Uma Garota Especial escrita por Dream


Capítulo 2
A Trégua


Notas iniciais do capítulo

"Qualquer momento de trégua é um tempo bem vindo."
— Renilmar Fernandes



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O dia quente de verão estava chegando ao fim. Steve pegou uma cerveja gelada e foi para a varanda usufruir a tranquilidade e beleza da paisa­gem. Depois do inesperado encontro que acabara de ter me­recia um momento de sossego.

Holly Adams... Quem diria que se transformaria em uma mulher tão atraente? Quase não a reconheceu, mas as sar­das foram a primeira pista. Porém, só tivera certeza quando ela escondera as mãos atrás das costas, um gesto caracte­rístico de quando era adolescente. As lembranças invadiram sua mente como um filme em câmera lenta.

Steve refreou o curso dos pensamentos. Não queria revi­ver o passado, e se esforçava para reprimir uma cena em especial, que insistia em permanecer viva em sua memória. Passou muito tempo deprimido com o que aconteceu entre ele e a irmã de seu melhor amigo, e ressuscitar os fantasmas do passado só lhe traria tristeza.

Mas como deixar de pensar naquela mulher estonteante, que parecia não ter consciência da feminilidade que trans­bordava por todos os poros de seu corpo?

Lembrava-se dela desde que usava fraldas. E mesmo que tivesse se tornado uma mulher sensual, sabia muito bem que ainda era Holly Terror. De um jeito ou de outro, ela poderia transformar sua vida em um inferno.

Forçando-se a mudar o curso de suas ideias, se pôs a refletir sobre sua vida profissional. Salvar a universidade era uma batalha quase perdida, mas estava disposto a lutar até o fim. Sua motivação não se baseava apenas em manter o emprego. Sabia que manter ativa aquela tradicional insti­tuição representava um aspecto importante da pequena ci­dade. Sandy Bend era um importante pólo cultural de Mi­chigan. Não queria que a cidade se tornasse um vilarejo quase deserto, e sim que fosse um lugar digno de ser lem­brado, com uma vida cultural ativa, mantendo a antiga tra­dição de exibir filmes de arte nas noites de sexta-feira no único cinema local, exatamente como quando ele era criança. Se perdesse o emprego, sua mudança para Sandy Bend per­deria o sentido.

Com um suspiro desolado, Steve ajeitou-se na confortável cadeira e bebeu lentamente o líquido gelado. A maior ironia, pensou, era que havia investido tudo o que tinha na casa de veraneio da família para transformá-la em uma moderna mansão de vidro e aço, muito maior do que ele precisava.

Orgulhava-se da casa com sua ampla varanda de frente para o lago Michigan. Habituara-se a assistir ao pôr-do-sol refletindo-se nas águas calmas e translúcidas, usufruindo a agradável tranquilidade e sossego da vida que escolhera.

Porém, naquela tarde, pela primeira vez desde que se lembrava, um estranho sentimento de solidão o invadiu. Não era o tipo de solidão que pudesse ser preenchida com uma conversa com os amigos... Steve sentia que algo intenso e importante havia se perdido para sempre, e não gostou da sensação.

Tentou evitar o momento de introspecção. Porém Holly não saía de seu pensamento.

– Ei, companheiro! Que tal descer das nuvens e voltar para a realidade?

Uma voz alegre soou atrás dele. Voltou-se para se deparar com Cal Adams, carregando uma cerveja gelada na mão.

– Não ouvi você chamar.

– Sim, eu percebi. - Sentou-se ao lado do amigo, tão à vontade como se estivesse em sua própria casa. - Deve ser maravilhoso ter dinheiro e poder desfrutar desta maravilha!

Steve sabia que ele o estava provocando, pois se irritava sempre que alguém se referia ao seu poder aquisitivo. Ele não fizera nada, nascera milionário, e recusava-se a tocar em um centavo do dinheiro de sua família.

– Não sou tão rico a ponto de ficar feliz por você ter pegado a minha última garrafa de cerveja.

– Bem, se você não estivesse tão perdido em seus pen­samentos, teria ouvido o telefone tocar, e estaria em minha casa, tomando minha cerveja. - Cal colocou o braço sobre o ombro do amigo, num gesto amigável. - Tia Althea con­vidou-o para jantar.

