Doce Amargura escrita por BabyDoll


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Hello people! o/
Voltei mais cedo né? uahuahuahauh e.e
Nossa, percebi que na minha última atualização da fic a história completou um mês, nem tinha visto ;u; uahauhauhauha. Bom, obrigada a todos que estão acompanhando a história e saibam que vocês moram no core da tia Mah.
Agora, as boas notícias: AS PARTES ~ou começo das partes~DEPRÊS DA FIC ACABARAM! lol auauhauhauahuh.
Agora, sem mais de longas, o capítulo cinco:
o/



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A viagem foi péssima.

Não foi tão curta como eu esperava, já que a cidade era vizinha. Sweet Village ficava a mais ou menos uns duzentos quilômetros de Marselha, e aquele banco desconfortável não ajudava muito.

Como saímos umas oito e meia, chegaríamos por volta das três da tarde na cidade. Eu e o motorista não conversamos, na verdade, não trocamos nenhuma palavra. E eu apreciei realmente isso. Eu no meu canto ouvindo minhas músicas no fone de ouvido e ele ouvindo música no rádio do carro baixinho.

As imagens que se formavam e se esvaiam rapidamente no vidro da janela me deixaram entretida por algumas horas. Mas mesmo olhando aqueles borrões, eu não conseguia esquecer dos meus amigos que estavam desolados com a minha partida e não parava de me perguntar se os olhos magoados e desapontados de minha mãe eram verdadeiros.

Não que eu estivesse chamando-a de mentirosa, mas... Não é como se ela realmente se importasse em me mandar para outra cidade. Encaro como se fosse um alivio para ela não ter que sair do restaurante às pressas para assinar uma suspensão minha ou ser chamada porque meu quadro com a psicóloga não estava apresentando melhoras, e sim sempre de caindo. Acho que as palavras da bruxa velha foram a solução que minha mãe precisava para resolver o problema. Que nesse caso, sou eu, e é resolvido sendo deportado para outro lugar.

Já estava cansada de olhar para a janela e para as imagens distorcidas que passavam, então, concentrei-me na tela do meu celular. A curiosidade pesou e eu decidi dar uma olhada no site do novo colégio que eu iria estudar. Pesquisei o nome da escola na internet; Sweet Moulin Amoris.

Depois de alguns segundos achei o site oficial da instituição.

Por um momento, pensei que seria como eu tivesse imaginado: tudo muito brega.

Mas foi pior.

Assim que a página do site foi aberta e todos os itens foram carregados, a primeira coisa que vi no site da escola foi uma foto do colégio. Parecia até brincadeira. A escola era grande, assim como a minha antiga, mas, diferente da minha antiga escola, que tinha cores normais, essa tinha cores claras e voltadas para o rosa. O muro da escola era de pedras; o portão de grades altas era negro; em cima, um grande letreiro claro estampava as palavras “Sweet Moulin Amoris”. Era quase ridículo, se o prédio não fosse ainda pior. As janelas eram grandes e com as estruturas brancas, as paredes eram rosadas, quase brancas, e algumas vezes tinham listras marfim na horizontal. Havia um jardim não muito grande, mas com bastantes árvores, tudo cercado de bancos brancos.

Era como se eu estivesse indo para um colégio só de meninas... E pensando bem agora, acho que realmente estou.

Segui minha pesquisa pelo site. Quando cliquei em “clubes”, me surpreendi. A escola tinha bastante deles, não tínhamos atividades extracurriculares na outra escola, lá era bem mais... Normal, não incentivavam nosso lado artístico. Na S.A, tinham clubes variados; basquete, vôlei, música, jardinagem, arte, costura... Muitos mesmo. Contava que todos os alunos poderiam fazer parte de até dois clubes. Não me imaginava em um clube, com certeza teria que confraternizar com os integrantes e eu realmente não ficaria feliz em ser amiga de ninguém desse lugar.

Cliquei na galeria de fotos. A escola tinha uma grande coleção de troféus, dos mais variados tipos. De basquete á prêmios de ciência.

É, eu realmente já odeio essa escola.

*

Quando finalmente o taxi parou, eu já estava emburrada, entediada e com certeza poderia matar alguém. Eu precisava dormir e ficar inconsciente por alguns dias para poder voltar ao normal.

Quer dizer, voltar ao meu normal. Que nesse caso é apenas mau humor e sarcasmo extremamente alto e agressivo.

Estava chorona de mais esses dias.

