Capítulo 7 – Telling the truth

Com passos lentos, quase arrastando meus pés no chão, ainda com um pouco de sono apesar da minha gritaria com o Stark há poucos minutos, eu desço as escadas da mansão, enquanto meus pensamentos se direcionavam a burrada que o Tony havia feito.

Eu já estava com ódio daquele playboy por ter me mandado pra cá contra a minha vontade, mas agora eu ultrapassei meu limite, nem sei se é possível alguém sentir a quantidade de raiva que estou sentindo do Stark. Aquele desgraçado tinha que me deixar presa aqui, não é? Ah, mas isso não vai ficar assim, Tony vai me pagar e muito caro!

E no meio disso tudo, ainda tem o Steve. Ai meu Deus, nem imagino como ele deve estar... Será que ele já sabe de tudo? Bom, provavelmente não, pois se soubesse, certamente o Stark já estaria morto. Não quero nem ver como será quando ele descobrir tudo, o coitado do Tony não vai poder nem ter filhos por conta da surra que ele irá levar.

Repentinamente um flash me vem à cabeça, enquanto minha mente resgata uma lembrança que estava muito bem guardada...

“– Eu te amo. – a voz rouca e apaixonante de Steve adentra meus ouvidos, fazendo-me sorrir abertamente como uma boba apaixonada.

Estávamos deitados na cama, com os corpos colados um no outro, completamente nus por debaixo das cobertas. A noite havia sido uma das melhores da minha vida, eu havia desfrutado de um amor que jamais havia conseguido antes, estava realmente feliz, pois sabia que o que eu sentia pelo Steve era bem mais que recíproco.

Ambos nos amávamos, e isso era tudo pra nós.

– Eu adoro quando você diz isso. – respondo com a voz baixa, com meu rosto próximo ao seu, logo selando nossos lábios em um beijo apaixonado.

Sinto as mãos de Steve tocarem a minha pele, trazendo-me uma sensação muito boa, fazendo-me gemer de prazer entre o beijo, e isso o fez sorrir.

– Você é a mulher mais linda e perfeita que eu já conheci, sabia? – ele confessa olhando no fundo dos meus olhos, fazendo-me sorrir, percebendo sua sinceridade – Por isso eu prometo que nunca vou deixar que nada e nem ninguém nos separe.

Dou-lhe um rápido selinho antes de voltar a fitá-lo.

– Então somos dois a fazer essa promessa.

Sinto os braços de Steve envolver minha cintura enquanto o mesmo puxava meu corpo para cima do dele, capturando meus lábios com vontade, e iniciando assim um beijo quente, cheio de amor e de desejo, isso de ambos os lados... ”

– Porque está com esse sorrisinho bobo na cara. – a voz de Howard me desperta no exato momento em que adentro a cozinha, e nem percebi que a lembrança havia arrancado um sorriso bobo de mim.

Fecho a cara, mudando meu sorriso para um falso e irônico.

– Um bom dia pra você também. – respondo sem o menor humor, sentando-me sobre a mesa, e encarando o moreno a minha frente.

Ele permanecia sentado à mesa lendo um jornal.

– Na verdade é boa tarde. – ele corrigi largando um jornal sobre a mesa e me fitando com expressão séria – Espero que já tenha uma ideia de pra onde vai.

O fito, incrédula com sua falta de solidariedade, porém logo esboço um sorriso cínico, meio amargo, lembrando-me do fato de estar presa aqui até sei lá quando.

– Infelizmente eu não posso ir embora daqui. – respondo, e Howard me olha confuso. Dou de ombros – Você vai ter que me aturar por tempo indeterminado.

O Stark ri, como se o que eu acabei de dizer fosse uma mera piada, mas acontece que não era nada disso, eu estava falando muito sério.

– Você tá de brincadeira, não tá? – ele indaga após o riso, recebendo em resposta um balanço negativo de cabeça, o que o fez desmanchar o sorriso – E por que acha que eu deixaria você ficar aqui?

Respiro fundo.

Será que se eu contar a verdade a ele vou parecer uma maluca? Bem, com certeza ele vai me achar uma doida varrida e ainda é até capaz de me mandar para um hospício. Se ao menos houvesse uma forma de provar o que pretendo dizer...

De repente uma ideia me vem à mente, e de maneira imediata dirijo meu olhar às pulseiras, vendo que cada uma tinha um pequeno botão. Se eu aperto o botão da pulseira em meu pulso direito para atender as chamadas de Tony, talvez se eu apertar o botão da pulseira no meu braço esquerdo consiga fazer uma chamada.

Sorrio torto, pronta pra falar toda a verdade...

– Porque eu vim do futuro. – despejo a resposta repentinamente.

Howard me fita por alguns segundos, totalmente incrédulo com o que eu acabara de falar.

– Okay, acho que você bateu a cabeça muito forte quando eu te atropelei e por isso está falando que nem uma maluca.

Esboço um sorrisinho cínico e resolvo colocar em prática meu plano para fazê-lo acreditar em mim.

