Pensamento de Estrela

“O resultado do Exame já saiu, depois de muito, muito esforço e provar que eles eram pai e filha, e que eu era também sua filha, e irmã de Victoria o doutor cedeu em levar “minhas coletas” para análise. Só que agora eu não tive coragem de abrir. Por isso deixei embaixo do travesseiro de Victoria, espero que ninguém o ache.

Pensamento Off

Os medicamentos que controlavam o coma de Victoria já haviam sido suspensos há algumas horas, então a qualquer momento ela poderia acordar.

Estr – Mãe, tudo bem se eu for a lanchonete comer algo?

M – Pode ir tranquila filha, eu ficarei aqui com Victoria.

Estr – Quer que eu te traga algo? Irei chamar o médico assim que voltar...

M –Tudo bem, eu iria chama-lo daqui a pouco mesmo. E não, não quero nada, obrigada meu amor! – Estrela deu um beijo em Maria e saiu.

Alguns minutos depois.

Maria estava com sua cabeça sobre o ventre de Victoria, orava para que sua filha acordasse o mais breve possível. Queria vê-la bem, mas sabia que isso seria um pouco difícil já que os bebês haviam falecido.

Victoria estava inquieta, suava, coisa que de costume não acontecia. Maria estava aflita com isso, e por tal coisa acontecendo não sabia se estava delirando ela também ou não, mas ela havia sentindo algo apertando sua mão. Não se dera conta de que Victoria havia apertado fortemente sua mão em sinal de protesta.

Maria levantou o olhar para ver a face de sua filha e a viu piscando várias vezes, isso parecia um sonho... Fim de um pesadelo que durara dias. Ela não sabia se chamava um médico para que examinara rapidamente sua filha ou se continuava junto a ela. Optou pelo segundo pensando o qual fora dominado por seu amor de mãe.

– Vicky, filha, meu amor. Que bom que acordou! – disse Maria passando a mão pelo rosto de sua filha.

V – Ma... mãe?

M – Sim meu amor, sou eu.

V – O... O que aconteceu? Por que estou no hospital?

M – Você não se lembra? – perguntou carinhosamente, porque sabia que se sua filha não lembrasse, não haveria outra forma de dizer aquilo.

Victoria olhou cada detalhe do quarto, tentava procurar algo que a fizesse responder a pergunta que sua mãe fizera. De repente um pânico se apoderou de sua mente e a afligiu por completo.

V – Cadê... Cadê meus bebês? – Seu choro a qualquer momento poderia rolar sobre sua face – Onde estão meus filhos? Por que não estão aqui? Não era tempo deles virem ao mundo. Eu quero saber onde estão.

M – Victoria, acalme-se! – falou Maria com tom de autoridade que lhe correspondia – Se você não ficar calma terei que chamar o médico para sedá-la.

MARIA NARRANDO ON

V – Tudo bem! Mas onde estão... eu, eu quero vê-los. – Victoria agarrou suas mãos nas minhas e em seu olhar pude ver medo. Soltei uma de minhas mãos da dela, e acariciei seu rosto.

M – Meu amor... Isso, isso não será possível. – Vi com dor como saiam lágrimas de seus olhos verdes.

V – O que aconteceu?

M – Você caiu da escada. Deu a luz aos seus bebês, e entrou em coma induzido.

V – Por que? Por que fizeram isso comigo? – ela perguntou visivelmente irritada, o que me deixou com medo de responder – Por que mãe? Cadê meus bebês? – ela perguntou com tom mais calmo.

V – Seus bebês não nasceram 100% saudáveis, se lembra quando eles se afogaram enquanto os amamentava? – Victoria assentiu – Então, eles nasceram com seus pulmões ‘deformados’ e não poderiam, sugar, engolir e respirar ao mesmo tempo. – Victoria me olhava com interrogação, eu estava tentando enrolar o máximo esse momento, mas ele havia chego – Os médicos decidiram que era melhor você estar em coma, porque seus bebês não resistiram.

O soluço de Victoria foi o que mais me doeu, eu não podia e não sabia o que fazer. Eu simplesmente compreendo sua dor porque também estive morta para meus filhos, mas Victoria sofria mais ainda, como eu, ela não poderia ter a chance de recuperá-los.

Ela me abraçou e chorou até não ter forças mais. Eu dei todo o apoio que pudera dar. Todo meu amor eu transmiti naquele abraço, eu não tinha certeza de que Victoria se recuperaria facilmente daquilo. Essa dor era muito angustiante e suas defesas caem. Você não sabe como lidar com essa dor insuportável.

– Eu quero vê-los! – ela sussurrou essa frase em meu ouvido – Eu quero vê-los, mãe.

M – Eu não sei se isso é possível meu amor, mas iremos falar com o médico e ele dirá o que é o melhor.

A porta repentinamente abriu e os dois pares de íris verdes olharam para a mesma. Estrela ficou muito surpreendida ao ver a irmã desperta, sua surpresa foi tanta que mal conseguiu controlar suas emoções e desmaiou.

O médico no mesmo instante a segurou, deixando-a em cima do sofá.

**

Minutos depois todos já estavam sabendo sobre “Victoria”, e o médico já havia pedido uma série de exames para ela, assim como para Estrela porque ficara mais de três minutos desmaiada.

Estrela estava no quarto conversando com Victoria, assim como estavam também Maria e Estevão conversando em um canto, até que, Estevão decide sair por um momento tomar um café, ficando assim só as três mulheres.

Elas estavam conversando quando três batidas na porta a interromperam. Um médico que não era o mesmo de horas atrás entrou.

Dr – Senhoritas Estrela e Victoria San Román?

Estr – Somos nós. Estrela – ela deu a mão ao médico – e Victoria, minha irmã.

Dr – Boa Tarde Senhora... Senhoritas. Eu sou o doutor Pedro Albuquerque, e estou substituindo o Doutor Montesinos.

M – Boa Tarde Doutor, eu sou a mãe de Victoria e Estrela, os exames já estão prontos? Como estão Victoria e Estrela?

Estr – Mamãe! Eu não tenho nada, eu simplesmente desmaiei pela surpresa, só isso.

Dr – Senhora...

M – Maria, Maria San Román.

DR – Senhora San Román, como meu plantão começou há pouco. Eu verifiquei primeiro os exames que estavam na minha mesa, e é da Senhorita Estrela. Como ela mesma disse, não há nada de grave com sua saúde, mas daqui pra frente terá que se alimentar direito porque sua glicose está alta, e porque terá que cuidar muito bem da alimentação para não prejudicar o bebê.