Olhei para a janela, estava parada em frente a um edifício. Muito alto, mas não era nada muito extravagante, o que pelo menos era reconfortante pra mim.

Deveria ter uns vinte, trinta andares. Aquela região era meio movimentada, tinham muitos prédios. O edifício tinha uma cor neutra, meio cinza. As janelas e a portaria tinham as estruturas negras e não eram muito detalhadas.

“Séduisante Douce”.

Era o que estava no letreiro do prédio.

Parei de olhar para fora e fitei o taxista pelo retrovisor. Ele também me encarou. Arqueei as sobrancelhas.

—Então... É aqui? —Perguntei.

—Acho que sim. —Mas que merda ele...?

—Como assim você não sabe se é aqui?! Você recebeu um endereço, deve me levar até ele sem dúvidas! —Eu estava incrédula até agora, como assim um taxista não sabe se está realmente na rota certa? O que ele é? Um taxista ou o Zoro?!

—Espere aí, eu só levo pessoas aos lugares. Elas devem saber para onde estão indo. Ninguém avisou isso para você não? —A voz dele me parecia extremamente irritante agora, e sim, se eu olhasse diretamente para ele eu poderia mata-lo.

—Escute, minha mãe praticamente me deportou pra cá, acha mesmo que ela me diria o endereço? Quer saber, espera aqui, vou perguntar na portaria se alguém conhece a Agatha.

Abri a porta do carro, e fui até a portaria do prédio.

O hall era discreto, paredes neutras, piso claro. Os detalhes sempre em metal. Fui até o balcão onde o porteiro estava. Era um velho.

Tenho tanta sorte!

Bati na campa e ele olhou para mim, através dos óculos pequenos.

—Tem alguma Agatha aqui? —Perguntei, sem cerimonias.

O moço me olhou e franziu o cenho. Provavelmente tentando se lembrar de alguém com esse nome, ou apenas imaginando por que diabos uma adolescente emburrada estava interferindo na sua hora da soneca.

O elevador abriu-se, percebi apenas pelo som de sino que tocou quando abriu. Mas não dei muita importância. Precisava saber se minha adorável tia morava aqui.

—Taylor! —Uma voz extremamente afinada e histérica soou alto pelo hall. Virei-me com cautela.

Oh. Meu. Deus!

Uma moça alta e magra estava parada a alguns metros de mim. Seus olhos eram rosados, provavelmente lentes, mas o mais estranho era o cabelo dela. Ele era... Rosa.

Quando achei que não fosse piorar, prestei atenção em sua roupa. Mas que merda é essa?! Não, não bastava ela ter cabelos e olhos cor de rosa, ela precisava estar vestida de fada. O que viria a seguir? Vestir-se de Umpa-Lumpa?!

Não. Definitivamente aquela não poderia ser minha tia Agatha.

—Taylor sou eu, Agatha! —A moça veio em minha direção e me deu um abraço apertado. —Você está tão linda querida, um pouco sombria, mas linda!

Permaneci imóvel, foi isso que minha mãe quis dizer com excêntrica?

Acho que ela realmente quer me castigar.

—Preciso... Preciso pegar minhas malas no taxi. —Desvencilhei-me dela e dei meia volta, tentaria ligar para minha mãe e pedir desesperadamente para que eu voltasse para Marselha.

—Eu te ajudo querida!

—Não! —Quase gritei, Agatha parou de sorrir, virando a cabeça minimamente para o lado, como um cachorro faz. —Quer dizer... Não precisa, fique aqui, segurando o elevador. —Ela assentiu e eu saí do prédio.

O taxi ainda estava parado lá, o moço estava com a janela aberta e com o antebraço apoiado na porta. Parecia impaciente.

Que se dane!

Fui até ele praticamente correndo, o homem se assustou.

—Então, é esse o endereço? —Arqueou as sobrancelhas.

Demorei um pouco para responder, poderia dizer que não era, assim, ele me levaria de volta.

Mas no último instante, quando eu estava prestes a mentir, eu parei.

Não, eu definitivamente não iria implorar para minha mãe para voltar pra casa. Não mesmo. Sou tão orgulhosa que posso suportar ficar aqui. Só para ela ver que eu não vou dar o braço a torcer.

—Sim. É sim.

Vou até a porta malas do carro e o homem me segue. Ele abre o porta-malas e eu pego uma mala, a mais leve, e vou até o banco traseiro, pegando minha guitarra e a colocando no ombro, entrando de volta no prédio.

—Zoro, traga as últimas mala para mim pelo menos. —O moço franze o cenho, deve estar se perguntando porquê chamo-o assim, mas me segue.