– Eu não sou maluca e posso provar que o que digo é a verdade. – respondo convicta, dando continuidade e começando a explicar – Eu venho de um futuro distante, onde a tecnologia está em seu estágio mais avançado, onde alienígenas e super-heróis são reais, e onde seu futuro filho, Anthony Edward Stark, vive como um bilionário conhecido mundialmente, e que adora construir armaduras de ferro, com as quais ele salva o mundo de grandes ameaças. Mas ele não trabalha sozinho, pois eu, uma assassina e espiã geneticamente modificada, também conhecida em minha época como Viúva Negra, o ajudo junto com mais alguns heróis repletos de poderes que você consideraria “anormais”. – a cada palavra, Howard permanecia em silêncio, ouvindo tudo atentamente – Aliás, foi o seu filho quem construiu uma máquina do tempo e me mandou pra cá, acho que deve se sentir orgulhoso por ele ser o primeiro homem a realizar algo tão grande.

– Você acha mesmo que eu vou acreditar nessa paranóia? – Howard questiona me olhando de maneira sarcástica, e certamente ele devia me achar uma mulher com retardo mental.

– Óbvio que você não vai acreditar em mim. – respondo seriamente – Não se eu deixar de te mostrar isso... – estendo meu braço direito sobre a mesa e aperto no botão da pulseira.

Alguns segundos se passam até que a imagem de Tony aparece em holograma, e isso causou um grande espanto em Howard.

– Que isso Natasha, já estava com saudades de mim? – o playboy pronuncia com seu sorriso debochado.

Sorrio minimamente, balançando a cabeça levemente de forma negativa.

– Na verdade Tony, eu só chamei você por que preciso que me ajude com uma coisinha, e também porque quero te apresentar a alguém... – olho para Howard e faço sinal para que o mesmo se aproxime.

O pai de Tony se movimenta lentamente em minha direção, e quanto para ao meu lado, as expressões nos rostos dos dois Stark era nítida, se a situação fosse outra, eu certamente riria da cara deles.

– Diga olá para o seu pai, Tony. – falo quebrando todo o silêncio, realmente me divertindo com a situação.

– Meu Deus! Ele se parece comigo. – a voz de Howard soa em puro espanto, enquanto o mesmo fitava ora Tony ora eu completamente abismado – Então é verdade, você é mesmo do futuro.

Sorrio, satisfeita por enfim conseguir fazê-lo acreditar em minhas palavras.

– Eu disse que não sou maluca. – respondo simplesmente – Por que acha que eu não quebrei a perna quando você me atropelou?

– Porque ela tem um soro muito poderoso em seu corpo que a ajuda a se curar mais rápido que o normal e também a faz resistir a impactos fortes. – dessa vez quem se pronuncia é Tony, com sua habitual ironia de sempre – Agora que ele já acredita em você, posso voltar a consertar a máquina?

– Tem razão, é melhor você consertar logo essa coisa. – digo fitando o Stark com olhar significativo, e o mesmo logo desliga a comunicação.

Direciono meu olhar para Howard, o mesmo mantinha um sorriso impressionado nos lábios, enquanto me analisava, encarando-me como se eu fosse algo novo, desconhecido pra ele.

– Incrível. – ele pronuncia após um tempo, totalmente maravilhado.

– Então Howard... Ainda quer que eu vá embora? – questiono com um sorriso zombeteiro, já imaginando qual seria a sua resposta.

[...]

“Meus olhos observam atentamente os passos de Bucky Barnes.

Com uma arma em suas mãos, ele se aproxima devagar de um dos carros estacionados ao lado da calçada, de onde o som de minha voz gravada em um aparelho exalava chegando aos ouvidos do inimigo.

Então ele dispara o projétil contra o veículo, fazendo o mesmo explodir. Aproveito-me desta distração e pulo por cima de um dos carros parando somente ao encaixar minhas pernas em seu corpo, sentando sobre seus ombros e tentando enforcá-lo com uma corda, porém o infeliz se movimenta segurando meu corpo com seu braço de metal, lançando-me contra um dos vários carros.

O impacto de minhas costelas contra o veículo fora forte e me fez soltar um gemido de dor. Caída sobre o asfalto, percebo o Soldado Invernal apontar sua arma em minha direção, mas consigo ser mais rápida que ele, arremessando um disco de choque em seu braço biônico, dando assim um tempo para que eu pudesse correr.

Eu tentava acelerar meus passos cada vez mais, temendo a cada segundo que algo me acontecesse.

– Saiam daqui. – grito para as pessoas que estavam ali, apavoradas com toda a confusão, completamente em pânico – Saiam daqui. – ordeno pela segunda vez.

Então eu sinto, em meu ombro esquerdo, a bala perfurar violentamente minha pele, causando-me uma terrível dor, enquanto eu caía de joelhos sobre o chão, encostando-me em um carro, arfando e olhando para todos os lados em busca de quem havia disparado.

Um barulho repentino me faz olhar para traz, e avistei Bucky próximo a mim, com sua arma apontada em minha direção... Ele estava prestes a me matar... ”

Abro os olhos em um ímpeto, um tanto assustada, percebendo que tudo não passara de um sonho, uma lembrança do dia em que Steve descobrira que seu melhor amigo estava vivo, e pior, trabalhava para a Hidra.

Olho para Howard, que permanecia segurando firmemente o volante de seu carro, com os olhos atentos a estrada, enquanto eu estava sentada no banco de trás, acordando desse breve devaneio.

Eu acabara de sonhar com Bucky. Isso significa apenas uma coisa... Ele é a próxima pessoa que irei encontrar.