Doce Amargura escrita por BabyDoll


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Hello people! o/
Demorei né? ~desculpem ;-;~ Tentarei não demorar tanto.
Bom, o capítulo ta bem emotivo, já vou avisando e.e
Se acharem errinhos no capítulo me perdoem, minha beta não pode dar uma conferida, mas postei mesmo assim. Obrigada de novo á todos que favoritaram e estão acompanhando, deixaram uma autora muito feliz! ;u;
Bem, vamos ao capítulo. Boa leitura! o/



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—E foi isso.

Eu, Sophia e Kentin estávamos sentados na grama do parque, recostados em uma grande árvore. Os dois me olhavam fixamente enquanto contava o que aconteceu.

Sophia ainda se culpava pelo que aconteceu, e eu estava quase batendo a cabeça dela no tronco da árvore para ela ficar inconsciente por alguns instantes e me deixar pensar em paz.

—Espera, seus pais decidiram te mandar para outra cidade só por isso? Fala sério, você já fez coisas piores e não deram tanto problema. –Ken segurou minimamente meu braço.

—Sim, decidiram. É como se eles quisessem me torturar, acho que as palavras daquela bruxa velha entraram na cabeça deles e os persuadiram de tal forma que a única opção que lhes restaram foi a que a Baxter disse.

—Sentirei sua falta Taylor. —Kentin falou do nada, ajeitando os óculos redondos enquanto me olhava por alguns instantes.

—Já eu, não prometo nada. —Brinquei, mas no fundo tanto eu quanto ele sabíamos que eu sentiria saudades também. Até mais do que ele.

Sophia olhava para frente, segui seu olhar. Olhava para o lago, mas ao mesmo tempo, era como se olhasse para além dele. E eu sabia que, novamente, ela estava se martirizando pelo acontecido.

—Sophia, pare de olhar para o além, você não está vendo o fantasma da minha avó, não é?

—Hm... Não, mas... —Desviou os olhos para mim.

—Então não tem motivos para parecer uma maluca. —Grunhi, dando uma cotovelada nela.

Rimos. Todos nós.

Fui ficando séria á medida que reparava: Eu não estaria mais com eles daqui há alguns dias.

Não sei quando poderia fazer isso de novo. Digo, quando poderei encontra-los de novo. Talvez nas férias. Quem sabe não volto para Marselha logo?

Ou talvez... Quem sabe se eu não volto?

*

Minha chegada em casa não foi das mais agradáveis. Assim que fechei a porta mamãe apareceu na copa. Ela segurava um pano de prato.

—Taylor, preciso falar com você.

—Fala. —Escorei-me no sofá, encarando-a brava.

—Agatha ligou.

—Essa não é uma boa noticia. A não ser que a escola não tenha vagas. Ou que houve um incêndio nela. –Cruzei os braços, fazendo minha costumeira cara de deboche.

Mamãe odiava quando eu fazia isso. Sempre odiou, desde que eu era pequena. Mas bem, se odiasse tanto assim, teria passado mais tempo tentando me corrigir e não tentando tapar seus erros agora me mandando para outra cidade.

—Não Taylor, não houve um incêndio. E é sim uma ótima noticia. —Apertou as mãos por baixo do pano. Ela também não estava tão segura que essa era uma noticia boa. —Como estava dizendo, Agatha ligou. Ela me disse que foi até a escola e conversou com a diretora, e já esta tudo pronto. A partir de agora você é oficialmente uma aluna do colégio Sweet Moulin Amoris!

Olhei incrédula para minha mãe por alguns segundos.

—Espera, —Ela parou de sorrir e me encarou. —Eu até entendo que vocês acham brilhante a ideia de eu ir para outra cidade, mas por que diabos o nome da escola tem que ser tão... Tão... Tão ridículo?!

—Não é ridículo Taylor, é muito aconchegante até. —Largou o pano na copa e veio até mim. —Garanto que adorará a escola. Tenho certeza que vai fazer amigos ótimos lá, e também tenho certeza que não se meterá em confusão! Vamos lá querida, vai ser legal!

Descruzei os braços e a fitei. Vai ser legal?!

—Mãe, não me trate como uma criança de cinco anos que está indo pela primeira vez para o colégio. Essa literalmente não será minha primeira vez entrando em uma nova escola, então, pare de falar desse jeito como se pudesse me convencer de que eu realmente vou adorar ir para lá!

Dei alguns passos, indo para a escada. Quando subi o segundo degrau, virei minha cabeça e olhei por cima do ombro, minha mãe que estava no mesmo lugar.

—Não preciso que tente consertar as coisas. Não se conserta o que já nasce com defeito. —Virei parcialmente para ela, fitando-a. —Só preciso que me diga em quantos dias eu vou.

Vire-me novamente e após subir três degraus, a resposta veio. Atingindo-me como um tiro.

—Amanhã. Você vai amanhã.

—Ótimo.

Subi as escadas de uma vez, indo para o quarto. Fechei a porta com tanta força que tenho certeza que a rachei um pouco.

