Doce Amargura escrita por BabyDoll


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Hello people! o/ Não sabem como fiquei feliz por terem favoritado a minha fic!!! Sabe, oito pessoas pra um primeiro capítulo é muito gratificante, fiquei tão contente!!!! e.e ~todos moram no meu core já!!! ~auhauhau. Mas bem que os fantasminhas poderiam comentar né? ~cof,cof! '-'
Espero que gostem do capítulo, fiz com muito carinho pra vocês!



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Acho que dormi demais. Já que estava escuro quando decidi levantar e tomar banho.

Ainda é difícil de acreditar que fui expulsa de Right Hill. Mesmo depois de umas cinco horas dormindo e uma longa reflexão debaixo do chuveiro, é muito complicado entender que não faço mais parte daquela escola. Tudo por culpa daquela Bruxa maldita.

Ter destruído algumas provinhas que ela pode refazer e passar no dia seguinte não é o suficiente, preciso fazer alguma outra coisa... Alguma coisa que a atinja diretamente. E sei exatamente o que fazer.

Retirei tudo de uma bolsa qualquer e coloquei dentro algumas latas de spray. Joguei meu celular lá dentro também, lembrando que mais cedo ou mais tarde teria que mandar alguma mensagem pra Sophia, para ficar despreocupada.

Desci as escadas cuidadosamente e abri a porta tentando não emitir nenhum som, mesmo que meus pais não estivessem casa. Como costumo dizer, os vizinhos têm ouvidos ótimos e a língua melhor ainda!

Quando terminei de dar a última volta da chave na maçaneta alguém se materializou do meu lado.

— Taylor, o que está fazendo na rua há essa hora? — O velho senhor Smiling perguntou. Na verdade, não sei o nome dele, e como está sempre sorrindo, chamo-o assim. Acho que dos meus vizinhos, é o que mais odeio.

Sempre com essa carinha sorridente, o Sr. Smiling é um velhinho de cabelos grisalhos, bem franzino e que usa óculos. Está sempre usando chapéus que os velhos usam, aqueles que se parecem com uma boina, e não larga aquela maldita tartaruga. Aonde esse velho vai aquela tartaruga vai junto! Acho que os dois estão fazendo algum tipo de competição para ver quem vive mais, porque não é possível que aquele velho tenha quase cem anos e ainda tenha disposição para espionar minha vida!

— Sr. Similing! O que diabos está fazendo aqui? — Me endireitei para encara-lo.

— Ouvi uma movimentação estranha na sua casa e decidi ver o que era. — Acariciou o casco da tartaruga. Argh!

— Acredite, se fossem ladrões, não precisaria me preocupar, seria mais seguro ter eles aqui. — Cocei a nuca. — Já você... — Murmurei baixinho.

— O que disse Taylor? — Entortou a cabeça para o lado, alargando aquele sorriso.

— Nada, absolutamente nada! — Abanei as mãos, como se o assunto não tivesse importância. E de fato não tinha... — Sr. Smiling, tenho que ir. Aliás, por que o senhor também não vai para sua casa? Pessoas que estão com o pé na cova tem que dormir cedo!

Virei o velho e fui empurrando-o para sua casa, mas o desgraçado tinha que empacar. Levantou o dedo indicador, indignado com o que falei. Ótimo!

— Ei Taylor, não estou velho. Me exercito todos os dias e estou em ótima forma, tenho uma disposição de um garoto de cinco anos!

— Eu sei que tem, e a mentalidade também!

O velhote me olhou feio, mas não disse nada. Ele não poderia discordar de todo jeito. Seguiu para sua casa e depois que entrou ficou me olhando da janela.

Arrumei a bolsa no ombro e fui indo para a escola, dá para acreditar que a rolha de poço mora praticamente na rua do colégio?

A rua da velha era iluminada pelos postes de luz que estavam emparelhados. Nem aqueles guardas que não fazem merda nenhuma estavam na rua.

Fui caminhando com cuidado, tentando identificar a casa da velhota. E olha que não foi difícil achar, já que a casa dela não poderia ser mais... A sua cara.

Um caminhozinho de pedras brancas em ziguezague se estendia até a porta de madeira branca com uma plaquinha escrita “Lar dos Baxter”. A fachada era de tijolos brancos que estavam cheios de plantas. Tinha até uma mesinha de ferro decorada com duas cadeiras no gramado do jardim. Tudo com detalhes cor de rosa.

Odeio a cor rosa.

As luzes da casa estavam apagadas, o que me indicou duas opções. Ou estão dormindo ou não estão em casa.

Torço para que seja a segunda opção.

Respirei fundo três vezes e resolvi finalmente entrar naquilo ali. Toquei a maçaneta com as mãos um pouco trêmulas, mas tentei manter a calma. Já cheguei até aqui, não dá para amarelar agora.

Para a minha sorte, a porta estava aberta. Entrei na ponta dos pés, tentando fazer o mínimo de barulho possível.

