Assassin's Creed; Sombras escrita por P B Souza


Capítulo 3
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Primeira vez no animus a gente nunca esquece!
Conheçam Ethan Cavendish, nosso novo Assassino!



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Edgar abriu os olhos e assim que o fez foi obrigado a fecha-los porque uma luz insuportável vinha de todos os lugares queimando sua retina como se encarasse o sol bem de pertinho.

– Bem-vindo ao Animus Edgar Cavendish.

Edgar girou pisando em algo que não sabia o que era, quando tentava abrir os olhos tudo que via era luz e seu corpo nu banhado por mais e mais luz, não tinha chão, no entanto ele não caia, não tinha teto, nem mesmo tinha um local de onde aquela luz emanava, limitou-se a tampar seu pênis com as mãos.

– O que aconteceu...

– Seu corpo está dormindo. – A voz era de uma mulher. – Meu nome é Melissa, eu vou orienta-lo por toda sua jornada de treino e familiarização com o Animus.

– Como? Meu nome, eu não sou Cavendish, é Turner...

– Vou carregar roupas e um ambiente padrão para treino. Comece andando para frente.

Edgar olhou ao seu redor com os olhos semiabertos em fendas quando o extremo branco começou a sumir e ele se vestiu de forma automática, nem mesmo viu a roupa surgindo, simplesmente estava vestido. Depois um chão começou a surgir com riscos formando polígonos que se enchiam de um material cinza escuro liso e reflexivo, paredes e barras e janelas e portas, e manequins, tudo feito com o mesmo material cinza escuro, um mundo morto surgiu ao seu redor e ele não soube o que fazer.

– Ande.

Andou, começou a andar e ouvia a mulher dizer, pule, corra, salte, drible, derrube, escale, desça. Por fim quando chegou no final estava na beira de um precipício onde o final era impossível de se ver a olho nu.

– Pule para completar a sincronização.

– O que? Eu vou morrer...

– O senhor ira acordar, preciso que pule para completar a sincronização senhor Cavendish.

– Turner. – Ele tentou a corrigir.

– Pule. – Ela insistiu.

A insistência continuou e então Edgar percebeu que o chão atrás dele começava a se desfazer, sumindo como se os polígonos fossem sendo apagados um a um, as paredes eram apagadas de baixo para cima perdendo a estrutura e desmoronando caindo no abismo como se aquele lugar flutuasse no nada, janelas, manequins, tudo se desfazia.

– O que você está fazendo?

– Pule.

– Não. – A voz vinha de todos os cantos, ele não queria a obedecer mas em um instante se viu pulando.

Os polígonos onde seus pés há um segundo estavam se desfizeram e seu corpo caiu no branco total, ele fechou os olhos e quando abriu novamente estava deitado em uma espécie de cama, um divã, tinha um dos braços presos com agulhas inseridas sob sua pele e uma lâmpada brilhava sobre seu rosto enquanto eletrodos monitoravam seus batimentos.

– O que aconteceu?

– Acalme-se. – A mulher disse olhando para ele. – Eu sou Melissa Whigs, coordenadora do projeto Cavendish, estou aqui para responder algumas de suas perguntas.

Edgar olhou para ela enquanto as agulhas presas ao seu braço se retiravam sozinhas, seu braço estava dentro de uma rosquinha metálica, ele mexeu o pulso passando os dedos pelo local das agulhas.

– Pode tirar os eletrodos.

Ela disse enquanto mexia em um tablet sem prestar muita atenção em Edgar. Ele sem camisa retirou os eletrodos um a um e olhou para ela preocupado.

– O que eles querem comigo?

– O senhor sabe quem somos senhor Cavendish? – Melissa perguntou atenciosa debruçando-se sobre os joelhos com os cotovelos de apoio.

– Templários, malditos templários. – Ele respondeu fechando os olhos como se não acreditasse estar ali. – Que merda, eu não estou envolvido com os Assassinos, não sei de nada.

– A primeira vez que usou o Animus, devo supor que esteja se sentindo confuso e com dor na cabeça, é normal, a máquina pode trazer esses efeitos para os não acostumados.

– Você não me respondeu.

Melissa olhou para ele se reclinando na cadeira.

– Verdade senhor Cavendish, não respondi. – Ela sorriu. – Somos das indústrias Abstergo, não templários, o senhor deveria saber que tal coisa a muitos séculos deixou de existir. O senhor está aqui porque dentro do seu DNA existe informações valiosas, informações que podem mudar o mundo.