Agatha está segurando o elevador, como eu pedi a ela. Zoro fica um tanto desconcertado quando vê Agatha. Você não foi o único...

Por fim, o taxista que eu não tenho ideia do nome se despede e vai embora, me deixando sozinha num elevador cheio de malas e com uma maluca que tem cabelos e olhos cor de rosa.

—Então querida, quer dizer que toca guitarra? Não sabia que tinha talento para a arte.

É tão irritante o jeito que Agatha sorri que chega a me incomodar. Ela olha para o painel e aperta o número dezenove, e então volta seu olhar para mim, esperando minha resposta.

—Pois é, tenho muito talento para a arte Agatha.

—Aposto que vai adorar a cidade querida! Ela é tão aconchegante! —Agatha é histérica, é do tipo de pessoa que eu mais odeio.

Sem contar que ela muda de assunto rapidamente. Acho que ela é bem mais do que excêntrica...

O elevador se abre e um corredor mediano, com quatro portas brancas, aparece. Pego as duas malas que deixei no chão e saio do elevador. Agatha pega a outra e vem atrás de mim. Paramos na frente da terceira porta, número 193.

Ela tira do bolso do vestido uma chave. Na realidade, tem apenas duas chaves, mas está cheio de chaveiros. Têm corações, ursinhos pequenos... Tudo rosa.

Quando ela finalmente abre a porta e nós entramos, me vejo ainda mais chocada do que quando a vi pela primeira vez.

Eu nunca vi uma coisa tão... Aterrorizante.

Se alguém já viu a mansão da Barbie, eu posso garantir, a casa de Agatha é praticamente uma cópia fiel.

O chão de madeira era claro e liso, entre a porta de entrada e a realmente entrada da sala tinham dois degraus pequenos, também de madeira; as paredes da sala eram revestidas por um papel de parede rosa claro, formavam alguns arabescos em um rosa um pouco mais forte; era bem iluminada, com uma cortina também rosa tapando parcialmente a luz que entrava pela enorme janela, que acredito eu, seja uma varanda. Os moveis eram claros e a maioria dos enfeites eram fofos e rosas, almofadas, tapetes, enfeites, aparelhos eletrônicos... Tudo muito rosa.

E tudo muito escroto também.

Eu estava descrente que teria que morar com uma maluca que tem o cabelo rosa e que tem o apartamento da Penélope Charmosa. Isso realmente não podia estar acontecendo.

—O que achou de sua nova casa querida, não é linda? —Agatha andou até o centro de sua sala e então rodopiou, dando gritinhos histéricos.

—É horrível! —Agatha parou de dar pulinhos e gritinhos e me encarou, boquiaberta. —Como pode morar num lugar tão... Tão rosa?!

Ela caminhou até mim e colocou as mãos no meu rosto.

—Ah querida, eu sei que no fundo, no fundo você adorou. Você só está um pouquinho pra baixo por ter que se mudar e deixar seus amigos, mas não se preocupe, não fiquei chateada.

Ela só podia estar de brincadeira, como isso era possível?!

Tirou suas mãos do meu rosto com cuidado.

—Deve estar cansada da viagem não é querida? Pode ir para seu quarto descansar, tome um banho e durma um pouco. Se sentirá mais disposta quando acordar. Seu novo quarto é naquele corredor, —Apontou para o lado esquerdo da sala, onde tinha uma outra escadinha, desta vez com quatro degraus. — na segunda porta.

Assenti e segui para onde ela disse, apenas com a minha guitarra. Eu realmente espero que meu quarto não esteja todo enfeitado e seja rosa, eu não suportaria dormir nele.

Abri a porta ainda com os olhos fechados. Tinha medo de abri-los e ver o que não queria. Decidi abri-los por fim, quando fechei a porta.

Para a minha sorte, o quarto era branco. Tinha apenas o básico, nada rosa. Acho que Agatha nem mexia nesse quarto, achei ótimo. O quarto não era muito grande, mas cabia o essencial, tinha uma cama de casal ao lado de uma janela, coberta pela cortina neutra, um guarda-roupa razoavelmente grande e uma escrivaninha. E ainda sobrava um espaço para poder tocar sem problemas.

Tinha uma porta do lado do guarda-roupa, suponho que fosse o banheiro. Vou até lá e abro. Sim, é um banheiro. Pequeno e branco, sem enfeites assim como o quarto.

Agradeço mentalmente Agatha.

