Assassin's Creed; Sombras escrita por P B Souza


Capítulo 7
Peças do Éden.


Notas iniciais do capítulo

Edgar não está tendo a melhor férias da sua vida na abstergo, alias, quem teria?
Agora tendo certeza que está sob controle templário absoluto ele não sendo besta vai ficar bem calminho.



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Melissa ajeitou seu terninho no corpo roliço, era uma mulher de trinta e dois anos de muito sucesso em sua carreira e agora com o nome Abstergo em seu currículo ela tinha certeza qualquer lugar iria querer seus serviços. Chegou na recepção do andar onze, onde estava localizado o projeto Ethan Cavendish e onde passava boa parte de seu tempo.

– Bom dia Melissa.

– Bom dia! – Ela retribuiu a gentileza seguindo para o elevador, as portas automáticas se abriram com sua presença, lá dentro ela ligou a tela do tablet, um sinal verde de wireless se acendeu no elevador e no tablet, ela apertou o botão no tablet e selecionou o andar designado como CEO – 13.

As portas se fecharam e o elevador com vista panorâmica começou a subir, ela se virou observando a vista conforme subia, a floresta se estendia por todos os lados em que se olhasse e um pouco mais distante havia uma cidade pequena construída a não muito tempo. O tablet vibrou quando a porta abriu no decimo terceiro andar, ela girou e saiu, o último andar do prédio era quase que exclusivo para o CEO, havia apenas uma pequena sala de servidor secundário e um Hall de entrada com sofás para esperar. Ela olhou para a secretária de Jorge Palmer.

– O senhor Palmer está aguardando em sua mesa!

– Obrigado. – Melissa não gostava daquela mulher, toda perfeitinha e minimalista, era um porre.

Seguiu para a sala do CEO, um amplo espaço repleto com tudo que uma pessoa precisava para viver bem, a única coisa que faltava ali era uma cama.

Jorge esperava sentado na mesa de centro junto de José, os dois olharam ela entrando.

– Atrasada, Melissa. – Jorge olhou para ela que apressava o passo, puxou uma cadeira ao lado de José e se sentou.

– Edgar estava no meio de uma sessão, a primeira, achei melhor não deixa-lo sem acompanhamento.

Jorge pareceu satisfeito com a desculpa.

– Muito bem, vamos direto ao ponto. Vou direcionar mais recursos para a pesquisa Ethan Cavendish. Tal como já era obvio, mas existe um motivo, recebi ordens diretas do Grão-mestre. E ele quer saber sobre a vida de Ethan, aparentemente nos levara a uma peça do Éden cedo ou tarde.

– E porque Timet não pode fazer o mesmo?

– Porque ele destruiu a peça do éden que colocou as mãos. – Jorge encarou José como se aquilo fosse de alguma maneira culpa dele. – Timet é um assassino e teme o poder, assim que o teve se viu na obrigação de destruí-lo. Porem provas apontam que Ethan possuiu um fragmento. E ele viveu a não mais que 150 anos. Diferente de Timet que viveu a quase 2000 anos atrás e nem mesmo era um assassino por assim dizer, uma vez que a ordem ainda não existia.

– Chefe, o que eu devo falar pra cobaia? – Melissa interrompeu. – Ele fica me perguntando sobre os templários e que ocorreu um erro...

– Eu mesmo irei conversar com a cobaia Cavendish mais tarde, mas é imperativo que consiga as informações que precisamos o mais rápido possível.

– Porque?

– A “prova” que possuímos desta peça do Éden é um arquivo de uma tribo indígena, estava sob nossa posse, retirada de um templo ou algo assim, não sei ao certo, porem o camburão foi tombado na saída de Tapauá quando ia para o aeroporto, assassinos levaram o conteúdo, agora eles sabem que este tal Ethan Cavendish possuiu uma das peças do éden, e sabe que nós estamos atrás. Conhecem os assassinos, eles destruíram tudo assim que puderem, então ache logo onde está essa maldita peça. Não é uma questão de se, e sim de quando eles viram.

– Vou tentar apressar as coisas, mas o uso em excesso pode causar...

– Não me ensine dos malefícios do animus, eu ajudei a criar esta versão dele. Simplesmente faça, leve-o ao limite se for necessário, depois que tivermos a localização da peça, podemos nos livrar da cobaia. – Jorge não parecia disposto a discutir, simplesmente se levantou indo para a sacada ficando de costas para os dois, então o silêncio perdurou por alguns segundos. – Reunião encerrada.

