Assassin's Creed; Sombras escrita por P B Souza


Capítulo 8
Um mercado em Plymouth.


Notas iniciais do capítulo

A sessão do Animus voltou, Ethan chegou em Plymouth, o que não esperava era ver templários andando por lá (como se os templários não estivessem em todos os cantos).



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Ethan subiu as escadas da doca junto de Dominik, quando chegaram no topo onde estava o Capitão Walltimore Ethan pode ver o estrago de longe, era realmente feio, se perguntou como o Desgraça havia flutuado até ali. O buraco no casco do lado direito perto da proa era irregular e grande, grande o bastante para Ethan passar em pé por ele sem bater a cabeça em seu topo, o navio entrava dentro de uma doca de drenagem, nada além de uma casinha para barcos, onde a água era drenada por canos e o casco do navio podia ser, uma vez mais, concertado, melhorado, reconstruído, destruído, dependendo das necessidades do capitão.

– Isso vai sair quantas Libras?

– A Capitão, está sob serviço do rei, vou lhe fazer um desconto em nome de nossa majestade...

Ethan parou de ouvir quando Dominik se enfiou na frente o chamando.

– Viste o buraco na parte de baixo?

Disse apontando para o casco.

– Eu passei pelo buraco.

– Percebeu como a madeira em baixo está lisa e em cima está desgrenhada como gato molhado?

Ethan olhou uma vez mais, era verdade, a madeira na parte de baixo estava lisa, não como uma mesa, mas lisa como madeira recém cortada, enquanto a parte de cima parecia mais com madeira quebrada ao meio.

– O que, que tem?

– Foi um aríete de metal. – Dominik disse com uma convicção ferrenha. – Mas eram Cutters, esses pequenos navios não podem usar aríetes, o navio não comporta.

– E? – Ethan não entendia a razão daquilo, aparentemente não importava. – Não estou entendendo.

– E, que os franceses estão com embarcações equipadas de forma brutal, me pergunto, se Cutters estão sendo equipados com aríetes, que diabos uma fragata terá?

Ethan sorriu para ele, temendo mais do que demonstrava.

– Espero que não precisemos descobrir. – Então apontou para trás enquanto Capitão Walltimore se aproximava.

– Dominik. – Walltimore enfiou a mão no bolso interno de seu casaco de marinheiro, puxou uma carta selada com o brasão dos Walltimore endereçada para um lugar que Dominik não conhecia. – Leve essa carta para o serviço postal, depois podem ambos fazer o que quiserem, ficaremos ancorados por alguns dias até que o casco seja reparado, e ficaremos ancorados até que a resposta chegue.

Então Walltimore se virou e deus três passos parando, olhou para Ethan.

– Me esqueci, Joly disse que vai ao mercado, e queria que você fosse junto Ethan, diga a ele que fui me encontrar com Lorde Connail.

Dominik apontou para um lado, um caminho simples de vielas, do outro havia pessoas e tumulto.

– Caminhos opostos. – Disse andando de costas para Ethan. – Nos vemos depois.

Ethan fez que sim enquanto via Dominik sumir andando em ritmo acelerado, não que tivesse pressa, mas era assim que ele andava.

***

O Capitão James D.B Cook olhou com deboche para o casco estragado do Desgraça Holandesa.

– Mas que raios fizeram? – Perguntou para Joly enquanto eles desciam do navio pela rampa esticada do meia-nau para o concreto das docas. – Brigaram com Holandês voador? – Riu como um pirata fanfarrão.

– Malditos franceses James! – Joly disse andando ao lado dele, Ethan ia ao lado de Joly em silêncio. – Chegaram dos dois lados, explodimos um deles o outro ficou ancorado esperando a justiça do rei.

– Sabido. – James disse apontando para uma curva. – Por aqui. Ali tem homens dos quais prefiro evitar contato.

– Porque? – Ethan perguntou por fim se fazendo notar.

– Porque o aço é mais barato que a prata. E se tiver de paga-los, pagarei com aço. – O Capitão James D.B Cook disse olhando para Ethan como quem olha para alguém inferior enquanto o punho segurava a espada a fim de mostrar o “aço” do qual falava. – E quem é a moça?

– Meu nome...

– Ethan Cavendish, um assassino fugido da ordem. – Joly disse sem pregas na língua, em seguida viraram na esquina e estavam na entrada de um mercado coberto.

