Lia Hunter, Uma Filha de Hades escrita por Passado Dramático Apagado


Capítulo 18
-Começo Meu Treinamento Com Um Fantasma-


Notas iniciais do capítulo

Dois caps num só dia! Estou me superando! hehehe...

Aproveitem e comentem!



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Nico se sentou em sua cama e ficou olhando para os próprios pés. Serj encarava a porta de entrada do chalé, também pensando. Ficaram assim até que Nico se levantou.

–É o jeito. Vou ter que explicar essa história pra Quíron. Ele manterá segredo.

–Mas Lorde Hades não quer que ninguém-

–Eu sei –ele suspirou –Mas não consigo pensar em nada. Eu volto já –Nico desapareceu em sombras.

–E então... –cortei o silêncio que se estendeu por alguns minutos –O que meu pai disse sobre esse treinamento?

–Bem, na verdade ele só me falou do treinamento. Não comentou o porquê.

–Que conveniente, não? –me encostei na parede gelada do chalé –Só você vai me treinar?

–Mais ou menos –ele sorriu –Vou te explicar sobre as terras do Lorde Hades, te ensinar como usar seus poderes, te ensinar a lutar.

–O que você fez em vida? –perguntei, sem mais nenhum assunto.

–Eu era um guerreiro meio-sangue, como esse cambestas do acampamento.

–Campistas –corrigi.

–Isso, campistas.

–De quem você era filho?

–Thanatos –respondeu.

–Então, tecnicamente... Você é primo do Jhon?

–Quem é Jhon? –ele ergueu as sobrancelhas.

–Um amigo. –expliquei -Ele é filho de Hipnos.

–Ah, claro –ele deu de ombros -Então sim, esse tal Jhon é meu parente. Hipnos é irmão de Thanatos.

–São gêmeos, né?

–Mais ou menos isso.

Nico reapareceu de repente numa nuvem de sombras entre mim e Serj.

–Tudo certo –ele assentiu, sonolento –Quíron vai inventar uma desculpa.

–Então vamos? –perguntou Serj para mim.

–Mas... não é melhor eu ir comer primeiro?

–Não se preocupe, jovem ama –ele sorriu –Vossa alteza terá tudo o que precisar.

–Vá, Lia –pediu Nico –Eu vou arranjar uma desculpa pro pessoal.

–Eu... –tentei pensar em qualquer coisa pra ir jantar com meus amigos uma última vez antes do treinamento começar. Nada –tudo bem...

Me concentrei e me imaginei no Mundo Inferior novamente. A sensação de vertigem veio de novo, me senti fraca. Não lembro direito de onde estava, pois desmaiei um pouco depois de me dar conta de que estava em algum lugar.


Acordei com a cabeça doendo. Estava deitada numa areia escura, escutava barulho de água correndo do meu lado. Minha cabeça estava apoiada numa pedra.
Me sentei com dificuldade, e minha cabeça começou a latejar. O barulho de água continuava, um estranho rio logo à minha esquerda. As águas brancas como leite, gorgolejando. Papoulas vermelhas projetavam-se em sua margem.

–Você está bem, alteza? –uma voz falou, enquanto eu ainda contemplava o rio.

Quando me virei, era Serj. Estava cutucando uma fogueira com um pedaço de madeira. As chamas crepitavam de um jeito estranhamente calmo.

–Por... quanto tempo eu apaguei? –perguntei, a cabeça ainda latejando.

–Algumas horas –ele falou, cutucando o fogo –Desculpe por isso, esqueci que não estava acostumada com essas viagens.

–Não... tudo bem –voltei a olhar para o rio –Onde estamos?

–Na margem do Lete –respondeu –, o rio do Esquecimento.

–Ah, claro...

–Tome isso aqui –ele me jogou um saquinho –Tem ambrosia. Você vai precisar.

Depois de me sentir melhor, fechei e o guardei no bolso do casaco. Serj me contava sobre o Rio Lete:

–Uma gota desse rio pode fazer você esquecer tudo que fez na última semana. Um copo dessa água pode apagar toda a sua memória, você não lembraria nem mesmo seu próprio nome.

Me afastei do rio para mais perto da fogueira.

–Alguns espíritos se banhavam no Lete para esquecer de tudo o que eram. Seus pecados, suas virtudes, seus parentes, seus amigos. Tudo seria esquecido.

–Quem faria isso? –perguntei, apreciando as papoulas dançando no vento frio do Mundo Inferior.