Então sem mais o que falar José e Melissa se levantaram e saíram, porem quando Melissa chegou na porta Jorge se virou.

– Whigs, espere. – Ele foi até sua mesa particular, uma mesa bem menor com um monitor finíssimo de vidro fosco pelo lado externo e tela de alta definição do lado interno, fez algumas coisas e pegou seu casaco de linho e jogou sobre o ombro. – Vamos juntos, preciso mesmo descer.

Melissa fez que sim e aguardou, seguiu seu chefe e superior até o elevador.

– Problemas lá em baixo?

– Você tem se mostrado muito prestativa Melissa, mas não subestime seu valor entre nós. Embora tenha feito tudo de forma correta não fez nada que impressione.

– Desculpe senhor, só queria puxar assunto.

– Sim, eu sei. – Jorge olhou para ela e então sorriu. – Houve uma queda no firewall, nove segundos, tempo o bastante para uma invasão, ou não.

– Pode ter sido apenas um vírus.

– Sim, pode. – Jorge não negava aquela possibilidade embora fosse remota. – Mas pode ser que não, lembra-se do assalto assassino que citei a pouco, ocorreu a algumas poucas horas, em seguida aconteceu a tentativa de invasão, coincidência?

Melissa saia que aquela conversa não era apenas conversa jogada fora, tudo que falasse para Jorge Palmer deveria ser pensado, ele era o mestre no Brasil, cabia a ele a decisão de quem subia ou não na hierarquia, e ela não estava no que pode-se chamar de um lugar de honra. Uma simples iniciada que não obteve sucesso relevante em suas empreitadas.

– Provavelmente não senhor, porem como provar o contrário?

Jorge olhou para ela novamente, agora a porta do elevador se abria.

– Por isso estamos no Amazonas. – Ele disse descendo do elevador, a porta se fechou assim que Melissa saiu também. – Estamos seguros aqui, nossa internet e conexão vem por cabos, não possuímos uma única antena. Se em algum momento qualquer informação parecer estar sendo transmitida sem autorização a vinte metros do prédio existe um anel de explosivos em volta dos cabos de dados, se tentarem roubar informação digitalmente eu corto o acesso. Se tentarem roubar informação fisicamente, precisaram de um helicóptero e a munição antiaérea existe para um único propósito. E quanto a periféricos, não preciso nem mesmo citar.

Melissa sabia, não era permitido a entrada no prédio se você estivesse com CD, DVD, pen-drives, HD, cartão perfurado, fita magnética... Nada, nem mesmo celular, ao entrar seus aparelhos eram guardados em um cofre com seu nome e você pegava um tablet que funcionava em tudo, desde portas luzes e janelas até cafeteiras bebedouros e os Animus.

O decimo primeiro andar era fechado para pesquisa de Ethan Cavendish. E naquele exato momento Edgar Cavendish estava tomando um café.

– Cafeína acelera o sistema, dificulta a leitura do Animus, eu não recomendaria. – Jorge disse indo até Edgar, estendeu a mão avidamente e Edgar à apertou, curiosamente para Edgar, Jorge parecia um sujeito confiável, ele passava essa impressão. – Prazer, Jorge Palmer CEO da Abstergo Industries Brasil Amazônia.

Edgar olhou-o com sinceridade.

– Eu entendo que vocês possuem uma, vamos chamar de rixa com, não minha família mais o que eles fazem, mas quero que saiba, eu não estou ligado a eles, nunca estive.

– Assim espero, se isso se provar verdade nosso entendimento pode ser considerado muito mais fácil. – Jorge olhou em volta, dentro dos vários ninhos ao redor do andar existia uma pessoa com óculos Animus revivendo as memorias de Ethan Cavendish. – Sabe o que estão fazendo?

Jorge apontou para um desses ninhos, pequenas partições redondas com aberturas onde Edgar estava a não muito tempo, onde ele dormia e sonhava com seus antepassados.

– Eles estão revivendo memorias dos antepassados deles...

– Não, eles não possuem nenhum antepassado que me interesse, eles estão vivendo suas memorias, tudo o que você já fez eles estão refazendo várias e várias vezes, cada um cuidando de um pedaço. Procurando informações que você talvez tenha deixado passar mas estavam lá, como um jornal, uma data, um nome, um objeto, coisas que você não podia fazer, pois se saísse da memória principal por muito tempo um erro de leitura iria ocorrer.

– Estão procurando tesouros e com minhas memorias...

