V.

Ainda naquele mesmo ano Hogwarts reabriu para os seus novos e velhos alunos. Todos os que tinham tido seu estudo interrompido no último ano foram convocados a retornar e completar seus estudos – inclusive Rony, Hermione, Harry e todos os seus colegas, mas os três preferiram recusar a oferta, apesar de que a idéia de voltar à segurança do castelo era reconfortante. eles concordavam que tinham dado um passo à frente em suas vidas e já não se sentiam como estudantes, e retornar à Hogwarts seria estranho, tendo de volta todos aqueles rostos conhecidos que reviveriam constantemente as lembranças do ano de guerra.

Além disso, Rony tinha passado para o teste dos Chudley Cannons com sucesso (ele aprendera a controlar seus nervos com toda a sua "aventura" do ano anterior) e Hermione tinha sido aceita na Universidade de Legislação Mágica da Bretanha. Os dois tinham concordado que o casamento podia esperar mais um pouco, embora o fato de persistirem naquela idéia já fosse surpreendente para muitos.

O próprio Harry sabia que não poderia voltar à Hogwarts e confrontar suas memórias, não poderia voltar a uma normalidade depois de tudo que acontecera ali, depois de todos que tinha visto morrer naqueles terrenos, ele não poderia simplesmente sentar numa sala de aula e fingir que nada daquilo tinha ocorrido e que as feridas já tinham cicatrizado.

Por essa razão ele se viu, no dia 1º de setembro, se despedindo de Gina Weasley na plataforma três quartos, junto com a sua família, Jorge entre eles, sua orelha faltando, como a lembrança de que ele agora era incompleto sem Fred ao seu lado finalizando as suas frases.

O fato era que as coisas entre eles, Harry e Gina, andavam estranhas – Harry já não tinha tanta certeza se poderia se aproximar dela como desejava porque ela o olhava de maneiras indecifráveis por detrás das suas pestanas ruivas.

Ela tinha achado melhor completar os seus estudos, e então ela ainda ficaria dois anos em Hogwarts, longe dele, isso definitivamente não estava soando bem ao garoto-que-sobreviveu.

– Tchau, Harry. – ela disse numa voz meio incerta e plantou um beijo na bochecha dele – Você vai me visitar?

– Eu devo? - ele deu um meio sorriso e ela inclinou um pouco a cabeça.

– Se você tiver razões para isso... eu vou estar lá de qualquer maneira, não tenho para onde escapar.

Ela se despediu de todos os outros e entrou no trem vermelho, a gaiola do pufoso Arnold com ela. Aquele não era um embarque comum, não tinha o mesmo clima de sempre, dos anos passados – na verdade a maior parte dos que estavam ali traziam consigo as marcas dos maus tempos ainda, e tomavam aquele momento como um símbolo de renovação, então havia no ar, junto com alguma melancolia, um pouco de esperança nos familiares que deixavam seus filhos embarcar em Hogwarts novamente.

Quando o trem partiu, Harry sentiu uma pontada no estomago. Ele olhou para Rony e Hermione que estavam abraçados, e felizes, e ela carregava uma aliança de noivado no seu anelar direito. O moreno achou que aquela era uma boa hora para ele começar a levar sua vida adiante também.

(Continua...)