Paz Temporária - Chama Imortal escrita por HellFromHeaven


Capítulo 16
O término da paz




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Os treinamentos seguiram firmes, dia após dia, mesmo que contra a vontade dos membros preguiçosos. Tivemos algumas desistências logo no começo, mas isso não era importante. Principalmente porque Roward continuou atraindo mais pessoas para a nossa causa e este número superava a o de “baixas”. Chegamos a discutir sobre este assunto e sobre o quão perigoso seria deixar esses desistentes andando livres por aí. Afinal, eles sabiam sobre a existência da organização e onde estávamos nos abrigando. Mas chegamos à conclusão de que não havia muitos problemas, uma vez que ainda não tínhamos feito nada “importante”. No final, acabamos apenas “ignorando-os”. Roward disse que deixaria uns “contatos” de olho neles e que poderíamos ficar tranquilos.

Durante esse período de “tranquilidade” e treinamentos, descobri que Sayumi era muito mais “durona” do que aparentava, chegando a deixar alguns... Não, a maioria dos membros com medo dela. Isso não me inclui, claro, já que lidei com várias pessoas assim durante minha juventude. Acho que essa rotina durou cerca de uns dois ou três meses, mas não posso falar com certeza. O padre nos visitava toda semana trazendo notícias sobre a situação do país e, principalmente, da Igreja. Nosso líder e fundador do grupo passou a maior parte desse tempo fora à procura de coisas das quais apenas ele possuía conhecimento, mas, de acordo com os outros membros, isso era algo extremamente normal.

Enfim, aquele ser estranho ou, como ele gostava de dizer, “excêntrico” havia voltado há alguns dias quando Ronmanoth chegou muito apressado ao templo logo de manhã. O horário não era o de costume e muito menos o dia, uma vez que ele havia nos visitado no dia anterior. Então isso só poderia querer dizer uma coisa: algo estava errado. Sayumi estava conduzindo o treino matinal enquanto eu limpava o lugar e Roward ainda dormia. O padre estava tão desesperado ou... Não sei bem como descrever aquilo, mas enfim... Ele veio até mim quase tropeçando nos degraus da escadaria e me segurou pela camiseta. Fiquei realmente espantada com aquela atitude. Afinal, ele sempre foi muito calmo e educado. Enfim, ele me sacudiu algumas vezes antes de conseguir falar o que queria.

– Onde está o Roward? É uma emergência!

Segurei as mãos do homem, e, para minha preocupação, estavam muito trêmulas.

– Acalme-se, padre.

– Não há tempo para se acalmar! Preciso falar com ele agora!

– Respire voc...

– A Igreja... Eles... As pessoas... O Row...

Fui sacudida, interrompida e tinha um homem gritando na minha cara, logo minha paciência cedeu e dei um tapa no rosto dele.

– Eu disse para se acalmar, droga!

Meu método pareceu extremamente efetivo, pois ele calou-se rapidamente e levou uma das mãos ao rosto. Sei que deveria ser uma sacerdotisa pacífica, mas tudo tem limite e o da minha paciência já não estava muito estável. Respirei profundamente algumas vezes para não ficar estressada também e coloquei as mãos nos ombros do padre.

– Agora que estamos calmos, conte o que houve.

– Bem... Desculpe-me... Foi muito rude de minha parte sacudi-la e gritar assim.

– Não se preocupe com isso. Eu te bati, então estamos quites.

– Heh. Tudo bem.

– Enfim... Fale de uma vez.

– Ah... Sim, claro. Ontem à noite, depois que eu saí daqui, fui convocado para uma reunião de emergência com os membros do clero. Lá, descobri coisas que me deixaram extremamente perturbado.

– Percebi.

– Parece que seu ato de “rebeldia” naquele culto repercutiu por todo o país.

– Anh? O que quer dizer com isso?

– Algumas pessoas filmaram sua discussão e esses vídeos se espalharam como uma “epidemia”.

– Não sei o que é um vídeo. Devo ficar triste ou feliz?

