Lia Hunter, Uma Filha de Hades escrita por Passado Dramático Apagado


Capítulo 19
-Axius, O Digno-


Notas iniciais do capítulo

Oie, povo que lê minha fic!

Tudo bom?

E a família?

Que ótimo!

Leiam e aproveitem!



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Depois de dois dias de treinamento, eu realmente achei que estava bem mais forte. Eu não ficava muito cansada do treinamento como no começo, ou quando usava a viagem das sombras (Serj me forçava a ir de uma margem do Lete para outra)

–Mais uma vez? –perguntou, depois de mais testes com as sombras.

–Sim... –tentava fazer minha respiração ficar neutra. As dores de cabeça continuavam todas as vezes que eu viajava nas sombras. Serj disse que com prática, elas cessariam.

–Quando quiser –disse ele.

Ignorei as dores e me concentrei no outro lado do rio. Minha cabeça latejava com mais força, mas em menos de dois minutos, lá estava eu de novo perto da fogueira. Senti outra vertigem e quase caí no chão. Mas Serj chegou bem na hora.

–Cinco viagens curtas é o seu limite –falou, me levando para mais longe da margem e me ajudando a sentar no chão arenoso.

–Isso é bom? –perguntei massageando a parte acima dos olhos, que parava de latejar vagarosamente.

–O máximo que conseguiria fazer é daqui para o acampamento e voltar, sem ambrosia ou néctar. Mas não sei se você desmaiaria. Não conheço seu limite.

–Nico faz parecer tão fácil... –enxuguei o suor frio da testa.

–Ora, alteza. O sr. Di Angelo teve um treinamento tão árduo quanto o seu.

–Mesmo assim... –peguei e comi um pouco da ambrosia que havia sobrado –preciso de mais ambrosia, já tá acabando.

–Não sei se vossa alteza sabe, mas meio-sangues não podem comer muito disso. É uma iguaria divina. Pode matar você se não dosar da maneira correta.

–E você só me diz isso agora... –resmunguei.

–Amanhã vou te mostrar algumas partes do Mundo Inferior.

–Então vamos andar bastante, não? –preparei o saco de dormir (Nico me deu um em uma de suas visitas) e me deitei.

...

No dia seguinte, andamos dos campos Asfódelos até os jardins de Perséfone. Serj me contava tudo o que sabia.

–Os jardins da senhora Perséfone foram cultivados por Ascáfalo e outros grandes jardineiros mortos.

–Mortos? Sério? Que surpresa! –sorri.

Serj pigarreou e continuou o falatório.

–Os choupos-brancos são árvores sagradas nos reinos de seu pai. Em homenagem à Leuce, a ninfa filha do titã Oceano. Por quem hã... ele teve um caso.

–Meu pai teve um caso com uma ninfa? Mas ele não tinha conhecido Perséfone, né?

–Na verdade, sim. Mas ela estava na superfície, com Deméter. Hades estava se sentindo só.

–Oh, claro. Se sua mulher não está, você tem casos com ninfas. Beleza.

Ele deu um sorrisinho. E era muito legal vê-lo sorrir.

De repente, uma coisa aterrissou ao meu lado. Parecia uma senhora malvada com asas e garras de morcego nas mãos. Tinha presas amarelas e afiadas. Peguei o canivete, mas Serj levantou a mão.

–Está tudo bem –falou –Esta é Tisífone, uma das três Erínias.

–Quer dizer as fúrias?

–Sssim, minha alteza –sibilou ela, fazendo uma reverência respeitosa, mas apavorante ao mesmo tempo –É um prazer conhece-la.

–Hã... sei. Obrigada.

–O que você quer, Tisífone? –perguntou Serj.

–Lorde Hades quer falar com você –respondeu, as presas amarelas brilhando.

–Mas, a garota...

–Eu ficarei com ela em seu lugar, não se preocupe –assegurou.

–Eu volto já –Serj tremeluziu e desapareceu. Me deixando sozinha com um demônio com cara de avó malvada.

