Destinados - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 4
"Hermione Granger tem segredos"


Notas iniciais do capítulo

Então, como eu disse, eram duas histórias paralelas, espero que não fique muito confuso.



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As terras estavam em festa.

As terras da família Granger eram uma das mais ricas de toda a Inglaterra, a igreja era uma das mais influentes e Lorde Granger era um homem justo que sabia ser generoso nas horas certas. Nenhum dos moradores empregados de Lorde Granger passava fome ou necessidade e todos eram muito fiéis ao seu patrão. Para acrescentar, as terras de Granger ficavam no litoral, o que facilitava o comércio com terras distantes.

Além disso, pouco tempo antes a bruxa Joana fora capturada pelos soldados reais ingleses e a caça às bruxas voltara com violência, para capturar todas as seguidoras da bruxa imunda.

Era a semana da plantação, e sempre nesses dias de verão, tinha um festival maravilhoso, com música, dança e diversão. Lorde Granger nunca participava, já que vivia de luto eterno.

Lady Granger morrera no parto da pequena filha dos dois, anos antes. A pequena Hermione crescera com elegância e graciosidade, porém quando fez onze anos sumiu do mapa, e só retornava aos verões, e era mais um motivo de felicidade. A menina era amada por todos.

Todos estavam felizes.

Menos Tom Riddle.

O menino de dezesseis anos não entendia como as pessoas conseguiam ficar tão animadas para trabalhar para alguém rico e imprestável como John Granger. Tom era um menino justo e bondoso, e não conseguia entender como poucos tinham muito e outros muitos tinham tão pouco.

Não que ele sofresse muito, sua função no feudo desde que ele se lembrava era a de mensageiro. Ele levava as mensagens para todos na terra, e muitas vezes era divertido conhecer tanta gente, mas igualmente triste. Pois Tom estava em constante contato com famílias extremamente pobres, cujos pedidos nunca foram atendidos pelo Lorde Granger.

Ele a maldita Milady ficavam em sua fortaleza inalcançáveis. A Milady ainda era pior porque sumia durante o ano.

Tom achava um absurdo as mortes constantes que existiam ali por causa das supostas bruxas. Era tudo um monte de asneiras criadas pela igreja amedrontada. E toda Inglaterra acreditava.

Tom odiava a monarquia inglesa, nunca a perdoou por tirarem seu pai de perto dele. Ele ainda conseguia se lembrar do olhar pesaroso de seu pai, que era tão parecido com ele. A última vez que viu o pai, a última vez que ele dissera que amava Tom.

Seu pai virara um dos soldados da corte real, oito anos antes, e prometera que voltaria. Tom sabia que o pai cumpriria a promessa.

Então veio uma batalha para conquista de novos reinos.

“Cuide de sua mãe, Tom. Em breve estarei de volta. Eu te amo.”

Seu pai nunca mais voltou. Anos depois uma carta do rei chegou, lamentando o ocorrido e provendo artefatos que suprissem as necessidades dos dois, mas com o tempo, também pararam de chegar os suprimentos.

Então Tom deu inicio a promessa, levou mais a sério o dever de mensageiro e se fechou para o mundo. A criança alegre, aberta e criativa se tornara um jovem amargurado e fechado.

Tom era bem apessoado, os anos andando por toda a extensão das terras, fizeram o garoto ter um porte atlético, diferente dos homens gordos e bêbados da região. Era simpático com todos e generoso também. Ele queria que seu pai sentisse orgulho dele.

Naquela manhã quente, Tom tinha ido à praia para tirar todas as impurezas de seu corpo, e nada melhor que a água do mar para fazer isso. Brincara na areia, nadara o mais rápido o possível, mas não pode ficar muito, pois sabia que tinha trabalho a fazer.

Mas antes passara em casa, para dar um beijo em sua mãe. Ele a amava mais que tudo.

Quando chegou à pequena cabana onde viviam, viu um cavalo selado próximo a entrada, mas não se importou, sua mãe era a melhor costureira da região e com a chegada do Festival da Plantação, muitas mulheres a procuravam para fazer belos vestidos novos.

– Mamãe, cheguei! - anunciara, mas não recebeu resposta. Não se importou, ela deveria estar realmente ocupada.

Passara pelo pequeno sofá, sem se importar, mas um pigarro leve chamou sua atenção.

– Sua mãe está nos aposentos dos fundos com minha prima, sinto que pode demorar bastante.