– Conheci um fugido também. – James Disse rindo, levou a mão a barriga como se a risada fosse tanta que lhe doesse a barriga. – Sua cabeça ficou particularmente mais bonita na lança do que no corpo, ele não era exatamente bonito, acho que ninguém sentiu falta dele, eu mesmo nem lembro o nome.

Joly olhou para Ethan, e Ethan para o chão, então James bradou novamente.

– Agora tenho que deixar vocês, é hora de preparar meu navio para chutar bundas francesas. – Ele virou e saiu andando para uma das muitas ramificações do mercado.

– O que quer que eu compre? – Ethan perguntou assim que o Capitão James saia.

– Não vai perguntar sobre o James? – Joly olhou para Ethan franzindo o cenho, não esperava aquele comportamento, Ethan sempre perguntava questionava palpitava e discutia sobre tudo a todo momento.

– Ia, depois. Mas já que pulamos para essa parte, Ele é da família Cook?

– Que?

– O explorador James Cook.

– A não, nem cite isso na presença de James. – Joly disse risonho assim como o Capitão James. – Ele odeia ser comparado aquele homem, e mesmo assim, vivem o fazendo.

– Ele é capitão também certo, o que ele capitaneia?

– A Fragata de guerra HMS Valquíria. Era do pai de James quando éramos meninos.

Ethan ficou em silêncio por poucos segundos entendendo o que Joly tinha dito.

– Vocês são irmãos não são?

Joly continuou andando, não olhou para Ethan.

– Joly, não vai me responder?

– Parece que já chegou a uma resposta. – Joly fechou a cara aparentemente nervoso. – Garotinho presunçoso.

Cochichou enquanto andava esbravejando, ele até aumentou a velocidade entre as passadas, mas suas pernas roliças e curtas não o levavam muito rápido e Ethan podia o acompanhar sem muito esforço.

– Você queria comprar. – Joly enfiou as mãos nos bolsos arrancando-as fechadas com as promissórias do rei entre os dedos. – Aqui tem libras o bastante para comprar... Vamos ver aqui... – As mãos novamente nos bolsos, agora os internos e então puxou a lista de compras. – Pimenta, cebolas, alcachofras, tomates secos.

– Quantidade?

– Não é um garoto muito esperto, conte quantas cabeças temos no Desgraça, então uma pimenta pra cada cinco cabeças, uma cebola por cabeça, uma alcachofra pra cada duas cabeças, meia dúzia de tomates secos por cabeça. Se vira, você viu o consumo do Desgraça.

Joly disse se virando para a frente e dando alguns passos, parou em uma banca onde não tinha nada para vender.

– Doca oito, um navio chamado Desgraça Holandesa, são vinte barris de água, recarga.

Ethan se virou então e deu de cara com uma mulher que soltou sua sacola, maças e pêssegos caíram, Ethan segurou a sacola mas inevitavelmente parte dos mantimentos se perderam atingindo o chão.

– Quer que eu pegue?

– Seria de uma gentileza enorme meu jovem. – A mulher disse sorrindo, Ethan se abaixou e pegou as maças e apenas um pêssego, os outros dois tinham sido pisados.

– Lamento pelos pêssegos. – Ele disse olhando para ela, a moça sorriu agradecida e continuou seu caminho.

– Olhe por onde anda garoto.

Joly disse em um último aviso enquanto Ethan ia atrás do que lhe foi pedido.

O mercado era um emaranhado de corredores com espaços mais largos, outros mais apertados e entre um ponto ou outro uma intersecção com as estradas onde as vezes uma praça existia e nesta praça malabaristas pedintes tentavam a sorte, um ou outro vinha com um alaúde para aquele que julgavam mais ricos, suas vozes desafinadas cantando se mostravam apenas mais uma entre todas as outras, eram vendedores falando, pessoas pedindo, um ou outro cantando, alaúdes soltando notas frias e solitárias. Entre o espetáculo sonoro os cheiros surgiam, passava de loja em loja, comida salgada, doce, apimentada, cheiro de papel, cheiro de remédios, aroma de flores, perfumes, fedor de peixe e carne de boi e cabra, barris de leite. Havia tudo ali.

