PDV Edward

 

 

Emmett... Aquele vampiro de baixo nível intelectual que adorava uma briga havia sido posto no meu caminho para testar a minha paciência. Eu devia ter impedido Carlisle de transformá-lo quando tive a chance, teria me livrado de anos de desastres causados por ações impensadas.

 

O que ele havia feito agora? Simplesmente atirado a minha irmã no chão com todo seu grande peso por cima dela. Eu devia TE-LO matado.

 

Levantei- me rapidamente para ajudar Eloise, é claro que ela não havia morrido, mas meu instinto protetor falou mais alto e tirei Emmett de cima dela de uma maneira que Esme teria achado rude e grosseira demais.

 

“Mas o que...?”

 

Ele me olhou surpreso pelo fato de eu ter acabado com seu plano de espancar uma “volturi”.

 

Seus planos me fizeram trincar os dentes. EU devia espancá-lo agora.

 

Não percebi a presença dos demais, desta vez, minha atenção estava completamente voltada para Eloise e para as perguntas que ela iria me responder, ela não sairia de lá sem me dar minhas respostas.

 

Ajudei- a a se levantar, Emmett não havia lhe lançado um único golpe (eu era muito rápido), sorte dele.

 

Ela agora estava de pé, alguns centímetros menor do que eu (essa diferença teria me agradado no passado), seus olhos ainda estavam arregalados. Será que ela estava assim por causa do ataque de Emmett?

 

-Edward? E você mesmo?

 

Não, ela ainda não acreditava que eu estava parado bem na sua frente. Apenas naquele minuto percebi que minha expressão não devia ser muito diferente da dela, eu também estava surpreso em vê-la ali. Não podia acreditar que ela fosse real, mas para a minha felicidade, ela era.

 

Coloquei a mão em sua face (só para ter certeza de que não era uma alucinação) e sorri, não era.

 

-Quem mais seria?- respondi.

 

Uma gargalhada saiu do fundo de sua garganta e Eloise me deu um abraço que eu retribui em seguida, de repente, eu havia me esquecido de todas as minhas perguntas, de nada me importava agora, o importante era que ela estava ali, comigo, ela havia voltado.

 

“Edward está abraçando um inimigo?”

 

Emmett. Livrei-me do abraço. Lembrei que meus irmãos estavam assistindo toda aquela cena sem entender nada.

 

“Estranho... Me pergunto... De onde Edward conhece essa menina... Parece...Tão feliz.” Jasper.

 

“PORQUE NÃO CONSIGO VER NADAAAAA!!! SÓ VEJO MEU PROPRIO FUTURO!!! O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUIII!!!” Alice.

 

“Hmn... Então era por isso que ele nunca mostrou interesse por mim. Tinha uma namorada escondida. Ah Edward, espera só até Esme ficar sabendo...” Rosalie, ela já estava tirando conclusões precipitadas.

 

Olhei para Eloise e ela estava encarando meus irmãos, seu olhar agora era pura curiosidade.

 

-Pessoal...Hmn... Esta é minha irmã gêmea Eloise. Eloise... Estes são meus irmãos.

 

Por um instante todos os pensamentos cessaram, como se estivessem processando a informação, mas então vieram jorros deles.

 

“O que? Edward tem uma irmã? E gêmea? Desde quando? Tudo bem essa ultima pergunta foi idiota, mas mesmo assim. Alguém para o mundo que eu quero descer!!!” Alice.

 

“Ahh não! Quer dizer que ele não tem uma namorada em segredo!? Droga!” Rosalie. Quase sorri, isso deve ter acabado com seus planos de fazer Esme brigar comigo.

 

“Hmn... Interessante... Isso é o que eu chamo de novidade. E olhando assim de perto até que são parecidos, o cabelo... Me pergunto se ela também lê pensamentos? Hmn...”Jasper.

 

 

“MEU DEUS!!EU BATI NA IRMÃ DE EDWARD!! EU VOU MORRER HOJE!” Emmett

 

 

Me virei para Eloise, ela estava... Desconfiada...

 

“ Irmãos... Que estranho...”

 

-Ei!

 

Gritei. Todos olharam para mim.

 

-Eu consegui ler a sua mente.