Eu esperava que fosse logo, como ela mesmo disse, daqui há três dias. Ainda faltavam dois. Isso não era justo.

Parece até que ela quer se livrar de mim logo. Não a culpo, dessa vez ela tem um motivo para fazer isso sem culpa.

Olhei para meu guarda roupa, ao lado dele, três malas grandes estavam depositadas no chão. Dá para acreditar nisso?

Convite melhor para ser despejada logo não tem!

Peguei uma das malas e coloquei-a sobre minha cama, abrindo-a. Aos poucos, fui pegando minhas roupas, sapatos, CD’s e tudo o que precisava levar, colocando dentro das malas.

Quando terminei de fechar a última mala, olhei em volta. Ainda tinha que guardar mais uma coisa, mas ela eu não guardaria tão cedo.

Deixei as malas ao lado da porta e fui em direção á janela, pegando minha guitarra.

É minha primeira e única guitarra. É bem simples, para falar a verdade. Vermelha, com o cabo preto e já bem velha. Lembro-me de quando ganhei-a.

Flash Back On.

Estava voltando para casa de carro com meus pais, já estava escurecendo e tínhamos acabado de fechar o restaurante. Era Dezembro, a penúltima semana do mês, e eu estava completamente emburrada e entediada de não fazer nada as férias inteiras, a não ser ficar enfornada dentro do restaurante com meus pais.

Meus pais conversavam animadamente no banco da frente. Conversavam sobre que tipos de pratos poderiam oferecer no cardápio novo para o Natal. Não ficaria surpresa se eles trabalhassem na véspera.

Quando pararam no semáforo, mamãe olhou para traz.

—Filha, por que essa cara? Você adora passar o dia no restaurante.

—Adorava. Quando eu tinha sete anos. Agora eu tenho doze e detesto ficar lá dentro! —Olhei para a janela.

Havíamos parado bem em frente a fachada de uma loja de instrumentos musicais. Na vitrine, rodeada de pisca-piscas, estavam expostos alguns instrumentos.

Tinha um teclado, uma bateria e uma guitarra. Meus olhos brilharam assim que vi a guitarra.

—Mesmo assim Taylor, não podia te deixar em casa hoje. Você sabia disso.

—Tanto faz... —Ainda olhava para a vitrine.

—Taylor... —Papai chamou-me. —O que quer de Natal? Uma boneca, roupas...?

—Uma guitarra.

Meus pais olharam para mim, incrédulos.

—Uma guitarra? Taylor, você é uma criança. Deveria querer brinquedos.

—Querida, você também não sabe tocar. Para que usaria uma guitarra? —Mamãe perguntou.

—Eu não quero bonecas e nem roupas, quero uma guitarra. E mesmo que eu não saiba tocar, aprendo. Vocês mesmo disseram que eu precisava me ocupar com alguma coisa.

—Sim, mas... Uma guitarra não é o que imaginamos. —Papai disse. —Desculpe Taylor, mas não daremos á você uma guitarra.

Afundei no banco.

—Veremos.

O farol ficou verde e seguimos para casa.

No dia seguinte, dei a dentadura do senhor Smiling para o cachorro de uma das vizinhas.

Dois dias depois eu ganhei a guitarra.

Flash Back Off.

Posso parecer mimada por fazer isso, mas qual é? Eles perguntaram o que eu queria e depois duvidaram, certo?

Passei as mãos pelas cordas da guitarra, ouvindo o som melódico que ela fazia.

Depois, os sons distorcidos e melódicos viraram notas pesadas, dando lugar a uma música raivosa.

Toquei por muito tempo, até que uma das cordas arrebentaram e cortaram minimamente meu dedo indicador. O sangue caiu no carpete e na guitarra, manchando de vermelho a parte branca.

Perfeito! Agora precisava de cordas novas, um pano e um band-air!

*

Acordei com o sol batendo parcialmente em meu rosto, demorei alguns segundos para assimilar que já era de manhã e que eu partiria hoje. Esfreguei minha rosto com força e me levantei.

Era inacreditável que isso estava realmente acontecendo.

Fui para o banheiro para me aprontar. Passei uns dez minutos embaixo do chuveiro tentando acreditar que isso não passava de um sonho idiota, mas não estava dando muito certo.

Saí do banheiro com a toalha enrolada no corpo. Estava completamente frustrada. Nem mesmo um longo banho me ajudou, mas consegui recuperar alguns neurônios perdidos pelo menos.

Fui de encontro á minha mala, abrindo-a rapidamente. Não escolhi minhas roupas, apenas peguei as primeiras coisas que encontrei: uma calça jeans simples e um moletom preto. Fechei a mala e a coloquei de volta ao lado da porta. Sentei-me na cama quando acabei de me vestir e calcei meus velhos all stars.

Não me arrumaria como se estivesse super empolgada para ir morar com Agatha. Não mesmo.