Steve prendeu a respiração. Jantar com Holly Terror era mais do que podia enfrentar naquele dia. Receava não sobreviver se a encontrasse novamente.

– Diga a ela que você não me encontrou - sugeriu aflito.

– Estamos falando de Althea, lembra-se? Ela já sabe on­de você está.

– Então que você me procurou por toda parte e...

– Papai também quer vê-lo - Cal o interrompeu.

Todos os argumentos se calaram. Steve considerava Bud Adams como um segundo pai. Walter Morettin sempre fora ocupado demais com seu trabalho em Chicago para dar aten­ção ao filho. Nos últimos tempos, o contato entre eles resu­mia-se a visitas breves e ocasionais. Depois da cirurgia car­díaca, uma grande preocupação somara-se ao respeito e ad­miração que nutria pelo Chefe Bud. Não poderia deixar de atender a um pedido dele.

– Certo. Vá na frente enquanto pego a chave do jipe.

– Nada disso. Vamos no meu carro. Tia Althea me fez prometer que o acompanharia. Tenho ordens expressas de entregá-lo em mãos. - Sorrindo, Cal se ergueu e o apressou. - Vamos logo. Depois da sobremesa, podemos escapar e ir ao bar para uma partida de bilhar.

Conformado, Steve o acompanhou, sentindo-se como um prisioneiro a caminho da masmorra.

Althea nunca desistia quando tinha algo em mente.

Naquele momento postara-se diante da mesa enquanto inspecionava a arrumação.

– Vamos precisar de mais um prato - informou em tom casual.

Holly contou novamente para ter certeza que não havia esquecido ninguém. O marido de Althea estava com proble­mas na coluna por carregar a bagagem dela, e foi proibido de sair da cama até que melhorasse. Ele era oficial refor­mado, e orgulhava-se de sua carreira irretocável. Não foi fácil admitir que precisava de ajuda.

– Thor descerá para o jantar?

– Não, ele mal consegue se sentar. Terá que ficar de cama por muitos dias. Ele teve sorte por Mitch e Cal estarem aqui para ajudá-lo a subir as escadas.

– Certo, se ele não vai se juntar a nós, coloquei o número de pratos suficiente. Você está esperando alguém?

– Steve Morettin.

Holly segurou o prato com tanta força que receou que­brá-lo. Estava surpresa por não ter uma crise de ira e emitir raios fulminantes na direção de Althea. Seria possível que não houvesse mais um lugar para ficar em paz em Sandy Bend?!

– Ele pode ocupar meu lugar - disse antes de sair cor­rendo para a cozinha.

– Quando você se tornou covarde? - Althea gritou atrás dela.

Holly voltou, ainda segurando o prato.

– Gosto de pensar que posso escolher com quem quero jantar.

– Você tem vinte e cinco anos, Holly. É uma mulher independente e bem-sucedida, certo? - Apanhou o prato e colocou-o sobre a mesa. - Por acaso você se interessa por algo que não seja trabalho?

– Claro que sim! - foi a resposta em tom hesitante.

– Você tem amigos?

– Sim, tenho muitos amigos! - mentiu, abaixando os olhos para que não fosse desmascarada.

Possuía duas amigas na Califórnia, e a única garota que ainda mantinha contato em Sandy Bend também havia se mudado para cursar universidade em uma cidade a duas horas dali.

– Mas há alguma coisa em você que não está bem resol­vida... - Olhos acinzentados a fitavam com ternura.

Sim, nada do que se refere a Steve está bem resolvido! quis gritar, mas não o fez. A admissão poderia ser fatal nas mãos de tia Althea.

Tentou dizer a si mesma que Steve não passava de uma simples fantasia de adolescente. Naquele momento, tinha a chance de ter um encontro real e constatar que tudo havia mudado. Afinal, muitos anos haviam se passado. Não era mais tola e romântica. Era uma mulher independente e so­fisticada, e nada mais poderia destruí-la. Suspirou resigna­da e voltou-se para Althea.

– Onde devo colocar o prato?

Nuvens carregadas avisavam que uma forte tempestade estava prestes a cair, o que aumentava o desconforto de Ste­ve. Começava a se arrepender por ter ido. Mal acabara de chegar à fazenda, Cal soube que Mitch saíra a trabalho, e teve que se juntar a ele.

