Hunger Games Mockingjay III- Survive (Interativa) escrita por White Rabbit, Maegor, Brenno


Capítulo 8
Capítulo 7- Um Motivo Para Lutar


Notas iniciais do capítulo

OI pessoa lindinho do meu coração... Peço desculpas pela demora, mas eu tive centenas de compromissos e não tive tempo de escrever, mas aqui está um capítulo novinho em folha. Espero que gostem.



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Lila Nepolareeno

“Confiança é como uma borracha, apaga os erros e quanto mais o faz, mais se desgasta”

She Wolf- David Guetta

A chuva tamborilava na vidraça da janela, as gotas de água se chocavam contra o vidro, como numa explosão formando outras pequenas gotículas que pareciam apostar corrida para ver quem chegava primeiro ao final da janela. Lila seguia as gotas com seus dedos, a cabeça encostada no vidro, observando a paisagem neblinada do distrito 4 durante a chuva. Barcos voltando ao cais, pessoas correndo para suas casas cobrindo suas cabeças com o que tinham em mãos para se proteger, outras levando uma parte do carregamento para o depósito, enquanto os pacificadores recolhiam o que devia ser mandado para a Capital.

Ela suspirou, estava de volta a sua terra de origem, de volta ao barulho e ao trabalho árduo do distrito. Ainda era tudo muito confuso para ela, afinal ela não era a verdadeira Lila Nepolareeno, a verdadeira tinha morrido de velhice há um bom tempo, ela era apenas uma cópia mais jovem, a versão que ficou presa no tempo antes de ser sorteada para os jogos, e agora aquele ano ela teria de enfrentar mais uma vez seis algozes, o que não seria problema, pois suas lembranças mantinham-se bem frescas em sua cabeça. Ela sabia como devia agir, o que fazer, o que não fazer, se desse sorte poderia até mesmo voltar viva. Só tinha uma coisa que ela não sabia, como coletar informações em meio a desfiles, entrevistas e treinamentos. Mas isso eles teriam de ensinar a ela, e rápido pois a colheita se aproximava.

O som de passos ecoando pela casa a tirou de seus pensamentos, ela viu com o canto dos olhos a Sra. Cartman atravessar a sala trazendo em suas mãos um bule de chá. Os Cartman a haviam acolhido bem, talvez estivessem contentes por finalmente alguém ter tido coragem o suficiente para desafiar a tão imponente Capital e derrubar os Jogos Vorazes. Mas pareciam manter um certo afeto por ela, talvez ambas as famílias fossem amigas ou companheiras de pescaria, tanto fazia no momento ela apenas queria ficar num lugar seguro até o momento de ter de voltar para a arena.

– Não quer chá Lila?- ela perguntou com um sorriso enquanto servia-se de um líquido quente em uma xícara de porcelana branca- ou será que devo começar a te chamar de Leslie?

Lila riu-se saindo de junto da janela e sentando-se ao lado da senhora, esta encheu a outra xícara com um chá e entregou-a a Lila que aceitou carinhosamente. A Sra. Cartman devia ter cerca de cinquenta anos, os cabelos castanhos já apresentavam alguns fios esbranquiçados e rugas se formavam embaixo dos olhos, mas ela mantinha uma determinação jovial, como se a qualquer momento estivesse pronta pra pegar em armas e defender o que era seu. E Lila gostava de sua personalidade forte, quebrava o tabu de que mulheres serviam apenas para tarefas domésticas.

– Acho que ainda não, só depois que aquela maldita colheita- ela resmungou bebericando o chá e sentindo o líquido quente invadir todo o seu corpo e libertá-la do frio- voltar para os jogos, para a arena, tudo ainda está muito confuso para mim.

– Eu te entendo querida, sabe, eu conheci você antes, quer dizer a outra você. Apesar de ter saído dos jogos e ter matado pessoas, ela era uma mulher simpática e cheia de vida, traída pela própria sorte e por isso foi parar nos jogos, mas você e ela são mulheres espetaculares, não fique com medo Lila, você pode vencer.

– Obrigado Sra. Cartman, mas não é disso que tenho medo...

– Então? – os olhos da mulher se encontravam num tom sério e fitavam Lila com uma certa dúvida- do que você tem medo?

– Tenho medo de não poder ajudar. De não poder ser útil pra que a revolução aconteça.

– Não fique se martirizando, segundo eles nada vai dar errado e se te escolheram para essa tarefa Lila é porque tem certeza de que você é capaz de cumpri-la e pelo jeito a Capital anda muito desatenta, ainda sequer perceberam o que está acontecendo nos distritos.

– Talvez ela apenas queira parecer desatenta- Lila comentou, a Capital costumava surpreender, agir pelas sombras, sem se dar ao trabalho de atacar, mas preparando lentamente as suas defesas- duvido que eles não desconfiem de nada.

– Podem até desconfiar de um início de levante, mas duvido que eles desconfiem do que realmente está acontecendo- a mulher enfatizou, como se tivesse certeza de suas palavras- estão mais preocupados com os Jogos Vorazes.

