Colégio Interno – O regresso! escrita por Híbrida


Capítulo 6
Um dia com o inimigo.




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Caminhamos até o meu lugar padrão de conversas tensas com psicopatas, ou seja, o grande campo longe de tudo e todos. Lá chegando, Renato ofegava. Ri, me deitando na grama e tirando um cigarro do bolso. Ofereci a ele, que me encarou assustado.

— Você fuma? Aqui?!

— Por que, meu querido, você acha que caminhamos até tão longe? – sorri, cínica, tragando o cigarro demoradamente e fechando os olhos – Sobre o que queria conversar?

— Sobre ser um babaca.

Ele simplesmente soltou esta frase e esperou minha reação. Traguei meu cigarro novamente e me ajeitei, virando-me para olhá-lo. Estava com aqueles olhinhos azuis minúsculos me encarando, quase fechados, e me deu uma imensa vontade de abraça-lo. Por que tinha que ser um irmão gêmeo?!

— O que quer dizer?

— Quero dizer que eu preciso pedir desculpas por ter invadido seu espaço e por ter aparecido. Eu sou idêntico ao meu irmão e posso imaginar a barra que tá sendo pra ti ter que olhar pra minha cara todos os dias. O negócio é que eu queria te conhecer. A mamãe falava tanto de você e de como sua relação com o Caio era maravilhosa que eu senti a estranha necessidade de me sentir próximo de você.

‘Eu sempre fui um péssimo irmão, Amanda’ – sussurrou, juntando as mãozinhas e fitando-as – ‘Uma merda mesmo. Eu nunca fui presente, e fazia uns 5 anos que eu não via o Caio. Quando eu fui vê-lo, foi no seu velório’.

Ele continuava a desabafar e a cada maldita frase que o garoto soltava minha vontade de abraça-lo aumentava. Quando terminou, soltou um longo suspiro e fechou os olhos. As lágrimas começaram a rolar por seu rosto.

— Renato... Não chora...

Ele as secou bruscamente e se sentou, virando o rosto para o outro lado. Olhou-me por canto de olho e tirou o cigarro de minha mão, tragando e engasgando.

— Garoto, não é assim – resmunguei, tirando da mão dele – Você nunca fumou antes?

Seu rosto muito pálido corou e eu pude presumir que sim. Sorri. Era engraçado conviver com alguém tão inocente depois de tanto tempo. Ele não parecia o tipo de cara que bebesse, também. Empurrei-o com o ombro, o que o fez virar o rosto pra me olhar.

— Eu acho muito bonitinho esse seu lado puro.

— Não seja ridícula – resmungou – Eu sou um babaca. Careta. Démodé.

— Além de tudo, fala muito engraçado.

— Não me zoe.

E riu, colocando o lado externo do cotovelo sobre o rosto, escondendo-o. Esticou a outra mão e segurou a minha, me fazendo encará-las.

— Estamos bem? – perguntou, afagando minha mão com o polegar – Quero dizer... Você continua me odiando e querendo que eu morra, como o Caio?

— Não, seu tonto. Nunca quis.

— Mentira! – berrou.

Eu me limitei a rir e tragar novamente o cigarro. Renato o tirou da minha mão mais uma vez e tentou, inutilmente, traga-lo.

— Você é realmente um babaca. Babou meu cigarro todo – funguei, entregando-o pra ele – Vai com calma. Não precisa puxar todo o ar do mundo. Solta devagar. Não se afoba.

— Fumar é uma arte – brincou, tentando de novo.

Quando Renato soltou a fumaça, fechou os olhos. Ok, ele havia aprendido e estava extremamente sexy fazendo aquilo. Tirei outro cigarro do maço e suspirei ao perceber que estavam acabando.

— Merda. Tenho que buscar mais.

— E com quem você encontra isso?

— Não posso revelar meus fornecedores – sussurrei num tom sombrio, acendendo o cigarro e soltando a fumaça em seu rosto.

Soltou uma risada irônica, me ajudou a levantar e me acompanhou até o dormitório. Masculino. Quando percebi onde havia chego, o encarei.

— Vou voltar ao Chambre des Femmes

— Sobe pro meu quarto um pouco – pediu, segurando minha mão – Eu tô sozinho.

— Mas como você...?

— Regalias de garotos ricos.

Rolei os olhos. Não sabia porque diabos, mas subi com ele. Seu quarto era estupidamente grande. Basicamente, o meu duplex só pra ele. Deitou-se à cama de casal e me apontou o lugar ao seu lado. Fitei-o por um tempo antes de me jogar na cama. Santo Deus, como Renato era cheiroso.

Seu lençol tinha seu perfume. Amadeirado, meio doce. Não consegui identificar qual era a maldita essência, e olha que de perfumes masculinos eu entendia bem. Aquele me intrigou.

— Que perfume você usa? – perguntei, olhando pra ele.

— Eu não uso perfume.

Merda.

Aquele perfume delicioso: era o Renato.


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