Uma Garota Especial escrita por Dream


Capítulo 3
Solidão


Notas iniciais do capítulo

"Solidão: um lugar bom de visitar uma vez ou outra, mas ruim de adotar como morada."
— Josh Billings



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Cal chegou em casa no momento em que Steve pisava na varanda.

– Ei, por onde você andou? - quis saber, enquanto tirava a capa de chuva. - Os espíritos de tia Thea o colocaram para fora de casa?

– Holly e eu fomos até o celeiro para pensar na decora­ção do carro alegórico - explicou, com a estranha sensação de que estava omitindo alguma coisa.

Passou os dedos pelos cabelos molhados e seguiu o amigo para o interior da casa.

– Você está encharcado! Espere aqui enquanto vou bus­car uma toalha.

Steve olhou ao redor com a expectativa de ver Holly, mas ela não estava em lugar algum que pudesse ver. Havia dispa­rado na sua frente e ele tivera que fechar a porta. Mas mesmo com todo seu preparo físico, não conseguira alcançá-la.

– Aqui está. - Cal estendeu a toalha e observou-o en­quanto secava os cabelos. - Está pronto para aquela cerveja?

– Acho que hoje vou dispensar.

Cal o fitou, preocupado.

– Você está bem?

– Estou ótimo.

Na verdade, ele sentia-se mais do que desconfortável, e sabia que a razão de seu mal-estar era Holly.

Não saberia definir o momento preciso em que se tornou o herói favorito daquela adolescente desajeitada, e culpava-­se por não ter sido mais sensível. Naquela ocasião, quando percebeu o fascínio que despertou na irmã de seu melhor amigo, não deu grande importância ao fato. Estava habi­tuado a lidar com adolescentes apaixonadas, dispostas a tu­do para chamar sua atenção... Aquela era apenas mais uma, com a diferença de ser a garota mais desastrada que jamais conhecera.

Porém, refletindo sobre sua atitude naquela época, uma ponta de remorso o feriu, provocando uma dor até então desconhecida. Lembrou-se que ele próprio foi responsável por colocá-la em situações humilhantes, fazendo com que se sentisse ridícula... Mas o que poderia ter sido diferente?

Tudo, sua consciência o advertiu. Você poderia ter agido com um mínimo de decência e respeito pelos sentimentos dela...

– Há alguém em casa? - Cal agitou a mão na frente dos olhos de Steve.

– O quê? Oh... Eu estava apenas pensando que... - Com um sobressalto, ele se voltou para o amigo. - Cal, faça-me um favor, sim? Esqueça-me! Eu estou bem!

– Se você acha normal a expressão de morto-vivo que você assumiu nas últimas horas, não vou discutir. Venha, vou levá-lo para casa antes que surja outra emergência. Nes­ta cidade parece que ninguém entende o significado de estar de folga.

Quinze minutos mais tarde, Cal entrou na alameda de cascalho que levava à mansão. A tempestade de verão havia passado, deixando o ar perfumado pelo cheiro de terra mo­lhada. Com um suspiro profundo, Steve agradeceu à sorte, satisfeito por ter trocado o centro de Chicago por aquele pequeno paraíso particular.

Mudara-se havia dois anos, certo de que fora a melhor decisão de sua vida. Nunca mais precisaria se preocupar com horários, congestionamentos, poluição... Valera a pena enfrentar a pressão do pai, que o queria à frente dos negócios da família, e gastar parte de sua herança para comprar a propriedade. E, naquele dia em especial, tudo o que queria era a solidão de seu refúgio solitário para tentar esquecer os olhos azuis que insistiam em ocupar seu pensamento. Porém, quando Cal estacionou na frente da varanda, ele praguejou em voz alta, com uma liberdade que só possuía com o amigo. A razão de seu desgosto era o jaguar vermelho estacionado ao lado de seu jipe, como um vestígio da vida na cidade que decidira lhe fazer uma visita.

Despediu-se e subiu lentamente os degraus que levavam à varanda. Aquela casa era o lugar que supunha ser seu santuário, e a presença de sua irmã mais nova destruía qual­quer possibilidade de paz. Consolou-se com o fato de que apenas uma de suas cinco irmãs resolvera aparecer.