O chefe Bud já havia se sentado à cabeceira da mesa, enquanto Althea subira correndo para o segundo andar, aten­dendo ao chamado do marido.

Como seus amigos não chegariam a tempo para acompa­nhá-los no jantar, sentou-se no lugar que lhe foi indicado e se pôs a mordiscar uma fatia de pão integral, uma das es­pecialidades de Althea.

Depois de indagar todos os detalhes sobre a saúde de Bud Adams, um pesado silêncio caiu sobre eles. Para pio­rar, o pai de Holly foi chamado para ajudar Thor, e dei­xou-os sozinhos.

A visão de Holly, sentada a sua frente, o estava deixando louco. Ela estava ainda mais bonita do que naquela tarde, com os cabelos ainda úmidos do banho e um vaporoso vestido amarelo. Porém, fitava-o como se estivesse desafiando-o pa­ra uma disputa de braço-de-ferro. Decidido a enfrentar o desafio, encarou-a de frente.

– Então, doutora, pretende mudar-se para cá, ou está apenas descansando da estafante rotina de neurocirurgiã?

O garfo de Holly quase furou o prato, e controlou-se para não se levantar e subir para seu quarto naquele exato instante.

– Vou embora no sábado. Portanto, não se preocupe. Não há tempo para que eu cause muitos danos por aqui.

Ele tentou disfarçar o constrangimento. Estava acostu­mado a provocar a irmã mais nova de seu melhor amigo, mas não sabia como lidar com a mulher mais atraente que jamais vira.

– E posso não ser uma importante neurocirurgiã, mas tenho um trabalho e me orgulho muito dele. O mercado não é fácil para artistas plásticos, mas consegui expor minhas aquarelas em muitas galerias da Califórnia. - Sentindo-se ridícula, ela baixou a voz. - Aliás, frequento a casa de Elizabeth Turner.

– Elizabeth Turner, a atriz?

– Você conhece alguém mais com este nome? - Ela vol­tou os olhos para o teto, suspirando com tédio.

Elizabeth Turner e seu marido, Frederick Turner, estavam no alto escalão de Hollywood. O trabalho de Holly certamente era mais interessante do que o de um quase desempregado reitor de universidade. Por um segundo, Steve lembrou-se do pai, que não perdia a oportunidade de pressioná-lo para que parasse com aquela loucura e se juntasse aos negócios da família.

– Então, você já se encontrou com Elizabeth?

– Não diretamente - ela hesitou antes de responder. - Como você pode se encontrar com alguém indireta­mente?

Os olhos azuis se arregalaram quando ela respondeu:

– Eu moro no prédio ao lado da casa de verão que ela e o marido possuem em Carmel Highlands. Tomo conta da casa para que tudo esteja organizado e limpo antes que eles cheguem.

Steve sabia que não devia insistir no assunto, mas estava acima de suas forças resistir.

– Então, você trabalha para Elizabeth Turner.

– Trabalho para ela - retrucou muito calma.

Holly começava a se sentir como nos velhos tempos, ri­dícula e abominável.

– Desculpe, não quis ofendê-la. Sabe, ainda não estou acostumado com a Holly adulta. Lembra-se de quando es­tava na quinta série, e me disse que os Rolling Stones iriam se apresentar no piquenique de sua classe?

– Eu estava tentando atrair sua atenção, mas não me lembro por quê - ela disse, soando absolutamente entedia­da. - Eu supunha que mesmo um dinossauro como você pudesse ter ouvido falar dos Rolling Stones. Você e Mick Jagger devem estar com a mesma idade, não é?

O chefe Bud, que acabava de entrar na sala de jantar, sentou-se e olhou para a filha com ar severo.

– Chega de discussões! Mick Jagger tem idade suficiente para ser o pai de Steve, como você bem sabe, Holly. E agora, se vocês dois não se importarem, poderiam passar o purê de batata?

Comeram em silêncio, e quando Althea juntou-se a eles para a sobremesa, o prato de Holly estava intocado.

– Alguma coisa errada, querida? Não gostou da carne de soja com brócolis?

– Estou sem fome, tia.

– Eu não sei até quando você vai insistir em nos obrigar a comer isto! - Bud resmungou, jogando o guardanapo sobre a mesa. - Esta comida me dá indigestão.

