Castle passou a noite em claro, não conseguiu dormir e muito menos escrever. Pensava em Beckett o tempo todo e se odiava por isso. Ela era apenas uma mulher que tinha passado por sua vida, assim como tantas outras.

Tudo bem, ela não era. Ainda. Mas em breve seria. E ele estava tentando se convencer disso.

"Amar é mesmo a pior sensação do mundo." Castle dizia para si mesmo, enquanto preparava algo para comer.

Ele estava tão distraído que não percebeu sua mãe descendo as escadas.

–Richard, que manhã linda, não? -Ela veio sorrindo, mas logo parou de andar. -O que aconteceu com você?

–Não dormi direito. -Disse sem nem mesmo olha-la.

–Não dormiu direito ou foi para uma guerra? Você está horrível.

–Obrigado, mãe, você continua linda.

Martha suspirou e ficou séria. Seu filho estava com algum problema.

–Filho, o que aconteceu com você? -Perguntou se aproximando dele, descansando uma mão reconfortante em seu ombro.

Ele não respondeu de imediato. Na verdade não sabia bem o que responder.

–É ela, não é? -Martha perguntou, referindo-se à Beckett e Castle sabia disso.

–Ela não me ama. Acho que nunca amou.

–Mas vocês dois estavam tão bem, por que exatamente ela te disse isso?

–Ela não disse, mãe. Esse é o problema. -Castle largou as coisas que estava fazendo e finalmente olhou para Martha. -Eu ouvi ela dizer para um suspeito, mas ela não teve a coragem de me dizer.

–Então, ela disse para um suspeito que ela não amava você mas não disso isso a você? Onde está a lógica nisso? -Martha estava visivelmente confusa.

–Ela não disse exatamente com essas palavras. -Castle resmungou.

–Richard, você tem certeza que está interpretando as coisas de forma certa?

–Sim. -Resmungou, voltando a preparar o café.

Logo em seguida seu celular começou a vibrar. Era Beckett ligando.

–Parece que ela ainda gosta de você. -Martha sorriu.

–Não importa mais. É meu ultimo caso com a detetive Beckett.

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Beckett estava sentada na beirada da sua mesa, olhando fixamente o quadro branco cheio de evidencias do novo caso que sua equipe tinha assumido naquela manhã.

Ela tinha ligado para Castle, mas ele não atendeu e nem retornou a ligação. Frustrada, ela desistiu de fazer contato com ele e foi para a cena do crime. Agora, ela estava sozinha tentando descobrir a conexão entre as duas vitimas encontradas no local.

O bip do elevador indicou que alguém estava chegando. Ela se virou pronta para perguntar aos meninos se tinham encontrado alguma pista, mas deu de cara com Castle.

Um Castle sem café.

Um Castle totalmente diferente do seu parceiro.

–Você não atendeu minhas ligações... -Kate murmurou depois de algum tempo.

–Eu estava ocupado. -Ele disse simplesmente.

–Ainda com aquela loira? -Não estava certa se tinha ou não deixado o ciúme transparecer, mas afinal, o que importava?

–Ela tem um nome. E não, eu não estava com ela. Só... Precisava de um tempo para pensar.

–Está tudo bem? -Ela perguntou, notando a seriedade no olhar dele. E não gostou.

–Sim, acho que estou melhor do que nunca.

–Isso é bom. -Tentou sorrir, mas falhou e não obteve um sorriso de volta.

Castle não respondeu, Ficou olhando o quadro de investigação. Mas não estava concentrado para descobrir qualquer pista escondida ali. Olhou para a mulher ao seu lado e, por um instante, pensou se era mesmo a coisa certa a fazer.

Mas ele não podia se deixar levar pelo momento, tinha que dizer agora.

–Eu estou deixando a delegacia. -Ele disse, atraindo o olhar dela.

–Como assim "deixando a delegacia"? -Perguntou, com pânico estampado dos olhos.

O que ele estava dizendo? Ele estava realmente parando de segui-la?

–Eu já fiz pesquisa suficiente, já tenho todo o material que preciso.

Oh deus, ele estava falando sério. Tinha desistido de ser seu parceiro.

–Não, Castle. Você não pode....

–Por que não, Beckett? -Ele a interrompeu, deixando as palavras escaparem com mais raiva do que pretendia.

–Porque...

Ela o amava, queria ficar com ele, acreditava que eles seriam maravilhosos juntos, assim como eram parceiros no crime, seriam na vida. Ela só precisava de um tempo, estava quase lá, quase aceitando e superando todos os obstáculos que sua vida tinha posto no caminho.

Estava quase pronta para ama-lo como ele a amava.

Mas ela ainda estava ferida. E os acontecimentos dos últimos dias só tornaram as coisas piores.

Quando ela não disse nada, Castle acenou com a cabeça e se afastou um pouco mais.

–Não se preocupe, Beckett. Logo você se acostuma novamente com a vida que tinha antes de eu aparecer.

Mas ela não queria. Não queria nunca mais ter que voltar para aquela vida triste e solitária. Ter Castle ao seu lado tinha se tornado uma das melhores coisas sobre o seu trabalho.

E ela não podia, e nem queria, voltar as coisas como eram antes.

–Castle, espere. Eu tenho que te contar uma coisa. -Disse, mesmo sabendo que ainda não era a hora certa, que não estava totalmente pronta. -Eu nunca te disse como me sinto sobre você. -Murmurou baixinho, corando.

Castle parou, olhando para ela.

Não. Ele não queria escutar as palavras da boca dela. Já era doloroso o suficiente saber que ela não o amava.

–Você não precisa. Eu já percebi e já entendi. Mas, infelizmente, nós não sentimos a mesma coisa um pelo outro. Eu gostaria de poder estar na mesma pagina que você, querer as mesmas coisas como você, o mesmo tipo de relacionamento, mas eu não consigo.

Os dois ficaram se olhando por alguns segundos, que mais pareceram horas. Kate queria dizer alguma coisa, mas a dor que as palavras dele tinham causado estavam impedindo-a de pensar em outra coisa a não ser "ele não me ama mais".

Quando viu que ela não diria nada, Castle suspirou e deixou os ombros caírem.

–Adeus, Kate. -Com isso, virou de costas e começou a caminhas para longe dela em direção ao elevador.

Beckett estava quase deixando as lagrimas caírem quando Castle saiu. Ela murmurou o nome dele duas vezes, tentando chama-lo. Mas ele não voltou.

Ele não a amava mais. Ele não sentia o mesmo que ela, não queria o mesmo que ela.

E agora, Beckett estava totalmente desolada.

De dentro do elevador, ele se virou, vendo por alguns pequenos segundos o rosto da detetive.

Kate Beckett estava chorando.