Something Called Love escrita por Lucyle Liddell


Capítulo 2
2- New Student




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Beatrice “Tris” Prior

Acordei às 05h30m ao som de Arabella do Arctic Monkeys, existe jeito melhor de acordar? Levantei-me com dificuldade por causa da preguiça e me dirigi ao banheiro que ficava no meu quarto para tomar um banho. Quando terminei saí com uma toalha enrolada em meu corpo e caminhei até meu armário para pegar alguma coisa para eu vestir, acabei pegando uma blusa branca de abotoar larga com mangas que iam até a ponta dos meus dedos, uma calça jeans escura larga meio surrada e meus amados all-stars pretos, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto meio frouxo e saí do meu quarto descendo as escadas logo em seguida para tomar meu café da manhã.

–Já de pé? –Ouço alguém falar atrás de mim, me viro e me deparo com minha mãe com uma expressão sonolenta, mas com o mesmo sorriso de sempre no rosto.

–Infelizmente as férias não chegaram ainda mãe. –Digo brincalhona.

–Está no meio do ano-letivo, paciência querida. –Disse enquanto beijava minha testa.

–É fácil para a senhora dizer. –Digo brincalhona e ela ri.

Minha mãe caminhou até os armários e pegou os ingredientes para começar a fazer panquecas enquanto eu fazia o café e arrumava a mesa. Enquanto arrumávamos tudo para o café da manhã ficamos jogando conversa fora até que ouço passos vindos das escadas e sei que meu pai está vindo.

–Bom dia. –Ele diz com a voz um pouco sonolenta quando chega à cozinha.

–Bom dia querido. –Minha mãe diz com um sorriso enquanto desvia sua atenção das panquecas para olhá-lo.

Não faço o mesmo, murmuro um “bom dia” e volto minha atenção para o café. Dês de que eu descobri o que realmente aconteceu com Evelyn Eaton não falo mais com meu pai como costumava, afinal, como eu poderia conversar com ele como antes sendo que ele me pediu para manter segredo sobre a morte de alguém?

–Tris? Não vai comer querida? –Minha mãe disse me acordando de meus devaneios.

–Ah, claro.

Sento-me em frente a minha mãe e do lado da cadeira em que meu irmão costumava se sentar. Meu irmão se mudou quando começou a faculdade, mas sempre que tem a chance, liga para saber como está tudo.

Pego uma panqueca e ponho no meu prato sem muito ânimo, não que as panquecas sejam ruins, pelo contrário são ótimas, mas eu só estava querendo enrolar para chegar atrasada na escola. Deve estar se perguntando o motivo que me levou a querer isso, na verdade é bem simples: se eu chegar cedo antes de entrar na escola vou encontrar quatro pragas chamadas Peter, Drew, Molly e Marlene.

O café se tornou silencioso como sempre era já que meu pai sempre dizia que não se deve falar nada durante as refeições a menos que seja de extrema importância. Quando terminei meu café me levantei e coloquei meu prato na pia, dei um beijo rápido no rosto da minha mãe e subi para pegar minha mochila.

***

Eu caminhava lentamente em direção a casa de Christina. Conheci Chris pouco tempo depois que Tobias fora embora e nos damos muito bem dês daquela época, ela agora é minha melhor amiga e não há nada que eu não conte para ela e sei que ela faz o mesmo, afinal, mentir não é seu ponto forte.

Quando eu estava próxima da casa de Christina vi a mesma parada na calçada olhando para o nada já arrumada para a escola (lê-se pronta para uma festa), o que é estranho já que normalmente sou eu que acordo ela.

–Caiu da cama é? –Pergunto brincalhona chamando sua atenção.

–Muito engraçado senhorita Beatrice. –Disse dando uma risada falsa. –Estou te esperando a um tempão! Perdeu-se no caminho foi?

–Pra que tanta pressa pra chegar à escola?

–É simples minha cara amiga: eu ouvi uns boatos que hoje vão chegar alguns alunos novos e a maioria são caras super gatos.

–Esqueceu do Will foi?

Christina e Will se gostam dês de que se conheceram, mas nunca admitiram e eu como uma boa amiga dos dois tento -inutilmente- fazer com que se declarem e comecem a namorar de uma vez.

–Ai Tris, estou ficando cansada de esperar pelo Will!

–Chris você sabe que quando se trata de garotas Will é um lerdo.

–Mesmo assim! Nos conhecemos há tanto tempo e ele ainda nem me convidou para um encontro!

Assenti, nessa parte eu não posso discordar.

O caminho todo para a escola ouvi Christina falar sobre como os alunos novos podem ser e como eu deveria me arrumar melhor (ela tem essa adorável mania de querer me arrumar). Quando finalmente chegamos sinto alguém me abraçar por trás e me levantar do chão, não preciso nem me esforçar para saber quem é.

–Uriah me põe no chão! –Eu digo rindo.

Ele me solta e começa a rir.

–E aí Pequena? –Diz passando o braço pelos meus ombros.

Uriah é a única pessoa que eu permito que me chame de pequena já que ele é a única pessoa que usa esse apelido como algo carinhoso ao invés de deboche.