– Você devia me agradecer! Graças a mim, seu nível de colesterol nunca esteve tão bom.

Bud afastou a cadeira e fitou a prima com ar resignado.

– Vou subir para jogar pôquer com Thor e fumar um charuto.

– Papai, você não fuma charutos.

– Então está na hora de começar. E em vez de ficar im­plicando comigo, por que você não vai até o celeiro dar uma olhada na decoração do carro? O desfile dos carros alegóricos será no próximo sábado e não estou com disposição para pensar nisso.

Bud se afastou, resmungando, enquanto Althea começava a retirar os pratos da mesa.

– Ele sempre foi ranzinza e mal-humorado, mas todos nós sabemos que tem um grande coração. - Com um gesto imperativo, impediu que Holly a ajudasse. - Eu cuido dis­so, querida. Você está cansada da viagem. Por que vocês dois não vão até o celeiro? Se quiserem que o carro fique pronto para o desfile, terão que trabalhar muito.

– É uma boa ideia. - Steve se levantou, disposto a fazer qualquer coisa que o distraísse das fantasias perturbadoras despertadas pela presença de Holly. - O jantar estava óti­mo, tia Thea.

Na verdade, havia enchido o prato como se pudesse preen­cher o estranho vazio que sentia. Incapaz de raciocinar, se­guiu para o jardim. O perfume adocicado do campo invadiu suas narinas, e encheu os pulmões com o ar fresco da noite.

Observou enquanto Holly caminhava a passos rápidos em direção ao celeiro, uma construção antiga de madeira sólida e maciça, grande o bastante para abrigar um exército.

Fazia muitos anos que perdera o propósito original de quando foi construído, e não era mais usado para armaze­nar cereais. Além de abrigar os equipamentos usados na colheita de aspargos, servia como garagem para o velho Cor­vette do Chefe Bud e como oficina mecânica, além de abrigar os equipamentos de caça e pesca dos rapazes.

Holly abriu a imensa porta com o coração repleto de emo­ções. Aquele costumava ser seu refúgio secreto, e guardava na memória todos os momentos de frustração em que se escondera ali para chorar.

Retirou a lona que cobria a carroceria do trator, decep­cionada com o que viu. Encontrou apenas a faixa com mo­tivos marítimos que havia pintado no ano anterior e enviara da Califórnia para os rapazes. Eles que decoravam o carro para o desfile desde que ela saíra de Sandy Bend, mas pa­reciam ter se esquecido que faltavam apenas seis dias para o evento. Teria que trabalhar duro para aprontá-lo a tempo.

O Desfile Anual do Verão era uma tradição em Sandy Bend, e reunia visitantes de toda a região para uma grande festa que culminava com o esperado desfile de carros alegó­ricos. A família Adams nunca deixava de participar, embora Holly não estivesse presente nos sete anos anteriores.

Além do desfile, a semana estava repleta de atividades, como pesca, torneio de beisebol e piqueniques à beira do lago. Antigos moradores que haviam se mudado costuma­vam voltar naquela semana para visitar os amigos... Todos, exceto Holly.

Morar na Califórnia sempre foi uma desculpa aceitável para não voltar.

Arrependida por não ter optado por calça jeans em vez do vestido, subiu na carreta e estendeu a faixa para obser­vá-la. Depois de uma avaliação minuciosa, concluiu que fi­caria ótima depois de alguns retoques. Sentou-se no piso de madeira e se pôs a pensar sobre ideias para a decoração, quando uma voz grave a sobressaltou.

– Olá, doutora.

Suspirando, Holly disse adeus à paz e à solidão.

– Estou atrapalhando?

– Não - murmurou, assombrada com a facilidade com que a mentira escapava de seus lábios.

Tudo a respeito de Steve a perturbava. Sempre foi da­quela forma, e receava que nunca seria diferente.

– Sinto muito não termos adiantado o trabalho.

– Nós? - Incrédula, ela o fitou. - Não entendo por que você se incluiu!

Ele subiu na carreta e sentou-se próximo a ela.

– Prometi a seu pai que ajudaria com a decoração este ano, mas as coisas estão meio complicadas para mim ulti­mamente. A universidade está a ponto de fechar, e tenho que pensar em uma saída para atrair alunos e alguma forma de financiamento para o próximo ano.