A sala da velhota era como esperava, igual aquelas salas de vovós dos seriados. Papel de parede amarelo com algumas listras brancas e com muitas florezinhas. Tinha uma estante cheia de parafernálias de velhos numa das paredes, bem na frente do sofá verde claro com almofadas de tricô.

Que coisa mais brega!

Uma luz fraquinha que vinha do corredor me chamou atenção. Fui caminhando silenciosamente até lá, ou pelo menos tentando, já que o chão de madeira não ajudava em nada. A porta estava entreaberta e de lá saía àquela luz. Abri mais a porta e entrei no cômodo. Cacei o interruptor, acendendo a luz.

Oh. Meu. Deus!

Que merda é essa?!

Sei que a velhota adorava bajular o time de basquete da escola, mas daí a ter um quarto cheio de fotos e coisas que eles usam já é demais.

Camisas dos meninos do time, calções, meias... A velhota tinha até foto deles no vestiário! E o mais estranho é que em todas as fotos sempre está marcado o rosto de Marcus, o capitão do time.

Ora, ora. A velhota tem uma quedinha pelo Marcus? Quem diria...

As latas de tinta spray não seriam mais necessárias, a câmera do meu celular seria o suficiente para fazer o trabalho inteiro. Peguei o celular na bolsa para tirar algumas fotos. Enquanto tirava, percebi uma em especial, no canto da parede — uma foto de Marcus marcando uma cesta de algum jogo.

Bloqueei o celular e coloquei-o no bolso da calça, para pegar a foto. No finzinho da foto estava escrito que essa foi a cesta que Marcus fez para ganhar o jogo final do campeonato municipal. Isso foi esse ano...

Virei a foto, para ler o que estava escrito em caneta vermelha com a caligrafia pouco legível de Marcus:

“Essa cesta foi para a você, uma das mulheres mais importantes da minha vida. Te amo muito...”

Não consegui terminar de ler o resto, a voz chata da velha me fez despertar em um pulo e jogar a foto em qualquer canto, olhando para todos os lados do cômodo tentando achar um lugar para me esconder. Um armário no canto do cômodo me pareceu um ótimo esconderijo, então não pensei duas vezes antes de apagar a luz e correr para lá.

Quando fechei a porta do armário, a velhota entrou no cômodo e acendeu a luz, procurando por algo de errado. Espio através da pequena fresta da mobília.

— Tem alguém aqui? — A velhota arrumou os óculos e passou as mãos enrugadas no cabelo. — Marcus querido? Achei que tivesse dito que já ia embora.

Puta. Que. Pariu!

Então é verdade mesmo? A velhota e o capitão do time de basquete tem um caso? Mas isso é...

— Marcus meu amor, você está aqui?

...Pedofilia.

O sorriso que brotou no meu rosto foi tão grande que nem sei como coube nos lábios. Isso aqui era mais do que o suficiente para ferrar a vida da velha.

Por um momento quase esqueci que estava num armário, escondida dentro de um cômodo na casa da pessoa que me odiava. Fui obrigada a recordar quando os passos ficaram mais perto de mim.

Praticamente pirei quando ela veio em minha direção com a foto, olhou para o armário por um tempo e depois colocou a mão na maçaneta.

Tive quase certeza que iria ser descoberta, mas graças ao bom Deus a velha só fechou o armário.

Os passos dela já estavam se distanciando quando pude respirar aliviada. Mas tudo foi em vão quando meu celular bipou, indicando que uma nova mensagem tinha sido recebida e que tinha sido descoberta. Bati minimamente a cabeça na parede do armário quando percebi que a velha soltou um “tsc!” e veio caminhando rapidamente em direção ao armário.

Maldita mensagem!

A porta do armário se abriu e a velhota apareceu com um sorriso de lado e com as mãos na cintura gorda.

Sorri amigavelmente pra ela e dei um “oizinho” com a mão.

— Saía daí Taylor, vamos ter uma conversinha. — E se virou, saindo do cômodo.

Saí do armário e dei uma última olhada no cômodo, vendo de relance o final da mensagem que estava escrita no verso da fotografia.

Mas que... Merda!

“...vovó!”

*

Não podia acreditar no tamanho da minha má sorte. Ser expulsa do colégio e ir parar na delegacia no mesmo dia era demais pra mim!

A velhota não quis conversar, ela ligou direto para a polícia, para abrir um boletim de invasão de propriedade privada contra mim.

E agora estou aqui, com cara de tacho ouvindo um sermão do delegado. Um velho alto e gordinho, com cara de poucos amigos.

— Garota, você não pode invadir a casa de alguém só porque você não gosta dessa pessoa. As coisas não funcionam assim!

Revirei os olhos, se esse cara falar mais alguma coisa enquanto come essa rosquinha e balança ela de um lado pro outro deixando o açúcar cair em cima de mim, vou enfiar essa rosquinha num lugar onde o sol não bate e que ele nunca conseguirá tirar de lá!