Encontrou a porta da frente escancarada, e fechou-a atrás de si com uma força além da necessária. Respirou fundo e preparou-se para a batalha. Sua irmã caçula, Kiara, ainda não aprendera o significado de usar o telefone antes de fazer uma visita.

– Tenho que registrar este momento único! Você não está com uma cerveja na mão! - comentou ela em tom irônico. - Não sei como consegue gostar tanto de cerveja, em vez de optar por um bom Sauvignon Blanc.

– Não sei nem soletrar este nome para poder comprá-lo! - mentiu, omitindo o fato de que francês era seu idioma favorito. - O que está fazendo aqui?

Kiara o encarou como se tivesse ouvido a pergunta mais absurda do mundo.

– Vim para o Desfile Anual de Verão. Além disso, estou redecorando meu quarto. Decidi que você adoraria a minha companhia.

– E não pensou em me perguntar primeiro?

A pergunta era apenas uma formalidade. Kiara sempre tirara vantagem do fato de ser caçula.

– Por que deveria perguntar? Você nunca trás ninguém para sua casa. Todos nós sabemos que você é quase um eremita.

Zumbi, eremita, culpado pelo desconforto de Holly... Aque­la noite estava sendo um inferno para seu ego, Steve pensou com amargura.

– Você está todo molhado! Por onde andou? - prosseguiu ela, enchendo o cálice até a borda. - Quando vi seu carro, achei que estava em casa.

– Fui jantar com os Adams. Holly está na cidade -­ acrescentou, sentindo seus lábios se curvarem em um sorriso que não pôde conter.

– É mesmo? - indagou ela, com indiferença.

Steve não ficou surpreso com a reação da irmã. Kiara e Holly não costumavam frequentar o mesmo círculo de ami­zades quando adolescentes.

– Parece que todos decidiram voltar a Sandy Bend... - continuou ela, reclinando-se no sofá. - Susan também está na cidade. Ela trouxe o noivo para exibi-lo à sociedade local.

Embora a notícia lhe provocasse sobressalto, Steve sen­tou-se no braço da poltrona e a fitou com indiferença. Sur­preso, constatou que não ficou magoado por saber que sua ex-noiva assumiu outro compromisso sério em tão pouco tempo.

– Espero que o rapaz não fique apaixonado por Sandy Bend - comentou com indiferença. - Há poucas chances de que Susan queira vir para cá com frequência.

– Ele também é advogado. Duvido que tenham tempo livre para viajar. E, mesmo que tenham, tenho certeza de que escolheriam lugares mais interessantes para visitar.

Ignorando o comentário depreciativo da irmã, ele concluiu que aquela era uma boa notícia. Não odiava Susan por re­jeitá-lo, mas não pretendia que se tornassem amigos. Porém, precisava de tempo para entender o que representaria um possível reencontro.

– Vou colocar uma roupa seca e dar um passeio pela praia - avisou, começando a subir a escada para o segundo andar.

– Está bem. Preciso fazer algumas ligações. Você se im­porta?

– Não, fique à vontade.

– Você sabe qual é o código de discagem para a Austrália? - ouviu-a perguntar antes de fechar a porta de seu quarto.

Irmãs... Não era possível conviver com elas, mas as amava mesmo assim.

Mergulhado em seus pensamentos, Steve caminhou ao longo da praia sem perceber o tempo passar. Embora já pas­sasse de dez horas, o céu ainda estava púrpura com a che­gada da noite.

Sentindo a solidão bater em seu peito, enfiou as mãos nos bolsos da bermuda e se pôs a observar as águas serenas do lago.

Ele sempre imaginava que quando chegasse aos trinta anos, já teria alguém para compartilhar a vida, uma com­panheira doce e gentil, que estivesse presente em todos os momentos importantes, bons ou ruins. No entanto, chegou aos trinta e três anos e nunca se sentiu tão só em toda sua existência.

Tentou afastar do pensamento a imagem de Holly Adams. Ela jamais seria a esposa com quem sonhava. Susan sempre lhe pareceu a escolha natural. Tanto sua família quanto a dela aprovavam a união, e gostava de pensar na tranquilidade que aquela relação representava.

