Danger escrita por Els


Capítulo 4
Sexta-feira da Santa Paciência




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O punhado de água gelada da torneira causou um alívio imediato ao entrar em contato com minha pele febril. Afastei os fios de cabelo soltos e grudados na testa graças ao suor. Em sequência, postei minhas mãos trêmulas, uma em cada lado do lavatório, elevando o rosto para, enfim, fitar meu reflexo empalidecido no grande espelho retangular do balneário reservado aos funcionários.

Meu estômago sofria de uma tremenda reviravolta e eu não tinha ideia do porquê. Apesar de já ter vomitado todo o almoço, sentia contrações que, de vez em quando, me impulsionavam a ajoelhar em frente ao vaso sanitário. Gloriosa maneira de terminar o expediente!

Contudo, eu permanecia relutante quanto a pedir ao meu chefe a dispensa pela noite, sabendo que ele sempre estava à espreita, clamando por uma desculpa convincente a fim de me dar o pé na bunda. O jeito como Danger me persegue com seu olhar intransigente, causa calafrios na minha espinha.

Logo ao transpor a passagem para os corredores, escutei os gritos dos fãs a metros de distância, ansiosos para o início do espetáculo no Estádio de Wembley. Ainda que eu não pertencesse à banda, podia sentir a adrenalina correndo por cada canto daquele lugar, que vibrava em concomitância à ovação da plateia.

Em três meses, a banda passara das arenas para as grandiosas apresentações em estádios devido ao crescente sucesso. O público se compunha de uma vasta demanda, indo das donas de casa, apaixonadas pelas letras românticas, passando pelos adolescentes, e alcançando os rockeiros mais exigentes, influenciados pelos solos de guitarra elétrica de Barry Adams, ex-componente de uma banda de rock clássico, o qual trouxe uma cara nova ao ingressar no The Thunderstruck.

Chequei meu relógio de pulso, constatando que o show tinha a abertura marcada para dali a menos de meia hora. Graças aos céus! Eu só torcia para que a uma hora e quarenta minutos de duração do evento corresse o mais rápido possível, porque não sabia por mais quanto tempo eu resistiria de pé, andando de um lado para outro, por conta das exigências absurdas de Danger.

Parei diante da porta do camarim, encarando a plaquinha com o nome da banda e segurando a maçaneta por tempo demasiado, certa de que se eu entrasse ali, a princípio, ouviria piadinhas sem graça do meu chefe e, quando mais uma vez o ignorasse, ele teria uma tarefa capciosa para me incumbir. Eu já disse o quanto o odeio?

— Não fique parada no meio do caminho, menina! — Carly, a assessora de impressa e organizadora, praticamente berrou ao meu ouvido, me sobressaltando de susto. — Dê-me licença.

Assim que passei para o lado, liberando a entrada, ela se encaminhou camarim adentro como um furacão, falando apressadamente no rádio tipo Nextel enquanto equilibrava sua prancheta na curva do cotovelo, anotando o que lhe diziam pelo comunicador. Por conseguinte, deu ordens para que a banda se aprontasse e começasse a rumar em direção ao palco. Os rapazes ainda estavam, em sua maioria, apenas vestidos com cuecas boxer e meias. Ela não aguardou por resposta – aliás, como de praxe – e saiu do mesmo modo como entrou, quase me arrastando em seu caminho.

Quando isso se deu, Nathan, o baixista do grupo, se dobrou sobre os joelhos de tanto gargalhar. Todos os olhares se dirigiram a ele, sem que nenhum de nós alcançasse o motivo da graça.

— Por que está rindo, idiota? — Eddie, o tecladista e percussionista, arremessou uma almofada na cara do amigo, que nem assim parou de rir.

— Vocês não acham isso engraçado? — Nathan finalmente falou à medida que se recuperava da crise de riso descomedida, limpando as lágrimas que escorriam por suas bochechas. — Ela, tão pequena, andando apressada como uma formiguinha operária, gritando por aí para impor regras a nós, mas perde todo o seu poder de intimidação com aquele headset que quase lhe engole a cara.