– Minha família, os Cavendish, alguns de nós se afiliaram a uma ordem chamada de Assassinos, eu não, por isso larguei eles, sai da Inglaterra e fui pra Los Angeles fazer teatro, eu não sou quem vocês procuram, os assassinos, eu não faço parte deles.

– Senhor Cavendish, o senhor não é necessariamente quem procuramos, mais é o único que podemos usar, o seu sangue, você possui o que eu gosto de chamar de herança temporal, conforme novos integrantes de uma família surgem fragmentos dos seus antepassados são passados para eles, alguns desses fragmentos podem ser vistos como semelhanças físicas, doenças hereditárias e até mesmo o comportamento. Outras características não podemos ver, essas características, acredito eu, são o que nos tornam únicos, são nossos princípios e nossos costumes, e que estamos moldando para amanhã passarmos adiante para mais uma geração. O que o Animus faz é ler esses fragmentos, umas pessoas possuem mais, outras menos, uns fragmentos são facilmente legíveis, outros estão tão emaranhados que é mais fácil pula-los. Vê onde eu quero chegar?

– O que esses fragmentos fazem?

– Muito simples, eles contem informação na forma que seu cérebro lê, códigos de computador são escritos em linguagem C, C++, Pascal, e muitas outras, esses códigos estão escritos em uma linguagem que apenas o seu cérebro pode ler, apenas o sangue do seu sangue pode ler e interpretar, o que eu quero dizer é, esses fragmentos possuem história, não sua, mas sim de seus antecessores, todos eles, no entanto não é possível ler todos esses fragmentos, como disse, alguns são muito complexos. E é para isso que o Animus serve, ele vai lhe dar a experiência de viver, ou melhor, reviver a vida de um antepassado seu, ou mais de um, depende muito da pessoa e de quantos fragmentos de herança temporal essa pessoa possui em seu DNA, originalmente temos no nosso DNA o formato dupla hélice, mas uma cientista, Rosalind Franklin, estudou com Raios-X o formato tripla hélice, que foi derrubado por Crick e Watson anos depois, esse formato de DNA é aceito até hoje, mas se pergunte, porque ela viu três filamentos se todos os seres vivos possuem apenas dois? Essas fileiras de DNA a mais no nosso genoma eram nada mais nada menos do que o DNA de uma raça percursora que se mesclou com a nossa, outra espécie de ser humano, e apenas essa raça pode transmitir memorias, esse tipo de ser humano, com DNA com três hélices são pessoas diretamente ligadas com os primeiros habitantes desse planeta, você Edgar, você é um ancestral de uma raça diferente de seres humanos, uma raça melhor, a Abstergo calculou que dos quase oito bilhões de habitantes do nosso planeta menos de 1% tem esse tipo de DNA, uma raça em extinção que pode contar a história de tudo desde o primeiro dia de vida humana na terra. O que importa é, você vai reviver certas partes da vida de seu antepassado que está escrito dentro de você, e eu vou assistir tudo por esse monitor. – Melissa apontou para uma tela curva. – É um jeito revolucionário de contar a história, um jeito único de ver os fatos e conhecer a verdade.

– E quem eu sou? Um imperador? Um rei?

– Não, nada muito chamativo. Você é Ethan Cavendish, um marinheiro da guarda Real da coroa inglesa, possui seu próprio navio até onde a história sabe.

– E o que querem com minhas memorias? – Edgar disse olhando para a mulher que balançou a cabeça como se não soubesse bem o que responder.

– É difícil dizer, mas tem muita coisa importante na história, coisas que não sabemos feita por pessoas que não conhecemos, sabemos tudo sobre os reis e imperadores, mas sabemos tão pouco sobre os mistérios mais peculiares da nossa história, a Abstergo quer unicamente revelar esses mistérios ao mundo, e uni-lo em uma grande nação de paz e conhecimento, acabar com a ignorância acabaria também com as guerras, uniríamos todos em um único país de sabedoria.

– Fala como uma templária.

Melissa sorriu novamente, seu rosto gordinho parecia uma bolacha toda vez que sorria.

– Falo como alguém que não quer guerras. – Ela se levantou e girou pela mesa passando do outro lado onde pegou o braço de Edgar e colocou novamente no suporte em formato de rosquinhas que estava aberto, então ele se fechou e as agulhas desceram atravessando a carne. – Mais 10 minutos.

– O que? – Edgar quis questionar, mais começou a se sentir zonzo, aquilo não era nada do que ele havia pensado, aquele lugar, o que estavam fazendo com ele, sua família, os assassinos, os templários, a Abstergo, então dormiu.

