia que descobri a traição de meus pais, eu havia saído mais cedo da faculdade, e recusei a carona de Maicon para voltar pra casa, eu queria pensar, porque naquele dia eu estava muito magoada com Pedro, meu ex-namorado. E bom, o recuso da carona de Maicon, me custou um... um abuso.

VM – Vicky... – Valéria a abraçou, porque ela também pedia pra ser abraçada, alguns minutos depois... – Mais calma? – Victoria acenou com a cabeça

V – Sim, já posso continuar...

VM – Não acha melhor pararmos por aqui? Não quero que te esforces muito.

V – Não tia, eu preciso falar com alguém... – Valéria assentiu, e deu permissão para que ela continuasse – meus... minha mãe e Estevão, e todos os demais fora Carlinhos ficaram sabendo ontem da minha gravidez e do abuso. E me senti muito mais humilhada quando ele levantou à mão, e me bateu...

VM – Você não acha que deve conversar com seus pais?

V – Não, não por agora... Eu estou tão magoada com eles agora, a única coisa que me faria bem era sumir por um tempo e esquece-los, ou pelo menos tentar.

VM – Acha que fugindo do assunto, algo irá adiantar?

V – Não será questão de fugir, se não dar um tempo para minha cabeça... Colocar em ordem meus pensamentos, e ver se assim eu tomo coragem para falar com eles.

VM – Não acha que tua mãe irá ficar preocupada se você sumir do nada?

V – Eu aviso Carlinhos que viajarei... Eu não me importo agora se eles irão aceitar ou não minha decisão, eles não se importaram em mentir pra mim todos esses anos...

VM – E não acha que eles só queriam proteger-te?

V – De que? Eles não iriam ter que me dizer mais que à verdade...

MANSÃO SAN ROMÁN – “quarto do casal”

Es – Maria... Maria, eu... eu não quis dizer aquilo – disse ele ao entrar no quarto, depois que Maria saiu feito “furacão” da sala. – Maria meu amor, me perdoe – pediu a abraçado por trás.

Maria estava de costa pra ele, e de frente para o espelho, chorando.

Es – Eu não quis falar daquela maneira, mas... – Maria saiu de seus braços com bruscamente.

M – Mais o que Estevão? Não preciso te dizer que está agindo friamente com ela, verdade? Primeiro á questiona por tudo sem ter motivos, a faz passar aquele constrangimento no jantar, depois bate nela, e agora nega ajuda-la. Você quer que eu pense o que? Que isso é devido as circunstâncias? – ela deu um tempo, e continuou – Minha filha está sabe lá aonde, e você está se preocupando com dinheiro, dinheiro que temos de sobra e que ela nunca se importou se tínhamos ou não, ela sempre disse que só o nosso amor bastava para ser feliz, e agora? Como ela deve estar se sentido? Sem amor, carinho... sem dinheiro para se manter, ela e um bebe.

Es – Me desculpe – disse decepcionado...