Colégio Interno – O regresso! escrita por Híbrida


Capítulo 5
Camisetas, festas e fogo.




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Não me preocupei em me vestir. Desnecessário, quando todos já viram seu sutiã desbotado e aquele shortinho jeans. Deitei-me no sofá ao lado de Gabes e Chris ficou no chão. Ligamos a TV para assistirmos qualquer filminho furreca que estivesse passando e decidimos, então, que precisávamos fazer algo juntos. Todos juntos.

— Uma festa – sussurrou Chris – Nós precisamos de uma festa.

— Como é? – perguntou Gabes – Você realmente espera que eu gaste todo o meu arsenal de álcool loho no começo do semestre com gente estranha e fedida? Isso é...

— A melhor ideia que você já teve! – exclamei, pulando da cama – Vamos lá, vamos falar com os outros!

— Você pode, por favor, se vestir?

Peguei a primeira blusa que vi pela frente sem me importar que fosse minha, vesti e saímos. No meio do caminho, me abracei para sentir o cheiro que exalava da camisa.

— Gustavo.

— Você pegou a roupa do cara assim e... – perguntou Chris, incrédulo – Você, menina, você é uma pecinha rara.

Beijei sua bochecha e chegamos ao quarto. Deitei-me sobre o colo de Thiago, que me apertou com as pernas e afagou minha cabeça.

— Que houve?

— Eu tive uma ideia.

— Você?! Cadela! – gritou Chris, jogando almofadas em mim – Você roubou minha ideia genial!

— Alguém pode falar a maldita... Que merda cê tá fazendo com a minha blusa?! – gritou Gus.

Mandei-lhe um beijo e lhes contei a ideia genial. Além dela, já havia, no meio do caminho, planejado como tudo seria. Um baile de máscaras. Onde? Era uma boa questão. Isso ainda era algo pensar. Mas era provável que invadiríamos a piscina e por lá ficaríamos. E ai do superior que nos tirasse de lá. Quando terminei, todos me encaram, como se eu e Chris tivéssemos alguma doença mental rara.

— Voces acham que a gente tá onde? – perguntou Chloe.

— Institute... – comecei

— Não, Amanda, é sério – disse Bruna – Vocês piraram de vez. Uma festa?! Agora?

— Sim – respondi, como se fosse óbvio – O que é melhor pra gente se unir e quebrar esse climão que o bosta do Renato causou?!

— Existem formas muito mais íntimas de se comemo...

— Eu vou falar com o Conus.

Eles me encararam, mais uma vez, como se eu fosse louca. Mas sabiam que eu sabia negociar. Mr. Conus me conhecia muito bem pra saber que, quando eu encucava com um assunto, era melhor que eu tivesse aval. Peguei Chris pelo braço e desci.

— Nós vamos conversar com o Inspetor.

— Você tá ficando louca, Amanda? Ele não vai deixar.

— A não ser que não tenha álcool – cantarolei – E acredite, meu amigo, ninguém sabe forjar drinques sem álcool melhor que eu.

Ele sorriu e me empurrou com o ombro, orgulhoso de mim. Descemos, entramos na sala de Conus sem sermos anunciados e eu apoiei as duas mãos na mesa. Conus era um senhorzinho engraçado. Muito religioso, calvo, pálido e franzino. Vestia sempre aquele mesmíssimo paletó azul-marinho e gravatinhas borboleta coloridas.

— O negócio é o seguinte, Mr Conus...

— Por que você tá com a blusa de um garoto? – ele perguntou – Vocês dois estavam fornicando?

— Não, homem, por Deus! – gritei – Eu namoro. E essa camisa é de um amigo meu. O fato é...

— O que você estava fazendo no quarto deste outro rapaz sem uma blusa? Assim não dá pra te defender...

— Conus, me ouça! – exclamei, fazendo-o assustar-se e me encarar – Eu quero fazer um baile.

— Um baile – repetiu, não mais olhando para mim – Um baile. Quem foi que disse alunos podem simplesmente organizar bailes?

— Ou eu organizo meu maldito baile ou eu vou botar fogo nesse Instituto. E você sabe que eu falo sério, Conus.

— Garotazinha terrorista – ralhou o velho, me encarando com desdém – Eu não vou me render a suas ameaç...

Tirei um isqueiro do bolso e botei fogo em sua toalha de mesa. Ele soltou um gritinho e correu até o extintor de incêndio que jazia na parede. Eu apaguei o fogo com os dedos e sorri, cínica. Achei que Conus fosse me matar, mas ele apenas suspirou, entediado.

— Jovens costumavam ser mais respeitosos.

— Quando Jesus pisou na Terra, ou seja, quando você era jovem? Imagino.

Foi a primeira vez que Chris teve coragem de se pronunciar desde que entramos na sala. Eu me limitei a prender o riso e ajeitar a toalha de mesa como já estava. Conus resmungou algo como “Falarei com meus superiores” e eu dei a mão a Chris, saindo da sala com um sorriso estampado no rosto.

— Seu poder de persuasão é assustador – exclamou o garoto.

Assenti, caminhando pelo campus apressadamente, morrendo de vontade de contar a eles a novidade. Mas antes que chegássemos perto de nosso quarto, fomos bruscamente interrompidos pelo fantasma do natal passado: Renato.

— Mas o que é que você quer?! – gemi, cansada.

— Você. – respondeu muito sério. Mas em poucos segundos, sua expressão mudou – Brincadeira, boba! Nada.

— Então pode me dar licença para que eu prossiga no meu caminho de luz até Le Chambre des Femmes?

— Que é isso? Vocês vão pra um bordel?

— É o nome do nosso quarto – resmunguei – Agora me dá licença.

— Eu queria conversar com você.

Um silêncio constrangedor se estabeleceu. Chris saiu de fininho e gritou de longe que avisaria a todos que eu estava viva, bem e que Conus iria pensar na nossa proposta. E lá me deixou, com o Penadinho versão Caio.


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