E Se fosse verdade? 2 escrita por PerseuJackson


Capítulo 6
Sou gravemente chifrado




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— Alguém faça alguma coisa? — gritava a professora.

O fogo queimava tudo lá dentro. A fumaça cinzenta subia aos céus. Uma multidão de alunos estava do lado de fora, alguns chorando, outros em estado de choque.

Bufei.

— O que será que esse garoto fez agora? — Observei a escola em chamas. — Hum... acho que só eu posso apagar este incêndio e... — dei um giro, e transformei-me em um bombeiro. — Restaurar a paz!

Fui para a entrada da escola, ergui uma mangueira, e a água começou a sair, apagando as chamas.

— Graças a Deus. — clamava os professores. — O bombeiro chegou.

Depois de alguns minutos, comecei a suar feito um porco.

— Minha nossa! — disse eu. — Isso sim é estar no calor do momento.

— Tem mais alunos lá dentro. — disse alguém.

Virei-me.

— Bem, então mande esses burros saírem.

— É o seu trabalho. — gritou um cara. — Vá tirá-los de lá. E por que está com a cara pintada de verde? Está pensando que aqui é...

O atingi no rosto com um jato de água da mangueira. Me aproximei dele, coloquei um cigarro em sua boca, pus meu braço ao redor dele e disse:

— Fumar... — dei um passo para o lado e o cigarro explodiu. — Traz prejuízos á saúde.

O cara caiu no chão com o rosto totalmente queimado. Todos gritaram.

— Calma, calma! — falei para a multidão. — Nada de pânico! Ok, eu vou entrar.

Entrei na escola. O calor era horrível. O fogo tomava conta de todo o lugar. Passei por entre as chamas. Esperei estar com queimaduras no corpo, mas olhei e não vi nada de mal. Ouvi um barulho vindo mais de dentro.

— Prontos ou não, lá vou eu! — gritei.

Passei por portas queimadas, cadeiras viradas e alguns corpos de alunos que não conseguiram escapar das chamas. Quando finalmente, no fundo da escola, perto da quadra, eu vi um garoto com uma espada, lutando contra um touro enorme de bronze.

— Ah, eu não acredito! — resmunguei. — Percy! Pare de brincar de vaquejada e fuja!

Percy olhou para mim, e arregalou os olhos. O touro de bronze abriu a boca e lançou fogo em direção a ele. Percy se desviou com um grito.

— Me ajuda! — gritou ele.

— Eia! Olhe para cá boizão. — chamei, agora vestido de toureiro, com um pano vermelho grande em minhas mãos.

O bicho olhou para mim. Os olhos dele eram feitos de rubis vermelhos. Os chifres eram afiadíssimos. O touro escarvou o chão e avançou em minha direção. Abri o pano vermelho, e assim que ele ia me atropelar com seu peso, dei um passo para o lado enquanto ele passava direto por mim.

— Olé! — gritei.

O touro mugiu de indignação. Percy tossiu e olhou para mim:

— Como fez isso?

— Pare de falar e fuja! — exclamei.

Percy se engasgava com a fumaça, mas levantou-se e correu. Infelizmente, um pedaço do teto desabou sobre ele. Eu não o vi mais.

— Ah, malandro miserável. — balancei o pano. — Venha de novo, e vou lhe transformar em carne assada.

O touro mugiu, escarvou o chão novamente, e avançou a toda velocidade. Dessa vez não deu muito certo. Tentei dar um “olé” novamente, mas o bicho aprendeu a lição, e com toda a força perfurou-me com os seus chifres. Pensei que eu estaria morto, mas quando vi o buraco que o touro havia feito em meu peito, parecendo um túnel escavado com entrada e saída, fiquei impressionado. Eu não estava sentindo nenhuma dor excruciante. O sangue escorria pelo o meu corpo saindo de dentro do buraco.

— Uuuuhhhh! — gemi. — Você me acertou meu amigo bovino. Você... ven...ceu.

Caí no chão e fechei os olhos.

Silêncio, a não ser pelo o barulho da escola pegando fogo e prestes a desmoronar.

No mesmo instante, abri meus olhos. Olhei para o touro, que estava com um de seus chifres tingido de vermelho, e parecia perplexo. Os pedaços do teto caiam quando me levantei e tirei uma marreta enorme de dentro do bolso.

— Segundo Round! — gritei.

O touro de bronze mugiu e começou a avançar em minha direção.

— Ahhh! — gritei, e o atingi com a marreta bem na cabeça, que ficou totalmente amassada.

— Muuuu!

