Lia Hunter, Uma Filha de Hades escrita por Passado Dramático Apagado


Capítulo 20
-Converso Com Um Garoto Num Iglu-


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas universitário não tem vida

e-e

Aproveitem!



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Naquela noite, sonhei novamente com minha casa no Canadá.

Era um dia de inverno, eu vestia um moletom escuro, cachecol e um gorro. Além de luvas, uma calça bem comprida e botas. Eu estava no quintal, sentada na neve e fazendo um bloco com ela. Tinha um iglu semiformado ao meu lado. Lembrei daquele dia no mesmo momento, eu tinha seis anos e estava no começo de um dos longos invernos canadenses.

Depois de um tempo apreciando minha miniatura fazendo um iglu amador de neve, estava acabado. Esfreguei as costas da mão na testa e me arrastei para a casinha gelada.

Não era grande coisa, mas eu cabia bem lá dentro e tinha um bom espaço. Lembro que costumava fazer isso todo inverno. Eu fazia um igluzinho e ficava lá dentro. O que eu fazia ali? Não faço ideia.

Me arrastei para um cantinho ali e fiquei sentada de pernas cruzadas, olhando para as paredes irregulares de neve. Até que uma coisa tremulou ali e uma imagem apareceu. Um garoto com não muito mais que sete anos de idade. Tinha cabelos e olhos negros e pele pálida. E vestia um agasalho preto, calças e botas.

–Oi –falei, acenando inocentemente.

O garoto sorriu.

–Oi, Lia –disse –Tudo bem?

–Arrã –balancei a cabeça positivamente –E você?

–Estou bem. E como está sua mãe?

–Acho que bem... –dei de ombros –Ela não está em casa.

–Sim, eu sei –ele me olhou com atenção –Está tudo bem mesmo com vocês? Estão tendo algum problema?

–Não –fui com indicador até o chão nevado e comecei a desenhar um círculo –Quem é você? Como sabe o meu nome?

–Ninguém importante –disse, balançando os ombros.

–Tá.

–Por que você está sozinha? Onde estão os seus amigos?

–Eu... não tenho amigos –de repente tive um interesse gigante pelo pequeno círculo no chão –Os meninos me chamam de estranha e burra.

–Burra? –perguntou,arqueando as sobrancelhas.

–É. Eu não me dou bem na escola. As letras ficam bagunçadas no quadro. E eu não consigo ler.

–É uma pena... –disse, como se fosse culpado por aquilo –Sinto muito.

–Eu bati em um menino na escola ontem –contei, amargurada -Ele disse que eu sou anormal e que ninguém gosta de mim. Ele voltou cheio de manchas roxas no braço.

–E o que aconteceu?

–Eu fui pra diretoria e fui suspensa por três dias. É melhor assim, detesto aquela escola.

De repente senti uma pancada nas costas. O iglu estava sendo destruído. Um garoto se jogou no teto gelado e caiu em cima de mim. Era Barry Simons, o garoto em que eu tinha batido no dia anterior. Mais três amigos dele estavam de pé, chutando e desabando o iglu que eu fizera por tanto tempo.

–Você vai ver por ontem, Hunter! –gritou, enquanto dois de seus amigos me agarravam pelos braços e me levantavam –Não vai ficar barato, sua esquisita! –Me socou na barriga, deixando-me sem ar. Os garotos seguravam meus braços com força e riam abobados.

–Me deixa em paz! –gritei, encarando-o em fúria, tentando me soltar de seus amigos.

–Com quem você tava conversando? –perguntou, olhando os destroços do iglu.

–Não te interessa!

–Você fala sozinha, Hunter? –perguntou novamente, rindo –Além de ser esquisita, também é louca –zombou, seus amigos riram também.

Em um acesso de raiva, cuspi na cara de Barry. Seu sorriso desapareceu e se transformou em uma expressão de raiva, nojo e surpresa. Ele se limpou com as luvas e me socou no rosto.

–Eu vou acabar com você, sua idiota –chutou minhas canelas. Enquanto eu fazia o possível pra escapar dos garotos e correr para casa.

De repente o garoto que estava conversando comigo apareceu e empurrou Barry na direção da cerca que dividia o meu quintal do quintal vizinho. Barry chocou-se com força na estrutura de madeira e seus amigos me soltaram para ajudá-lo. Barry tinha um ferimento na testa. Os garotos o ajudaram a se levantar e foram embora, aterrorizados.

–Obrigada –falei, as pernas doendo por causa dos chutes.

–Você está bem? –perguntou preocupado, verificando meu rosto.


Acordei no dia seguinte num quarto escuro.


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Notas finais do capítulo

Quem será aquele garoto? Façam suas apostas nos comentários!



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