Penteei meus fios ruivos para cima e os prendi em um coque. Coloquei meu fone e meu celular no bolso da calça e peguei duas malas, indo para a sala.

Depois de todas as malas estarem ao lado da porta da frente, fui para a cozinha, beber um copo d’água. Escorei-me na pia enquanto bebericava o liquido.

—Não está com fome? —A voz suave de Alice invadiu a cozinha. Ela estava de pé, escorada no batente duplo da cozinha.

—Não. —Respondi seca. —E você sabe bem o por quê.

Coloquei o copo na pia e fui em direção á saída. Mas antes disso mamãe barrou-me.

—Taylor, já está decidido. Não vai ser tão difícil assim querida... —Abraçou-me, seus cabelos ruivos foram bateram no meu rosto. Mamãe era mais alta que eu, pouco, mas era. —O taxi está lá fora te esperando, ele te levará até Sweet Village, até a casa de sua tia especificamente.

É, eu realmente não precisava saber para onde eu estava indo. Muito menos saber o nome ridículo da cidade.

Afastei minha mãe de mim, ela me olhou magoada por alguns instantes. Como se eu não estivesse há anos!

—Vou pegar minha guitarra lá em cima.

Subi e peguei minha guitarra.

Fechar a porta do meu quarto pela última vez foi doloroso, saber que eu não iria mais dormir ali e nem tocar guitarra naquele quarto me deixava triste.

Quando saí pela porta da frente e olhei para a casa, fiquei desolada. A casa que eu passei a minha vida inteira, eu teria que dizer adeus para ela agora.

Funguei.

Papai colocava minhas coisas no porta-malas do carro e mamãe conversava com o motorista, um cara de meia idade gordinho e com cara de simpático. Já o odeio!

—Taylor, dê-me a guitarra, vou coloca-la no porta-malas. —Papai estendeu a mão, esperando que eu desse a guitarra.

—Não, ela vai no banco de traz comigo. —Papai assentiu, fechando o porta-malas e tirando a bolsa da guitarra de meu ombro, colocando-a do lado esquerdo do banco traseiro.

—Taylor! —Sophia gritou, há alguns metros de distância. A garota correu um pouquinho e quando chegou perto abraçou-me. O impacto foi tanto que quase caí para traz. —Sua mãe avisou para mim e para o Ken que você iria hoje. Vim o mais rápido que pude.

—Obrigada Sophia. Não sabe como sentirei sua falta, de verdade. —Abracei-a ainda mais forte, senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, e eu sabia que não era a única que estava chorando.

—Sentirei sua falta mais do que pode imaginar Tay, não sabe o quanto!

—Mas ainda podemos conversar. Mensagem, ligações... Não deixarei de atormentar essa sua cabeça de vento nunca! —Cutuquei a cabeça de Sophia.

—Taylor... —Kentin chamou-me, me separei de Sophia e o abracei. Ken era mais baixinho que eu, talvez uns três centímetros.

—Você também veio baixinho... —Minha voz estava pateticamente ferida, mostrando para quem quisesse ouvir o quão magoada estava.

—Claro. Não deixaria de me despedir de uma das minhas melhores amigas. Espero que consiga se adaptar rapidamente lá Taylor. —Sussurrou. —E também espero que não se meta em confusões.

Rimos.

—Não posso prometer nada, e você sabe disso.

Soltei Kentin e olhei para meus dois amigos, lado a lado. Sentirei tanta falta deles.

—Sentirei muita saudade de vocês dois.

Lancei um último sorriso para os dois e me virei para o carro, entrando nele e fechando a porta.

—Taylor. —Mamãe bateu no vidro, abri-o. —Querida, sabe que eu sentirei sua falta. Eu amo você filha, sabe disso.

Eu quase olhei para ela, quase. Mas aí eu lembrei que ela não acreditou em mim, não acreditou em nada que eu disse.

—Para falar a verdade Alice, eu não sei não.

Subi o vidro da janela.

—Mas não esqueça: Não se arrependa de ter me mandado pra lá. Porque quero que arque com as consequências disso.

Dessa vez não me deixei enfraquecer pelos olhos desapontados de minha mãe. Se era assim que ela queria me punir, vou fazer o mesmo com ela. Na mesma altura.

Quando o carro começou a se movimentar, não olhei para traz. Não queria chorar mais uma vez. Estava ficando mais emotiva que a Sophia.

Antes de colocar os fones no ouvido, bati no banco do motorista, chamando sua atenção.

—Vamos para o inferno! Estou louca para conhece-lo.

Coloquei os fones, já dando play na música.

“I’m going to hell!”


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo leitores-sedução? Espero que tenham gostado xD
Bom, tenho uma boa noticia, o capítulo cinco já está pronto, só preciso lê-lo e ver se está tudo certo para postar, tentarei posta-lo daqui há três dias sweets! xD
Bom, tirando a última frase do capítulo, usei uma frase de uma música que descreve bastante nossa querida Taylor. Será que alguém sabe que música é?
Até o próximo capítulo sweets! E comentem bastante! o3o



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