Continuei andando pelo Érebo, com a fúria sobrevoando acima de minha cabeça. Até encontrar um tipo de campina com a grama morta. Ali estava recheado com cavalos esqueleto pastando ou correndo em grupos. Alguns tinham restos de selas nas costas, outros tinham rédeas ainda amarradas em seus focinhos.

–Uou... –foi o que consegui falar. Tisífone pousou à minha frente.

–Aqui são os estábulos de Hades –explicou –Os cavalos que morrem vêm até aqui.

–Legal –andei até um grupo deles. Os cavalos relinchavam e se apoiavam em suas patas traseiras, apavorados.

Socorro! – eles se afastavam –Não nos machuque! Não fizemos nada!

–Ei, tá tudo bem –tentei acalmá-los –Não vim machucar vocês.

Por favor, vá embora! Não fizemos nada!

Decidi que era melhor sair. Eu continuava apavorando os animais. Me afastei daquele grupo e fiquei andando pela enorme campina morta. Me sentei em uma pedra por ali e fiquei brincando com o canivete. Até que um dos cavalos-esqueleto se aproximou e me encarou.

Quem é você? –sua voz era viril –Não parece um morto... –ele me cheirou e ficou atrás de mim. Depois cheirou minhas costas e me deu um leve empurrão com o focinho largo –É. Está viva.

–Que?

Espera –ele voltou a ficar na minha frente e me encarou com as órbitas vazias escuras –você não é uma mortal. Consegue me entender?

–Hã... é... mais ou menos –ele chegou perto demais e me afastei brevemente.

Você é uma cria de Poseidon? –perguntou, me rondeando –Filhos de Poseidon conseguem falar com pégasos.

–Não. Sou filha de Hades.

Hades? Não conheci nenhum filho de Hades.

–Você não tem medo de mim?

Medo? –ele inclinou a cabeça –Por que?

–É que aqueles ali têm medo de mim –expliquei, apontando para os cavalos.

Bando de medrosos –bateu o casco no chão, olhando para o outro grupo.

–Tudo bem –dei de ombros –Hã... eu sou Lia.

Oi, Lia –ele chegou mais perto –Meu nome é Axius. Você tem olhos bonitos.

–Valeu –aproximei minha mão do focinho dele e ele se encostou na palma da minha mão –Você é um cara legal.

Você também é legal –ele relinchou, feliz –Quer dar uma volta?

–Uma volta? –me levantei –Quer dizer... montar em você?

Claro, o que você esperava? –ele se virou de lado.

–Tem um probleminha –falei –Hã... sua coluna... é meio, hã... afiada.

Ih, é verdade –ele olhou para as próprias costas –Mas aquele carinha ali tem uma sela –ele apontou com a cabeça para um outro esqueleto –E rédeas também.

–Sem problema –sorri, olhando para o “alvo” –Aí, você! –gritei, andando na direção do esqueleto -Vem aqui.

Eu? –perguntou, assustado.

–É, você –apontei –Vem aqui.

Não, não, não, não, não.... –choramingou olhando para os lados, apavorado –Me deixa em paz!

–Eu só quero a sua sela –tentei fazer ele não correr –Não vou te machucar.

Socorro! –ele galopou à toda velocidade.

Me concentrei nele e ordenei que voltasse, em pensamento. Ele parou subitamente e voltou contra a própria vontade, morrendo de medo.

–Eu só vou pegar isso aqui –assegurei, desamarrando a sela de suas costas e as retirando dele, depois desprendi as rédeas de seu focinho e o libertei. O esqueleto saiu correndo aos tropeços. Voltei para Axius.

–Aqui, consegui.

É, eu vi. Não vai fazer aquilo comigo, né?

–Não se preocupe –sorri, colocando a sela velha no lombo de Axius. E amarrando as rédeas em seu focinho ossudo –Acho que... tá confortável?

Está ótimo, obrigado –falou, se virando de lado novamente para que eu montasse.

Subi em suas costas. Com certeza estava mais confortável que se não estivesse com a sela.

–Hã... você tinha asas? –perguntei, olhando para os finos ossos que se projetavam dos lados da coluna de Axius.