***

– Cadê o Ethan? – O jovem garoto ouviu a voz de seu pai falando com um dos Assassinos.

– Não achamos senhor.

– Então procurem. – Edmundo disse com sua voz forte como trovão, então as ferraduras do cavalo bateram no chão de folhas e terra e o animal saiu a galope.

Ethan olhou para baixo, viu um dos Assassinos que trabalhava para seu pai passar por baixo dele, o garoto de apenas quinze anos se sustentava em um tronco de arvore se equilibrando para não cair, era ótimo em se esconder, o melhor da sucursal.

Se levantou e passou de um tronco para o galho de uma outra árvore, e outra, depois outra e mais uma até que estivesse longe dos Assassinos, deslizou pelos galhos e caiu no chão com uma cambalhota, quando se levantou olhou para trás, ainda estava na floresta, pensou para onde ir, o único lugar onde sabia que não seria levado de volta para a casa de seu pai.

– Sabia que me encontraria. – Sussurrou apenas ar sem emitir som algum.

Então saiu correndo pisando nas folhas secas e driblando os grossos e finos troncos das árvores da costa de Sullfok, deslizou por uma ribanceira até seu final onde já podia ouvir o som do mar, não estava longe quando entre as copas das árvores já se via os mastros de alguns navios.

– Pare de correr Ethan.

Ethan tropeçou quando ouviu a voz de Daryl, um dos Assassinos que cresceu treinando junto dele.

– De onde você veio?

– Volte comigo e descobrirá. – Daryl respondeu olhando para o caminho que Ethan pretendia cursar, era a saída mais lógica de Sullfok nas condições atuais, Edmundo não permitiria que Ethan saísse do condado por qualquer outro caminho, a pequena vila de Aldeburgh porém não estava sob vigia Assassina e por um bom motivo.

– Eu sei que vocês não podem entrar em Aldeburgh. – Ethan disse andando em direção a vila, Daryl acompanhava-o com passos curtos. – Os templários não deixam.

– Ethan não, eles vão te matar.

Ethan pareceu não se importar com o que Daryl pensava, nunca tinha visto um templário, apenas ouvido as histórias, então avançou, correu, viu Daryl atrás dele correndo com igual determinação, então as árvores se acabaram dando lugar para um gramado com relva de dez centímetros que atrapalhava a corrida, Ethan continuou correndo se esforçando enquanto os passos cada vez mais complicados o cansavam, logo à frente via casas e uma cerca de madeira de sessenta centímetros, ele esticou os dois braços e as pernas saíram do chão, o peso foi sustentado pelos braços apoiados na madeira da cerca e ele caiu do outro lado, um chão de terra lisa sem mato ou relva, continuou sua corrida tentando escapar de Daryl que estava indo mais devagar que ele, pois procurava por inimigos.

– Ethan pare agora. – Daryl berrou vendo que no telhado de uma das casas um guarda olhava para eles.

– EI! – O guarda berrou percebendo a capa que Daryl usava, Ethan olhou para cima e então para Daryl quando o guarda caiu do telhado entre Daryl e o garoto. – Você!

Ethan olhou para Daryl que puxou a espada da bainha com um silvo metálico brilhando na noite, seus lábios mexeram e Ethan pode entender “fuja” como se tivesse sido um berro.

O garoto se virou e saiu correndo mais parou dez passos depois e olhou para trás, Daryl ainda brigava com o guarda, os dois com espadas, visivelmente Daryl não queria matar ele, se quisesse já o teria feito, Ethan compreendeu, ele era um guarda templário e Aldeburgh estava sob controle templário, seu pai tinha firmado paz temporária e se Daryl matasse um dos templários ali outra guerra teria início, a sucursal de Suffolk já estava fragilizada, mais uma guerra e seria o fim dos Assassinos, e dos Cavendish ali.

Ethan saiu correndo, agora na direção de Daryl, com os dois braços esticados para o chão ele movimentou o pulso e a lamina deslizou da sua bainha oculta e ele pulou levantando o braço com o punho fechado como se fosse dar um soco. Daryl empurrou o templário para o lado impedindo que o ataque de Ethan acertasse o alvo.

– Não! – Ethan berrou quando a lamina no lugar de acertar a nuca do templário acertou o coração de Daryl que arfou com os olhos vibrando sem se fechar por completos. – Daryl, Daryl... Não.

– Ethan. – Daryl apontou para o guarda se levantando do chão. Ethan segurava o corpo do irmão Assassino em pé enquanto cada vez mais o corpo se tornava pesado conforme Daryl perdia as forças.