Os amigos explodiram em gargalhadas, concordando com a observação, e nem mesmo eu consegui me segurar dessa vez.

— Ginny! — Cory, sorridente, levantou-se do espaçoso sofá de couro, vindo até a mim ao atentar para a minha presença no “Recinto dos Machos”, como tão convenientemente eles nomearam o camarim. Nesse preciso momento, não sei se em razão do riso, senti um repuxão em minhas vísceras mais uma vez. Jesus! Não havia mais nada para pôr para fora! — Ei, o que há de errado contigo?

Seu sorriso descontraído evaporou. Ele me olhava com preocupação, possivelmente alarmado pelas caretas e minha aparência de fantasma. Por cima de seus ombros, percebi mais quatro pares de olhos atentos, voltados na minha direção. Dentre todos, apenas o vocalista sustentava um ar de petulância e ansiedade, desafiando-me a dizer o que realmente havia de errado comigo. Ele queria que eu implorasse para ser liberada. Azar o dele, porque eu não iria ceder. Engoli as palavras juntamente à sensação de mal-estar e abri um sorriso, o qual julguei ser o mais sincero.

— Estou ótima, só um pouco cansada.

Mesmo à distância, vi Danger vacilar em sua pose petulante e apertar a mandíbula em desaprovação pela resposta. Parabenizei-me, dando tapinhas em minhas próprias costas, intimamente me sentindo melhor.

— Então, por que não vai para casa? — Barry propôs — Acho que...

— Você não acha nada, baba-ovo — Danger se levantou da poltrona, seguindo despreocupadamente até as araras, onde pegou sua muda de roupa separada para o show. — Ela é a minha assistente e vai ficar até o fim do show, igual aos outros da equipe.

Ao passo que ele falava e se equilibrava em um só pé ao vestir a calça jeans justa, confesso que meus olhos se perderam nas inúmeras tatuagens espalhadas pelo seu tronco e braços. Nunca havia reparado que eram tantas, até porque a maioria não ficava visível a maior parte do tempo, já que dificilmente ele andava sem camisa. Esse costume dos lugares tropicais não pertence ao dia-a-dia dos britânicos, acostumados ao clima frio.

— E qual o objetivo disso? Você estará no palco todo o tempo. Depois do show, sairemos para comemorar o feriado e...

— Não importa, Nathan. A Vodca fica.

O baixista rolou os olhos, em seguida, me mandou um olhar complacente e um meio sorriso que dizia “bom, eu tentei ajudar...”. Eu espelhei sua ação, realmente grata pelos rapazes serem tão legais comigo. Se acaso eu tivesse a oportunidade de trabalhar para qualquer um deles em vez do Danger, não pensaria duas vezes ao fazer essa troca. Em contraponto, para o azar de nós dois, meu chefe e eu, esta opção não constava no cardápio.

Felizmente ou infelizmente, eu não podia me dar ao luxo de abandonar o trabalho. E, segundo a concepção de Gabe, o irmão caçula não podia ficar sob sua própria vontade ou seria responsável por afundar toda a banda por causa das suas atitudes irracionais. Em suma, eu precisava desesperadamente do emprego. Danger, de uma babá. Embora irônico, esse casamento era perfeito. Teoricamente.

— Você está mesmo bem, meu anjo? — Danger postou-se de frente para mim, sorrindo. Não um sorriso solícito ou preocupado, mas irônico. As fãs se derretiam quando ele usava essas expressões supostamente carinhosas e sorria-lhes do mesmo modo como acabara de fazer. No meu caso, estas atitudes provenientes dele só provocavam um reboliço ainda maior nas minhas vísceras. — Na verdade, você parece um pouco...

— Estou ótima — disse entredentes, maximizando seu divertimento, visto que o sorriso dele alargou, o que me fez ranger os dentes.

— Toma — ele estendeu uma garrafinha d’água. — Beba isso, acho que está precisando.

