Cobra POV

Péssimo momento pra Roberta chegar! Agora que eu e a K estávamos nos acertando. Passei minha mão pelos cabelos, enquanto Karina me olhava apreensivo.

– Que droga Cobra, o que a gente vai fazer? – Perguntava ela, me encarando.

– Calma novinha. – Pedi e me aproximei dela. A abracei e ela me abraçou pela cintura, de lado. Ouvimos outra batida.

– Saíam daí agora, senão eu chamo a polícia e acabo com esse show da Ribalta. – Segui com Karina abraçada em mim e amedrontada e abri a porta. Roberta estava com a mão na cintura e nos olhava com ódio. – O casalzinho estava se divertindo aí dentro? – Perguntou ela, furiosa. – Pera aí. – Ela se virou pra mim. Pronto, agora ela não ia ter pena de mim, como da outra vez. – Você... eu conheço você. – Ela disse, com o dedo indicador estendido, se lembrando de mim, no dia que a Jade desmaiou.

– Roberta, olha, a gente não fez nada demais né? – Perguntava Karina, se soltando de mim.

– Nada demais? Vocês se trancaram no vestiário de uma área onde não ta liberada para esse show. E você... – ela disse, me encarando. – Você já esteve aqui né rapazinho, mas era com outra garota. Rápido você. – Disse ela. Senti Karina me olhar. – Agora você Karina, que feio. Vamos ver o que seu pai acha disso. – K começou a ficar ainda mais amedrontada, seus olhos estavam vermelhos. Me preocupei com seu estado. Vi Duca se aproximar.

– O que ta acontecendo aqui, Roberta? – Falou o “bom moço” irritante.

– Esses dois estavam trancados no vestiário da área da piscina. Pode isso Duca? Mas eu vou avisar ao pai dessa mocinha. – Disse ela. Vi Duca olhar para K com pena e se aproximar de Roberta.

– Deixa eles Roberta, já estão aqui fora. Vamos aproveitar o show. – Ele disse se aproximando dela. Roberta logo amoleceu.

– Olha hein, se fizerem de novo, já sabem, vão se vê com o seu pai, ta? – Disse ela, para Karina. Nós assentimos e ela saiu junto com Duca.

Olhei para minha marrentinha e fui tentar abraça – la, mas ela se esquivou.

Karina POV

Por um lado eu estava muito aliviada do Duca ter tirado a gente dessa, mas só de saber que o Cobra e a Jade invadiram o Aquazen pra ficar de namorico me irritava. Ok, eu estava sim com ciúmes, mas eu não conseguia evitar.

– Que foi K? – Perguntou ele, tentando se aproximar novamente.

– Então quer dizer que você já trouxe a Jade pra cá? – Eu disse, não conseguindo esconder minha voz de decepção.

– Karina, foi antes desse nosso lance, você sabe. Eu e ela a gente tinha um rolo, que se tornou num namoro, mas agora eu to com você. – Fiquei feliz por ouvi – lo dizer que estava comigo, então a gente tava junto? Mas eu não queria imagina – lo com a Jade, naquela piscina, os dois.

– Cobra, com a Jade você namorou né, e comigo? A gente nem sabe o que a gente tem. – Eu disse, sentando em uma cadeira, próxima da piscina.

– Então quer dizer novinha, que você quer namorar comigo? – Perguntou ele, malicioso, se abaixando próximo a mim.

– Não disse isso Cobra, até porque nunca ia dar certo. – Falei sem pensar, mas depois me arrependi. Vi Cobra com um olhar triste. – A gente era só amigo Cobra, e acho melhor ser assim. – Pedi e ele assentiu, se levantando.

– Você é igual a Jade Karina. – Ele disse e eu me irritei ainda mais. – Você nunca teria coragem de revelar pro seu pai que a gente ta junto. – Disse ele, com desgosto. Senti que tinha feito uma besteira e levantei.

– Cobra, se você voltasse pra academia... – Eu disse, tentando persuadi – lo.

– Impossível Karina, teu pai me expulsou de lá, lembra? – Falou ele, irritado.

– E você foi pra Khan! Ficar perto daquelas pessoas que só fazem o mal! – Eu disse, exasperada. – E você sabe muito bem porque meu pai te mandou embora. – Lembrei do que ele fez com a ruiva e a ameaça contra mim e me senti mal.

– Karina, tocar nesse assunto? Sério? Aquilo já foi! – Falou ele, se aproximando de mim. Lembrar daquele Cobra não me fazia bem.

– Não foi não Cobra, você fez uma merda! Por isso meu pai não te aceita! E pra falar a verdade, por ele, eu nem falava com você, mas eu sou uma palhaça mesmo, acredito em você, tento ser sua amiga e acabo envolvida com essa tua lábia e cara de pau. – Falei e vi Cobra dar um sorrisinho cínico. Ele veio até mim e tentou me segurar. – Para Cobra! Eu preciso pensar! – Falei. Eu estava muito estressada. Aquilo não tava certo. Ser amiga dele, ok, mas me envolver com ele? Meu pai me mataria e faria picadinho de Cobra pro almoço. Saí andando, sem olhar pra trás.