– Se você diz...

Lila bebericou seu chá mais uma vez, duvidava de que a Capital não soubesse de nada, eles que sempre apagavam qualquer indício de esperança, que reforçavam as defesas dos distritos assim que desconfiavam de uma levante, justo eles não poderiam manter-se cegos em meio a grandeza do que estavam fazendo. Mas talvez se a Sra. Cartman estivesse certa, talvez a Capital realmente tivesse enfraquecido seu poder através dos anos e que em breve ela seria derrubada, ela só não sabia o quão breve seria esse tempo.

° ° °

Ela apertou-se em seu casaco enquanto o chuvisco caía, a chuva havia parado, mas uma leve garoa parecia desejar permanecer no distrito. Eram quatro horas, ela precisava se encontrar com a pessoa que lhe daria as instruções do que fazer. Enquanto andava pelas ruas do distrito 4 em direção ao cais, ela olhava o movimento ao seu redor. As crianças que brincavam na calcada sem se importar com o chuvisco, as mulheres que conversavam animadamente, os homens que guardavam o que havia sobrado da pesca do dia- pois o resto era sempre dado a Capital- o cais estava próximo.

Ela passara todos esses dias se perguntando como seria voltar ao distrito 4, se ela iria encontrar os seus filhos e netos, se eles iriam aceita-la. Eram muitas perguntas que confundiam sua cabeça, ela não sabia quem era. Lila Nepolareeno, a grande vitoriosa ou Leslie, um simples clone mandado como um peão para os Jogos Vorazes? Deus do céu, porque tudo tinha de ser tão complicado.

Ela iria enfrentar, não apenas 23 tributos, porque além de o distrito 13 ter sido incluído nos jogos, ela enfrentaria o dobro de tributos. Se ela tinha chances de sobreviver? Muito poucas com certeza, até porque ela viu a edição em que o dobro de tributos foi levado a arena, a arena matou mais do que os próprios tributos, então ela poderia esperar de tudo. O mar esbravejava, parecia querer engolir o cais fazendo ondas cada vez mais altas, até o mar se enfurecia as vezes, irônico não?

A área do cais estava vazia, os barcos aportados junto a ele, enfileirados para serem usados no dia seguinte. Ela olhou para os dois lados, nenhum sinal de pacificadores, nem mesmo de habitantes. Ela andou cautelosamente, tinha de se certificar de que ninguém a seguiria. Ela atravessou a rua que a separava do cais. Respirou fundo e entrou pela pequena porta de madeira usada pelos pacificadores para observarem os barcos. O piso de madeira rangia a cada passo que ela dava.

O lugar era totalmente escuro se não fosse pelas velas que bruxuleavam lá dentro. Ela fechou a porta com cuidado e continuou a andar pelo cais que aparentava estar vazio. No entanto um homem loiro saltou da escuridão com um sorriso nos lábios, era Peeta.

– Não me dê esse susto- ele comentou em tom de desaprovação, o loiro apenas riu- então, onde está Katniss?

– Ela teve de ficar na base, ela estava viajando muito e a Capital começou a questionar o motivo das viagens. Então ela parou para não levantar muita suspeita, mas como combinado eu vim- ele apontou com o indicador uma cadeira de madeira, Lila sentou-se- preparada para sua colheita?

– Não muito, mas estou me preparando... Então, o que você queria conversar comigo.

Peeta a encarou por alguns minutos com um sorriso, antes de puxar do bolso do casaco um pequeno cilindro azulado. Peeta o jogou para a garota que o pegou com ar de dúvida, se perguntando o que era aquilo. Lila analisou cuidadosamente, mas não conseguia adivinhar do que aquilo se tratava. Ela sem querer pressionou os dedos contra o centro do cilindro e um dos lados saltou ficando preso por uma pequena tira de plástico, revelando uma entrada USB em seu centro.

– É um pendrive- comentou Peeta com um sorriso- é com ele que você vai coletar os dados para nós.

– E como eu vou fazer isso? – ela o encarou, não havia como ela entrar nos computadores da Capital, ou havia?

– O centro de treinamento é aberto vinte e quatro horas por dia, existem câmeras de segurança, mas vamos dar um jeito de que elas sejam desligadas até que você possa concluir sua tarefa. O lugar de onde os pacificadores assistem o treinamento, lá tem um computador com anotações e tudo o que precisamos. O pendrive tem um vírus instalado que vai coletar tudo para nós, só precisamos que você o conecte ao computador e antes de entrar na arena entregue ao seu estilista.

– Mas, e se eu não conseguir concluir a tarefa? – ela perguntou temerosa, ela tinha medo da resposta.

– Não é querendo colocar pressão sobre você Lila, mas se você não conseguir, então a revolução não vai acontecer.