Danger mobilizado com as necessidades de outra pessoa que não seu próprio umbigo? Esta é uma novidade a ser comemorada, pessoal! Abram os champanhes!

Ainda assim, alternei olhares entre seu rosto, desprovido de quaisquer emoções, e o objeto que ele empunhava. Com tanta indecisão da minha parte, Danger acabou bufando e revirando os olhos, portanto me decidi por aceitar sua oferta inusitada antes que ele se arrependesse e retomasse a postura de idiota mandão de sempre.

— O que quer eu faça agora? — indaguei, ciente de que, vindo dele, uma atitude minimamente altruísta teria um alto preço, claro.

— Olha que eficiência! Que disposição para o trabalho! — ele exclamou, propagando seus exagerados gestos pelo ar, como um tenor entoando sua ópera ao público. — Gostaria que me trouxesse uma garrafa de licor — meus olhos se dirigiram à mesa, às suas costas, abarrotada de comidas, água, sucos, refrigerantes, energéticos e bebidas alcoólicas de todos os tipos, destiladas ou não. — Não aquelas — Danger disse com desdém ao notar minha interrogação em decorrência do seu pedido. — Não quero beber essas porcarias que mais parecem chá. Você sabe do que eu gosto, meu bem, então não me decepcione. Ah, e quando voltar, não esqueça das minhas toalhas brancas. Estas estão encardidas.

— E onde você acha que eu vou conseguir toalhas brancas à essa hora?

— Esta é uma ótima pergunta, para a qual eu não preciso dar uma resposta. Eu mando, você faz. Simples assim.

Nesse instante, imaginei uma mudança de cenário, conjecturando uma situação semelhante àquelas cenas de documentários sobre cadeia alimentar que passam no Discovery Channel, Nacional Geographic ou quaisquer canais desse tipo. Os demais integrantes da banda desapareciam e, então, só haveria nós dois em uma savana da África. Eu, uma leoa faminta há dias. Ele, um gnu distraído, bebendo água na beira de um riacho e ignorando a presença da felina à espreita de sua caça. Quando Danger menos esperasse, teria meus dentes e garras afiadas cravados em seu pescoço e, mesmo que ele tentasse lutar e se debater, eu venceria em decorrência do ataque surpresa e supremacia de força.

Cheguei a salivar, desfrutando o sabor da vingança; nada me daria maior satisfação. De fato, estava a um triz de cometer essa loucura, sobretudo ao vê-lo abrir um sorriso de “ouse me desafiar” enquanto tinha uma das sobrancelhas arqueada. No intuito de não sucumbir ao meu desejo assassino, resolvi dar-lhe as costas e me adiantar para fora do camarim. Porém, não antes de murmurar um “crápula”, cuja intencionalidade do xingamento era apenas a de extravasar, mas que surtiu um efeito maior.

— Eu ouvi isso, querida.

— Todos nós ouvimos, crápula — Barry comentou em meio aos risos, sendo acompanhado pelos outros.

Não retornei a fim de descobrir qual era a fisionomia do meu amado chefinho. Sendo ele tão imprevisível, poderia estar sustentando uma tromba mal humorada por causa do comentário zombador do companheiro de banda ou um ar vitorioso por ter conseguido me despachar para a noite fria de Londres à procura de uma loja de departamentos aberta 24 horas. Ainda por cima, em um feriado! Noite de Sexta-feira Santa e lá estava eu, às voltas para encontrar as malditas toalhas brancas e a porcaria de uma garrafa de licor.

A dificuldade em achar o comércio aberto às onze e meia da noite de um feriado foi muito maior do que supus a princípio. Poucas pessoas eram vistas caminhando pelos cantos das calçadas em seus agasalhos longos e cachecóis de lã, tendo os ombros encolhidos e pescoço enterrado nas golas altas enquanto seus lábios mexiam-se em murmúrios zangados de desaprovação pelo frio em meados de abril. Eu não poderia compactuar mais com seus sofrimentos. Meu calhambeque vivia me deixando na mão e, recentemente, o aquecedor resolvera pifar, após dias produzindo um ruído esquisito. Definitivamente, era uma das piores sextas-feiras da qual me recordo em muito tempo.