Porém, Susan optara por um tipo de vida que não com­binava com seu estilo. Ela não tolerava o fato de ter optado por ser professor em vez de assumir os negócios da família. Ela jamais entenderia que, para ele, o verdadeiro sentido da vida era enfrentar desafios e provocar mudanças.

Steve recusou o cargo de vice-presidente na sólida em­presa do pai por julgar que seria uma vida vazia e monótona. Havia dispensado o luxo e o conforto que a família Morettin estava disposta a oferecer, para ter uma vida simples e mo­desta. Susan não estava disposta a explicar aos amigos da elite social de Chicago como era maravilhoso ver o marido dedicar-se a educar os menos afortunados, em vez de usufruir a condição de milionário a que tinha direito.

Quando terminou o curso de pós-graduação, ele começou a acalentar a ideia de se mudar para Sandy Bend e cons­truir uma vida ali, com uma rotina que não exigisse monó­tonos compromissos sociais e nem frívolos encontros de ne­gócios, regados a uísque importado.

A princípio, Susan concordou em continuar o relaciona­mento a distância. Então, a realidade caíra sobre ela, assim como a consciência de que Steve jamais aceitaria o dinheiro de sua família. Quando não conseguiu convencê-lo a voltar para Chicago, ela rompera o relacionamento.

Perdido em suas reminiscências, Steve sentou-se na areia fina e apoiou os braços sobre os joelhos. Sentia-se mal por ter decepcionado sua família, mas não podia abrir mão de suas próprias expectativas. A última coisa que deveria ter feito era se casar com uma mulher que pretendia ter uma vida social ativa.

Quando finalmente havia conseguido superar a decepção amorosa e voltava a encontrar seu eixo de equilíbrio, eis que a adolescente desajeitada ressurgia do passado como uma mulher estonteante, provocando uma verdadeira revolução em sua vida.

Confuso e abalado, ergueu-se e caminhou em direção ao deque. Havia decepcionado sua família, agira como um mons­tro com uma ingênua adolescente apaixonada, e não conse­guira salvar a universidade da falência... Sentia-se o pior dos homens!

Concluiu que tinha a obrigação moral de se redimir diante de Holly. Ao menos, se sentiria um pouco melhor se conse­guisse amenizar o sofrimento que causara.

Colocando a tristeza de lado, voltou para casa decidido a tentar. Precisava descansar e se recompor se pretendia re­fazer sua relação com Holly Terror.

Holly acordou tarde na manhã de segunda-feira. Olhou ao redor de seu antigo quarto e concluiu que as antigas cor­tinas cor-de-rosa, agitando-se com a brisa fresca da manhã, traziam uma sensação confortável de estar em casa.

Depois de tomar um banho revigorante, secou os longos cabelos e vestiu uma calça jeans e uma camiseta confortável. Enquanto arrumava a cama, notou que uma de suas unhas havia se quebrado.

Orgulhava-se das unhas longas e bem-feitas, mas não ha­via outra saída: teria que sacrificá-las. Abriu a gaveta da cômoda à procura de seu velho alicate de unhas, e descobriu que estava enferrujado e sem fio. Cortou-as o melhor que pôde, consolando-se ao pensar que seria bom fazer desapa­recer qualquer vestígio que pudesse ser motivo de zombaria para Steve.

Desceu para a cozinha e tomou uma xícara de café en­quanto vasculhava a lista telefônica local à procura de uma manicure. Encontrou apenas um salão de beleza, e marcou um horário para o dia seguinte pela manhã.

– Aguente mais cinco dias, garota! - murmurou para si ao desligar o telefone. - Logo você estará de volta à civilização.

Naquele momento, Althea entrou na cozinha.

– Precisamos conversar - anunciou antes de cumprimentá-la.

– Falo com você depois de levar o café da manhã de Thor - comunicou, saindo às pressas com uma bandeja de café para o marido.

Enquanto ela subia para o segundo andar, Holly se pôs a pensar que precisariam de um guindaste para levar Thor para fora da casa quando ele se sentisse melhor. Sentou-se à mesa que ainda estava posta a sua espera e serviu-se de uma fatia de pão caseiro com uma generosa porção de man­teiga, suspirando satisfeita. Não podia negar, não havia na­da melhor que uma boa refeição típica da fazenda.