A menina era pequena, mas proporcional. A pele era clara como creme e parecia ser tão sedosa quanto os tecidos que a mãe usava. Os cabelos castanhos e cheios estavam presos em um penteado com coque elaborado, e em contraste o vestido era rosa simples e preso com um espartilho marrom, mas sem as toneladas de anáguas que as mulheres costumavam usar.

Os olhos castanho chocolate refletiam toda a pureza que Tom acreditava que ela tinha. Parecia ter no máximo, treze anos.

– Sinto muito, senhorita, não a notei e entrei de maneira rude - se desculpou - Nesses tempos de verão mamãe sempre fica cheia de clientes novas. Surpreende-me até que hoje só tenha a senhorita esperando.

Ela sorriu, e foi a coisa mais bonita que Tom já vira na vida.

– Estou desde cedo, na verdade, mas não pretendo fazer nenhum vestido hoje, estou só acompanhando, embora minha prima Gina esteja demorando muito, deve estar amolando sua mãe de todas as formas possíveis.

– Minha mãe gosta de companhia de qualquer forma.

– E eu tenho esse livro para me fazer companhia enquanto espero. E agora tenho o senhor, Sr. Riddle.

Tom reparou no livro que jazia do lado da menina. E tentou pensar em quantas meninas da redondeza possuíam estudo suficiente, e a resposta era: poucas. Ele próprio que era homem e nunca tivera condições de aprender a ler ou a escrever.

– Posso olhar? - perguntou receoso. A menina assentiu e lhe entregou o livro. No momento que as mãos dos dois se tocaram, Tom sentiu uma corrente passa pela sua espinha, e olhou para a menina, que tinha a mesma expressão no rosto.

A menina pigarreou novamente e Tom pegou o livro com pressa. Admirou a lombada marrom, assim como o couro rústico que compunha a capa. Era lindo, e o toque de Tom dava uma sensação maravilhosa.

Tom queria viver rodeado de livros para sempre.

– Vejo que o senhor gosta de ler - olhou intrigado para a garota - Dá para ver em teus olhos que é necessitado da companhia de livros, ou gostaria, pelo menos.

– Nunca aprendi a ler, senhorita - foi seco e devolveu o livro com um gesto brusco.

Ela ficou vermelha instantaneamente e Tom se arrependeu por ser rude. Logo a menina se recompôs e sorriu delicadamente para ele.

– Então na próxima vez que nos encontrarmos, ensinar-lhe-ei.

Era impressão de Tom, ou a menina de treze anos estava flertando com ele?

Antes que pudesse responder, Mérope Riddle saiu dos aposentos de costura, com uma menina de aproximadamente quinze anos e com uma cabeleira ruiva cheia de volume, assim como o vestido verde esmeralda cheio de anáguas que batiam nos móveis da casa.

– Vamos, Hermione, já encomendei meu vestido, e ele é absolutamente gracioso! Chamarei a atenção no Festival com certeza.

Hermione riu, mas Tom não acompanhou, estava chocado. Aquela menina tão delicada e divertida era na verdade... Milady Granger? A menina fútil que sempre criticara?

– Claro que chamará, Ginevra.

A ruiva franziu o cenho para o nome, e se despediu de Mérope com desdém, e nem se dirigiu a Tom.

– Perdoem Ginevra, ela é um tanto... agitada - Hermione sorriu culpada. - Voltarei em breve para fazer vestidos graciosos, Sra. Riddle.

– Estarei esperando sua vinda - para surpresa de ambos os Riddle, Hermione abraçou Mérope rapidamente.

– Até mais Sra. Riddle - acenou para a mulher - Espero vê-lo em breve, Sr. Riddle.

Ela sorriu para Tom, mas o mesmo não retribuiu, estava com a mente clara e conseguia ver a menina mimada e fútil que não se importava com ninguém além dela mesma e o pai inútil.

Ele não queria vê-la nunca mais.

(...)

O festival fora um sucesso. Houve comida, festas, bebida e diversão. Tom tivera sua primeira experiência na plantação, e sabia que a partir daquele dia teria muito mais trabalho.

Pode descobrir mais coisas sobre Hermione Granger, tinha quinze anos e não treze como aparentava. Estudava em uma escola para moças em outra província e só voltava para casa nas férias. Diziam que Lorde Granger preferia assim, porque a menina parecia muito com a falecida Lady Granger. Era prima de primeiro grau da família Weasley, que também possuíam muitas terras nas redondezas. E estava noiva.

Noiva.

Hermione era prometida desde o nascimento a Ronald Weasley, um dos muitos filhos dos Weasley e aparentemente não gostava de ter que se casar com alguém, mas era obediente o suficiente para o fazer.