Saio do quarto e vou pegar minhas malas, encontro Agatha no sofá, lendo alguma coisa. Ainda está vestida de fada.

—Querida, achei que você gostaria de decorar o quarto, então deixei-o em branco. Como era um quarto de hospedes, deixava o mais simples possível e decidi deixar assim quando soube que você viria. Gostou do quarto? —Sua voz era doce.

—Sim, ele é ótimo. Só vim pegar minhas malas, estou cansada e quero tomar um banho e dormir.

Agatha assente e então eu volto para o quarto com as malas. Jogo-as em um canto qualquer e abro o guarda-roupa. Tem apenas toalhas de banho e de rosto, graças á deus, brancas e alguns cobertores na parte superior. Pego uma das toalhas e vou para o banheiro.

Depois de um banho quente, vou até uma das malas e pego o necessário para dormir: uma calcinha limpa e uma blusa larga. Não arrumaria minhas coisas hoje, nem pensar. Pelo menos, não agora.

Pendurada na maçaneta da porta havia uma chave. Tranquei a porta sem pestanejar e me joguei na cama. Ela era mais espaçosa que minha cama antiga, os lençóis estavam limpos e como já tinha um cobertor na cama, não me preocupei em pegar outro. Apenas me cobri e fechei os olhos, pensando apenas em dormir e descansar um pouco minha cabeça.

Mas o sono não veio.

No lugar dele, fiquei pensando em tudo o que fiz e se eu poderia ter mudado de alguma forma meu destino. Bom, eu com certeza não poderia me preocupar com isso agora, tinha que me concentrar em fazer minha mãe se arrepender de ter me mandado pra cá.

Sim, estou de volta ao normal.

E eu adoro isso.

*

Não sei exatamente que horas eu peguei no sono, mas quando levantei já estava completamente descansada e com muita fome. Demorei um pouco para assimilar que eu estava em outro lugar, mas logo lembrei que essa era minha “nova casa”.

Saí da cama e destranquei a porta, indo para a cozinha da Barbie. Talvez eu achasse algo para comer.

Quando passei pela sala, Agatha estava mexendo em seu notebook, não tão surpreendentemente rosa. Ignorei-a quando perguntou se dormi bem e fui fuçar a geladeira.

Achei uma garrafa de suco na geladeira e alguns salgadinhos. Peguei os dois e fui para a sala. Sentei em uma poltrona do lado do sofá em que ela estava. Peguei o controle remoto e liguei a televisão.

—Como foi à viagem querida?

—Cansativa. —Continuei procurando algo para ver.

—Alice ligou...

—Que ótimo para ela. —Finalmente achei um canal. Passava um filme de suspense. Eu odiava, mas precisava me distrair, não queria ouvir o que Agatha tinha a dizer.

—Ela me disse que você não se despediu dela, não vou questionar seus motivos para não ter o feito, mas pelo menos ligue para ela mais tarde. Ao menos para dizer que chegou bem.

Como se eu tivesse chegado bem...

—Escuta Agatha, você, por acaso, é psicóloga? —Perguntei. Ela enrugou a testa.

—Não, sou estilista de uma loja da cidade. Por que querida?

—Nada não. Bom, —Levantei-me, já saindo. —Vou dormir de novo.

—Taylor. —Já estava subindo as escadinhas quando virei-me.

—O que foi? —Murmurei.

—Suas aulas começam amanhã.

Olhei para Agatha, mas depois desviei o olhar. Finalmente acenei com a cabeça para ela e voltei para o quarto, deitando novamente na cama.

Amanhã seria um ótimo dia.

*

Não consegui dormir, na verdade, fiquei incomodada com o vazio do quarto. Tudo era branco demais.

Afastei os cobertores com os pés e sentei na cama como um índio. Olhei em volta.

Minha guitarra estava encostada na parede, ao lado de minhas malas. Meu dedo não estava mais doendo, então resolvi tocar.

Levantei-me da cama e fui até minha guitarra, tirei-a de dentro de sua proteção e sentei novamente na cama. Quando finalmente ajeitei a guitarra e estava pronta para tocar, notei que a corda ainda estava arrebentada. E eu não poderia tocar enquanto não comprasse cordas novas.

Levei minhas mãos a cabeça e passei-as em meu cabelo, com raiva. Precisava tocar, era quase uma terapia para mim.

E eu não tinha nem cordas novas, nem dinheiro para compra-las.

Foi então que tive uma ideia: Agatha.

Saí do quarto e fui para a sala, tentar achar minha tia. Ela não estava lá.