Entrei nas poucas lojas disponíveis ao público, encontrando a garrafa de licor de uma marca desconhecida num empório de bebidas igualmente desconfiável. Dei de ombros. De qualquer jeito, eu não beberia daquilo. Danger reclamaria, mas quando ele não reclama de alguma coisa que eu faço? Então que fosse por um bom motivo.

Saí dali para encarar a via A40 outra vez. Quando caí em mim, passava em frente à estátua de Eros na famosa praça Picadilly Circus, onze milhas ou aproximadamente trinta minutos do meu ponto de partida.

— Eu desisto! — proclamei aos ventos ao sair de uma pequena loja de turistas, onde obviamente nunca acharia artigos de banho.

Ao passo que me encaminhava para o carro, o cheiro de comida tailandesa do restaurante ao lado fez a minha boca aguar. Caramba, depois de horas passando mal e de toda essa aventura, realmente me sentia faminta. E, como se para ratificar, meu estômago emitiu um alto grunhido. Não parei muito tempo ponderando se deveria ou não me guiar pela fome.

Alguns minutos depois, deixava o estacionamento, carregando minha refeição no banco do passageiro. Enquanto dirigia de volta, aproveitava as paradas nos sinais para beliscar. A minha única falha foi ter esquecido de comprar a bebida, uma vez que a comida tailandesa é muito caprichada nos temperos exóticos e, à certa altura, eu estava clamando por qualquer líquido, até me lembrar da garrafinha d’água guardada no porta-luvas e que eu sequer tinha tomado um gole. Apesar de desconfiar da sua procedência, bebi avidamente, grata pela água proporcionar alívio instantâneo na minha língua meio adormecida.

A partir da metade do percurso, entretanto, comecei a me arrepender de ter devorado aquela alguma-coisa-asiática-de-nome-estranho, tão cheirosa, e tão pesada, principalmente pela vulnerabilidade do meu organismo no decorrer do dia. Meu estômago se manifestou e tive certos episódios de tontura ao mesmo tempo em que minhas mãos gelaram e senti palpitações cada vez mais aceleradas. Bebia goles e mais goles de água na esperança de que essa providência ajudasse, mas em vez de melhorar, os sintomas pioravam gradativamente conforme os minutos avançavam. Fiquei preocupada com a possibilidade de se tratar de uma reação alérgica a algum dos ingredientes incomuns na minha dieta convencional.

Meu Deus, esse dia nunca vai acabar?

O desespero só aumentou quando minha visão ficou turva e por muito pouco não colidi com um veículo vindo na direção contrária. Devido ao alarde da buzina e o farol alto piscando repetidamente em sinal de alerta, consegui retomar o controle do carro a tempo de evitar o acidente. O motorista revoltado, provavelmente, xingou minha pobre mãezinha, mas não havia nada que eu pudesse fazer a não ser parar no acostamento e aguardar por uma melhora. E assim eu fiz.

Assim que estacionei o carro de qualquer maneira, desci a fim de colocar toda a comida tailandesa para fora, na sarjeta. Senti-me fraca e, ao olhar para os dois lados, não encontrei ninguém que pudesse me ajudar. Cambaleei de volta ao veículo e tentei relaxar. Eu precisava ir ao hospital, no entanto não havia nenhum ao meu alcance. Em contrapartida, também não podia deixar minha mãe sem notícias e desaparecer do trabalho sem uma explicação plausível.

Agarrei o celular, disposto no painel, deslizando os contatos da agenda até aparecer a inscrição “Gabe”. Por tantas vezes eu olhara seu nome na minha lista, buscando por uma boa desculpa na intenção de lhe telefonar. Bom, finalmente eu tinha uma ótima desculpa, e certamente ele não hesitaria em correr em meu auxílio. A única falha desse plano residia no fato de que Gabe havia viajado para a Austrália em busca de parceria na divulgação dos The Thunderstruck.

