Paz Temporária - Chama Imortal escrita por HellFromHeaven


Capítulo 13
Um pequeno massacre




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A situação não era nem um pouco favorável: havia muitos deles e estávamos cercados, um deles estava no meio da plateia e olhava diretamente para mim, todos estavam armados e suas posturas indicavam que tinham experiência em combate. Aliás... Seria desfavorável se não fosse por um “pequeno” detalhe... Eu era imortal. Quer dizer... Talvez não apenas por isso, pois já havia enfrentado situações parecidas nos meus tempos de assassina e consegui me safar com maestria. É claro que eu estava um pouco enferrujada na arte de matar, mas sempre mantive meu treinamento para preservar minha forma e conseguir proteger o templo mesmo depois de ficar imortal. Enfim, fechei meus olhos, limpei minha mente e deixei meus instintos de batalha fluírem. Direcionei minhas forças para os braços e pernas e estalei meus dedos. Ao abrir meus olhos, concentrei-me para visualizar os pontos vitais de todos. Na verdade isso não era algo que requeria concentração, pois passei a ver claramente tais pontos quando ganhei minha imortalidade. T’eemu disse que foi um efeito colateral do “acordo” com um espírito. De qualquer jeito, estava pronta e meu ferimento já estava curado.

O sorriso no rosto do atirador que me atingiu revelava que o mesmo acreditava em uma vitória certa. Pelo jeito ele não me viu retirando o projétil de meu corpo como se fosse apenas um mosquito que eu acabara de matar com um tapa. Porém isso não era um problema. Afinal, eu iria acabar com aquele sorriso rapidamente. Olhei ao redor para verificar a situação dos meus ouvintes e todos estavam entre o palanque e a arquibancada. Ou seja, eles me separavam de todos os homens armados, embora eu estivesse exposta graças à altura do palanque. Seria um pouco mais complicado do que eu imaginava, já que não queria que nenhum dos civis fosse ferido. Bem, como situações desesperadoras requerem medidas desesperadas... Decido primeiramente ganhar na lábia:

– O que significa isso? Quem são vocês?

O homem que me atingiu pareceu gostar da minha atitude. O que não era de se espantar, pois uma tentativa de diálogo poderia significar que eu acreditava estar em desvantagem. O que não era a verdade. Enfim, ele resolveu me responder com um tom extremamente arrogante:

– Nós somos o pior pesadelo de todos os hereges! Os mensageiros da justiça! Aqueles que garantem que as palavras dos Deuses sejam ouvidas! Somos os Santos Justiceiros de Branco!

Aquelas palavras causaram um grande impacto na minha sanidade. Mas por sorte, esta era bem protegida pela minha fé. Refleti por um segundo e cheguei à conclusão mais sã possível: nada além de besteiras. Palavras vazias que tentavam embelezar e mascarar o fato de que eram apenas assassinos comandados pela Igreja. Tal resposta me fez suspirar profundamente, pois esse tipo de gente, cuja mente não estava mais funcionando direito, era o mais difícil de se lidar com palavras... Isso quando era possível lidar com eles desta forma. Porém, a situação pedia que eu tentasse:

– Bem... Isso quer dizer que vocês estão aqui para nos matar, certo?

– Exatamente! Todos aqueles que se opõem à Igreja merece receber o julgamento divino! Vocês hereges pagarão por seus atos!

– Nesse caso, onde está o ser divino que vai nos julgar?

– Você... O quê?

– Você não disse que nós receberíamos o “julgamento divino”? Então, onde está o ser divino que nos julgará?

– Bem... Isso... Não... Não tente me enganar com suas palavras venenosa, herege! Não escapará da justiça com simples frases! Nós não somos como o bispo e não seremos enganados por suas palavras, ser maligno!

– Tudo bem... Nesse caso libere essas pessoas.

– Anh? Por que nós faríamos isso?

– Vocês não estão atrás do ser maligno? De acordo com o que você disse este seria eu. Então as outras pessoas não têm nada a ver com isso.

– Muito engraçado! Eles são cúmplices de seus atos malignos! Seu veneno já está correndo pelas veias destas pessoas! Já não há mais volta!

Essa frase me preocupou demais. E... Infelizmente eu vi que não haveria salvação para aquelas pessoas. Eles eram muitos e possuíam armas de longo alcance e provavelmente só esperavam a ordem para abrir fogo. Como a esperança parecia estar perdida, me preparei para saltar sobre o homem e acabar com ele ali mesmo, mas... A sorte decidiu nos abandonar naquele dia. O homem levantou a mão direita e gritou:

– Deem a esses infiéis um pouco de justiça divina!

