PDV Eloise

Chutei para longe aquela droga de cadáver de animal. Eu não era muito a favor de descontar a raiva em quem não tinha nada a ver com o problema, mas mesmo assim, quem se importa, a raposa do ártico já estava morta mesmo.

Alice estava me fazendo companhia nesta caçada, já haviam se passado pouco mais de vinte anos desde que eu reencontrara meu irmão e me juntara a sua família. Uma família muito boa por sinal, eu gostava muito de todos eles.

Eu ajudava Esme a decorar as nossas casas toda vez que tínhamos de nos mudar. Conversava com Carlisle sobre medicina e outros assuntos que não poderiam ser discutidos com alguém como Emmett.

Emmett, depois da nossa pequena briga (e com muito esforço), concordou que eu lutava melhor do que ele, às vezes lutávamos juntos só por diversão, mas Edward e Esme não podiam estar por perto, é claro. Eu acabei lhe ensinando alguns golpes, mas sempre ganhava dele nas lutas, nossa felicidade aconteceu quando Carlisle trouxe o playstation pra casa e eu e Emmett começamos a jogar jogos de luta no vídeo game.

Jasper... Bem... Ele era meio estranho. Quando resolvemos ir para a escola então, nem se fale, ficava pelos cantos com cara de quem estava morrendo e era arrastado pra cima e pra baixo por Alice. Disseram-me que ele era assim porque ainda estava se acostumando à nossa dieta. Veja bem, não que eu não gostasse dele, ele era até legal, sabia de tudo sobre as guerras civis que ocorreram, mas mesmo assim, eu preferia jogar vídeo game com Emmett a ter aulas de historia com Jasper.

Rosalie era do tipo que admirava a própria beleza, nós nos dávamos bem por um único motivo fora o fato de sermos uma família. Ela adorava ser vestida e arrumada como se fosse uma princesa, e eu adorava fazer isso. Comprar roupas, vestir pessoas, arruma-las. Eu tive três bonecas quando era pequena e cada uma delas tinha um mar infinito de possibilidades de roupinhas e acessórias que eu havia feito meu pai me dar nos natais e aniversários. Era por isso que eu me dava tão bem com Alice.

Alice era minha alma gêmea, em menos de uma semana já éramos grandes amigas e saiamos por ai comprando roupas. Ela era a única que entendia esse meu desejo de ter uma boneca viva para poder vesti-la e arruma-la da maneira que eu bem entendesse. E foi assim que nasceu o dia de renovar o guarda roupas dos garotos, onde uma vez por ano nós (Alice e eu) levávamos os garotos (Edward e Jasper) para renovar aquele montinho de madeira amontoado que eles ainda tinham a coragem de chamar de armário (¬¬).

Bem... Estávamos no Alaska agora, mais de vinte anos depois, e eu estava muito, mais muito irritada, na verdade eu estava furiosa. Os culpados Alice e Tanya.

Havíamos encontrado no Alaska mais um clã de vampiros vegetarianos e eles eram os Denali, ou seja, Tanya e suas irmãs, as irmãs até que eram legais, mas Tanya... Ahh!!! Eu devia ter acabado com Tanya há muito tempo. Tudo começou quando ela começou a dar em cima de Edward. Aquela loira assanhada, não era boa influencia para o meu irmãozinho, mas isso não era exatamente o problema (ver Edward fugir das investidas fracassadas de Tanya era hilário), o que me deixava realmente com vontade de matá-la era que ela me odiava por eu não querer ajudá-la a conquistar meu irmão. E por isso, ela havia pegado e usado TODA, isso mesmo, TODA, a minha maquiagem, escondido as tarraxas dos meus melhores brincos, e tenho certeza que foi ela que escondeu gelo dentro do MEU armário molhando TODAS as minhas roupas, e tudo isso em menos de um mês. Eu estava arrasada, e o pior era ouvir a minha família dizendo que estava exagerando e que havia sido um acidente.

Hoje ela havia misturado a cor de todos os meus esmaltes e eu queria muito dar um chute naquele traseiro magro dela. Estava com tanta raiva. Pude ver Jasper e Edward ficarem assustados. Mas Alice previu tudo e me levou para caçar. Conclusão, eu estava um pouca mais calma, mas sem esmaltes agora, e Tanya ainda estava com o rosto intocado.

-Você vai me perdoar por isso algum dia?

Alice estava meio chorosa, ela entendia minha dor. Perder maquiagem, roupas, brincos e esmaltes num único mês era um golpe terrível. Mas ela sabia que seria perdoada.

-Sabe Alice, não entendo porque você pergunta sendo que você já sabe a resposta.

Ela não tirou a expressão tristonha de seu rosto.

-É bom ouvir. Para ter certeza.

Eu sorri. Alice era uma comédia mesmo.

-Como se você precisasse de certezas.

-É melhor prevenir do que remediar – silêncio – Mas e então... Estou perdoada?Eu sei que você queria e devia chutar o traseiro magro de Tanya, eu teria feito à mesma coisa você tem todo o direito de espancar aquela cara de...

-Tudo bem Alice, está perdoada.

Ela sorriu e nos abraçamos. De repente Alice começou a olhar para o nada com uma expressão vazia nos olhos, como se estivesse vendo um sapato Prada numa loja. É claro que se não estávamos numa loja, aquele olhar significava que ela estava tendo uma visão. Ela olhou pra mim.

-O que? – Perguntei.

-Hmn... Tenho uma noticia boa e duas ruins.

-Tá, continua.

-A boa é que vamos embora daqui a dois dias, Carlisle e Esme já estão procurando uma casa nova.

-Que ótimo. E as más?    

-Bem... A primeira é que você tem pouco tempo para pensar num jeito de se vingar de Tanya de um jeito inteligente – Minha expressão era incrédula, como assim Alice queria se vingar? Ela não havia me impedido de espancar Tanya até a morte a poucos minutos atrás? – Que foi? Eu quero que você se vingue, mas pagando com a mesma moeda, quero que você se vingue à la D&G e não à la Emmett.

Tudo bem então. Pouco tempo para pensar.

-E o que mais?

-Bom... A outra noticia ruim é que a partir de agora vamos ter que fazer longas viagens para comprar roupas.

-Por quê?

Alice soltou um longo suspiro.

-Porque nós vamos nos mudar para o ultimo lugar da Terra com uma loja que venda roupas de qualidade.

Suspirei também. “Eu mereço isso.”

-Onde?

-Vamos para Forks.