Capítulo 8 – World Exposition

– Então quer dizer que toda aquela maluquice de mitologia nórdica é real? – Howard pergunta franzindo a testa.

Bufo, notavelmente impaciente.

Desde que saímos da mansão que Howard não fechou a boca um segundo sequer, eu estava sendo bombardeada de perguntas e mais perguntas sobre o futuro, e isso estava começando a se tornar cada vez mais irritante.

– Okay Howard, eu já disse tudo o que precisa saber, agora será que pode calar essa boca? Eu não aguento mais! – peço um tanto grossa, o que o fez arquear as sobrancelhas.

– É dessa forma que você fala com o meu filho? – ele questiona curioso.

Sorrio, um tanto sádica.

– Na verdade, ele é muito mais irritante que você, então sempre rola um xingamento ou então um soco na cara. – respondo o fazendo arregalar os olhos, e não segurei o riso ao ver sua expressão de espanto – Não se preocupe, eu não irei te machucar, afinal, eu preciso da sua ajuda. – completo o fazendo me encarar irônico. Respiro fundo – A propósito, obrigado por acreditar em mim e por me ajudar.

Howard dá de ombros, como se aquilo não tivesse sido nada pra ele, mas pra mim era alguma coisa sim.

– Bom, não é todo dia que se conhece alguém do futuro. – ele brinca, arrancando um sorriso torto de mim, o que o faz sorrir sarcástico – Você não costuma demonstrar emoções com frequência, não é? – sou questionada pelo moreno.

Dou de ombros, um pouco indiferente.

– Prefiro me manter neutra, assim ninguém consegue saber o que estou pensando ou sentindo. – falo simplesmente.

A porta da pequena sala em que Howard e eu estamos é aberta por uma moça de cabelos castanhos, que sorria para o moreno de forma sedutora.

– Sr. Stark, está na hora de começarmos. – ela diz com uma voz um tanto sensual.

Surpreendo-me ao ver Howard retribuir com um sorriso malicioso.

– Já estou indo Mandy. – a moça sai e fecha a porta bem sorridente, e Howard se vira pra mim, enquanto eu o fitava de sobrancelhas arqueadas, sentindo uma leve sensação de que já tinha visto essa cena várias vezes – O que foi? – ele questiona.

Balanço a cabeça, sorrindo de maneira debochada.

– O Tony realmente teve por quem puxar. – comento somente, fazendo Howard revirar os olhos.

– Eu tenho que ir. – ele avisa fazendo-me assentir – Você vai ficar bem?

Sorrio irônica.

– Eu sou uma espiã muito bem treinada, acha que precisa se preocupar com isso? – indago o fazendo ponderar sobre minhas palavras. Reviro os olhos – É melhor você ir, o seu público te espera.

O moreno assente e se retira da sala, indo em direção ao grande palco. Se não me engano, Howard irá fazer uma demonstração sobre alguma coisa que não me lembro o que é. Bom, acho que não faz mal nenhum eu fazer parte da plateia.

Levanto do pequeno sofá em que estou sentada e me dirijo até a porta.

Assim que me retiro da sala, dou de cara com todo o espaço amplo escondido atrás das cortinas, que serviam de fundo para o enorme palco onde Howard e algumas mulheres deveriam estar fazendo a tal apresentação importante.

Olhando bem agora, o lugar da apresentação, todas aquelas pessoas... Essa exposição realmente é muito parecida com a Expo Stark que eu presenciei na missão em que fingi ser a secretária da Pepper.

– Senhoras e senhores. – a voz do pai de Tony adentra meus ouvidos chamando a minha atenção, e por uma brecha na cortina do lado do palco, pude vê-lo com seu microfone na mão, em frente a um carro vermelho – E se eu lhes dissesse que em apenas alguns anos seu automóvel não vai mais precisar encostar no chão mesmo? – enquanto ele falava, quatro das mulheres que estavam no palco tiram as quatro rodas do carro – Obrigado Mandy. – ele agradece a uma das moças – Com a tecnologia Stark e diversão de gravidade, vocês poderão fazer exatamente isso... – observo atentamente Howard girar um botão em algum tipo de painel, logo depois levantando uma alavanca devagar, surpreendentemente fazendo com que o veículo levitasse, subindo alguns centímetros. Porém isso não durou muito, várias faíscas começaram a emanar do local onde antes tinham rodas, até que uns estalos assustaram a todos e o carro voltou ao chão bruscamente. O público começou a aplaudir, enquanto eu simplesmente ria baixinho escondidinha atrás das cortinas – Eu disse em alguns anos, não foi? – Howard completa meio envergonhado por sua demonstração ir por água a baixo, enquanto eu me divertia com tudo aquilo.

[...]

Observo o moreno entrar na pequena sala, parecendo um pouco cansado, enquanto ainda podia ouvir os aplausos das pessoas, assim como os gritos de muitas mulheres também.

– Bela apresentação. – elogio o fitando com meu sorriso debochado – Pena que não tenha durado tanto. – eu realmente estava debochando do pobre Stark.

– Por enquanto. – ele diz tentando ao máximo ignorar minha provocação.

