A Inútil Capacidade de Ser Indiferente escrita por Fabrício Fonseca


Capítulo 13
Doze




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–Sinto muito – Thomás fala após um minuto de silêncio.

–Tudo bem. Acho que ter coragem para dizer isso agora mostra que já superei – digo, mas não tenho tanta certeza assim.

–Então que tal pararmos com o drama? – Ele diz sorrindo ao se levantar. – O que vamos fazer agora?

–Vamos pegar uma corrida – me levanto e fico ao seu lado.

Thomás para de sorrir e me olha como se eu tivesse batido em sua cara.

–Você nunca pegou uma corrida? – Ele pergunta sarcasticamente.

–Não depois que eu cresci – digo rindo.

–Tudo bem, até que lugar?

Penso por um momento antes de falar.

–É o seguinte: a gente tem que passar por alguns dos lugares que fomos nos últimos dias. Primeiro a gente corre até o lugar onde cometemos aquele crime por atravessar fora da faixa de pedestre; depois correremos até a frente da prefeitura...

–Que foi onde você beijou aquela senhora – Thomás me interrompe e sorri lembrando-se daquele dia.

–Sim! – Paro por um momento rindo. – E então a gente corre de volta por aqui que foi onde eu peguei um patinho e corre até a praça... Quem chegar primeiro ganha.

–Tudo bem. Vamos!

Andamos até a calçada e nos preparamos para correr ficando um do lado do outro.

–No três – digo e começo a contar com os dedos.

1 coloco o pé direito para frente, 2 olho para ele e começo á sorrir, 3 começamos a correr no mesmo segundo.

Corremos lado a lado por alguns minutos, rindo á todo momento. Demos sorte quando chegamos ao lugar onde atravessamos fora da faixa de pedestre, o trânsito hoje está um pouco parado – o que é estranho já que hoje é quinta-feira.

Viramos e vamos em direção á prefeitura, como sempre está cheio de pessoas passando de um lado para o outro indo para seus trabalhos e outros compromissos; tenho que diminuir meu ritmo para passar por entre as pessoas e mesmo assim acabo esbarrando em algumas e escutando coisas como “Olha por onde anda garota burra” e “Sua Idiota”. Só gente legal. Quando me livro da “multidão” e olho para frente percebo que estou bastante atrás de Thomás, não acredito.

–Você parece uma tartaruga. – Ele grita se virando rapidamente para trás.

–A tartaruga venceu a lebre! – Grito para ele ofegando.

Forço minhas pernas tentando alcançá-lo quando atravessamos a rua indo em direção ao lago; fico lado a lado com ele quando pisamos na calçada e continuamos correndo sobre a grama.

Quase como se fosse por vingança uma pata – deduzo eu – atravessa a minha frente com cinco patinhos atrás de si; desvio para o lado direito, me esquecendo de que Thomás está deste lado e acabo esbarrando nele.

Nós dois caímos no mesmo momento rolando um sobre o outro.

Olho para Thomás e vejo que ele está rindo e sem conseguir me segurar começo á rir também.

–Parece que a pata estava tentando se vingar de mim – digo para ele ainda rindo.

–Claro! – Ele diz com ironia. – Tenho certeza que patos são criaturas altamente vingativas.

–Idiota – digo batendo em seu braço e ainda rindo.

Nós nos sentamos e ficamos em silêncio por um momento, apenas respirando.

–Até que foi legal – ele diz sorrindo e olhando para á frente.

–Principalmente porque eu ganhei – digo olhando para ele sorrindo.

–O quê...? – Ele começa á falar, mas para ao perceber que estou me levantando. – Não ganhou não! – Ele grita quando já estou á uns vinte passos de distância.

Forço-me para ficar o mais á frente possível dele e só paro quando chego ao banco na praça onde estávamos antes. Me sento imediatamente.

–Só devo te informar – ele diz ofegando enquanto se senta ao meu lado. – Que eu deixei você ganhar.

–Claro que deixou – digo com ironia e começo á rir.

Dois minutos depois o telefone de Thomás toca, ele espera alguns segundo antes de atender.

–Oi... Sim, eu estou... Já estou chegando aí. – Ele desliga e então se vira para mim. – Preciso ir agora, minha tia precisa me explicar “Como Devo Tratar A Casa Alheia”.

–Tudo bem, a gente se vê á noite.

–A gente se vê – ele se levanta e vai andando em direção à casa da tia.

Me levanto e vou andando para casa e me assusto quando chega uma mensagem em meu telefone. É do Thomás.

Essa sua vitória não valeu;

algum dia eu irei querer

uma revanche

Respondo no minuto seguinte:

Só porque sei que irei

ganhar novamente, eu

aceito o desafio


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