Destinados - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 3
"Caraminholas na cabeça, Riddle?"


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer a quem comentou, amo os comentários que leio, de verdade!
A quem favoritou também.
Muito obrigada.



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Hermione olhou furiosa para o garoto a sua frente, ele estava sério, concentrado, olhando de volta para ela. Piscava lentamente e parecia debochar dos esforços dela, mesmo não expressando nada.

Resista, Hermione, resistere.

Ela odiava Tom Riddle.

– Pelo amor de Deus, Riddle - exasperou, cansada daquilo, soltando as gargalhadas que prendia - É a quarta vez seguida, ria por favor.

– Deixe de ser uma perdedora, porquinha - riu de deboche e a menina dos cabelos curtos mostrou a língua para ele.

Brincar com Tom sempre era ruim porque ela sempre perdia. Ela sempre era a segunda melhor em tudo, e isso a irritava bastante.

Tom era sempre o primeiro.

Na escola que eles frequentavam, as notas do moreno eram sempre as melhores, o comportamento exemplar; tirando pelos desvios de conduta do menino.

Hermione sempre o apreendia, e ele sempre apanhava, mas ele gostava de fazer outras crianças sofrerem, elas nunca eram legais com ele. E ele era mil vezes melhor que elas.

– Quer brincar de alguma outra coisa? - ele perguntou, apenas para ver a careta da castanha. Ele se divertia muito vendo Hermione irritada.

– Calado - ela colocou o cachecol e bateu a porta do quarto que dividiam.

Tom não gostava quando ficava sozinho no quarto, os pensamentos estranhos sempre apareciam nessas horas. Ele tinha vontade de matar, de ser mau e reconhecido. Eram pensamentos que só o rondavam quando Hermione não estava por perto.

Olá, príncipe.

Ele olhou em volta, buscando quem falara aquilo. Não era a primeira vez que escutava uma voz lhe chamando de príncipe, mas nunca via ninguém.

Estamos esperando sua supremacia, mestre. Fale conosco, a voz continuava.

– Quem diabos é você? Estou enlouquecendo - gemeu em desgosto.

Ele odiava pensar que estava ficando louco. Durante anos no orfanato, médicos especiais foram vê-lo, suspeitando de sal integridade mental. Ele não era louco! Era diferente.

Hermione sempre concordava com ele.

Tantas crianças naquela droga de lugar e todos tinham que só prestar atenção nele.

Olhe para baixo, príncipe.

Tom obedeceu, se sentindo muito burro por dar ouvidos às vozes imaginárias, e quando viu, soltou um berro de medo.

A pequena cobra verde de quintal, uma das que sempre apareciam nos fundos do orfanato, o encarava fixamente, a língua bifurcada saído de tempos em tempos.

Uma cobra estava falando com ele.

Uma.

Cobra.

Ofegante, Tom começou a pensar que era maluquice dele. Talvez os médicos estivesses certos, talvez Martha e Miranda estivessem certas, ele era louco.

Um maldito ladrãozinho louco.

Cobras não falavam, e ele estava alucinando.

– Me diga que é um sonho.

Oh não, nosso mestre ainda não sabe, não está pronto.

Se ele ia dar ouvidos à cobra falante, ia fazer isso direito.

– Do que está falando, do que eu não sei? Fale-me agora!

Sinto muito mestre, mas ainda não é a hora.

A cobra partiu pela janela, provavelmente não sentindo o frio de dezembro que fazia lá fora. Suspirou, sempre soube que era diferente, mas falar com cobras? Era demais até para ele.

Mas ele era diferente, ele falava com animais! Aquilo o fazia melhor que todas as crianças do orfanato, sem exceção. Acreditava nisso.

(...)

Hermione ria sozinha enquanto terminava de montar um boneco de neve sujo com a neve dos fundos do orfanato. Nunca ficava tão bonito quanto os dos livros ou revistas que sempre estava lendo, mas ela não se importava. Gostava de fazê-los mesmo assim.

Ela queria que Tom também gostasse.

