Cobra POV

Eu não conseguia nada direito que não fosse pensar na marrenta que saiu à pouco do meu QG. Atendi uma moça, parecia lutadora. Seu corpo era definido, belos cabelos vermelhos e uma pele bem branquinha.

– E aí gato, da quanto isso? – Perguntou, com aquele barulho irritante de chiclete. “Pera aí Cobra? O que você ta pensando? Em vez de estar pensando em como essa menina é gostosa, você fica aí se irritando com um barulhinho de chiclete?” Isso era meu inconsciente reclamando.

– 19,80 novinha. – Eu disse e sorri. Ela sorriu de volta e me deu o dinheiro. Ficou esperando alguma coisa. – O que foi? – Perguntei sem entender. Ela rolou os olhos e saiu do QG rebolando.

Quando deu a hora do almoço Thawik chegou, para me render. Antes, ele comentou comigo.

– Ta sabendo que vai ter um show da Ribalta hoje? É no Aquazen, aberto ao público! – Disse ele, animado. Show da Ribalta? Eu não ia não. – A Jade que me contou. Falando nisso cara, é sério que você terminou com aquela deusa? – Disse Thawik com cara de safado.

– Cara, eu acho que isso é assunto meu né. – Eu disse incomodado pela forma que ele se dirigiu a Jade. A gente tinha terminado há apenas um dia, era normal eu me sentir meio mal.

Foi almoçar no Perfeitão, e fiquei pensando: se todo mundo vai, a Bianca também deve ir. Ou seja, o Gael vai arrastar a Karina para ir junto com eles, pra assistirem a apresentação da Bianquinha. Vi Fabi, amiga da K, do outro lado e fui até ela, como quem não quer nada.

– Não posso falar com você Cobra. – Disse, sussurrando e olhando para todos os lados. – Por mais que a Karina te ache legal, confie em você e tal, o mestre Gael mandou a gente ficar longe. – Olha, a K fala de mim! Senti um sorriso surgir na minha cara.

– Fabi, é sobre a K mesmo que eu quero falar. – Eu disse e ela me olhou receosa.

– O que você fez com ela hein? – Perguntou preocupada. Ri da cara que ela fez, como se fosse me bater. Mas todo mundo sabia que a Fabi só fazia muai thay pra perder peso.

– Fiz nada não garota! – Falei irritado. Eu nunca faria nada contra a K. – Eu só quero saber... o telefone dela. – Falei, baixo, meio desconcertado.

– E você ta achando que eu vou te dar por quê? – Perguntou ela. Depois ela me encarou e sorriu balançando a cabeça. – Cobra, você ta afim da K?

Fiquei aflito com aquela pergunta. Que pergunta era aquela? Afim? Eu tava afim? Eu não sei, eu sei é que eu poderia usar isso a meu favor.

– Não conta pra ninguém não ta? – Eu disse, me aproximando mais dela, como se fosse lhe contar um segredo. Ela assentiu. – A K é minha única amiga, ela é gente boa, bonita... – joguei a isca e ela me olhou entendendo tudo. Meninas são tão bobas e românticas.

– Ok, eu te passo o número, mas nunca diga que fui eu viu! – Ela pediu. Dei minha mão pra ela.

– Acordados. – Disse e ela apertou minha mão rapidamente, com medo de alguém nos ver. Rápido, ela pegou seu celular e me ditou o número. Fui para o QG mais leve e mais feliz.

Chegando lá, Thawik foi embora, e decidi que iria mandar uma mensagem para K.

Topa ir no show da Ribalta comigo hoje? Ass: Cobra

Fiquei preocupado de ela me achar doido, ou de não me responder. Mas em menos de 5 minutos chegou à mensagem.

Como vamos juntos? Podemos nos encontrar lá, o que acha?

Me senti feliz com aquilo. Ela realmente queria me encontrar lá.

Ok novinha, a gente se vê lá umas 20:30! Beijo.

Eu queria logo vê – la, beijar aquela boca macia. Afinal, será que ela ia querer me beijar? Ou conversar? Ou curtir o show? Eu e a K era um lance imprevisível. Mas qualquer coisa com ela era bom.

Cheguei à conclusão de que o dia seria longo.

