Colégio Interno – O regresso! escrita por Híbrida


Capítulo 14
Cigarros, eu te amos e furdunços.


Notas iniciais do capítulo

Eu nem devia ter a pachorra de voltar depois de TANTO TEMPO nesse horário absurdo. Mas a gente não escolhe a hora que vem a inspiração.
Tô aqui, de alma lavada, as três da manhã, escrevendo pra minha fanfic mais antiga. Meu xodó. Minha favorita. Cuja primeira foi finalizada há dois anos e a segunda iniciada ha quase tanto tempo quanto.
Eu tô de volta.
Obrigada pelos comentários, pelas recomendações e por tudo o que vocês fizeram por CI.



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Fiquei sentada no chão daquele quarto minúsculo pensando sobre tudo e querendo me esconder debaixo da cama. O pessoal todo se espalhou pelo quarto e Nicholas se deitou ao meu lado, afagando minha perna.

— Ei – falou baixinho, deitando no meu colo – Você tá...

— Eu tô um caco. Eu basicamente quero morrer. Eu não sei o que porras tá acontecendo com a minha vida, apesar de...

— Dá pra você parar de ser dramática, que quem tem cara e fama de depressivo psicopata aqui sou eu? Faça-me o favor, Amanda, eu lutei muito por essa posição. Olha aqui meus bracinhos de auto-mutilação!

Levantou as mangas e me mostrou aquele braço branco cheio de queimaduras de cigarro e grandes cortes. Não pude evitar soltar uma risada, e ele parecia satisfeito.

— Eu sou o seu melhor ex.

— Por isso que ela acordou nua na sua cama – guinchou Gabriel.

— ELA O QUÊ?! – gritou Bruna.

— Ai meu Deus... Eu quero sair pra fumar.

— Vamos.

Nicholas pegou minha mão e me tirou daquele inferno. Fomos ao nosso cantinho do tabaco e nos deitamos no chão, acendendo os cigarros.

— Você é maravilhoso. Obrigada por isso.

— Eu só queria fumar, relaxa aí.

Encarei-o e Nick soltou uma risada bonitinha. Desistiu de estar deitado e sentou-se em posição de indiozinho, me olhando de maneira engraçada. Era um misto de compaixão, dó e carinho. Era basicamente o que eu sentia por ele. Tudo isso junto. Menos dó do que tinha quando nos conhecemos, mas ele ainda era alguém de quem tinha dó.

Nicholas era um daqueles solitários. Das pessoas que a gente olha e pensa: que grande infeliz. Que miserável. E que pessoa sádica.

Ele não parece gostar das pessoas e se isola dessas ao máximo. Mas quando ele ama, ele ama.

É intenso, faz muito pelas pessoas e quebra a cara. Por isso, a compaixão e carinho. Mas ainda, a dó. Eu percebi, naquele momento, que o amava também.

— Nick.

— Diga, pequeno gafanhoto.

— Eu te amo.

Ele ficou mudo por um tempo. Bem quietinho. Me encarou, meio assustado com a avassaladora sinceridade. Abraçou-me de ladinho e beijou minha testa.

— Eu também te amo, Amanda.

— A gente pode voltar pro quarto? Acho que todos nós temos que resolver essa cagada que provocamos juntos.

— Eu concordo com suas sábias palavras. Acho lindo como você consegue inserir a palavra “cagada” num contexto tão bonito. Está de parabéns.

Ri, abraçando-o mais forte e nós nos levantamos. Apaguei meu cigarro na perna e ele me encarou.

— Já falei. O suicida sou eu.

E fez o mesmo. Agora, tínhamos aquela linda marca em comum. Nas nossas calças e possivelmente nas nossas pernas. Era nossa marca.

— Ok, vamos voltar para o quarto, e nossos amigos nos matarem.

Voltamos para o quarto de Rafael e Nicholas e todos continuavam lá. Agora muito quietos. Alguns dormiam, outros estavam só entediados mesmo. Gabriel estava quieto sentado no canto da cama de Nicholas (daquelas peças que a vida prega) e eu me sentei ao seu lado.

— E aí?

— Eu odeio quando você fuma.

— Eu odeio quando a gente termina, se reconcilia transando no quarto onde doze caras dormem, você expõe isso pra todos os nossos amigos e depois decide ficar com raiva de mim porque fumei.

— Eu acho que é mais pelo Nicholas que pelo cigarro.

— Espero que seja. Agora eu tenho um lindo hematoma em formato de queimadura de cigarro na perna. E se a gente realmente for destinado um pro outro, você vai precisar se acostumar com ela.

— Eu quero ver.

— Eu não vou te mostrar isso agora.

Ele sorriu malicioso e me abraçou de lado. Então, Ivan pigarreou.

— Nós precisamos decidir o que vamos fazer.

— A Amanda podia quebrar algum outro membro pra desviar a atenção da festa – sugeriu De, como se isso fosse perfeitamente aceitável.

— Ou a gente pode simplesmente beber muita água e mijar como se não houvesse amanhã – insistiu Ivan na sua ideia inicial – Sério, isso costuma....

— Como você sabe disso?

— Eu sou russo – respondeu, como se fosse óbvio – Nós russos sabemos tudo sobre álcool.

— Eu me surpreendo com as pessoas que adotamos nessa família com o passar dos meses.

— Eu me surpreendo com esse rapaz ter transado com a...

— CALA A BOCA! – gritou Chloe.

— Eu adoro quando a pessoa se entrega antes mesmo de eu abrir minha boca – urrei, rindo alto – A-do-ro.

— VOCÊS?

— A Bruna tá desatualizada a beça. Isso tudo aconteceu do nosso lado. A gente até ouviu – disse Lucas, resmungando – Qual é, não é como se fosse nenhuma grande surpresa que a Chloe é a maior dadeira desse..

— Oi, vocês me conhecem? – resmunguei, balançando a mão.

— Gosto da Amanda porque ela assume sua dadice – soltou Thiago, orgulhoso.

— Amanda disse que me ama – soltou Nicholas, no mesmo tom.

— Como é que é?! – gritou Bruna.

— A gente precisa escrever um folheto com todas as novas informações desde que voltamos de férias e colocar em cima do travesseiro da Bruna. Nunca vi pessoa mais desligada pras atualidades – resmungou Nicholas.

E o quarto, mesmo diante do desespero, voltou a ser aquele furdunço bonito que eu tanto amo. Afinal de contas, independente das adversidades, aquele pessoal era a melhor família que uma jovem poderia escolher.


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