A castanha não entendia porque ela sempre precisava de Tom para tudo, mas não se importava. Ela tinha uma ligação tão forte com ele que nada, nem ninguém, poderia separar. Mesmo quando ele era terrível com ela, Hermione continuava a defendê-lo. Algo dentro dela dizia que desistir de ser amiga dele era um erro dos grandes.

Hermione sempre ouvia sua consciência.

Cansada do frio, voltou para o conforto da sala de rádio. Os residentes mais velhos, quase todos com dezoito anos, estavam amontoados em volta do velho rádio que eles tinham, ela se aproximou também, adorava saber das coisas que os mais velhos ouviam.

“Mussolini apóia Hitler em dominação alemã, o ditador austríaco invade Viena e domina o país. Primeiro ministro italiano diz que as medidas que Hitler está tomando são para o bem e crescimento do país....

Hermione saiu de perto, ofegante. Não se lembrava de onde tinha ouvido o nome de Mussolini antes, mas sabia que era algo ruim. Provavelmente sobre seu passado, já que se lembrava de que era italiana.

Era sobre seus pais...

Sacudiu a cabeça, tentando espantar os pensamentos. Não sabia porque não estava mais com eles, mas acreditava que eles a amavam, pessoas ruins a tiraram de perto deles. Um dia, eles iriam buscá-la e eles seriam felizes. Ela, os pais e Tom, porque ela com certeza levaria o seu irmão com ela.

Voltou para seu quarto, decidida a esquecer o que acabara de ouvir sobre Hitler e Mussolini, detestava o clima de guerra que entraram, era tão ruim. Daria uma nova chance para Tom perder no jogo do sério.

Encontrou Tom sentado em sua cama, na parte de cima do beliche, olhando para o nada com cara de maravilhado. O que tinha acontecido no tempo que passara fora?

– Caraminholas na cabeça, Riddle? - riu da própria piada.

– Você é bem patética, Granger. - Hermione colocou uma das mãos sobre o peito, sofrendo com a indignação.

Por que Tom estava falando daquele jeito? Eles tinham voltado no tempo e ela não reparara?

– Do que está falado, Tom? Por que está sendo um estúpido?

– Eu não sou nenhum estúpido, eu só estou cansado desse lugar patético, cheio de gente patética. Mereço mais que isso, mais que esse lugar fedido e estúpido, cheio de crianças imbecis e inferiores a mim.

Hermione enfim pode relaxar, havia dias em que Tom ficava irritado com o lugar, mas todas as crianças eram assim. Ela entendia a raiva do irmão.

– Calma, Tom. Quando meus pais vierem, nós iremos embora.

Tom revirou os olhos e riu de deboche.

– Você não entende, Hermione? Seus pais te jogaram nessa droga de lugar e não vão te buscar, porque eles não quiseram você! É a droga de um orfanato, Granger, nossos pais não gostam da gente. Quando eu for grande, vou destruir esse inferno.

Hermione reprimiu as lágrimas, sabia que Tom estava mentindo, seus pais nunca a abandonariam, eles a amavam. Ela sabia disso.

O eu estava acontecendo com o moreno?

– Vou ignorar tudo isso, porque você é meu irmão, e está falando besteiras.

Tom pulou do beliche, caindo graciosamente no chão. O olhar frio que ele deu a Hermione congelava mais que o inverno inglês.

– Não somos irmãos.

E saiu do quarto, batendo a porta com força.

– Stupido - sentou-se em sua cama, finalmente soltando suas lágrimas.

Odiava o fato de não conseguir odiar Tom.

(...)

Quando Tom voltou para o quarto, Hermione já estava dormindo, ainda com as roupas que usara cedo, a castanha perdera quase todas as refeições e o travesseiro estava molhado.

Tom quis ignorar e continuar pensando que ele era superior a Hermione, mas não conseguia quando a via chorar, era inexplicável o jeito que ele sentia que tinha que ser o melhor para ela, e sempre protegê-la.

Isso o deixava irritado, não queria ter que depender tanto da Porquinha Granger. Nem ficar tão chateado por tê-la feito chorar.