—Agatha! —Chamei-a.

Como ela não respondeu, fui procura-la em seu quarto. Voltei ao corredor e entrei na porta á frente do meu quarto. Não bati, apensas entrei direto.

Ela estava sentada em sua cama, mexendo no computador.

Seu quarto também era algo que eu não gostava de ver, muito rosa. O quarto era um pouco maior que o meu, as paredes tinha um papel de parede rosa com alguns detalhes de flores de Sakura. Seu quarto tinha os mesmos móveis que o meu, era simples nesse quesito, mas todos os enfeites que ela colocava perto da cama e na escrivaninha deixavam o quarto extravagante.

—Agatha. —Chamei-a novamente.

Ela desviou os olhos da tela e me olhou. Sorriu logo em seguida.

—Querida, o que foi? Esta se sentindo mal?

—Não, estou ótima. —Ela sorriu. Aproximei-me.

—Hum... Tia? —Ela me respondeu com um aceno de cabeça. —Que horas são?

—Vão dar cinco e meia querida, precisa de alguma coisa?

—Na verdade... Sim. —Bem, se Agatha tinha esse coração de manteiga derretida como aparentava ter, seria fácil, fácil.

Talvez se eu fosse amável com ela, ela me desse o que eu queria.

—E o que quer querida? —Fechou o computador e o deixou de lado, me encarando agora.

—Bom é que... Como minhas aulas começam amanhã... Eu pensei que seria bom eu dar uma volta pela cidade hoje, conhecer sabe?

—É uma ótima ideia! —Bateu palmas.

—É, claro que é... —Murmurei. —Então, o que acha? Eu posso dar uma volta?

—Claro que sim querida! Olha, vou te dar algum dinheiro, caso queira comprar alguma coisa. —Levantou-se e foi até sua bolsa, pegou a carteira e de lá de dentro tirou algumas notas. Na mosca! —Prontinho. Suas chaves estão no aparador da sala, perto da porta de entrada. Não volte muito tarde querida.

—Não prometo.

Saí do quarto de Agatha e fui para o meu, pegar alguma roupa decente para sair.

Tudo bem que, all stars, calça legging e uma blusa larga não são roupas muito decentes, mas são as que me deixam confortável.

Peguei meu celular e o dinheiro, indo para a porta.

—Tchau querida, divirta-se. —Agatha gritou lá de dentro.

—Tanto faz. — Murmurei e tranquei a porta.

Quando saí do prédio olhei em volta. De fato, não era uma rua calma.

Havia muitos prédios espalhados e também alguns comércios.

Escolhi andar um pouco pelas ruas, tentar achar um lugar mais movimentado naquela região.

Não tinham muitas pessoas andando na rua, só muitos carros.

Quando finalmente achei uma rua com bastantes estabelecimentos, resolvi procurar uma loja de instrumentos ou de CD’s, às vezes eles tinham cordas de guitarra.

Enquanto andava pela rua, um pouco deserta, encontrei lojas com nomes muito estranhos, na verdade, tudo era muito estranho.

Passei por uma confeitaria com o nome “Confiserie Sucrée”, ela era praticamente só de vidro, já que suas janelas mais pareciam vitrines. Tinham muitas pessoas lá dentro também. Mais a frente, um parque. Era bem extenso e dava para ver um lago, tinha até uma ponte sobre ele.

Andei mais um pouco, já estava desistindo de achar alguma loja para comprar cordas para a guitarra quando encontrei uma loja de instrumentos e CD’s, “Music Store”. Entrei na loja.

Ela estava mais ou menos vazia, não tinham muitas pessoas a não ser pelo garoto que estava no caixa, eu e umas pessoas dispersas pelo local, olhando CD’s.

Era um lugar legal. Varias estantes de CD’s rodeavam a loja, ela era ampla. Tinha uma escada em caracol no canto, acredito que seja onde estão os instrumentos. Vou até o caixa, onde um garoto com cabelos compridos e negros com piercings na sobrancelha e no lábio inferior está. Ele parecia distraído, lendo uma revista.

E eu posso afirmar que quase senti prazer em atrapalha-lo.

Bato a mão no balcão e o garoto se assusta, parece meio perdido, olha pros lados. Depois me fita com raiva. Sorrio falsamente.

—Você tem cordas Dean Markley? —Perguntei. O garoto me olhou por um tempo, como se achasse impossível que uma garota soubesse o que eram essas cordas.

—E você... —Colocou os cotovelos no balcão, apoiando o rosto nas mãos, tinha um semblante irônico. —Ao menos sabe para que elas servem?