Ethan olhou para o guarda templário que se levantou e com a espada em mão desferiu um golpe contra Ethan que defendeu com a lamina oculta lavada de vermelho do sangue de Daryl que caiu de costas no chão quando ele o largou. Então Ethan desarmou o guarda e jogou sua espada para trás, rendeu-o colocando a lamina oculta contra seu pescoço o deixando de joelhos.

– Não garoto. – Daryl disse com os olhos se fechando e os músculos do rosto retesados de dor. – Se fizer isso vai começar outra guerra contra a sucursal.

– Eu já comecei. – Ethan disse triste se lembrando do que havia feito, do porque queria sair de Sullfok, dos porquês que o levavam a aquilo. Entre muitos o que mais importava era, ele queria mais que Sullfok e seu pai podia oferecer. Então puxou a lamina oculta abrindo a garganta do templário que rolou no chão junto do seu sangue enquanto morria.

– Vai. – Daryl disse olhando para ele. – E não volte, você sabe, não será aceito de volta garoto.

Ethan continuou correndo, se escondeu de mais dois guardas que se aproximavam do caminho que ele fazia até os três navios ancorados ali, então quando finalmente conseguiu chegar na praia correu rápido e agachado, não havia proteção ali, a praia inteira feita com pedras fazia os pés doerem conforme corria, então quando chegou na água ele parou, pensou em pegar uma das canoas e ir para o navio de canoa, mais iria chamar muita atenção, então foi à nado, mergulhava um pouco quando alguém aparecia no navio olhando para as águas, depois emergia e continuava nadando, quando chegou no navio escalou sua parede lisa até as bocas de canhões onde se esgueirou para dentro em um contorcionismo anormal, quando caiu lá dentro tentou se esconder as pressas porque o brilho de uma lamparina surgiu.

– Vamos zarpar amanhã até o porto de Londres, lá vamos carregar o navio com munição e depois ir para Plymouth, com sorte se seguirmos bem colados a costa não vamos ser explodidos por qualquer corsário louco.

– E o que vamos fazer lá em Plymouth? Porque não abastecemos e vamos atrás dos piratas, a coroa sempre dá um bom montante por eles.

– É verdade sim. Mas o Capitão Já deixou claro que o Rei Jorge nos quer rumo a Portugal.

Então a conversa se tornou baixa demais para ser ouvida dali. Ethan com cautela se esgueirou pelas sombras todos ensopado até um local escondido onde ficou a noite, quando acordou ninguém o havia descoberto e ele preferiu se manter no anonimato, percorreu toda a extensão que pode do navio sem ser visto, não se mexia muito e ao entardecer o navio vibrou, estava saindo dali, deixando Aldeburgh para singrar as águas que pra Ethan eram desconhecidas, naquele instante ele pensou em voltar para a sucursal e pedir perdão, queria poder voltar mais seu orgulho o impedia, então se manteve escondido e durante a noite enquanto todos dormiam ele assaltou a dispensa comendo um pouco de queijo e carne seca, foi até a abertura para os canhões e abriu a portinhola, o canhão estava ali, apenas deslizado para trás e descarregado. Então pode ver a costa do seu país, a costa da Grã-Bretanha, a água se tornava a cada segundo mais presente, tudo ao redor era água. Ele passou horas a fio sentado ali observando o navio a uma velocidade lenta cruzar o mar, pensou para onde iria, Londres, nunca esteve lá.

Eles estavam em Aldeburgh, o caminho para Londres os faria passar por Harwich e então pela ilha Foulness, em fim estariam no local onde desaguava o Tamisa, talvez nem fossem até Londres, poderiam parar no Southend-on-Sea, não possuíam portos muito sofisticados porem Ethan sabia que para comprar carga e munição ali era um bom lugar. Se perguntou se o navio precisava de algum tipo de manutenção. Não obteve resposta além de devaneios.