E então... Disparos, gritos e... Enfim... Silêncio. Vários projéteis haviam me atingido, mas eu tinha conseguido pular sobre as pessoas e estava deitada sobre o homem, que gargalhava. Sua risada insana era o único som que podia ser ouvido. Levantei-me e olhei para trás. Todas aquelas pessoas... Idosos... Adultos... Jovens e crianças... Todos caídos uns sobre os outros com vários buracos em seus corpos e em cima de uma grande poça de sangue. Aquela cena provavelmente abalaria a sanidade de pessoas normais, mas aqueles homens estavam lidando com uma ex-assassina. Usei tal imagem para me dar forças para acabar com todos aqueles infelizes e vire-me para o aparente líder deles. Este me encarava espantado, pois desta vez meus ferimentos eram totalmente aparentes e mesmo assim mantive minha expressão séria. Olhei ao redor e percebi que todos os outros ficaram levemente abalados comigo.

– O... O que é você? – indagou o líder.

– Como assim? Vocês vieram matar alguém e não sabem nada sobre essa pessoa? Que tipo de assassinos são vocês?

– M... M-monstro! Atirem nesse monstro!

Olhei para os outros assassinos e estes pareciam paralisados, para o azar de seu líder. O peguei pela gola de sua camisa e o ergui até seus pés não encostarem mais no chão. Isso fez com que ele começasse a tremer e prolongou a paralisia de seus subordinados.

– Vocês mataram cerca de cinquenta inocentes e agora ficam abalados porque estou de pé? Não passam de covardes que se escondem atrás de uma falsa justiça motivada por puro fanatismo. Pessoas como vocês me dão nojo!

O arremessei contra o subordinado mais próximo e avancei contra o da direção oposta. Pulei sobre ele e o fiz cair. Aproveitei o momento e peguei uma faca que estava em sua “armadura”. A usei para cortar seu pescoço e investi contra o próximo. O desespero deve ter tomado conta do grupo, pois eles decidiram vir todos contra mim, o que apenas facilitou meu trabalho. Em pouco tempo aquela faca estava tão vermelha quanto o chão que sustentava a pilha de cadáveres de inocentes. O líder estava paralisado no chão e apenas assistiu toda a batalha. Exatamente como eu queria. Caminhei lentamente em sua direção enquanto ele se arrastava para longe de mim. Rapidamente o alcancei e cravei a faca em sua perna direita. Ele gritou de dor. Segurei seu pescoço com minhas duas mãos e comecei a apertar, aumentando a força gradativamente. O homem começou a se desesperar e tentou com todas as suas forças tirar minhas mãos de sua garganta, mas a dor em sua perna o impedia de usar toda sua força.

– Pelo amor... Dos Deuses... Poupe... Minha vida...

– Você é idiota? Acabou de matar vários inocentes. Por que eu pouparia sua vida?

– Eu... Posso ajudar... Posso...

– Não quero sua ajuda. Seria louca se confiasse em um fanático como você. Apenas cale a boca e morra para preservar o pequeno vestígio de dignidade que lhe resta.

Não sei se me escutou ou se já não conseguia mais falar, mas ele ficou em silêncio depois da minha fala. Suas mãos pararam de segurar as minhas e sua respiração cessou poucos segundos depois. Retirei a faca de sua perna e cortei sua garganta apenas por precaução. No final, estava completamente coberta de sangue. Observei os corpos da minha plateia por alguns segundos, orei por suas almas e fui até a estalagem. Lá, fui recebido pelo “guia”, que se espantou ao ver meu estado e rapidamente me levou para o porão. Ronmanoth estava lá e quase vomitou devido ao cheiro de sangue. Aconselharam-me a tomar um banho antes de explicar o que havia acontecido e... Bem... Assim o fiz.

Depois do banho até me senti um pouco melhor e fui diretamente para onde o padre estava. Pelo jeito ele havia avisado os outros líderes, pois ambos estavam lá. Então, rapidamente comecei a explicar a situação:

– Olá, vocês.

– O que aconteceu? – perguntou Roward espantado. – O padre disse que estava coberta de sangue quando chegou aqui.

– E isso é verdade. Estava prestes a começar mais uma etapa da operação “Reconstruindo a verdade” quando houve um disparo no meio da plateia que me atingiu na barriga e... Bem... Para resumir, um grupo chamado “Santos Justiceiros de Branco” nos cercou. Eram uns dez ou mais e todos estavam armados. Tentei negociar com eles, mas eram fanáticos e esse tipo de gente não raciocina. Então eles mataram todos da plateia e eu os matei e troca.