– Bem, é uma boa notícia para a nossa causa, já que muitos dos que viram esses vídeos decidiram começar a se rebelar contra a imposição da Igreja.

– Então eles só estavam esperando alguém começar.

– É o que eu acho. Mas o problema em si não é esse. O número de atentados e “correções”, que é como eles chamam assassinato a hereges, tem aumentado drasticamente nos últimos meses.

– Deixe-me adivinhar, agora eles querem fazer uma “limpeza” na população?

– Sim. Isso foi intuição?

– Não, é quase como se a Reforma Cética estivesse acontecendo de novo.

– Bem, pelo menos eles não chegaram nem a dominar Harvyre.

– E esse é o nosso principal motivo para agir rapidamente.

– Mas... Eu não entendi. Por quê?

– Os céticos começaram com pequenos atentados e como éramos pacíficos decidimos ignorar. O resto vocês já sabem. Se não os destruirmos antes que “amadureçam” será tarde demais.

– Entendo... Ah! E eu nem contei o mais preocupante.

– Então conte, oras.

– Eles pretendem começar essa “limpeza” o mais rápido possível.

– Já esperava por isso.

– Mas o pessoal responsável por esses serviços está sempre espalhado pelo país, então vai demorar um pouco até que eles possam realizar a expedição em massa. Sem falar que eles precisam recrutar mais pessoal, já que estes assassinos são poucos se levarmos em conta a quantidade de fiéis e membros do clero.

– Tudo bem, mas isso não me parece nada preocupante. Na verdade é até uma boa notícia.

– É que eu ainda não terminei.

– Oh. Desculpe-me por interrompê-lo. Prossiga.

– Enfim, como o plano vai demorar muito para ser concretizado e as rebeliões só estão aumentando eles decidiram fazer uma espécie de aviso.

– Conte-me mais.

– Em uma cidade perto daqui surgiu um pequeno grupo rebelde liderado por um ex-policial. De acordo com o bispo, essas pessoas foram capturadas na semana passada e serão assassinados na praça principal da cidade para servir de exemplo aos cidadãos de Harvyre. “Eles serão decapitados, seus corpos serão fuzilados e empalaremos suas cabeças em grandes mastros que ficarão ali até que sua carne apodreça!”, disse o bispo.

– Nossa... E ainda se fazem de santos. Esses atos são dignos de algumas tribos mercenárias da minha época. Eram a escória da escória. Quem diria que as pessoas que são as “vozes dos Deuses” se rebaixariam a esse nível.

– Pois é, é algo realmente decepcionante.

– Eu estava sendo brincando. Os céticos queimaram templos com crianças dentro e também fizeram coisas desse tipo. Então não esperava nada diferente desses Fallen Ones.

– Oh... Entendo.

– Você não conhece a maldade humana, padre. Tome cuidado com isso, pois o destino da nossa organização é bater de frente com ela. Prepare seu psicológico, pois isso não é nada. Estou avisando porque somos companheiros.

– Eu... Vou me esforçar. A última coisa que tenho em mente é desistir da nossa luta.

– É assim que se fala Ronmanoth. Ah, quase me esqueci. Quando eles pretendem fazer essa execução?

– Então... Era por isso que estava tão desesperado. Eles pretendem fazer amanhã ao meio dia.

– Droga... Isso vai complicar bastante nosso lado. Vamos, precisamos avisar o Roward.

Passamos no “campo de treinamento” (onde antes ficavam as hortas e plantações) e chamamos Sayumi. Depois disso, fomos rapidamente até o quarto onde nosso líder dormia profundamente. Chutei-o da cama, fazendo com que o infeliz acordasse assustado. Ele ainda demorou um pouco para acordar de vez, mas logo explicamos tudo aos dois.

– Entendo. – disse Roward. – Droga, eu conhecia aquele grupo. Estava até acertando uma parceria com eles.

– Isso realmente é uma situação extremamente complicada. – disse Sayumi. – Uma execução em praça pública diminuiria a moral de nossos aliados e assustaria aqueles que estão em dúvida sobre se juntar ou não à causa.

– Concordo plenamente com você. – disse. – Precisamos impedi-los a qualquer custo.