Karina POV

Eu olhava para o relógio de meia em meia hora, pensando no que ia vestir, como ia sair de perto do meu pai e aonde eu ia encontrar com o Cobra. Mas agora eu tinha o telefone dele salvo já no meu celular. Eu ainda tinha que descobrir que deu meu número pra ele, e agradecer eternamente. Mentalmente, claro, eu nunca ia dar o braço a torcer de que eu tava começando a gostar do Cobra.

Quando o sinal bateu, minha euforia era visível eu acho, porque a professora ficou me encarando com a cara engraçada. Meu ônibus não demorou, então, tudo estava conspirando a meu favor.

Estou indo pra casa, quando estiver saindo, te mando uma mensagem.

Decidi mandar uma mensagem pra ele. Será que eu e Cobra iríamos ficar agarrados assistindo o show, longe de tudo e de todos? Será que íamos conversar? Nos beijar? Eu queria muito beijar ele. Me condenei mentalmente e percebi que tinha uma mensagem não lida no meu celular.

Ok loirinha. Quero aproveitar bastante esse show.

Só eu senti uma certa malicia até por mensagem? Ri disso.

Eu também J beijos!!

Disse. Quando vi, já estava chegando. Dei o sinal e logo desci. Andei até a praça José Wilker e olhei para o QG. Cobra levantou a mão para acenar pra mim, mas parou. Olhei pra trás. Só podia ser alguém.

– Olhando pra onde Karina? – Perguntou Bianca, olhando do QG pra mim e de mim pro QG. Olhei rapidamente e vi Cobra se aproximando da porta.

– Tava olhando a praça Bianca, por que, não é permitido? Ou será que você pagou isso tudo aqui e na verdade eu vivo um grande Show do Truman? – Falei. Ela ficou furiosa.

– Karina, chega! Eu to cansada desses seus pitis infantis. – Ela agarrou meus ombros.

– Piti? Eu to cansada é de você garota! – Falei e me soltei dela, indo pra casa.

Entrei em casa e tomei um banho refrescante. Quando saí, vi Bianca sentada na cama, arrumando as roupas do show.

– K, posso falar com você? – Pediu ela, com lágrimas nos olhos.

– Fala. – Falei, tentando parecer indiferente, mas pra falar a verdade, eu sentia falta da minha irmã.

– Eu queria te pedir desculpas. Me perdoa Karina. Me perdoa por ter pago o Pedro, por ter gritado com você, falado tantas coisa horríveis. – Pediu ela, levantando da cama e se aproximando de mim.

– Ok Bianca, eu vou tentar te perdoar. Mas me dê um tempo, ok. – Pedi e vi Bianca sorrir triste. – Bianca, deixa eu te fazer uma pergunta. – Ela me olhou. – O show vai ser como hoje? – Perguntei e sentei na cama. Eu ainda não tinha nem pensado na roupa que usaria.

– Então, vão ser várias apresentações. Vai ter a Sol, agora cantando solo com seus dançarinos, o Lírio e o Rico. Vai ter eu encenando Romeu & Julieta, junto com o Marcelo. Vai ter Jade com um número de dança lá com a ruiva e a Guta. A Joaquina que vai apresentar algo dramático, a Mari vai cantar e a galera da Ribalta vai apresentar a nova vocalista. – Disse. Ao notar o que disse sobre a galera da ribalta, Bianca ficou esperando alguma reação minha, mas eu não tive nenhuma – Você vai? – Perguntou ela, animada.

– Vou ver, se o papai me obrigar. – Eu disse. Eu estava torcendo pro seu Gael vir aqui e me mandar ir assistir a Bianca. Bom, e foi isso que ele fez.

– Meninas, quero vocês prontas em 10 minutos. Karina, você também vai ao show. – Ele disse. Assenti. Não queria discutir, eu queria ir mesmo. – Não vai discutir brigar, emburrar, nada? – Fiz que não e sorri, indo para o guarda roupa. – Minha filha, você está bem? – Meu pai disse se aproximando de mim e colocando a mão na minha testa.

– Estou pai. Não vai adiantar nada eu resmungar. – Falei. Ele saiu do quarto, ainda estranhando minha reação e eu peguei uma calça preta mais justa e uma blusa mais larga. Coloquei um tênis mais novo.

– Olha Karina se arrumando mais... aí tem hein. – Dei a língua pra Bianca e ela riu.

Saímos do quarto e fomos para a sala. Peguei meu celular e mandei uma mensagem rápida para Cobra.

Estamos saindo. Me encontra perto da piscina do Aquazen.