Trocou de roupa em silencio e foi se deitar, pediria desculpas quando ela acordasse.

Ele sabia que os pais dela nunca voltariam, mas não devia ter sido tão rude com Hermione, ela era frágil demais.

Naquela noite, ambos sonharam.

Tom tinha de novo sete anos e estava em uma cabana velha e pequena. Um homem com armadura e olhos negros estava de joelhos e um dos braços estava em seus ombros.

Tom queria chorar, embora não soubesse por quê. Não conhecia aquele homem, nem sabia em que lugar estavam.

– Meu filho, eu voltarei. - e abraçou Tom, que não segurou as lágrimas.

– Não me deixe, papai. O rei não precisa do senhor. - apertou mais o homem, que o abraçou mais forte.

– Cuide de sua mãe, Tom. Em breve estarei de volta. Eu te amo.

Tom arregalou os olhos, suando na cama de cima. Que tipo de sonho ele tivera?

Ao mesmo tempo, Hermione sonhava com o mar, mas ela não era mais uma garotinha, era uma adolescente, embora não entendesse como. Ela colocou um dos pés na água, amava a sensação do mar em seus pés.

Entrou mais um pouco, mas a correnteza estava forte, logo estava no fundo, e não conseguia respirar, doía, machucava, ela tentava sair, mas não conseguia.

Então respirou ar puro e a única coisa que via eram intensos olhos negros.

Acordou com um grito.

Odiava o mar, embora nunca tivesse entrado nele. Ela morria de medo de se afogar e acontecer como em seu sonho.

Antes que pudesse perceber, estava chorando.

Uma mão apareceu do seu lado e ela segurou com força; saindo de sua cama e indo para a de cima.

Tom a abraçou e ela conseguiu se acalmar. Era sempre ele que a acalmava.

– Tudo bem, porquinha, vai passar.

Ti amo, Tom. - se aconchegou mais a ele, já fechando os olhos, caindo no sono - Amo você.

Ele engoliu o choro, se lembrando do sonho. Era diferente a sensação, quando Hermione disse que o amava, era quase uma nostalgia, que enchia o peito de Tom de felicidade.

– Também amo você, irmãzinha porca.

Mas ela já não escutava mais, tinha caído no sono.

(...)

Os meses passaram, Tom finalmente tinha onze anos e perturbava Hermione bastante por ser mais velho, mesmo que ela dissesse que a diferença era pouca. Ela dera de presente a ele um diário preto de couro, com todo o dinheiro que ganhou nos anos que estava no orfanato, tinha o nome de Tom gravado no canto em dourado.

Ele perguntara porque ela dera um diário, e ela respondera sabiamente:

– Você é um chato. Não gosta de brinquedo nenhum.

E acrescentara depois:

– Você um dia terá uma grande história para contar ao mundo, Tom. Precisa ter papel e lápis à mão o tempo inteiro.

Fora o melhor presente da vida do garoto.

Naquele dia de julho, estava anormalmente quente. Por isso as crianças estavam tomando banho de mangueira nos fundos do orfanato. Todos gostavam desse momento, pois esqueciam a guerra que estava acontecendo. Hermione estava feliz ali, brincando com as outras crianças.

Apenas Tom estava recluso no quarto. Ele estava esquisito, mas Hermione não iria importuná-lo com baboseiras, ele só ficaria irritado.

Nesses momentos, era melhor deixar o menino sozinho.

Ainda assim, ela viu quando Martha chegou com um homem em vestes roxas escandalosas e cabelos acaju. Ela os viu indo em direção a ala masculina, onde ela dormia com Tom.

O menino estava no quarto, sentado na cama de Hermione, a cobra acabara de ir embora, depois de avisar que a hora dele estava chegando. Ele iria começar a descobrir quem realmente era.

Então batidas foram ouvidas, e Martha entrou, junto com um homem de olhos azuis cintilantes, óculos meia lua e vestes roxas berrantes.

– Bom dia, Tom - Martha anunciou - Quero que conheça Alvo Dumbledore.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?