– Com certeza. – disse Roward. – Como vãos os treinamentos do pessoal?

– Quer saber se eles são capazes de atuar em uma missão de resgate como essa? – indagou Sayumi. – Eles aprenderam bem as táticas de combate e furtividade, mas ainda há alguns que não conseguem entender o que é trabalho em equipe.

– Bem, isso nos coloca em uma posição complicada. – disse. – Alguns dos membros realmente continuam com problemas de comportamento, mesmo depois de algumas punições. Mas acho que poderíamos separar alguns para amanhã.

– Poderíamos levar os vinte melhores. Daí eu lidero cada uma de nós lidera um grupo com dez.

– Estava pensando exatamente nisso. Gostaria que vocês dois nos monitorassem enquanto impedimos a execução. Há mais uns cinco ou seis membros que poderiam ser usados para isso.

– Heh. Parece que eu estava certo em confiar o treino de nossos companheiros a vocês duas. Então... Parece que cuidaremos da segurança delas, certo padre?

– Bem, eu acabei me esquecendo de dizer, mas preciso estar presente junto aos outros padres e bispos na hora da execução.

– Sério? Puta que pariu! – exclamou Roward. – Você só pode estar de sacanagem! Isso vai foder o plano!

– Acalme-se, Roward. – disse, um pouco irritada. – Isso não vai nos atrapalhar em nada. O papel dele seria ficar de olho em nós e nos avisar de qualquer imprevisto. Não há melhor lugar para nos observar do que do meio dos hipócritas.

– Verdade. – complementou Sayumi. – Se você vir qualquer coisa suspeita mande uma mensagem para o Roward que ele nos avisa. Apenas tome cuidado para não ser descoberto e se isso acontecer fuja o mais rápido possível e nos avise assim que possível. A segurança do grupo que será “julgado” e dos envolvidos na missão será a prioridade amanhã.

– Teremos que conversar com os membros sobre isso. Não quero ninguém agindo de forma irresponsável por se deixar levar pelos sentimentos. Afinal, sou a única imortal da organização.

– Então está decidido! – exclamou Roward. – Amanhã impediremos esse ato hediondo e, com isso, ganharemos mais apoio do povo!

– Isso também significa que os dias tranquilos acabaram. – disse. – Afinal, assim que a Igreja souber da nossa existência seremos seus próximos alvos. Isso me lembra de que devemos avisar aos que ficarem aqui manterem a guarda e nos se prepararem para o pior. Aliás, para evitar o pior.

– Muito bem lembrado. – complementou Sayumi. – Nessas situações o “quartel general” fica extremamente vulnerável. Principalmente com a experiência de nossos membros. Acho até que devíamos deixar alguns dos mais experientes aqui só para garantir que nada aconteça.

– Ótimo! – exclamou Roward. – Fico muito feliz em saber que tenho duas profissionais nesse tipo de coisa conosco. E quanto ao lance de nos expormos... Uma hora ou outra isso acabaria acontecendo. Ainda bem que será de uma forma favorável para que ganhemos novos colaboradores.

– Isso se tudo der certo, claro. – disse. – Mas isso talvez nem seja preciso. Pensei melhor e deixarei a Sayumi com o grupo de dez e o meu ficará aqui para evitar qualquer surpresa. Posso lidar sozinha com os assassinos e servirei de isca. Então contarei com o outro grupo para realizar o resgate.

– Por mim tudo bem. – disse Sayumi. – Assim nossas chances de baixas diminuem bastante.

– Bem, então está decidido! Amanhã começaremos a operação “Resgate”! Esses hipócritas não têm ideia de onde se meteram!


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Notas finais do capítulo

Bem, consegui escrever mais um capítulo essa semana então... Parabains para mim! *joga confetes*
*Caham* Enfim, as tretas serão intensas a partir de agora e o barato vai ficar loko.
Vou sair num acampamento, então sem capítulos até semana que vem (vou ficar devendo xD)
De qualquer jeito, agradeço por trem lido até aqui, espero que estejam gostando e até a próxima =D



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