No Festival, tom a vira dançando com moças em torno de uma fogueira feita, ela ria e se divertia como nunca. Parecia que e onde vinha, não podia ter certas diversões.

Tom também tivera diversão, Lestrange levou uma mulher para Tom, dizendo que o menino tinha que passar pela experiência de se tornar um homem. Fora bom, mas como Tom era um menino muito bondoso, não gostou de usar a mulher do jeito que fizera, mesmo que ela fosse paga para isso.

Gostara, mas prometera a si mesmo que nunca mais compraria mulher nenhuma para seu prazer.

– Mamãe - Tom se voltou para a mãe, na noite seguinte ao festival, ambos estavam cansados no quarto que dividiam - O que achas de Hermione Granger?

A mãe franziu o cenho, confusa com a pergunta do filho.

– Dizem que é uma boa menina, inteligente e educada, mas fique longe dela, Tom. Hermione Granger tem segredos, pelo que Ginevra falou-me, e segredos perigosos. Não quero ver-te envolvido em problemas.

Tom suspirou, ficaria longe da menina de qualquer jeito, independente do que a mãe lhe contara.

– Tudo bem. Boa noite, mamãe.

– Boa noite, querido.

(...)

O Sol ainda não tinha despertado completamente, mas Hermione Granger estava sentada nas areias da praia de sua propriedade. Uma das coisas que ela sentia falta enquanto estava na escola era de poder observar as ondas batendo contra as pedras e carregando a areia para seu infinito.

No entanto, sentia ainda mais falta de Hogwarts.

Só de poder praticar magia onde quisesse, contanto que fosse nos terrenos da escola, já lhe satisfazia. Ficar quase três meses tendo que se esconder dos perseguidores de bruxas era sufocante.

Ela vivia aterrorizada no tempo que estava em casa, além de ser extremamente solitária.

Todos nas terras de seu pai eram bons com ela, mas todos a tratavam como uma pessoa a parte. Em Hogwarts era ela só mais uma aluna, uma aluna brilhante é claro, mas só uma aluna, a única coisa que tinha na cabeça era qual a poção que faria no dia seguinte.

Secou uma lágrima que escorrera.

Sua casa era um ambiente vazio. Amava o pai, mas ele estava sempre recluso, nunca superara a morte da mãe de Hermione, e a culpava, mesmo sem querer. Seus primos eram barulhentos e desordeiros, fora que estava fadada a casar com o pior deles, o comilão burro e atrapalhado do Ron. Odiava o pai por forçá-la a fazer algo assim, mas ele bom o suficiente para deixar Hermione terminar a escola.

Ouvira casos em que a noiva não pudera fazer nada contra e tivera que se casar amarrada.

Pelo menos queria estar apaixonada, como nos livros que lia, ou no caso de Ginevra, que era insuportável em certos aspectos, mas era noiva de Harry Potter, um cavalheiro da corte real e amava muito seu noivo, e era recíproco.

Queria ter amigos também. Pensara que poderia ser amiga do filho de Mérope Riddle, Tom, como se informara, mas depois que o vira de relance saindo com uma das mulheres vulgares viu que ele era como todos os outros, além de que depois que soubera que ela era uma Granger, fora terrivelmente grosso.

Suspirou, ainda sentia o formigamento do choque que tocar nele dera. Ele era de longe o mais bonito, e ela ficara admirada com o olhar sonhador dele para com o livro dela.

Levantou, sacudindo a areia do vestido verde esmeralda, preso com um espartilho preto dessa vez. Odiava as anáguas. Ela já era pequena, e todo aquele enchimento a fazia parecer uma boneca mal encarada.

Foi para perto do mar, sentindo a água gelada bater em seus pés. Como ainda estava amanhecendo, ela estava muito mais fria que o normal, mas Granger gostava mesmo assim.

Devagar, foi entrando no mar, sentindo toda sua tristeza indo embora, amava a natureza e a paz que ela lhe dava.

Foi puxada mais para dentro, seguindo a correnteza, tentando parar onde estava. Olhou para praia, vendo que já estava bem distante.

Então a primeira onda a submergiu, voltou à superfície tossindo, mas logo a segunda veio. Seu pé esquerdo se contorceu com câimbra, e ela soltou o último grito que seus pulmões permitiam. A terceira onda veio e a submergiu de vez.

Ela segurou, segurou o máximo que pode, até que a pressão foi insuportável e ela não aguentou mais. Era assim que terminaria, assim que morreria, afogada sozinha no mar.

Quando estava quase perdendo a consciência, ela sentiu seu corpo emergir, e viu um par de olhos negros intensos a fitando preocupada.

E desmaiou.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?