COBRINA - songfic escrita por Gato Cinza, Amandy Peruzzo


Capítulo 7
Aquí estaré


Notas iniciais do capítulo

Musica: Aqui estaré
Cantor (a): Angelica Vale

Boa Leitura



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Sei que nunca me verá

Como a garota dos seus sonhos

Sei que não se fixará

Na fachada dos meus ossos

É certo que a lua não é queijo

E que não tenho curvas de modelo

Ele me conheceu em uma manhã chuvosa quando saia do cemitério. Sei que você que lê isto esta pensando que sou insana e não lhe tiro direito, quem em sã consciência se apaixona por um homem que está de luto, encharcado pela chuva e com olhos perdidos em desolação de uma perda. Eu me apaixonei.

Naquela manhã vestia negro dos pés á cabeça. Tinha olhos vermelho e a expressão mais desolada do mundo. Ele havia terminado e enterrar a noiva que tanto amava. Eu estava apenas passando pela rua, e fiquei ali congelada olhando o pesar que aquele jovem e belo homem carregava nas costas. Senti-me literalmente atraída por ele, quando dei por mim estava sentada na cadeira ao lado dele em um pub.

– O que vai querer – gritou o homem atrás do balcão me olhando feio

– Vodca? - arrisquei

Eu nunca bebi vodca, mas foi a primeira coisa que me veio na cabeça. O homem me olhou incrédulo – talvez não fosse comum uma mulher de vinte anos pedir bebida alcoólica as três da tarde em plena segunda-feira, ele devia achar que eu era uma alcoólatra – mas a opinião dele não me importava. Meus olhos estavam fixos no moreno ao meu lado que bebia uísque e olhava para o vazio á sua frente. Não me aguentei em silêncio e deixei minha boca grande verbalizar o que se passava em minha cabeça.

– Qual era o nome dela?

O moreno me olhou um pouco distraído. Depois tomou consciência de que eu falara com ele. Tive que repetir a pergunta.

– Karina – respondeu

Era Karina o nome da noiva que ele havia perdido em um trágico acidente na noite anterior, hesitante o moreno me abriu o coração falando sobre sua amada. Confesso, eu chorei junto dele á cada palavra do inicio ao fim. Quando terminou de me contar me pediu desculpas. Desculpas por ter me enchido com suas tristezas.

Eu resolvi consola-lo, mas eu só conhecia um modo de consolar um homem. Então naquela noite eu resolvi ser outra pessoa. O levei comigo para um lugar especial, para mar.

Sei que nunca entenderá

Este absurdo sentimento

Eu sei que não terei jamais

A fortuna de um beijo

É certo que a cada dia estou vivendo

Num conto de fadas que invento

Um ano depois eu era a melhor amiga de Cobra. Às vezes ele ainda se consumia em lembranças sobre Karina e chorava, eu apenas o ouvia. Nada podia fazer contra as lembranças que perturbavam a mente de meu amigo. Então ele me chamava e íamos para o mar.

Cobra havia se tornado em um ano de solidão, uma pessoa fria e reservada. Eu o vi afastar os amigos, a família, as pessoas. Apenas eu era sua companhia, e ficava ali ao seu lado em silêncio o ouvindo. Às vezes Cobra se deitava em meu colo e eu alisava seus cabelos escuros enquanto ele se perdia em lembranças.

Por vezes eu quis abandona-lo, deixa-lo sozinho com sua tristeza. Mas não era assim que funcionava, nunca foi como eu quis. Sem Cobra eu nada era, minha existência não fazia sentido de ser, eu sumia. Fui criada para ele e sem ele eu morreria.

Não era uma relação parasita, eu não recebia nada além de felicidade em tê-lo por perto. Mas Cobra precisava de mim, precisava de minha companhia e quando ele chamava, não importava onde e nem como eu estava, eu apenas atendia seu chamado. Era essa minha sina, consolar um amor que amava o passado.

E ainda assim te cuidarei

Quase te lendo o pensamento

E ainda assim eu ficarei

Sempre ao seu lado

Junto a seus silêncios

E ainda assim te seguirei

Até que o mundo mude

E gire ao contrário

Aqui estarei

Hoje, quarenta anos depois de uma existência de amizade posso resumir o Cobra em uma palavra: Sonho. Foi isso que ele se tornou, um sonho.

Não se casou e nem se apaixonou por ninguém mais. O que meu amado sentia por Karina era algo único e sincero, algo que não podia ser substituído ou reinventado. Nem mesmo por mim.

Em compensação ele dedicou sua vida a ajudar quem precisava dele. Salvou mais de uma vida em vários lugares. Mudou vidas e se imortalizou nos sorrisos das crianças, nos olhares apaixonados das mulheres e nos agradecimentos dos homens.

Mais uma vez estou aqui no mesmo cemitério onde nos conhecemos tantos anos atrás. Desta vez ele não me verá, mas eu o vejo. Seu rosto sereno ainda parecia dormir antes de trazê-lo para cá. Não sei para onde vão as almas quando partem da vida terrena, mas acredito em almas gêmeas. Sei que Ricardo fora se encontrar com sua Karina.

Cobra era meu único motivo de existir, sem ele eu deixo de ser. Vou voltar para o mar, minha casa. Caso queira saber meu nome, me chame de Jade.

Sei que nunca me verá

Como a causa de uma insônia

Eu sei que não compreenderá

Que sou o anjo do seu conto

Entendo que seus olhos têm medo

De ver a mulher que sou por dentro

Adeus!


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Notas finais do capítulo

Sei que ficou depressivo e chato. Desculpem.