–Alexis, logo você vai para a faculdade e as coisas vão mudar, vamos passar menos tempo juntos. Então, não vamos perder tempo agora.

–E desde quando a detetive Beckett é perda de tempo? -Alexis perguntou frustrada.

Castle suspirou, sabendo que a filha não desistiria, e caminhou até ela.

–Desde que ela mentiu para mim.

–Mentiu sobre o que? Pois hoje eu a vi e ela parecia bem chateada falando que você a abandonou que não a ama mais. Pai, como isso pode ser verdade? Como você pode não ama-la mais?

Alexis sabia que tinha sido um pouco dura com a detetive naquele dia em que seu pai foi refém em um banco, junto com sua avó. Ela tinha culpado a detetive pela situação. Mas sabia que nada daquilo era culpa dela. E estava tentando restaurar a amizade.

Mas agora, nem seu pai parecia mais querer ficar perto de Kate, e isso era extremamente estranho.

Algo estava muito errado.

–Pai, o que aconteceu com vocês?

–Nada, eu apenas descobri a realidade da minha parceria com Beckett.

–E vocês não deviam estar felizes agora? Você a ama, ela ama você, o que tem de errado nisso.

–O que tem de errado? Tem de errado que ela não me ama, nunca me amou e não foi capaz de dizer isso.

–Mas pai, eu ouvi ela dizendo que você não a amava mais, isso é mentira, ela está confusa, acha que você não a ama.

–Ela está certa! -Castle disse, completamente cansado daquele assunto. -Talvez eu ainda a ame, mas isso vai acabar, eu vou superar isso, vou esquecer que um dia amei ela.

–Não! -Alexis gritou. -Você deve lutar por ela, pela amizade e parceria de vocês, você sempre disse que ela era a mulher da sua vida, que vocês estavam destinados a ficar juntos. Você me disse isso, e agora quer desistir.

–Eu lutei por ela, por nós, durante quatro anos. Mas não posso fazer isso sozinho se ela não quer estar ao meu lado.

Alexis suspirou. Não reconhecia seu pai e sabia que era por causa de Beckett, mas não era culpa dela. Ela parecia confusa e triste naquela manhã. E Alexis podia não saber de fato o que tinha acontecido entre os dois, mas sabia que algo estava errado e havia um grande mal entendido entre eles.

–Eu só queria meu pai de volta. -A menina disse e saiu pela porta, deixando Castle falar sozinho.

~~~~~

Kate tinha ficado conversando com Lanie por um tempo, até que as duas tiveram que começar a realmente trabalhar. A detetive foi até a delegacia e sentou na borda da mesa, olhando fixamente para o quadro branco cheio de evidencias.

Normalmente, nessa hora Castle estaria chegando com seu café habitual e sentaria ao lado dela, provavelmente comentaria algo inapropriado que a faria rir levemente, e então os dois iriam se perder no pequeno mundo onde só haviam eles e as teorias sobre o caso. Talvez resolveriam o caso naquela manhã mesmo e passariam o resto do dia fazendo papelada. Ela passaria, na verdade, pois Castle nunca ajudava, ficava sentado olhando para ela como se Kate fosse algo místico.

Mas, naquela manhã, isso não aconteceria. Provavelmente nunca mais.

Agora ela estava sozinha, sem saber por onde começar. Tanto com o caso como com a sua vida.

Ela tinha se acostumado com Castle na delegacia, ela o queria ali, ao seu lado, como parceiro, amigo e futuro namorado. Talvez mais.

Mas a vida era cruel e Kate tinha aprendido isso, pela segunda vez.

–Beckett, posso falar com você um segundo? -Espo chegou ao seu lado, com uma xicara de café simples.

–Ah. -Foi tirada de seus pensamento, e talvez isso era bom. -Sim, claro, pode falar.

–É sobre o Castle.

–Não pode falar. -Disse rapidamente, saindo com a xicara na mão.

–Beckett. Kate! Espera.

Suspirando, ela parou no corredor pouco movimentado.

–Espo, não, por favor.

–Você não pode continuar assim. Todos estão reparando, e eu sei que você não quer falar disso, dele, mas nós somos seus amigos e estamos preocupados.

–Eu agradeço, Javi. Você, Ryan e Lanie são minha família, mas isso é assunto meu e eu preciso resolver isso sozinha.

–Certo, você não vai mudar de ideia, mas se tiver algo que pudermos fazer, se precisar de alguém para conversar ou bater em um certo escritor, eu estou aqui.

Ela riu levemente, pela primeira vez em dias.

–Ninguém vai apanhar, mas obrigada.

Esposito envolveu-a em um abraço amigável, protetor.

–Hey, Jenny fez um bolo e mandou eu trazer para o lanche, vamos fazer uma pausa? -Ryan se aproximou, sorrindo para Beckett.

–Cara, você tem o que, cinco anos? Trazer bolo para o lanchinho? -Esposito deu um leve empurrão na cabeça do parceiro, fazendo Beckett revirar os olhos.

Ela aceitou e os três foram para a sala de descanso. Ryan dizendo que só pelo comentário, Espo não poderia comer.

Kate sabia o que estava acontecendo. Seus amigos queria fazê-la sentir-se melhor, eles estavam preocupados. Ela percebeu. O café, a comida, as piadas. E ela iria sorrir por eles, aqueles que realmente eram seus amigos.

E que nunca desistiriam dela.

~~~~~

Alexis estava sentada no escritório de Lanie esperando a médica voltar de uma cena de crime.

Já era quase final de tarde e a menina tinha passado o dia todo pensando em uma única coisa.

Castle e Beckett.

Alexis não era boba e sabia muito bem que seu pai não fazia besteiras por sua causa, mas quando a detetive entrou na vida dele, deixou de ser apenas Alexis. Castle tentava ser melhor a cada dia pela detetive.

A jovem sempre pensou que, apenas de tudo, quando fosse para a faculdade seu pai estaria morando com a detetive, eles estariam felizes e seu pai teria alguém para cuidar dele.

Mas, agora que eles estavam brigando mais do que crianças, Alexis estava com medo de deixar seu pai sozinho.

E não era apenas isso, ela queria vê-lo feliz, e sabia que só a detetive poderia fazer isso.

–Alexis? -Lanie chamou, tirando-a de seus pensamentos.

–Lanie, posso te pedir um favor? -Ela perguntou, sem pensar muito.

–Sim, claro. -Ela sorriu de forma doce.

–Eu preciso marcar um encontro com a detetive Beckett, mas acho que ela não iria se soubesse que era eu, pois... É sobre o meu pai, e eles não parecem bem ultimamente.

Lanie sorriu, finalmente mais alguém que queria ajudar os dois.

–É claro, Alexis.