COBRINA - songfic escrita por Gato Cinza, Amandy Peruzzo


Capítulo 8
A sua maneira


Notas iniciais do capítulo

Tive que deixar o Pedro um pouco psicótico neste capitulo...
Boa Leitura
^^



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O que se faz quando a pessoa que você mais detesta cruza seu caminho clamando por sua ajuda? Naquela madrugada fria em que voltava para casa após uma noite de farra, Cobra descobriria.

Ela dormiu no calor

Dos meus braços

E eu acordei sem saber

Se era um sonho

Ele conhecera a loira de olhos azuis no dia em que se mudou para sua nova casa, quando ainda tinha onze anos.

– Veja K, vizinhos novos – ele ouviu alguém gritar, se virou curioso para ver quem era

Uma morena de vestido claro e laço no cabelo balançava á mão como uma maluca acenando em cumprimento á ele. Cobra olhou para trás, os pais estavam levando as caixas para dentro da casa nova, então ele apenas ergueu a mão em resposta. Ia para dentro quando um garoto uma cabeça mais baixo se colocou ao lado da morena. Ele sussurrou algo na orelha da garota que parou de acenar o encarando vermelha. Então ela o puxou pela mão indo parar junto de Cobra.

– Oi, sou a Bianca, sua vizinha. Essa é a Karina minha irmã.

Cobra olhou para o garoto franzindo o cenho. Este trajava um short folgado que ia até o joelho, uma camisa azul escuro de uma banda de rock brasileiro, um boné virado para trás e estava abraçado á uma bola de couro, olhava para Cobra de modo desafiador.

– Isso é sua irmã? – perguntou Cobra debochado – Seus pais não trocaram de criança na maternidade e trouxeram um menino para casa?

Bianca abriu a boca para defender a irmã, mas antes que dissesse algo Cobra já estava no chão com a garota por cima dele, o boné caíra quando ela o jogou no chão fazendo os cabelos louro-escuros se desprenderem emoldurando o rosto vermelho de fúria.

– Abra sua boca para falar mais uma vez da minha aparência e eu arranco seus dentes um a um. Entendeu?

Foi assim que a inimizade deles começou, ele sempre provocando e ela sempre atacando sem menor piedade.

Algum tempo atrás

Pensei em te dizer

Que eu nunca caí

Nas suas armadilhas de amor

Karina passava as férias de fim de ano em uma fazenda no interior, não que isso importasse a Cobra, mas ele se sentia solitário quando o ano chegava ao fim. Mesmo que saísse com amigos para se divertir e mantivesse sua agenda cheia de compromissos, não era a mesma coisa.

Não poder perturbar a loira o deixava inquieto. Por muitas vezes ele se pegava imaginando em: “O que ela está fazendo agora?”

Todos os anos eram as mesmas coisas, eles brigavam o ano todo e então ela ia para longe. Um mês de paz, seus amigos diziam. Mas o que ele sentia era um mês de solidão. Então um ano, Cobra ficara esperando... esperando...

– Ei, Bi – chamou ele vários dias após começarem o ano letivo de Karina – Onde está a novinha? Seu pai resolveu manda-la de vez para um internato? – perguntou tentado soar desinteressado.

– Ah! quem dera fosse isso – respondeu a morena cruzando os braços – K está namorando, então pediu permissão para morar no interior com a vovó este ano.

Naquela noite Cobra se entregou ao vicio da bebida. Como a K podia namorar? Como ela ousava deixa-lo sozinho? Por que não avisara? Então ele resolveu, não precisava mais dela. nunca precisara.

Naquele amor

À sua maneira

Perdendo o meu tempo

A noite inteira

Fazia dois anos que Cobra não via Karina. Sonhava com ela noite por noite, e todos os dias ele acordava com uma mulher diferente em sua cama.

– Hoje vai ser onde? – perguntou á um de seus colegas da universidade quando ele saia da academia

– Na Absinto. Já temos reserva.

Era assim que vivia, todas noites de sábado iam para uma boate ou bar ou apenas faziam sua festa na casa de alguém cujos pais não estariam presentes. Todas as semanas eram uma festa livre. Mas naquela noite Cobra não estava se sentindo muito animado, passara a noite com o mesmo copo na mão que ficara cheio a noite toda, sem que ele ao menos tocasse naquela bebida.