Ethan continuou andando quando os olhos arderam sutilmente, ele levou as mãos até os olhos e os coçou, mas sua vista havia escurecido e em seguida voltou ao normal. Uma sensação de tontura tomou seu corpo mas passou no mesmo instante e então do outro lado do corredor ele ouviu alto e claro como se aquele homem estivesse do seu lado e não a sete metros de distância.

– Que o pai da compreensão lhe guie. – Ethan então sentiu os ouvidos zunirem como se um sino de igreja tocasse dentro deles.

– Templários. – Disse para ninguém em especifico, seu coração palpitou, não sabia o que diabos havia acabado de acontecer, só sabia que tinha conseguido ver e ouvir um homem que não estava perto dele, de forma que parecia estar ali do seu lado. Por alguma razão, ele não saberia explicar qual, mas por essa razão Ethan começou a andar, o homem parecia irradiar energia, pedindo para ser seguido.

Então Ethan o seguiu, passou por dois corredores, se camuflou entre outras pessoas e enfim tentou chegar mais perto para escutar o que estava sendo falado, quando se aproximou o homem que havia pronunciado aquela frase tão peculiar e única lançou um olhar para trás, só então Ethan percebeu, ele não tinha cuidado do plano, não havia analisado o terreno, não tinha se preparado, havia agido por impulso, mas aquilo não era um treino como nos dias em Suffolk, aquilo era real, e atrás de Ethan estava dois guardas de casaco-vermelho, no corredor da esquerda um guarda com uma clava que esmagaria seu crânio com um único golpe, na direita não havia lugar para correr e na frente estava o templário.

– Achou que não o vi seguindo-me criança? O que faz aqui?

Ethan sentiu o coração acelerar, sua respiração ficando descontrolada, entre inspirar e expirar ele já não sabia qual fazer e perdia o folego sem sair do lugar.

– Eu fiz uma pergunta. – O templário deu um passo à frente enquanto as pessoas se distanciavam vendo que algo acontecia, mas se distanciavam apenas o bastante para não serem atacadas ou feitas refém, mas ficavam perto o bastante para ouvir tudo o que era dito e ver todos os movimentos. – Prendam ele. – Disse por fim vendo que Ethan não iria responder.

Então os dois guardas atrás avançaram puxando suas espadas das bainhas, Ethan respirou fundo juntando os braços, uma mão com a outra, os dedos puxando os anéis das laminas ocultas e os colocando nos anelares, enfim os dois guardas chegaram nas suas costas, Ethan lutar sabia, podia não saber se camuflar, mas sabia lutar.

– Estenda os braços. – Um dos guardas disse, Ethan fez o que foi mandado, de cabeça baixa para não ser visto, então quando estendeu os braços com punhos fechado ele flexionou o pulso para trás e levantou um pouco os braços as laminas ocultas deslizaram para fora das bainhas no pulso de Ethan, avançaram de forma letal para o pescoço do guarda e no entanto não causarão dano algum pois a distância entre pescoço e lamina era de menos de um centímetro.

O guarda ficou parado, todos olharam aquilo abismados, então o templário rugiu.

– Acabem com esse espião francês.

Ethan se jogou no chão cruzando suas pernas com a do homem que quase tirou a vida, o girou derrubando-o em cima do segundo guarda enquanto o guarda da clava avançava, pesado e desajeitado. Ethan viu ai a chance de escapar, avançou pelos dois guardas caídos que se levantavam praguejando, começou a correr, viu borrões vermelhos atrás dele, os guardas o seguiam tão ágil quanto ele, o chão não seria o bastante.

Os pés bateram contra o suporte de uma banca de hortaliças, ele avançou contra a barra de ferro da iluminação daquele corredor, os braços o puxaram para cima e as pernas dobradas se puseram a trabalhar naquela barra de ferro.

– Tenho-o em mira.

– Atire! – O templário berrou atrás.

Ethan não olhou para ver o que acontecia, usaria a barra como impulso para um salto até o teto onde passaria por uma janela de iluminação com luz do dia, cairia do lado externo e teria tempo de fugir.

Então o fez, as pernas musculosas para sua idade jogaram o corpo em diagonal para frente e para cima, os braços se estenderam a frente da cabeça junto e flexionado como se defendesse socos no boxe, a vidraça estava agora a centímetros dele, o vidro trincou quando seu corpo encostou nele e então esfarelou. Ethan bateu os cotovelos e pulsos contra o chão quando o corpo girou em uma cambalhota, se levantou sem ouvir o tiro, provavelmente ele havia saído da mira.