– Não se sinta especial. – Jorge disse sorrindo com os lábios fechados, parecia diferente do que a primeira impressão tinha dado a aparentar. – Você não é o único ancestral em comum, não é porque seu sobrenome é Cavendish que seu sangue é azul. Preciso sim do seu conteúdo genético e na verdade é bem mais fácil rápido e pratico ler essas memorias com o corpo do ancestral ainda vivo, você em nível de subconsciência ajuda a traduzir o DNA, eu poderia enfiar uma bala na sua cabeça pegar o DNA que preciso e decodificar por mim mesmo, demoraria mais, claro, porém o resultado final seria o mesmo.

Aquele homem parecia estar falando sobre um jogo apenas, suas palavras eram vazias de sentimentos, ocas e sem emoção, frias como neve no inverno.

– E mesmo assim eu estou disposto a te ajudar se você me ajudar.

Edgar olhou para Jorge sem pudores, Melissa observou-o encarar seu chefe, ninguém fazia aquilo.

– O que você quer?

– Vai perceber que Templários, Assassinos, todos lutam pela mesma coisa e só trilham caminhos diferentes para chegar lá. Sabe o que é esse lá?

– Paz.

– Sim, mas os templários acreditam que a paz será conquistada com Ordem, enquanto os assassinos acreditam em...

– Liberdade. – Edgar disse sério com a testa enrugada, estava nervoso. – Eu quero sair.

– Sim, claro, muito nobre de sua parte, mas não somos assassinos, liberdade gera caos e caos gera morte, e isso está tão perto da paz como o céu está do inferno. Você vai ficar, como já lhe disse, ou me ajuda a te ajudar ou eu pegarei o que preciso a força. A escolha é apenas sua.

– Melissa disse que o Animus pode...

– Sim, pode. Pode causar hemorragia cerebral, lesões nos órgãos, vários deles, falta de oxigênio para o cérebro, câncer, excesso de oxigênio para o cérebro, visões, perda de consciência, perda de memória, perda de sentidos, aumento dos sentidos, aneurismas, parada cardíaca, sangramento, morte de neurônios, retardamento do desenvolvimento celular, mutação descontrolada das células, entre muitos outros sintomas, sendo o pior, morte. – Jorge apontou para o Animus de Edgar. – Mas lembre-se, se você não se sentar lá e achar o que eu procuro o final vai ser o mesmo. Se você acha que sua vida não terá mais uso para essa organização assim como o seu DNA, o senhor vai morrer, e se tem uma coisa me incomoda e sangue derramado sem sentido. Senhor Cavendish, consiga o que eu quero e saia daqui vivo, se não conseguir é melhor morrer tentando, porque o que eu quero eu vou ter.

Jorge se virou e saiu andando. Melissa olhou para Edgar que parecia nervoso, desequilibrado entre fúria e temor.

– Desculpa por isso, ele sempre é assim, mas não vai acontecer nada disso, as novas atualizações garantem a integridade cerebral por horas de uso seguida...

– Eu tenho uma vida lá fora.

Melissa guiou Edgar para o ninho dele, os dois se sentaram como estavam antes. Ela não parecia ser exatamente uma templária, não como os outros, não como Jorge.

– Mesmo que saia, você nunca mais vai poder viver sua vida. Eu sei disso porque foi assim comigo, e com a maioria. Mas você é pior, os assassinos, eles não prestam.

– Os templários estão longe de serem bons, vocês querem controlar o mundo todo, acha isso correto?

– Acho melhor. – Ela disse triste. – Todas essas pessoas desesperadas e perdidas, eu vejo na televisão todos os dias falar que alguém morreu alguém foi queimado vivo, que queimaram ônibus e mataram centenas, isso não é fruto de maldade ou crueldade, isso é fruto da ignorância. Uma vez que essas pessoas verem o que o mundo pode oferecer a elas tudo vai mudar, e quando elas aceitarem isso, teremos paz.

– E o que acontece com os que se negarem a dobras os joelhos perante sua cruz vermelha? – Melissa parecia não ter resposta para aquilo, se tinha não queria falar, sabia muito bem que era exatamente aquilo que Edgar queria ouvir. – Exatamente, por isso lutamos por liberdade. É uma causa mais nobre que controle. Ninguém gosta de ser controlado.

– Liberdade e o caos andam juntos, não é tão diferente do controle.

– Parece que temos uma utopia aqui. – Edgar disse pegando os óculos e olhando para os botões. – O que vocês fazem com isso depois? É só pelo dinheiro?