Os três ficaram me observando espantados. Na verdade, o padre estava boquiaberto, Roward parecia abalado e Sayumi apenas parecia preocupada. O silêncio decidiu fazer uma breve aparição e tomou conta do local durante esse período. Depois dessa pausa, decidi começar uma pequena reunião:

– Bem... Não acho que eles vão parar por aí. Têm ideia do que faremos agora?

– Bem... – disse Roward enquanto coçava o queixo. – Eu esperava esse tipo de reação da Igreja... Só não esperava que seria tão cedo...

– Isso prova que estávamos certos sobre o grupo armado dos Fallen Ones. – disse Sayumi. – Está aí algo que podemos usar contra eles futuramente. Caso a gente consiga um bom material para expor esses filhos da puta à UDH.

– É... Sem falar que tal massacre não será ignorado pela mídia. – complementou o padre.

– Sim, mas isso é outra coisa para nos preocuparmos. – disse Sayumi. – A essa altura os putos já devem ter controle sobre a mídia. Provavelmente usarão esse evento contra nós.

– É... É uma boa possibilidade. – disse Roward. – Droga... Eu queria deixar a violência como último recurso... Não gosto da ideia de termos que nos preparar para uma possível guerra armada.

– Concordo com você. – disse. – Mas infelizmente... As ações de hoje provam que a seita não está de brincadeira. Eles provavelmente nos caçarão. E... Bem, eu estou tranquila porque sou imortal. O que me preocupa são vocês.

– Bem... – disse Sayumi. – O melhor jeito seria mudarmos nossa base de operações para um local secreto e, de preferência, afastado.

– Com a influência da Igreja crescendo desse jeito? Só se construirmos uma cabana na floresta. – zombou o padre.

– Essa é uma boa ideia... – disse.

– Anh? Eu estava só de brincadeira. Não temos tempo nem matéria prima para fazer isso.

– Não estou falando da cabana. Estou falando da floresta. O templo da T’eemu é muito grande e fica na Red Moon Forest. E... Eu não vejo problema nenhum usar aquele lugar como a base. Afinal, nosso objetivo não é obscuro.

– Essa é uma ótima ideia! – exclamou Roward. – E como religiosos são supersticiosos, eles nunca iriam entrar naquela floresta “amaldiçoada”.

– Quem diria que uma simples brincadeira minha levaria a uma solução decente... Realmente me parece uma ótima ideia! Só precisamos avisar os outros membros.

– A fiscalização deles vai ficar cada vez mais rigorosa. – disse Sayumi. – Então precisamos levar os equipamentos para lá o quanto antes. Sem falar que uma hora ou outra teremos que nos mudar de vez para lá. Pelo menos até encontrarmos outra base. Tem certeza de que realmente não há problema nisso, Tsuya?

– Sim. Apesar de não querer envolver coisas relacionadas à T’eemu com violência... Sinto que não há outro jeito. É claro que se encontrarmos outro lugar a preferência será que nós mudemos as coisas para lá. Mas como esta é a solução mais rápida e viável... Não vejo problema nenhum.

– Então está decidido! – exclamou Roward. – Padre! Quero que você convoque uma reunião com todos os membros para amanhã em qualquer horário. Eu vou atrás de mão de obra e transporte. Sayumi, quero que cuide dos recrutamentos. Essa será a operação “Mudança de planos”.

Saímos da estalagem e cada um foi para um lado. Fiquei com essa reunião na cabeça até chegar ao templo. Percebi que estava sacrificando, pouco a pouco, alguns de meus valores enquanto tentava alcançar meu objetivo. Mas grandes feitos requerem sacrifícios de valores equivalentes. Então apenas decidi aceitar esse fato e me conformar de uma vez. Outra decisão minha foi a de visitar Ruby no dia seguinte e... Dizer que não poderíamos nos ver até tudo aquilo acabar. Minhas visitas poderiam colocar a segurança daquela família em risco e eu nunca me perdoaria caso acontecesse algo a eles. Pois é... Eu teria apenas uma noite para preparar meu psicológico para uma despedida praticamente definitiva... As coisas realmente não estavam a nosso favor.


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Notas finais do capítulo

abvuahcjioanocvianvç Eu fiz isso mesmo... Postei dois capítulos no mesmo dia *joga confetes*
*caham* Enfim... esse teve mais ação e o ritmo da história vai ter uma leve mudança daqui pra frente.
Agradeço a quem leu até aqui, espero que estejam gostando e até a próxima =D



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