– Bom dia! - seu pai entrou na cozinha e a cumprimen­tou com um beijo na testa.

– Bom dia, papai. Você foi à biblioteca logo cedo? - ela indagou, observando a pilha de livros que ele carregava.

– Fui à cidade tomar café com os rapazes do clube, e aproveitei para escolher alguns livros. E tudo isso enquanto você dormia - completou, com ar de censura. - Você pre­cisa sair, garota. A vida é muito curta.

– E o percurso da Califórnia para cá é muito longo. Eu precisava descansar depois da viagem - e tentar elaborar um plano para sobreviver até sábado, concluiu para si.

Depois de um encher outra xícara de café, folheou os livros que o pai trouxera. Em vez dos costumeiros romances poli­ciais que costumava ler, ele começava a se interessar por ficção científica.

– Novo hobby? - indagou ela, apontando para os livros.

– Na verdade, estou tentando provar que Althea veio de outro planeta.

– Eu ouvi isto! - ela comentou, emergindo pela porta.

– Mas não é nenhuma novidade! Não tenho o menor problema em dizer o que penso na sua frente.

– Você está prejudicando sua aura com toda esta nega­vidade.

– Eu já tenho problemas suficientes por ter que me preo­cupar com meu nível de colesterol. Minha aura pode se virar ainda.

Holly decidiu que seria sábio não interferir. Aqueles dois brigavam desde que eram crianças, mas um não vivia sem o outro. Com um sorriso divertido, apanhou uma maçã da fruteira e se levantou.

– Tia Thea, vamos até o celeiro?

Quando chegaram a uma distância segura para que não fossem ouvidas.

– Há quanto tempo ele está assim?

Althea reduziu o passo, obrigando-a a fazer o mesmo.

– Querida, ele sempre foi assim! Tenho certeza de que ele é o alienígena, e não eu, como diz.

– Não, estou me referindo ao comportamento estranho como fumar charuto, perder o interesse em enfeitar o carro para o desfile...

– Bud está se sentindo um tanto perdido, você tem que compreender isto. Não é fácil ser visto como a mesma pessoa sem que se levem em conta as mudanças interiores.

– Então você acha que ele está bem?

– Os médicos asseguraram que, ao menos fisicamente, ele está ótimo.

– Fisicamente? O que você quer dizer com isso?

– Seu pai tem que resolver algumas questões íntimas. Seja paciente, Holly.

Ela suspirou, resignada. Continuava sem entender o que estava acontecendo, e ter paciência era algo que ela nunca conseguira.

– Todos nós passamos por vários estágios na vida. Esta é mais uma etapa na evolução de seu pai, querida - Althea disse com ares de sabedoria.

– Eu quero ter certeza que papai está bem antes de partir.

Althea agitou as pulseiras e ergueu os braços para o céu.

– Preocupe-se apenas em ter certeza de que você está bem. Há muitas questões internas que você também tem que resolver. - Detendo-se, ela segurou as mãos de Holly - Estou me referindo a Steve Morettin...

Para alívio de Holly, o que quer que sua prima mais velha estivesse a ponto de dizer foi interrompido pelo grito de Thor, que chamava a esposa como se estivesse prestes a ser atacado por um monstro.

– Thor tem muita dificuldade em ficar sozinho...

Ela sorriu ao ver Althea correr para o interior da casa sem deixar de observar o prazer com que atendia o marido. Com uma ponta de inveja, seguiu sozinha para o celeiro imaginando como deveria ser maravilhoso ser imprescindí­vel para alguém.

Sentou-se no velho sofá onde costumava se deitar para ler os romances que sempre a acompanharam durante a ado­lescência. Enquanto as outras garotas da sua idade se di­vertiam flertando com os rapazes, ouvindo música e preocu­pando-se com o que vestir, Hallie se refugiava na leitura, mergulhando nas deliciosas fantasias românticas, identifi­cando-se com as heroínas e sonhando com seu príncipe encantado... Steve Morettin. Naquela época, sabia apenas que se tratava de uma fuga, o modo mais seguro de se proteger e não cometer nenhuma gafe, livrando-se das provocações. Porém, quando estava na faculdade e era uma das primeiras alunas da classe, agradecia diariamente por ter desenvolvi­do o hábito da leitura.