 

-Você tem um dom?

 

-Aham.

 

Sua reação foi totalmente estranha, arqueou a sobrancelha e disse:

 

- Haha (risada irônica) Certo. Que número estou pensando.- Como se eu já não tivesse ouvido essa antes.

 

“ Mil quinhentos e noventa e dois.”

 

-Mil quinhentos e noventa e dois.

Sua face ficou brevemente espantada, mas logo se tornou feliz novamente.

 

-Legal.

 

Eloise achava meu “dom” legal. Talvez essa era a reação que eu esperaria dela afinal de contas.

 

-Muito bem. Alguém pode me explica o que está acontecendo?!

 

Alice não era do tipo que gostava de ficar por fora das conversas.

 

-Eu também gostaria de entender melhor o que está acontecendo.

 

Eloise estava se referindo à minha nova família.

 

-Creio que esta será uma longa historia, por isso, acho que seria melhor levar Eloise para conhecer nossa casa. Lá tenho certeza que seria tudo explicado.

 

Carlisle saiu da floresta junto com Esme. A quanto tempo eles estavam ali?Eu nem havia percebido a presença de seus pensamentos.

 

-Eloise, estes são Carlisle e Esme. Meus pais.

 

Eloise sempre fora mais esperta que as outras pessoas de sua idade, então não me surpreendi tanto quando ela, após passar os olhos por cada pessoa na clareira ,pensou com um sorriso.

 

“Edward, você conseguiu uma família. Estou tão feliz que não tenha andado sozinho.”

 

 

 

--------------*--------------

 

 

 

 

-E este é o meu quarto.

 

Abri a porta do meu quarto. Eloise entrou e olhou em volta com olhar critico.

 

-Não foi você quem decorou este quarto. Admita.

 

Eu tive que rir, ela ainda me conhecia muito bem.

 

-Não. Foi Esme. Eu só meio que... Arrumei a posição da mobília.

 

Ela riu junto comigo.

 

Nas duas horas que haviam se passado desde nosso reencontro totalmente inesperado, muitas coisas foram esclarecidas, historias sobre a formação da família foram contadas, e dons foram mostrados.

 

Duas coisas eram absolutamente novas para mim.

 

Primeiro: Eloise tinha dois dons, o de refletir os de qualquer um que se aproximasse. Quando se sentia em perigo ela armava esse espelho em volta de si mesma e não era afetada por nada “anormal”. O que de fato explicou, o que aconteceu quando li meus pensamentos e o ataque de Alice, quando ela só conseguia ver o próprio futuro toda vez que se concentrava em Eloise.

 

E segundo: Minha irmã iria morrer. Exato. Ela iria me deixar novamente. Seu segundo dom era como uma “cura”, devido a ele, Eloise estava aos poucos se tornando humana, o que explicava os olhos verdes. Segundo ela seus olhos eram assim desde o dia em que deixara de ser recém criada, após vinte anos ela já podia chorar e com mais trinta ela necessitava de pelo menos cinco horas diárias de sono, ou seja, eu não queria nem pensar em quanto tempo ela já seria uma humana completa, ou quando ela se tornaria um cadáver, já que havia a possibilidade do corpo assumir os anos que havia vivido. Resumindo, eu estava... Tentando, esquecer essa possibilidade, quando Esme sugeriu que eu mostrasse a casa.

 

 

 

Sentei-me no sofá que havia no meu quarto levando Eloise junto comigo.

 

-Senti sua falta.

 

Ela olhou pra mim e me abraçou.

 

“Eu também senti sua falta irmãozinho.”

 

Minha risada era meio fraca agora. Irmãozinho. Eloise era dois minutos mais velha do que eu e vivia me provocando. Essa pequena recordação me lembrou das minhas perguntas. Nessas horas, todas suas perguntas foram respondidas, todos da minha família ajudaram a responde-las, ela sabia tudo o que havia acontecido. Mas eu estava sem uma única resposta. Isso era injusto.

 

-Você me deve algumas respostas.

 

Ela me encarou surpresa.

 

-Pergunte o que quiser.

 

Pensei em qual delas era mais importante pra mim. Qual delas havia me corroído por mais de meio século e que agora seria finalmente respondida.