Eu tenho asas –corrigiu, abrindo-as –Sou um Pégaso.

–Oh, claro, claro –segurei as rédeas com firmeza ao me lembrar da queda com Lassie.

Pronta? –perguntou.

–Não –resmunguei. E Axius saiu à galope pela enorme campina morta.

Tenho que admitir, é maravilhoso. Era muito bom sentir o vento em meu rosto.

–Isso é incrível! –gritei para Axius, sorrindo –Vai mais rápido!

Foi você quem pediu –relinchou ele, aumentando a velocidade.

–Uhuuul! –gritei mais alto.

Ei, você já voou antes? –ele falou correndo.

–Não –menti, ficando nervosa.

Quer experimentar?

–Tá. Mas... espera, como você vai voar? Não tem como.

Pra uma semideusa, você é bem descrente, viu –ele abriu as “asas” e as bateu suavemente. Logo não estávamos no chão. Subindo um, dois, três metros de altura. Me sentia mais livre que nunca. Voar era sensacional.
Axius inclinou para a direita e consegui ver o escuro palácio de Hades ao longe, Os Elísios e minúsculo rio Lete mais longe.

Que saudade do mundo lá de cima... –disse ele –quanto tempo faz mesmo? Nem vejo o tempo passar por aqui.

–Como você morreu? –perguntei.

Não me lembro direito –Axius inclinou-se mais um pouco para a direita, para que pudéssemos ver o Estige lá em baixo –Só lembro de uma flecha... acho que foi a última coisa que eu vi.

–Oh... –apreciei os Elíseos com mais interesse, querendo não imaginar o que teria acontecido com Axius em vida –Hm... sabe, nenhum Pégaso lá no acampamento meio-sangue gosta de mim. Mas voar é muito legal. Posso pedir pro meu pai pra você ser meu... hã... Pégaso-esqueleto?

Sério? –relinchou ele, contente –Faria mesmo isso por mim?

–Claro –afirmei, massageando o crânio dele –Você é um Pégaso bonzinho.

Ei, não fala comigo como se eu fosse um cachorro –avisou, cheio de importância -Sou bem mais inteligente, sabia?

–Ah, claro. Desculpe –falei, rindo baixinho.

Axius desceu na direção do grande castelo negro abaixo de nós. Tisífone nos acompanhou e perguntou em meio ao bater de asas para nos alcançar:

–Onde está indo, alteza?

–Eu, hã... vou resolver uma coisa com meu pai –falei, me segurando com firmeza nas velhas rédeas de Axius, temendo que se partissem a qualquer momento.

–Preciso acompanha-la, senhorita –concluiu com veemência.

–Tá, beleza –dei de ombros, enquanto Axius pousava vagarosamente no chão. Os portões se abriram depois que Tisífone sibilou para os dois esqueletos que estavam de guarda, e nem precisamos parar, pois abriram-se um pouco antes de chegarmos perto deles.
Axius pôs-se a galope por dentro do palácio e chegamos na sala do trono, onde Serj conversava com meu pai, ajoelhado. Hades nos mirou com surpresa ao entrarmos.

–O que está acontecendo aqui? –perguntou, quando Axius parou subitamente, alguns metros atrás de Serj. Tisífone planou até o trono do meu pai e lhe cochichou algo nos ouvidos.

–Entendo –assentiu ele, depois da fúria de afastar –Quer ter a posse deste Pégaso.

–É... –desci do lombo de Axius e massageei os ossos de seu pescoço –Axius é o nome dele. Eu... queria que ele tivesse sua permissão para sair do submundo, pai –fiz uma reverência –Sei que é pedir demais, mesmo depois de tudo o que o senhor fez por mim... mas se o senhor considerar-

–Não tem problema –ele sorriu para mim –Ele tem minha permissão –Hades acenou para Axius, que deu alguns passos para trás, agitado.

–Muito obrigada, pai –fiz outra reverência e tornei a subir em meu novo Pégaso.


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Notas finais do capítulo

E então?

O que acharam?

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