– Também, um prédio não se mantém de conhecimento, em poucos anos a Abstergo recuperou centenas de milhares de dólares do fundo do mar, de cidades perdidas, verdadeiros tesouros que apenas as memorias podiam revelar. – Melissa disse sabendo que não era para falar daquilo, porem Edgar morreria em breve, ou pelo Animus ou pelas mãos de Jorge. – E vendemos essas memorias em formas de jogos, livros, gibis, com a tecnologia que conseguimos da raça percursora criamos nossa própria tecnologia e vendemos, e o conhecimento que não pode ser vendido é agregado.

Edgar colocou os óculos e se deitou na cadeira, Melissa controlando tudo pelo tablet fez as costas da cadeira deslizar para o lado se transformando em um divã, Edgar não via mais nada.

– Isso não deveria existir no nosso mundo.

Melissa olhou para ele enquanto o Animus era carregado, de certa forma Edgar estava certo, o passado não deveria ser entendido em sua plenitude, o que mantinha aquele gosto do desconhecido era o fato de nunca poder saber ao certo o que houve e agora isso não existia mais.

– Eu concordo com você.

Edgar ouviu um bip perto da orelha indicando que a sessão Animus iria começar, então tudo negro se encheu de luz e ele estava novamente no vazio, flutuando no nada.

– Isso pode demorar um pouco e ocorrer algumas falhas, as memorias ainda estão entrelaçadas e eu só desembaralhei até aquela parte, então enquanto você avança eu vou ir abrindo seu DNA, caso não consiga mais avançar na história do seu antepassado é porque ficou um nó em algum lugar do DNA, se isso acontecer eu vou saber e tentar corrigir, se mesmo assim você forçar a memória pode ocorrer um glitch e você vai pular essa parte e continuar de um pedaço desembaralhado.

– Isso é bom não é? – Edgar olhava em volta, pontos cinzas surgiam e desapareciam.

– É se você não pensar nas consequências, glitchs podem ser catastróficos, são erros que devem ser corrigidos e não pulados, uma vez que você deixa um erro no sistema o sistema vai piorando, imagina um erro no seu DNA, pode ser que enquanto você roda uma simulação aquele glitch lá atrás entre em colapso e destrua toda a cadeia de DNA, e lá se vai toda a vida do seu antepassado. Por tanto se travar, não force.

Edgar sentia que tinha algo a mais naquela informação.

– Eu era bom em biologia. – Ele disse sabendo que de sua boca não saia som mas Melissa podia ouvi-lo. – Quando uma cadeia de DNA some coisas ruins acontecem.

Não veio resposta por um minuto, então todo o cenário explodiu para uma visão superior a uns cinquenta metros do chão com um porto cheio de docas e um navio grandioso invadindo uma delas com água espirrando para todos os lados. Edgar ouvia os gritos “Vai Bater”. A onda que empurrou o Desgraça Holandesa contra a doca fez sua proa chocar-se com violência no fundo da doca e a madeira se rachou junto do concreto. Água voou pelos dois lados enquanto a comporta se fechava, isso em dez segundos e então a imagem sumiu em rabiscos e tremores, Edgar agora foi jogado de um lado para o outro, sua visão era de um telespectador, estava na cabine do capitão e Ethan estava lá, ouvindo uma bronca de Walltimore, em seguida a imagem brilhou fortemente como se um raio tivesse caído, ele rodopiou no branco outra vez, losangos cinzas daquela matéria estranha deslizaram sobre seus pés, outros polígonos caiam do céu formando construções sem cores algumas, então um vendaval jogou tudo isso para o infinito e Edgar estava mais uma vez no nada, outro relâmpago e ele estava agora assistindo a cozinha de Joly onde Ethan e o cozinheiro conversavam uma vez mais, Dominik estava ali também comendo um rabanete, mais dez segundos e tudo aquilo se desfez, agora Edgar estava em pé no meio de uma praça ou algo assim, cheio de barracas e paredes em todos os lados e pessoas feitas daquela massa cinza passavam por ele sem o tocar como se ele fosse intangível, invisível.

– Sim Edgar, quando o DNA some coisas ruins acontecem, e é por isso que vamos evitar glitchs em suas sessões. – Melissa disse por fim naquele turbilhão de cenas, Edgar percebeu o que acontecia, as memorias estavam sendo carregadas, por fim a mulher das industrias Abstergo disse tão firme como uma máquina. – Sua sessão vai começar!


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Notas finais do capítulo

O CEO está com problemas nas mãos, os assassinos não vão desistir tão fácil assim do que podem ou não podem encontrar. (Sim, um peça do éden). Mas para isso eles vão precisar do único que pode localizar essa peça. E Passado e Presente nunca ficaram tão próximos para definir o Futuro.



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