Duca POV

Era hoje que eu ia ver meu irmão. Era hoje que eu iria entender o porquê desse sumiço. Me arrumei e vi minha vó se aproximar.

– Todo bonitão. – Disse ela sorrindo. – Duca, não se esquece de mandar meu beijo pro seu irmão. Diz que eu o amo muito! – Disse ela, com lágrimas nos olhos. A abracei.

Saí de casa e liguei para Alan.

– Oi irmão, o show vai começar daqui há 1 hora, no Aquazen.

– Ok Duca, quando eu tiver chegando eu te aviso.

– Ta bem. Fica bem irmão!

– Você também!

Cobra POV

Cheguei ao Aquazen e ainda não tinha quase ninguém. Era 20:00. Fiquei perto da área da piscina e lembrei do dia que Jade caiu e como eu quis protege – la. Agora aquilo tudo que eu sentia, foi sumindo aos poucos. Eu só tinha olhos para a K, e era com ela que eu queria ficar. Ela só não podia saber disso agora.

Fiquei no meu canto, até que vi uma movimentação na entrada. Me aproximei e vi Gael chegando com as meninas. Karina estava linda e aquilo era pra mim. Bianca foi para trás do palco improvisado e Gael e Karina foram para o meio das pessoas.

Karina POV

Que ótimo, meu pai vai ficar no meu pé. Fiquei pensando nisso, até ver Fabi chegar.

– Mestre Gael, posso falar com a K rapidinho? – Pediu ela. Não sei porque, me senti aliviada.

– Pode, mas não demorem muito. – Falou ele. Saímos de perto dele, e fomos andando para o lado da piscina.

– K, o Cobra veio pedir o número do seu telefone hoje. Ele disse que você é bonita e tal. Ele ta afim de você K. – Sorri ao ouvir aquilo. Cobra, afim de mim? Que fofo! O vi perto de umas cadeiras. – Ele ta lá amiga, vai lá. – Disse ela, sugestivamente. Assenti e fui até ele.

– Oi. – Disse, sem jeito. Ele veio até mim e segurou minha mão.

– Ta linda. – Disse. Eu não ia resistir. Fiquei olhando de seus olhos pra sua boca. – K, não faz assim. – Pediu ele. Ri dele. Depois, Cobra foi me puxando até o vestiário que tinha próximo dali. - A senhora que pediu. – Disse ele, fechando a porta.

– Não me lembro de ter pedido nada. – Falei olhando em como aquele vestiário era bonito. Bem diferente do da academia. Senti uma mão na minha cintura e beijos quentes no meu pescoço. – Para Cobra. – Falei, mas na verdade não era pra parar. Ele me virou de frente e ficou me encarando.

– Tem certeza de que quer que eu pare? – Ele disse. Levantei minha mão e passei meu dedo indicador pelo seu rosto, decorando cada detalhe.

– Quando eu to com você, eu não tenho certeza de mais nada. – Ele sorriu e me puxou. Minha mão parou no seu cabelo. Sua boca se uniu com a minha. Logo eu abri minha boca. Não queria demorar demais pra sentir o gosto dele. Nosso beijo não era calmo, não podia ser. Tínhamos uma vontade louca de nos beijarmos. A outra mão passava pelo seu abdômen, em cima da blusa. Cobra me puxava mais para si como se isso fosse possível. O ar nos faltou e nós paramos o beijo.

– Isso, isso não... – Eu tentava formular uma frase, mas nada saía. Eu não tinha forças para pensar, mal mal para ficar em pé. Me encostei no armário e Cobra veio até mim, colocando as duas mãos entre nós.

– Eu quero você Karina. – Disse ele, me olhando de uma forma tão sexy que parecia pecado, se não fosse tão certo. Segurei seu rosto com as duas mãos e o beijei novamente. Nossas línguas travaram uma batalha. Cobra pegou minha cintura com uma mão e com a outra acariciava meu rosto. Ele se colou mais a mim, e eu me senti quente. Tirei a mão do seu rosto e Cobra tirou as mãos de mim. Juntou suas mãos com a minha, em cima da minha cabeça. Mão com mão. Boca com boca. Eu sabia que devia parar, mas não podia. Ouvimos uma batida. Ignoramos. Ouvimos outra.

– Quem está aí, abra essa porta, agora! – Ouvi a voz de Roberta do outro lado. Automaticamente me soltei de Cobra.

– Que ótimo, agora estamos ferrados! – Falei olhando pra ele, que me encarava preocupado.