Ela mordeu os lábios pensando naquelas palavras. Então eles dependiam dela para que a revolução acontecesse, dependiam dela para destruir o poderio da Capital. Mas era como a Sra. Cartman havia falado, se a escolheram é porque sabiam que ela era capaz, sabiam que ela poderia muito bem conseguir cumprir sua missão por mais difícil que fosse. A voz de Peeta a removeu dos pensamentos:

– Eu tenho de ir agora Lila... Ou devo dizer, Leslie! Boa sorte, nos encontraremos em breve.

– Assim eu espero...

– A propósito, se quiser ir a aldeia dos vitoriosos, eu teria uma coisa pra lhe mostrar.

° ° °

A Aldeia dos vitoriosos do distrito 4 ficava numa ilhota próxima ao litoral, ligada ao distrito por uma ponta de madeira, era o lugar onde os que venciam os Jogos Vorazes moravam com suas famílias, e que em breve deveria ser uma base para a rebelião. Ela e Peeta atravessaram a ponte calmamente, nenhum dos dois ousava falar, e o único som que reinava era das ondas. Lila não sabia o que Peeta queria lhe mostrar ali, ela não tinha chegado a conhecer o local que iria morar depois de ter vencido os Jogos. Apenas a verdadeira Lila conheceu, ela não era verdadeira, era apenas um clone, uma criação artificial, feita em um laboratório, “Um peão”– ela pensou- “um peão que pode ser descartado”.

Eles atravessaram os portões da aldeia e Lila sentiu algo realmente estranho como se estivesse se sentindo completa. O que seria aquela sensação? Ela olhou em volta, os vitoriosos e suas famílias andavam pela praça, mesmo em meio aos chuviscos, riam e conversavam, como se a tristeza da Capital não os contaminasse- eles eram livres afinal- foi quando Peeta segurou seu ombro e apontou para uma das casas. Ela percorreu o mesmo percurso que seu dedo fazia. Até chegar numa casa amarela, onde uma família reunida ria e conversava alto, como se estivessem festejando alguma coisa:

– Sabe quem são eles, Lila? – ele perguntou animado, o que ele queria fazer?

– Não, eu não sei.

– São sua família, seus filhos e netos Lila, mesmo você sendo um clone, você ainda é Lila Nepolareeno, é por eles que você tem que lutar, é por eles que você deve derrotar a Capital.

Foi quando Lila viu uma garotinha correr em sua direção, uma das garotinhas que estava na casa. Possuía os cabelos castanhos decorados com um lacinho vermelho, e os olhos astutos e curiosos, era como se fosse uma réplica dela mesma em miniatura. A garotinha parou a poucos metros de Lila encarando-a com um sorriso no rosto:

– Você parece a vovó Lila? – a garotinha comentou levando o indicador aos lábios, Lila aproximou-se e abaixou-se junto a menina- você é a vovó?

– Não querida, eu me chamo Leslie, e você, como se chama?

– Lila, é em homenagem a minha avó, ela morreu a um tempo, mas dizem que ela era uma mulher incrível. Você conheceu minha avó?

– Sim, conheci, ela era mesmo... Uma mulher incrível.

A menina sorriu e voltou correndo para a casa. Lila sentiu as lágrimas descerem por seu rosto, lágrimas quentes descendo por um rosto frio. Seu peito aqueceu-se quase que repentinamente, era por eles que ela tinha que lutar, pela sua família, mesmo que ela não fosse verdadeira, mas ela ainda era Lila Nepolareeno.

° ° °

Os pacificadores a carregaram até o palco do distrito 4, seu nome seria sorteado ela tinha certeza, haviam feito questão de colocar o nome dela mais de cem vezes dentro daquele globo. E a outra garota que fora sorteada foi realmente por uma falta de sorte, quatro jovens se encontravam no palco, de frente para todo o distrito 4. Ouvindo os murmúrios de pena pelos desafortunados daquele ano, ou nem tanto, afinal o distrito 4 era um distrito carreirista, todos sabiam que um deles tinha enormes chances de voltar vivo para casa, apesar de tudo.

Lila sorriu ao lembrar quando seu nome foi anunciado, pode ouvir as outras garotas perguntarem quem era ela, onde ela morava, desde quando aquela menina vivia no distrito 4. Sentia-se animada, sentia-se renovada, ela iria lutar, não por ela. Mas pelos distritos, pelos jovens, pela sua família. Ela iria lutar até seu último suspiro, mesmo que morresse na arena, se ela tivesse cumprido sua missão, não iria morrer em vão.

E assim Lila Nepolareeno- agora Leslie- fora levada mais uma vez aos Jogos.


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Notas finais do capítulo

Aqui vai um cronograma das próximas colheitas, pra vcs não se perderem:

1- Saffra Lavander
2- Irmãs Rocco
3- Marie Woulton.

Cada um deles vai falar sobre colheita, trem e chegada a Capital, pra não ficar muito chato e repetitivo. Beijinhos!! E por favor, quem estiver devendo fichas as mande, pois estamos precisando dos seus personagens, beijos de novo!