Então correu novamente, agora sem saber bem onde estava, via apenas os mastros dos navios nas docas, e foi para lá que decidiu ir.

Em fim alguns minutos depois, suado e cansado ele subiu chegou na hospedagem ao lado da doca onde estava o Desgraça, entrou e o dono lhe lançou um olhar, reconheceu o garoto e voltou a cuidar do livro de finanças.

Ethan subiu as escadas até o terceiro andar e achou Dominik no quarto dos beliches.

– Posso falar com você?

– O que aconteceu? – Dominik pulou da cama vendo Ethan suado, a testa brilhava e o peito inchava e desinchava em respirações fortes e exaustas.

Os dois foram para o corredor e se sentaram em um sofá.

– Cadê o Joly?

Ethan fungou uma vez, o nariz havia por alguma razão entupido e ele estava com mais dificuldade para respirar.

– Me mandou comprar alguns suprimentos, mas teve complicações. – Ethan disse sem saber bem se deveria falar sobre aquilo, ele não deveria nunca contar sobre a ordem para aqueles que não participavam dela. – Que se dane, hoje eu achei um templário, ele estava conversando com outro eu acho, comecei a seguir ele, mas de alguma forma ele soube e, bem, eles são ricos...

– Eles?

– Os templários, e provavelmente controlam os casacos-vermelhos, de forma que tive que fugir.

– Então logo virão atrás de você.

– Não viram meu rosto, mantive cabeça baixa o tempo todo.

Dominik sorriu se levantando, olhou em volta.

– E como sabia que eram templários?

– Uma frase, frase que só um templário diria. Que o pai da compreensão lhe guie.

Dominik riu como de deboche.

– E que diabos seria isso?

– Não sei, fazia parte dos Assassinos, não dos Templários, mas onde eles estão coisas ruins estão para acontecer. Não a curto prazo, sempre parecem ser bonzinhos e gentis, mas no fundo tudo que eles querem é dinheiro, poder, controle.

Ethan e Dominik ficaram em silêncio por alguns instantes, tempo o bastante para Dominik ficar inquieto.

– Isso foi incrível, o que você faria se ele não tivesse te visto?

– Ia persegui-lo, ver o que está tramando, e pôr fim a sua trama.

Então pés pequenos e gordos bateram nos degraus da escada lá em baixo, Ethan esticou o pescoço e viu quem era.

– Nem adianta fugir. – Joly disse subindo, quando chegou no topo pegou Ethan pela gola da camisa e jogou na parede. – Que diabos fizeste no mercado?

– Não fiz nada, apenas andei...

– Fecharam meio mercado com guardas, um Assassinos estava perseguindo de perto um Duque.

– Então ele é dono de terras.

– O que pretendia fazer? – Joly disse olhando para Ethan segurando-o firme pelo colarinho. – Matar um Duque?

– Ele é um templário e estava falando com outro, armando contra a liberdade do povo.

– Criança estupida, ele estava falando com o Lorde Connail, o mesmo que o Capitão foi encontrar, imagino que quando Walltimore voltar ele já vai estar sabendo do seu feito. É melhor ir pensando nas desculpas, ou vai perder a cama que conseguiu esfregando o chão.

Ethan percebeu o estrago que tinha feito, mas não estava errado, pelo menos não a seus olhos, o que um duque templário teria para falar para um Lorde? E porque Walltimore estava se encontrando com esse Lorde?

Ethan percebeu o perigo no qual havia se metido, em Suffolk ele embarcou naquele navio ancorado em Aldeburgh, uma vila tomada por templários, agora o capitão do navio ia falar com um lorde que por sua vez estava falando com um duque templário, Ethan sentiu a corda em seu pescoço se apertar enquanto a mais nítida verdade surgia, ele estava nas mãos de um templário a serviço de um lorde a serviço de um rei, que na verdade serviam a um duque. Sua cabeça começava a doer de tanto pensar, Joly o soltou e Ethan queria apenas ir embora, enfim quando se equilibrou nas pernas bambas olhou para Dominik que parecia ter notado seu estado de terror.

– O que foi?

– Acho que o Capitão Walltimore é um templário. – Disse enfim sem saber que se aquelas palavras fossem escutadas por outros ouvidos muito sangue poderia ser derramado sem nenhum motivo real.


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