Eu queria chorar, gritar, mas eu não podia fazer isso. Era a apresentação da minha irmã, e eu me aproximei do meu pai, rezando para que ele não percebesse que eu passei uns bons minutos fora.

– Onde a senhora estava mocinha? – Ele perguntou, sussurrando.

– Pai, eu tava... no banheiro! É que eu comi alguma coisa desse bufê que me fez mal. – Menti. Meu pai estava de braços cruzados, um olho em mim, um olho na Bianca, que estava apresentando Romeu e Julieta. Olhei para trás, e vi Cobra bebendo alguma coisa. Meu pai olhou para onde eu olhava e eu tentei disfarçar.

– Você gosta dele né filha? – Senti o ar faltar ao ouvir aquilo? Como assim? O Duca abriu o bico? – Você sempre quis se aproximar dele, ser amiga. Eu devia ter sido menos duro. Ele é um garoto perdido, e na Khan é pior ainda. – Disse meu pai, triste.

– Pai, se o Cobra quisesse, você aceitaria ele de volta? – Perguntei, me sentindo entusiasmada.

– Não sei filha, ele é um rapaz complicado, mas acho que sim, eu queria recuperar o lado bom dele. Você sempre acreditou que ele tinha um, você deve estar certa. – Eu já havia conversado com meu pai sobre o Cobra algumas vezes, e dito que eu acreditava nele. Lógico, que antes da confusão da ruiva, porque depois daquilo, nada faria meu pai confiar nele de novo. Mas pelo visto, eu estava enganada. – Agora vamos assistir sua irmã né? – Disse ele, para acabar com o assunto. Assenti e sorri para o meu pai, que sorriu de volta.

A apresentação dela foi linda, e a última seria a apresentação da banda do Pedro. Fiquei esperando, me controlando para não olhar para Cobra, porque senão meu pai ia começar a ficar desconfiado. A banda de Pedro entrou e eu vi aquela morena na frente do palco.

– Pessoas, eu apresento a vocês, a nossa nova vocalista, Vick. - Disse Pedro, empolgado. Ela tinha uma voz meio fina demais, mas a música era boazinha. Vi todo mundo dançando e Dandara puxou meu pai, e eu vi Jade se aproximar de Cobra.

Duca POV

Consegui tirar Roberta de lá, antes dela ferrar com a K, e conseqüentemente o Cobra. Não que eu me importasse com aquele marginal, mas a K gostava dele, e eu a amava como uma irmã e iria ajuda – la e defende – la. Dei um beijo em Roberta para distraí – la. Eu e ela não tínhamos nada sério, ficávamos às vezes, mas eu queria a Nat, por ela eu tinha um sentimento mais especial. Uma mensagem chegou no meu celular.

– To chegando irmão! – Alan estava vindo me encontrar. Avisei a ele onde e quando seria o show.

– Ok irmão, te esperando. – Falei. Até que enfim eu iria encontrar meu irmão.

Cobra POV

O guitarrista tocava com a bandinha dele, que tinha como vocalista a prima de Jade. Eu bebia e comia tudo que tinha por lá, só coisa boa. Vi Jade se aproximar e não estava com cabeça pra ela, depois de brigar com a K.

– O que você quer Jade? – Perguntei, pra ver se ela saía do meu pé.

– Ai vagabundo, não fala assim comigo! – Falou ela, me olhando maliciosamente e se aproximando de mim.

– Jade, eu acho que vou embora. – Ela segurou meu braço e se aproximou ainda mais de mim, sussurrando em meu ouvido:

– Essa piscina te lembra alguma coisa? – Ela falou. Eu não queria me meter em mais confusão, se a K me visse com ela, eu ia me ferrar.

Karina POV

A Galera da Ribalta acabou de cantar. Percebi que Pedro não tentou cantar a minha música. Ótimo, eu não queria ouvi – la, me trazia boas, mas também más lembranças. Ele se aproximou de Vick e a abraçou pelo ombro. E então me encarou.

– Tenho uma revelação para vocês! – Falou ele, e a galera vibrou. – Eu e a moreninha aqui do meu lado, estamos namorando! - Ele a beijou e todos bateram palmas. Fiquei chocada com aquilo. Como assim? A gente nem tinha terminado direito. Olhei pra trás em busca do meu refúgio, mas a decepção foi ainda maior. Jade falou alguma coisa no ouvido dele e o beijou. E ele não a afastou!

Saí correndo, entrando no meio da multidão e chegando até o lado de fora do clube. Eu queria chorar, só isso, mas em vez disso, continuei correndo, doida para chegar em casa. Até que eu vi uma luz forte nos meus olhos e depois tudo escuro...

Cobra POV

Que ótimo, a Karina viu. Jade, depois de sussurrar no meu ouvido, se aproximou e me deu um beijo. Eu estava de olho aberto e vi Karina nos olhar. A empurrei.

– Ta louca garota! Já disse que não quero mais nada com você! – Falei e saí correndo. Karina corria e eu tentava chegar perto dela. Cheguei até a porta e vi uma moto se aproximar de K, que estava no meio da rua. Tentei chama – la, mas não deu tempo. A moto não conseguiu frear e eu vi minha marrentinha lá, caída, desmaiada e me desesperei...