– Howard? – e mais uma vez a porta é aberta, pela mesma mulher que antes viera o chamar – Tudo pronto?

Olho para o moreno um tanto questionadora, e ele sorri minimamente me lançando um olhar significativo, fazendo-me rapidamente entender o que estava acontecendo ali, ou melhor, o que iria acontecer.

– Eu acho que não vou querer carona, afinal, eu sei o caminho. –pronuncio de maneira cínica, começando a dar meus passos em direção a porta, mas antes de sair, não deixo de sorrir falsamente para os dois que me observavam – Tenham uma boa noite.

E com isso, me retiro da sala, deixando Howard sozinho com a mulher, nem querendo imaginar o que eles fariam sozinhos naquela sala.

[...]

Olho ao meu redor, e tudo que vejo são pessoas andando pra lá e pra cá. Algumas famílias sorrindo e conversando, casais se beijando ou então passeando de mãos dadas... Nada muito diferente.

Sinto um ventinho gelado bater, fazendo-me automaticamente passar as mãos pelos meus braços, sentindo o frio tocar minha pele, afinal, o vestido que a empregada de Howard conseguira pra mim além de brega tinha mangas muito curtas.

Bufo, irritada, e começo a dar longos e rápidos passos, pronta pra voltar pra mansão, até que esbarro em algum idiota, o que resultou em minha queda de costas contra o chão.

– Ai. – deixo escapar assim que sinto a dor do impacto.

– Oh, minha nossa, mil perdões. – uma voz bastante conhecida me faz olhar pra cima, aceitando a ajuda que me era oferecida, me colocando de pé.

Assim que vejo quem havia me derrubado, não pude deixar de arregalar os olhos e arfar em espanto, mesmo que eu já soubesse que mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer, foi um grande choque ver Bucky Barnes bem diante dos meus olhos, um pouco diferente, mas ainda assim eu tinha quase certeza de que era ele.

– Bucky? – pronuncio involuntariamente, e quando me dei conta do que disse, já era tarde.

Barnes enruga o cenho, confuso.

– Sou eu... A gente se conhece? – ele pergunta obviamente sem entender porque eu o chamara pelo nome.

Sorrio inocente, embora por dentro eu estivesse nervosa, muito mesmo.

– Desculpe, é que eu te confundi com outra pessoa. – invento sendo bastante convincente, o fazendo sorrir.

– Me desculpe a senhorita por derrubá-la. – ele se desculpa.

– Sem problemas, está tudo bem. – respondo, controlando ao máximo minhas emoções, enquanto reprimia minha vontade de perguntar sobre Steve, afinal, nessa época eles são melhores amigos, o que significa que Bucky sabe onde o loiro está. E por mais que eu queira muito encontrá-lo, não posso perguntar diretamente, pois o deixaria desconfiado, e acho que ninguém mais além de Howard iria acreditar em mim por dizer que sou do futuro – Você é soldado? – pergunto analisando o uniforme em seu corpo, tentando achar um meio de conseguir o que quero sem dar mole.

Ele esboça um sorriso sarcástico.

– Acho que essa roupa me entrega... – e comenta divertido – Mas na verdade eu sou sargento e não soldado.

Assinto com um mínimo sorriso, até que uma ideia me vem à mente, qual talvez possa me levar diretamente a Steve.

– Você me parece ser bem amigável pra um sargento... – comento com uma expressão divertida, porém sendo sutil – Aposto que tem muitos amigos.

Ele dá de ombros.

– Bom, acho que sim, mas apenas um eu considero verdadeiro. – ele responde me fazendo sorrir internamente.

Eu estou quase lá...

– E esse amigo também é do exercito. – pergunto sorrateira, fazendo Bucky balançar a cabeça negativamente.

– Ele bem que tentou se alistar, mas infelizmente não o aceitaram.

Bingo! Acabara de conseguir o que precisava saber.

–Hey sargento, vem, vamos dançar. – uma voz feminina chama Barnes, fazendo-nos olhar para duas mulheres a alguns metros de distância, que pareciam esperá-lo.

– Eu preciso ir. – ele avisa olhando-me com um sorriso simpático, simplesmente assinto, logo vendo o mesmo se afastar um pouco, mas de repente ele para e se vira – Desculpe, mas você não me disse seu nome...

“Porque você já sabe seu idiota!” respondo em pensamento, afinal o futuro eu dele realmente já sabe o meu nome.

– É Natasha. – digo por fim, com um sorriso torto em meus lábios.

Ele acena com a cabeça.

– Foi um prazer conhecê-la, Natasha. – e com isso, o observo sorrir de maneira galanteadora antes de seguir em direção as duas mulheres.

Okay, eu nunca imaginei que Bucky fosse assim tão galanteador, e pior, jamais sonhei que ele usaria isso comigo algum dia. Céus! Meu pesadelo fica pior a cada minuto que passa... Mas pelo menos ele me deu uma informação muito importante para minha busca.

De acordo com Barnes, Steve ainda não foi aceito no exército, o que significa que eu não irei encontrá-lo lá... Pelo menos ainda não.