– Papai me contou. Parece incrível que uma instituição tão importante para Sandy Bend esteja correndo o risco de acabar.

O comentário soou indiferente, embora ela estivesse apa­vorada por estar a sós com Steve. Um arrepio percorreu sua espinha pelo simples fato de tê-lo tão próximo, a ponto de poder tocá-lo. Olhou-o de lado e prendeu a respiração ao ver a linha máscula do queixo, a boca viril, a sombra escura da barba cerrada. Os traços marcantes do rosto másculo nunca haviam saído de sua lembrança, e o estranho era que ele parecia ainda mais bonito do que se lembrava.

– Não se preocupe sobre o desfile - anunciou, tentando tranquilizá-lo. - Não se esqueça que sou artista plástica, e não terei o menor problema em cuidar de tudo sozinha.

– Acontece que tenho usado a decoração da carreta como desculpa para vir até aqui e ver como está o Chefe Bud. Você sabe como ele é. Ficaria furioso se percebesse que estou preocupado com ele.

A sensibilidade que ele demonstrava apenas aumentou a apreensão de Holly. Não bastava ser o homem mais sexy do planeta? Como poderia esquecê-lo, se a cada segundo des­cobria que o admirava ainda mais?

– E muito gentil de sua parte cuidar de papai, mas es­tudo está sob controle - insistiu com voz firme.

– Tem certeza?

A pergunta foi enunciada de forma tão gentil que a de­sarmou. Voltou-se para ele, e notou que parecia realmente preocupado.

– Bem, ao menos é o que os médicos dizem. Ele está se recuperando bem, e tia Thea tem sido maravilhosa, obrigan­do-o a ter uma alimentação saudável e a tomar todos os medicamentos.

– Eu não me referia a seu pai - insinuou ele, com um sorriso que a fez derreter. - Vamos fazer um trato, doutora. Por uma semana, vamos esquecer o passado e tentar nos entender. Chefe Bud é como um pai para mim. Não deixe que nossos problemas interfiram na minha relação com ele, por favor.

Naquele momento, o estrondo de um trovão fez o celeiro estremecer, e uma chuva forte começou a cair. Um arrepio gelado fez Holly estremecer, mas sabia que não era por estar com frio. Se não protegesse seu coração, corria o risco de se apaixonar novamente...

– Se você se comportar, prometo que vou tentar - con­cordou por fim. - Não precisamos trabalhar juntos. Posso cuidar da decoração de dia, e você poderá vir à noite. Desta forma, teremos pouca chance de brigar.

Steve franziu o cenho por um instante e então sorriu.

– Certo, se é assim que quer. Além disso, estou ocupado durante o dia com a universidade.

– Ótimo.

Ela forçou um sorriso, esperando que o ruído da chuva escondesse o tom de desapontamento em sua voz. Steve se pôs de pé e ajeitou os cabelos fartos com os dedos.

– Puxa, parece que isto não vai acabar tão cedo.

Holly o fitou por um instante, imaginando o que ele que­ria dizer com aquele comentário. Só depois de alguns segun­dos percebeu que ele se referia à chuva.

– E melhor voltarmos para casa - sugeriu.

Ao vê-la fazer menção de se levantar, Steve estendeu a mão e ajudou-a. O mesmo traço de desafio que a acompanha­va desde que haviam se reencontrado iluminou os olhos azuis. Sem hesitar, ela aceitou a ajuda e, quando se pôs de pé, desceu da carreta e afastou-se para uma distância segura.

– Vamos apostar uma corrida para ver quem chega pri­meiro em casa? - propôs, saindo em disparada antes que perdesse completamente o autocontrole.

Enquanto corria sob a chuva pesada, Holly sabia que o passado que tanto a perturbava estava bem atrás de si, e seria inevitável que a alcançasse. Tudo que queria fazer era parar de correr e entregar-se a ele com toda sua alma.


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Notas finais do capítulo

Obs.: Elizabeth Turner e seu marido, Frederick Turner são meramente fictícios, então qualquer semelhança é mera coincidência. rsrs

Enfim, lá se vai o segundo capítulo... espero que gostem ainda mais rsrs..
Comentem e digam o que acham, mil beijos da Dream :*



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