Fechei a cara.

—Sei melhor do que você. —O garoto também fecha a cara. —Agora, protótipo de emo, você pode responder a minha pergunta?

O garoto suspira.

—Essas cordas acabaram na semana passada. Não chegarão antes de um mês.

—Tem outras cordas que tem, pelo menos, um pouco da mesma qualidade?

—Temos as cordas Butterfly Quality. São as mais vendidas, estão empatadas com as Dean Markley.

Ponderei, nunca tinha ouvido falar nessa marca.

—É uma marca local.

Murmurei um “Hum...”.

—Tem uma guitarra ali, —Apontou para o fundo da loja, olhei para traz. Havia uma guitarra preta, simples, e uma banqueta, perto de uma mesa cheia de CD’s. —As cordas são Butterfly, pode toca-la e decidir se vai levar.

Concordei, indo até a guitarra. Sentei-me na banqueta e passei os dedos pelas cordas. Era agradável.

Fiz um teste, tocando uma melodia para ver se era boa mesmo. Era realmente muito boa, quase melhor que as que eu estava acostumada.

Quando toquei a última nota, notei que um garoto um tanto diferente estava parado a minha frente.

Suas roupas pareciam de outra época, talvez da Era Vitoriana... Seus cabelos eram platinados, um lado mais comprido que o outro, e no lado mais comprido, as pontas eram negras. Seus olhos eram diferentes, nunca tinha visto algo parecido. O olho esquerdo era âmbar e o direito era verde. De fato, ele tinha heterocromia, uma bem distinta por sinal. Ele era bonito, uma beleza exótica eu diria.

—Toca muito bem senhorita. —Se curvou, fazendo uma reverencia. Encarei-o meio descrente. Depois sorri, irônica.

—Eu sei. Mas canto ainda melhor. —Enquanto falava, ele pegou minha mão e depositou um beijo.

Ok, ele é muito estranho.

—Aposto que canta. —Sorriu, mostrando-me duas fileiras de dentes perfeitos e brancos. —Me daria à honra de ouvi-la cantar?

Eu negaria, mas gostaria de inflar um pouco o meu ego. Concordei.

—Algum pedido?

O heterocromico levou uma mão ao queixo, pensando.

—Surpreenda-me. —Sorri orgulhosa.

—Com certeza.

Endireitei-me na banqueta e pigarreei. Pronta para cantar.

“Here we are
And I can't think from all the pills
Hey
Start the car and take me home

Here we are
And you're too drunk to hear a word I say
Start the car and take me home

Just tonight I will stay
And we'll throw it all away
When the light hits your eyes
It's telling me I'm right
And if I
I am through
Then it's all because of you
Just tonight…”

Encarei o garoto, presunçosa. Então arqueei as sobrancelhas.

Ele estava surpreso, sorri satisfeita.

—E então? —Perguntei.

—Canta muito bem, senhorita…? —Uniu as sobrancelhas.

—Taylor. E eu sei disso. —Ele riu.

—Você me lembra uma pessoa...

—Quem? —Perguntei, mesmo não estando interessada.

—Ninguém importante no momento.

Levantei-me e depositei a guitarra em seu apoio, andei até uma prateleira e peguei uma embalagem das cordas. Virei-me e fui para o caixa.

—Bem, me parece que você também não é importante no momento, já que ainda não me disse seu nome. —Sorri falsamente.

O garoto dos piercings passou minhas cordas e eu paguei, antes de sair da loja, o garoto heterocromico segurou meu pulso com delicadeza.

Olhei para ele, com uma sobrancelha arqueada. Ele soltou meu braço.

—Desculpe-me os maus modos senhorita. Chamo-me Lysandre. —Sorriu.

Empurrei a porta e saí da loja.


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Notas finais do capítulo

Hello novamente people! O que acharam do capítulo hein, hein? e.e
Tivemos nossa primeira aparição de um paquera não é mesmo? Mas bem... Nem tudo é o que parece, não se esqueçam e.e auhuahauhahu
Comentem bastante guys, acho que mereço né? ~ou não ;-;~ ahuahuahauha.
E, ah! Vou falar apenas uma coisa pra vocês sobre o próximo capítulo...:
QUE AS TRETAS COMECEM! lõl ~uhuahuahuahuahauhauahuh
Até o próximo capítulo people! kissus o/
http://letras.mus.br/the-pretty-reckless/1729150/ ~letra da música caso queiram escutar*



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