O Navio não fez paradas, tal como Ethan esperava, a viagem porem durou quase um dia todo, ele não sabia se era muito ou pouco, decidiu brincar com sua memória no tempo vago, esclareceu para si mesmo que navio era aquele. Se lembrava de entrar na sala do senhor seu pai e ler alguns papeis sobre as embarcações ancoradas nas terras dos Cavendish. Então se lembrou do nome daquela embarcação, não do navio em si, mas do tipo, era um Fluyt, típico navio de carga holandês. Navios de cargas costumavam ser gordos e pesados, porem aquele ali era leve e rápido, também estava com mais canhões do que o devido, só então Ethan percebeu, não era bem um navio de carga no qual ele estava, isso também explicava a falta de mantimentos e bens de comercio e o excesso de armamento. Ficou tentando se lembrar dos mapas da Grã-Bretanha e arredores, as distancias, ele mesmo já havia redesenhado um mapa daqueles, a distância entre Aldeburgh e Londres se ele não se enganava era de 111 ou 99 milhas. Se estivesse certo e estimando a viagem com uma velocidade média de 10 milhas por hora eles deveriam chegar em Londres em no máximo onze horas, já estava no mar a algum tempo, não sabia, estava sem horas, sabia apenas que era madrugada e que deveria estar dormindo, então foi o que fez, se deitou em um fardo de feno onde bolas de canhão estavam amontoadas, com dificuldade as colocou de lado liberando espaço para si, adormeceu em fim.

Na manhã seguinte acordou por impulso, não tinha dormido muito, apenas o bastante para se manter em pé, e quando olhou pela abertura para o canhão como quem olhar pela janela ele sorriu. Ethan pensou em quão assustador e grandioso e fora do comum era aquilo. Naquele exato momento o navio estava parado ancorado no Tamisa como muitos outros e tudo que ele ouvia era vida. Muita vida. Sentia cheiro de coisas que nunca havia sentido e ouvia pessoas conversando, pessoas trabalhando, pessoas rindo, ouvia pessoas, mais do que jamais havia ouvido. Quis sair do navio e conhecer Londres, quis andar pelas ruas e ver as belezas que aquele lugar continha mas se viu obrigado a não fazer isso. Continuou no navio apenas observando tudo, se escondia de um ou outro marujo que passava por ali como quem não quer nada. Então depois de algumas horas ali em Londres, Ethan não soube na verdade se eram muitas ou poucas, havia dormido e não percebeu quando tinham atracado, o navio voltou para o mar descendo o tamisa, Ethan não sabia porque, só sabia para onde estavam indo. Plymouth.

Por dois dias ele tentou se manter escondido ali em baixo onde era úmido gelado e onde ele mal se alimentava, no terceiro dia seus ossos doíam e pediam por exercícios, seu corpo pedia para ser esticado. No quarto dia ele enjoou tanto que vomitou perto de um dos canhões, um pouco mais tarde tinha ouvido dois homens culpando um ao outro pelo rum.

Por fim no quarto dia ele estava faminto e o cozinheiro não saia de lá, Ethan tentou descobrir quanto tempo demoraria para chegar em Plymouth, era uma viagem de quase dez dias. Quando o cozinheiro saiu da dispensa ele correu para lá, pegou um pedaço de carne seca e milho, comeu-os avidamente ali mesmo e no momento de voltar para seu esconderijo ouviu o cozinheiro voltando, não teria tempo de correr, não conseguiria, suas pernas estavam muito doloridas para isso. Então o navio pareceu fazer uma curva, como muitas outras mas esta não podia ter vindo em tempo pior e Ethan se desequilibrou caindo junto de uma cadeira de pés pregados ao chão que com seu puxão se soltou de apenas um lado ficando bamba. O cozinheiro correu para ver o que era que estava acontecendo.

Ethan se levantou e encarou a ele, em seguida alguém apareceu, um homem de pele branca e bem cuidada, dois centímetros de barba negra e brilhante e olhos azuis, os cabelos que vinham até o pescoço e estavam cobertos por um tricórnio de feltro azul-marinho, um casaco que descia até o joelho preso por um botão na altura da cintura e outro na altura do umbigo, em tecido de veludo liso em tom azul mais escuro, quase negro, por baixo uma camisa de algodão com cadarço do pescoço até meio peito onde uma placa de couro fervido existia como proteção, botas de couro fervido e escurecido vinham até o meio da canela por cima das calças, por dentro do casaco estava a bainha da espada que nada mais era que um encaixe, preso do outro lado um revolver e uma faca. Ele olhou para Ethan com uma surpresa não tão surpresa.

– Bem capitão. – O cozinheiro disse por fim sem saber como explicar a cena. – Falei que comida andava desaparecendo


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado até aqui!
(Pra quem já leu e voltou aqui de novo ou quem está começando agora um aviso, depois do lançamento do AC unity eu acrescentei um pouco de informação sobre como funciona o DNA das pessoas que usam o Animus, além de detalhes do próprio Unity, que se passa perto da época dessa fic). Se a fic durar até novembro de 2015 posso até colocar algumas informações do novo AC, Victory.



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