— Ok, eu já entendi. Agora posso sair daqui ou vai continuar com o sermão? — Ergui as sobrancelhas.

O delegado parou de balançar a rosquinha e olhou pra mim, colocando uma mão na cintura.

— Escute aqui garota, — Inclinou o tronco para frente, para ficar mais perto de mim. Semicerrou os olhos. — você só sai daqui quando seus pais vierem buscar você. Até segunda ordem, está retida.

Bati as mãos na mesa, que merda é essa? Não se pode mais invadir a casa de velhas malditas que acabam com a sua vida e sair impune?!

— Você não pode fazer isso! Quem você pensa que é?! — O homem alto e gordinho pegou o tecido da camisa onde estava seu distintivo brilhante e dourado escrito “delegado” e sorriu.

— Segundo essa belezinha aqui, sou o delegado. E agora, eu, o delegado, estou te mandando para a cela! — Fez um sinal para que um guarda bonitinho entrasse na sala e me levasse de lá.

O guarda loirinho me levou para uma cela vazia e bem iluminada, onde só tinha uma cama, um vaso sanitário e uma pia.

Quando entrei na cela e ele já estava fechando-a, resolvi fazer mais uma de minhas besteiras:

— Loirinho, você é muito bonitinho para estar trabalhando aqui, sabia? — Dei uma piscadela para ele.

O loiro tirou a chave do feixe da maçaneta e sorriu de lado para mim.

— Ruivinha, você também é bem bonitinha. Pena que invadiu a casa de uma idosa e teve a má sorte de ir parar na delegacia do marido dela, sabia? — E saiu andando pelo corredor, me deixando incrédula.

*

— Ruivinha, hora de sair. Seus pais acabaram de chegar. — O mesmo guarda loirinho abriu minha cela e me avisou.

Juro que não sei se ficava tranquila por ter saído de dentro daquela cela ou se ficava aterrorizada, pelo menos atrás das grades estaria segura dos meus pais.

Caminho até a sala de espera da delegacia e vejo meus pais conversando com o delegado, que surpreendentemente não está com nenhuma rosquinha na mão.

Aproximo-me com calma, desejando que meus pais não surtem comigo. Quando já estou perto o suficiente solto um pigarreio, fazendo com que os três olhem para mim.

Meu pai era um homem que já estava na casa dos quarenta, já tinha seus fios grisalhos se misturando com os demais fios loiros que eram penteados para trás, também tinha olhos azuis cansados que no momento me fuzilavam. Minha mãe já estava também chegando na casa dos quarenta, mas não aparentava ter essa idade, era ruiva e tinha olhos castanhos que não tão surpreendentemente estavam me fuzilando também, pela segunda vez ao dia.

— Não sabe como sentimos muito pelo que Taylor fez senhor Baxter, teremos uma conversa bastante séria com ela sobre limites. — O delegado assentiu e me encarou severamente.

— Você tem sorte de ter os pais que tem menina, muitos não tolerariam a primeira travessura que você aprontasse! — Assenti de qualquer jeito e me virei para meus pais.

— Hum... Será que já podemos ir? Quero ir pra casa, estou com sono... — Fingi um bocejo.

— A última coisa que você fará quando chegar em casa, é dormir Taylor. Conversaremos assim que chegarmos em casa, já que a conversa foi adiada por esse incidente. — Mamãe murmurou para mim, enquanto estendia minha bolsa que estava totalmente leve.

— Você tirou minhas latas de tinta spray? — Vociferei para o delegado.

— É claro.

— Mas isso é roubo! — Questionei irritada.

— Não, isso se chama confiscação de bens. Agora, invadir a casa de uma senhora de idade que está sozinha é crime. Tem sorte de ser menor de idade menina.

Encolhi os ombros quando senti o olhar de meus pais sobre mim novamente.

—Podemos ir? — Ajeitei a bolsa no ombro, já andando para fora da delegacia.

Meus pais cumprimentaram o delegado e pediram desculpas mais uma vez, antes de passarem por mim e irem para o estacionamento.

Abri a porta traseira do lado direito do carro e entrei, deixando a bolsa de lado e colocando o sinto de segurança. Meus pais entraram no carro em seguida e meu pai deu partida.

— Taylor, quando chegarmos em casa vá para o seu quarto. Seu pai e eu conversaremos e depois iremos falar com você. — Mamãe murmurou.

Fiz um grunhido para indicar um “sim” e abaixei minha cabeça, olhando para minhas mãos.

De repente, uma curiosidade me atingiu e tirei meu celular do bolso da calça, afim de saber quem me mandou aquela mensagem que me ferrou. Um sorriso irônico apareceu minimamente em meus lábios quando vi a mensagem.

“Você recebeu ligações do contato Sophia (1458-9971), gostaria de retorna-las agora?

Operadora Orange; 22:45 p.m.”

Bati minha cabeça no encosto do banco.

Dá para acreditar nisso?!


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo people? Espero que sim e.e
Comentem bastante!
Kissus o3o
Tia Baby o/