— Môôôô! — o atingi nas pernas, no lado, no traseiro e nas costas. O touro agora parecia que havia sido esmagado por uma bigorna. Fumaça escapava dos ouvidos e outros lugares. Foi quando ele começou a emitir um bipe que ia se tornando mais agudo, como se fosse... Explodir.

— Ei! Isso é trapaça! — reclamei.

Fui até onde Percy estava soterrado, o tirei de lá e corri para fora. Mal eu havia acabado de sair, a escola explodiu.

Buuuuummm!

Uma bola maciça de fogo subiu aos céus. Pedaços da escola voaram por todos os lados. Toda a multidão que estava reunida em frente se dispersou aos gritos e berros. Saí de lá, carregando Percy nos braços, e indo para longe da escola. Os carros dos bombeiros e da polícia já estavam chegando ao local.

Entrei em um beco para evitar os carros de policia. Coloquei Percy no chão. Ele estava com o rosto sujo de fuligem. A testa estava cortada e sangrando. As roupas sujas e com buracos de fogo.

— E agora? O que faço com ele?

No mesmo instante, veio a minha mente todas as coisas ruins que eu não gostava em Percy. Lembrei-me dele brigando comigo a bordo do Princesa Andrômeda. De como ele tirou as minhas chances de dançar com Annabeth no ultimo verão.

Sorri malvadamente para ele.

— Eu tenho a chance de matar você. Tenho a chance de tirar você do meu caminho.

Coloquei minhas mãos em sua garganta para sufoca-lo, mas alguma coisa me impediu de fazer isso.

Eu pisquei.

— Não. Não posso fazer isso. Ele é meu amigo. Eu... Preciso...

Coloquei as mãos atrás da cabeça e puxei a máscara. Novamente houve sons de trovão e clarões de relâmpagos. Fiquei puxando com toda a força, até que a máscara se despregou do meu rosto.

— Ah! — respirei fundo. Olhei á minha volta. Onde eu estava? Minhas mãos estavam tremendo. Olhei para a máscara em minhas mãos. Será que aquilo havia sido mesmo real? Será que...

Percy começou a tossir. Ele abriu os olhos.

— Hã... Onde... — ele me olhou. — O quê... Raphael?

— Percy! Meus deuses, o que aconteceu com você?

— Não sei, eu... Estava na escola e... — ele se sentou, mas colocou as mãos na cabeça. — Ai! O que aconteceu comigo?

— Hã... Não sei. — falei. — O que aconteceu?

— Eu estava na aula de Educação Física, e então um... — ele arregalou os olhos. — Um touro de Colchis. Foi isso. Ele saiu num sei da onde e me atacou. Daí pôs fogo na escola inteira. E depois um... Sujeito com uma cabeça grande e verde entrou lá e se transformou em um toureiro e depois... Não me lembro.

Eu fiquei sem fala. Fitei o chão sem saber o que dizer. Eu era o sujeito da cabeçona. O que será que eu havia feito?

— O que ele fez? — perguntei com um pouco de medo. — Quer dizer...

— Não sei, cara. Ele ficou lutando contra o touro e me mandou correr.

As sirenes dos carros de policia ecoavam pela cidade. Percebi que já estava de tarde. Talvez umas três horas.

— O que é isso? — Percy pegou a máscara. Meu coração pareceu parar de bater.

— Ah! Isso? É... isso é... — gaguejei. — Só uma máscara. Uma simples máscara de madeira.

Sorri. Percy franziu a testa.

— Tudo bem.

— Você precisa de um médico. — falei. — Sua testa está sangrando.

O ajudei a se levantar.

— Vamos para o acampamento. — disse ele. — Preciso conversar com Annabeth imediatamente.

A ideia me animou rapidamente.

— Sim. Vamos!

Chamamos um táxi e entramos. O taxista olhou para Percy e disse:

— Para o hospital?

— Não. Long Island. — disse ele.

O taxista nos olhava.

— Tem certeza de que não é para o hospital?

— Absoluta.

Ele deu de ombros.

— Tudo bem, então.

Ele acelerou o carro. Percy olhava para a máscara que eu segurava.

— Quem lhe deu isso? — perguntou.

— Hã... Ninguém. — menti. — Eu achei na rua.

— Estranho. Sinto que eu já sonhei com ela.

Eu fiquei tenso. Não queria falar para ele que achei aquela coisa na mochila de Igor.

Igor.

Eu tinha de ter uma conversa séria com ele. Onde ele havia achado essa máscara estranha?

Eu olhava para fora do carro. Não estava pensando em nada, mas eu tive a impressão de ouvir, bem no fundo de minha cabeça, uma gargalhada que se assemelhava, e muito, com a do sujeito da cabeçona.


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