–Aqueles que quisessem uma segunda chance e tentar viver novamente. Eles não podiam lembra de nada que tivessem feito em vida. Era como uma bênção –ele olhava para as águas leitosas, como se soubesse mais alguma coisa que eu não sabia –Vamos começar o treinamento ou ainda está um pouco tonta?

–Estou bem –me levantei -, vamos começar.

Ele se levantou também e nos afastamos um pouco da fogueira. Tirei meu canivete do bolso e o transformei em minha espada, Skotádi. Serj tirou a espada da bainha.

–Tudo bem –disse ele –Vamos começar com a posição dos pés... –ele me mostrou como ficar na base de ataque e defesa. Depois me fez treinar com a espada usando a mão esquerda (sou destra), que foi a parte mais difícil até aí.

–Por que tenho que treinar com a esquerda? –perguntei, tendo dificuldade para atacar.

–Você tem de estar preparada para qualquer situação –ele se defendia dos meus ataques muito rapidamente –Se você machucar seu braço bom. Como vai atacar se apenas treinou com o direito?

–Bom argumento –tentei desarma-lo, sem sucesso. Ataquei mais e mais vezes. Depois de uns bons minutos exercitando meu braço esquerdo, comecei a me acostumar.

–Experimente passar a espada de uma mão para a outra quando estiver lutando –disse Serj –Isso pode confundir o inimigo.

–Certo –falei, ainda atacando.

Depois de algum tempo treinando minhas habilidades com a espada, Serj me falou um pouco sobre meus poderes.

–Você consegue enxergar no escuro. E, diferente dos outros semideuses, você respira tão bem aqui em baixo quanto em cavernas ou subsolos. Além de seu sistema imunológico estar mais forte no Mundo Inferior ou à noite.

–Pensava que todos os meio-sangues conseguiam fazer isso –comentei, sentada numa pedra e comendo alguns pedaços de ambrosia.

–Além de conseguir se comunicar com qualquer criatura daqui de baixo. E os mortos também.

–Todos os mortos?

–Todos -assentiu -Qualquer coisa morta.

–Nossa –suspirei –Sabe... Hades.... ele tem o maior império, não? O maior número de súditos. O Mundo Inferior é bem maior que o Olimpo, eu acho... e ele era o mais velho. Você não acha que Hades deveria ser o-

–Não pense nisso –uma voz atrás de mim advertiu. Me virei pra ver quem tinha dito. Fora Nico –Não deve pensar assim –eu dei um espaço na pedra ele se sentou ao meu lado -, quer dizer, não vai adiantar de nada, e Zeus ia ficar uma fera com você. Não... não vale a pena.

–Não gosto disso –admiti –Zeus é... egoísta. Nosso pai, ele deveria ser o senhor do Olimpo.

–Por que? –ele parou de fitar as chamas da fogueira e olhou para mim –Olha, Lia, Zeus foi quem salvou nosso pai e os outros olimpianos. O que Hades fez? Ele ajudou, é claro, mas foi apenas isso. Zeus merece o crédito. Foi ele quem liderou os olimpianos até os titãs. Eu sei... o cara as vezes é um idiota egoísta. Mas se não fosse por ele, nem Hades, nem nenhum dos olimpianos estaria aqui. Viveríamos num caos total, entende?

–Tá, tá. Isso eu entendo –tirei o canivete do bolso e fiz com que uma lâmina comum saísse dele. Comecei a tirar a lama da sola dos tênis –Mas ele não teve nenhuma consideração pelo nosso pai, Nico. Ele nem no mínimo tem um trono lá no Olimpo. Por que ele tem que ser o não-olimpiano? Por que ele foi excluído? É isso que eu não entendo.

–Na verdade, eu também não –Nico sorriu –Mas não temos como mudar isso. Passado é passado. Não importa mais. Não podemos viver em algo que já aconteceu.

–Mas é o passado que nos define –limpei a sujeira da lâmina do canivete e o guardei no bolso.

–Passado... -ele repetiu, melancólico –Uma coisa engraçada, na verdade. Tem certas coisas que você adoraria esquecer, mas mesmo assim, é importante...

–Nico... o que aconteceu com você?

–Você não precisa saber disso –ele evitava me olhar –Além disso... não mudaria em nada. Nada mesmo.

Ele chegou mais perto e me beijou a testa. Depois sorriu e se dissolveu nas sombras novamente.

–Que droga, Nico –sorri, sem reação –Não consigo ficar brava com você.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?

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