–E aí Basilisco? –Respondo colocando uma de minhas mãos em sua cintura.

Chamo-o de Basilisco por causa da cobra tatuada em seu pescoço e bom, não preciso dizer que ele é muito mais alto que eu né? Como Christina, Uriah também é um dos amigos que mais confio e um dos mais brincalhões também, o único problema é que ele namora Marlene e a mesma não gosta que ele ande comigo.

–Vocês ouviram os boatos? –Ele perguntou caminhando ainda abraçado comigo.

–Caro Basilisco, me diga algo que a Chris não saiba sobre essa escola. –Digo brincalhona fazendo os dois rirem.

–É claro que eu ouvi os boatos Uri! Por que você acha que eu cheguei cedo? –Chris diz convencida fazendo o Uriah rir.

–Will não vai gostar nada disso. –Ele sussurra no meu ouvido.

Faço um não com a cabeça. Nos sentamos em um dos bancos de cimento que fica em frente a escola e começamos a conversar, estava tudo ok até Uriah ver o Al chegando e falar que depois conversaríamos mais. Al também é um amigo meu, mas por alguma razão que desconheço Uriah o odeia.

–Oi gente. –Al diz quando já está próximo de nós.

–Oi Al. –Falamos em um uníssono.

–Cadê o Will? –Christina pergunta.

Como eu e Chris, Al e Will sempre chegam à escola juntos por morarem perto um do outro.

–O pai dele me disse que ele estava doente e não vai poder vir na aula hoje.

–Ah. –Ela só diz isso, mas sei que por dentro ela quer fazer mil e uma perguntas. Ela não admite, mas quem a conhece sabe que ela se importa com ele.

–Bom depois eu falo com vocês dois. –Digo me levantando e caminhando para a entrada da escola.

Caminhei lentamente torcendo para não ser notada por ninguém nos corredores e pela primeira vez em séculos eu consigo. Reparo que de fatos tem várias pessoas que eu nunca havia visto ali e as que eu já havia visto não tiravam os olhos dos novatos. O que era bom já que assim ninguém me perturba enquanto eu pego meu material no meu armário. Eu estava prestes a fechar a porta do meu armário quando eu ouvi uma voz infelizmente conhecida falar atrás de mim.

–E aí Careta? –Ouço a voz falar e não preciso nem me virar para saber que é Peter.

Careta é como ele e seus amigos idiotas me chamam já que eu não sou uma garota que gosta de festas, bebidas e ficar com desconhecidos.

–Não tem nada melhor para fazer além de me atormentar não? –Falo fechando meu armário.

–Não.

Antes que ele pudesse fazer mais alguma brincadeirinha o sinal toca e todo mundo começa a ir para suas respectivas salas de aula. Para minha sorte existem duas turmas no primeiro ano, caso o contrário eu teria que estudar com as quatro pragas.

Começo a andar com rapidez em direção a minha sala deixando o Peter para trás até que em uma das curvas do corredor acabo “esbarrando” em algum ser e acabo caindo no chão pela força do impacto.

–Você não olha por onde anda não? –Ouço uma voz rouca falar.

Olho para cima e vejo o dono da voz, um cara alto, com músculos visíveis através da camiseta, pele clara, cabelos castanhos curtos e olhos que depois de olhar direito se revelaram ter um tom azul-escuro, eu tinha certeza que conhecia ele de algum lugar só não sabia de onde.

Levanto-me com rapidez, fiquei olhando ele mais tempo que devia só espero que ele não tenha notado.

–Pergunto o mesmo! –Vociferei.

–Como eu poderia ver uma pessoa tão baixinha na minha frente?

–Não. Sou. Baixinha. Só não tenho 3 metros de altura que nem você brutamonte!

–Brutamonte? Você nem me conhece projeto de gente!

Admito que ele seja bonito, mas minha vontade de esganar ele estava quase vencendo. Eu estava prestes a responder ele quando um cara sinistro se apoiou em seu ombro.

–Quem é essa aí? –O esquisito perguntou para o brutamonte enquanto me olhava de cima a baixo.

Ele tinha um cabelo longo, escuro e ensebado, tinha mais piercings e tatuagens do que eu conseguia contar e o olhar dele era frio, como se ele quisesse que todo mundo ali morresse dolorosamente.

–Ninguém. Vamos logo, não quero chegar atrasado. –O brutamonte respondeu.

O esquisitão se desapoiou do ombro dele e começou a caminhar em direção a uma das salas. Voltei à realidade e comecei a me locomover indo em direção a minha sala, mas o brutamonte me segura pelo o braço e eu me viro para encará-lo.

–Você não faz idéia do que eu sou capaz então sugiro que não me enfrente, baixinha. –Ele diz friamente fazendo meu corpo se enrijecer.

Ele solta o meu braço e faz o mesmo caminho que o esquisitão, enquanto ele andava pude ver em sua nuca o que parecia ser a ponta de uma tatuagem, fiquei curiosa para saber como era o resto, mas acho que ele não me contaria de qualquer jeito. Olhei para os lados e notei que não tinha mais ninguém no corredor, ou seja, eu estava atrasada.


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