– Por que está assim? – perguntou uma garota o alisando – Vamos para um lugar mais calmo, vou te animar um pouco

Cobra nem mesmo saberia dizer se era loira ou ruiva ou morena, ele nem mesmo olhou para a garota, apenas deixou o copo em uma mesa e foi embora. Talvez seja virose, pensou enquanto dirigia com som ligado em volume máximo. Deu várias voltas pela cidade antes de resolver ir para casa.

Estava guardando o carro na garagem quando alguém o chamou.

– Cobra!

Ele se virou, tentou reconhecer quem estava parado ali, ao lado da lata de lixo. Então ela se moveu deixando-se se iluminar pela luz da rua. Os cabelos estavam mais curtos, a postura mais retraída e o que fez Cobra se espantar, ela tinha marcas pelo braço e no rosto.

– Cobra – sussurrou ela caindo em seguida.

Não mandarei

Cinzas de rosas

Nem penso em contar

Os nossos segredos

Gael estava em uma viagem pelo exterior junto com o grupo de musica na qual sua esposa era professora. Bianca tinha se mudado para uma republica próximo á faculdade e a casa estava trancada. Cobra olhava Karina dormindo ainda sem conseguir associar á garota forte que ele conhecera á aqueles machucados.

– O que te aconteceu? – perguntou ele pela enésima vez ainda sem ter dormido desde as duas da manhã quando ela apareceu.

Preparou uma refeição matinal que julgou descente e levou para ela que ainda dormia, e já passava das dez da manhã.

– K – chamou á ela tocando seu rosto com uma flor que pegara no canteiro – K, você precisa acordar.

Ela se moveu o olhando confusa. Se assustou e depois de muitos minutos ela pareceu ter se lembrado do que havia acontecido. Olhou ao redor e começou a chorar se agarrando á Cobra enquanto falava coisas desconexas e soluçava. Sem reação Cobra apenas acariciou os cabelos dela até que finalmente Karina se acalmou.

– O que aconteceu, K? Quem fez isso com você?

Ela abriu a boca para responder, quando a campainha soou. Ela se encolheu olhando para a porta com os olhos arregalados de pavor.

– Ele veio me pegar, não abra a porta. Não abra.

Mas Cobra foi abrir, era apenas uma encomenda que ele fizera. Que havia chegado.

Naquele amor

À sua maneira

Perdendo o meu tempo

A noite inteira

Karina lhe contou á ele o que lhe havia acontecido. Lhe contou sobre como conheceu e se apaixonou por Pedro Ramos e como ele a fazia feliz. Então á pediu em casamento, e iam se casar.

Mas quanto mais o conhecia menos ela entendia como havia se apaixonado por ele. Pedro era uma pessoa de personalidade-camaleão, mudava ás suas necessidades. Quando estava com ela ele era carinhoso, gentil, amoroso. Na frente dos amigos a tratava como uma garota qualquer que ele podia trocar quando quisesse. Com a família dela, ele era tranquilo e adorável, todos o adoravam. Com a família dele, Pedro era indiferente, frio. E quando estava com pessoas diferentes ele mudava também.

Ele adaptava-se á situação do momento. As vezes a tratava como uma rainha á quem ele era incondicionalmente fiel e apaixonado. Outras vezes á tratava como uma escrava sexual, á quem ele podia ter quando queria e dispensava quando bem entendesse. E as coisas pioraram quando o chefe dele perguntara quando custava uma noite com ela. Karina se sentiu um objeto de compra e troca. Naquela noite ela resolveu o deixar.

Mas não foi fácil, Pedro não ia simplesmente deixa-la ir. A cada tentativa de fuga ele se irritava e a machucava. Karina passou fome trancada no banheiro, ficou sem dormir quando ele a amarrara na cama por um dia inteiro onde ele fazia o que queria com seu corpo e por fim ela apelou para sua última saída.

– Você o matou? – perguntou Cobra sussurrando quando ela parou de falar

– Não – Karina respondeu balançando a cabeça – Eu apenas o droguei, marrei e tranquei no banheiro. Então fugi. Mas agora ele já deve estar atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

Oi, desculpem o atraso. Tive problemas pessoais para resolver e acabei me enrolando toda.

Este capitulo terá uma sequencia em breve, estou apenas procurando uma musica que se encaixe com perfeição no capitulo.

Até breve e Feliz 2015 - mega atrasado, mas os votos são sinceros