Com um sorriso nostálgico, acariciou o couro desgastado do sofá, perdida em recordações.

Com um suspiro, levantou-se e se pôs a analisar as pos­sibilidades para a decoração da carreta, disposta a começar o trabalho. Em poucos minutos, uma ideia original começou a se formar. Inspirou-se na Califórnia, e imaginou uma praia ensolarada, com águas cristalinas e ondas suaves. Precisava apenas de areia e faixas pintadas de várias nuances de azul. O resto da decoração não seria problema, concluiu, avaliando a diversidade de equipamentos de praia guardados no celeiro.

O problema era como conseguir a areia. Pensou em retirar da margem do lago acessível aos moradores e turistas, mas receou que não fosse permitido. Já podia prever a manchete no Jornal Local: "Filha do chefe de polícia é presa por roubar areia". Certamente, não era o que seu pai imaginara quando a incumbiu de cuidar da decoração.

Talvez pudesse conseguir o que precisava em alguma praia particular, mas não tinha certeza de que as pessoas que conhecia sete anos atrás ainda eram as mesmas. Exceto Ste­ve Morettin. Cal havia mencionado que ele conseguiu com­prar a casa de campo da família.

Lembrava-se de todos os detalhes da mansão. Passara tempo bastante nas redondezas quando era criança, tentan­do conseguir que ele a notasse.

Decidida, entrou na caminhonete de seu pai e girou a cha­ve na ignição. Uma hora mais tarde, estacionou no gramado lateral da mansão, escondendo a caminhonete atrás de uma frondosa árvore. Àquela hora da manhã, Steve deveria estar na universidade, pensou enquanto saía furtivamente.

Quando era menina, Holly gostava de imaginar que um dia se casaria com Steve e seria a rainha daquele palácio. Agora que havia crescido, recriminava-se por ter sido tão ingênua. Porém, a mansão dos Morettin ainda era a mais bonita que conheceu, mesmo comparando-a com as luxuo­sas mansões que viu na Califórnia.

Localizada sobre uma larga duna que terminava no lago, a maior parte do terreno ao redor da casa era acessível.

Aproximou-se e percebeu que não havia o menor sinal de movimento no interior. Convencida de que não havia riscos, atravessou o jardim carregando dois baldes e uma pá, e se pôs ao trabalho.

Uma hora mais tarde, os braços de Holly começaram a doer. Despejou os dois baldes de areia que carregava sobre a pilha que ocupava metade da carroceria, e concluiu que já era suficiente.

– Hora do descanso - disse a si mesma, satisfeita.

Holly retirou as luvas e enxugou o suor da testa. Depois de alongar os músculos doloridos, despiu a camiseta e ajeitou o sutiã do biquíni, uma peça minúscula que mal cobria o busto farto. Comprara aquele modelo num impulso irresis­tivel. Embora se sentisse mais orgulhosa de seu desenvol­vimento como artista plástica, gostava de admitir que seu corpo havia adquirido curvas bem-feitas.

Retirou a calça e correu para a praia, mergulhando nas águas mornas do lago com um murmúrio de prazer.

Estava em casa, havia nascido ali. Aquela era a sua realidade.

Com uma alegria que fazia muito tempo que não sentia, deixou-se envolver pelo momento, sem perceber que nadava cada vez mais para o fundo. Holly não notou também, que ganhara um espectador secreto, que a observava de longe, fascinado com o que via...


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Notas finais do capítulo

Oi minha gente, desculpa esse tempo de ausência mas é que minha avó faleceu nesta quarta e eu estava sem cabeça para nada, na verdade ainda estou aérea com tudo que aconteceu, e vou ser sincera, eu tentei com todas as minhas forças dar o melhor de mim e confesso que não foi fácil, então, caso vocês não gostem me falem e me perdoem... Eu realmente não estou muito bem. E desculpe pela demora, enfim... torço para que gostem.
Mil beijos da Dream