 

-O que aconteceu?

 

-O que você acha que aconteceu?

 

Franzi as sobrancelhas

 

-Não é educado responder uma pergunta com outra pergunta.

 

Mas ela nada disse.Então continuei.

 

-Procuraram você. Mas depois concluíram que havia morrido.

 

Sua expressão era vazia. Quando tentei ler seus pensamentos, me deparei com os meus novamente.

 

-O que?

 

-Eu fui seqüestrada. Por um vampiro. Ela não me matou nem me transformou no inicio... Mas... me manteve presa por muitos dias num quarto. Eu nunca a havia visto na minha vida. Acho que ela queria que eu morresse... Ela não me alimentava e nem me dava água... Não sei como sobrevivi...

 

Ela fez uma pausa.

 

-Eu consegui escapar... Ela deixou a porta destrancada. E eu fui embora, não estava em Chicago, não tinha lugar para onde ir. E logo fiquei doente. Leptospirose. Achei que fosse morrer. Então a Curandeira me encontrou e disse que eu ia ficar bem... E bom... Ela me transformou... E foram os três piores dias da minha vida...

 

Outra pausa. Desta vez foi mais longa.Achei que ela tivesse desistido de continuar.

 

-Bem... Eu me recuperei e estava numa espécie de tribo, todos eram vampiros como vocês aqui, “vegetarianos”. – Ela deu risada, havia achado nossa piadinha especialmente engraçada - E então meus olhos ficaram verdes em vez de amarelos. A Curandeira tinha sempre as respostas, esse era seu dom, então ela me explicou. Até tudo isso acontecer, foram três anos. Um dia eu acordei e disse a Curandeira que voltaria para Chicago para procurar por vocês, ver se estavam bem... Ela disse que se eu saísse não poderia voltar. Eu concordei...

 

Houve um longo suspiro. A frase saiu muito rápido.

 

-Eu cheguei em nossa casa e fiquei sabendo que todos haviam morrido e eu me senti muito culpada. Se eu tivesse vindo um ano mais cedo eu poderia ter salvo vocês, meu dom... Ele permite que eu cure doenças e ferimentos de qualquer coisa que viva e eu devia ter estado lá.

 

Nenhuma palavra saiu da minha boca. Eu estava, “digerindo” aquilo tudo, minha irmã achava que eu havia morrido e eu achava que ela estava morta também. E ela havia passado por tanta coisa...

 

-Eu não procurei a tribo da Curandeira. Então tenho estado viajando sozinha desde então... Estava indo para o Canadá quando encontrei você e sua família e devo admitir... Emmett me meteu muito medo.

 

Desta vez ela riu e liberou seus pensamentos. Eu ri com ela.

 

-Você nunca descobriu quem era a mulher...

 

-Não. Nunca mais a vi.

 

-Hmn...

 

Eu não tinha mais nada o que perguntar. Pela primeira vez em tanto tempo, eu me sentia, mas leve, como se um peso fosse tirado das minhas costas. Por um segundo não pensei em nada. Eu estava muito bem ali, onde eu estava. Mas meus pensamentos foram desviados para o andar de baixo.

 

“Edward.”

 

Esme.O que será que ela quer?

 

“Pode trazer Eloise aqui?”

 

Que estranho.Me levantei e junto comigo veio Eloise.

 

-O que foi?

 

-Esme.

 

Descemos as escadas, estavam todos sentados, no sofá. Quando vi do que se tratava fiquei feliz e surpreso. Porque eu não havia conseguido me concentrar em tudo aquilo antes?

 

Esme veio até nós e estava olhando diretamente para minha irmã.

 

- Eloise, você é uma pessoa muito querida para Edward e está claro para todos que ele ficara muito feliz se você ficar, e, além disso, você é uma pessoa muito boa e gentil que compartilhou seus segredos conosco e que ouviu nossa historia também, por isso nós queremos que fique conosco e que faça parte desta família.

 

Todos, até eu, estávamos olhando para Eloise, para ver sua reação, ela havia com certeza sido pega de surpresa, ela olhou pra cada rosto presente e depois sorriu timidamente.

 

-Claro. Porque não?

 

 

Agora a minha família estava completa.