Droga, Gabe! Por que você está a milhares de quilômetros de mim?

Reli a limitada lista de chamadas mais algumas vezes, enfim, resolvendo jogar o aparelho telefônico de volta ao lugar de antes, posto que não existia mais ninguém com o qual eu pudesse contatar. Triste realidade! Preciso conhecer algumas pessoas..., ponderei com meus próprios botões. Desesperançada por qualquer avanço de melhora no meu estado, me forcei a retornar à estrada. Pelo menos a tontura e a visão turva não eram mais um problema, embora a sudorese tivesse aumentado e os calafrios surgissem esporadicamente.

Em dez minutos cheguei ao meu destino. Finalmente! Após estacionar o carro meio torto na vaga, gemi em desaprovação por encarar de relance a imagem do meu rosto esquálido bem como os lábios descorados no retrovisor. Sem me ater em suposições que não levariam a nada, afinal de contas, eu não era médica para me autodiagnosticar, me adiantei para dentro dos bastidores, buscando a ala destinada aos camarins. Na pressa, acabei esquecendo a garrafa de licor no porta-luvas. Mas eu não estava disposta a retornar. Ah, não! Danger que se virasse uma noite sem a sua preciosa bebida. O foco dos meus pensamentos estava voltado a encontrar a Rose, uma das figurinistas mais talentosas que já conheci, e talvez a pessoa mais acessível dentre toda a equipe.

— Ei, Gin! — ouvi me chamarem ao longe, mas ignorei quem quer que fosse e continuei andando à procura do meu objetivo. Entretanto, a pessoa gritou meu nome outra vez e, dessa forma, fui obrigada a me voltar naquele sentido. Resfoleguei ao ver Gabe correndo ao meu encontro. Ao pé de mim, seu sorriso sempre gentil murchou, dando lugar ao vinco profundo entre as sobrancelhas. — Gin? O que aconteceu contigo?

Merda!

— Pensei que não estivesse em Londres — comentei casualmente, sorrindo e, assim, conjecturando desviar sua atenção da análise atenta ao meu rosto.

— E não estava mesmo, mas... Diga-me o que está acontecendo — ele insistiu, dispensando as formalidades e o provável diálogo subsequente de “como foi a viagem?”, “foi ótima”, “seja bem-vindo de volta e blábláblá”.

Bem, dada a situação melindrosa, eu preferia mesmo o diálogo mecânico de boas-vindas. Era complicado explicar o que eu sentia, afinal havia uma infinidade de sintomas e hipóteses, uma pior do que a outra. Isso sem contar a minha imprudência em consumir uma comida cheia de temperos incomuns tendo o estômago fragilizado. No mínimo, eu seria tachada como uma perfeita imbecil.

— E-eu...

— Hey, irmãozinho, quanto tempo!

Danger surgiu sabe-se lá onde, fazendo seu costumeiro escândalo enquanto se aproximava de nós.

Espera um segundo... Danger? Por que ele está aqui à esta hora em vez de estar no palco com a banda?

Fitei-o sem entender, ainda tendo os olhos de Gabe fixos em mim, incendiando a minha pele, enquanto esperava impacientemente por uma resposta da minha parte. Fiz o possível para despistá-lo, embora fosse difícil ignorar aquelas orbes de uma imensidão azul.

De repente, me atentei para o motivo de não somente o vocalista, banhado em suor, como também os demais componentes da banda despontarem no extremo oposto do corredor, igualmente molhados: era o intervalo da metade do show, quando todos voltavam aos camarins para descansar um pouco, comer alguma coisa e trocar o figurino.

— Agora não, Sammy! — Gabe repreendeu o irmão, afastando-se dele ao que este fez menção de abraçá-lo de banda. — Gin, você está me deixando preocupado.

Percebi os dois irmãos me encarando, ambos com a fisionomia carregada.

— Não é nada... eu acho. Eu...eu...

A partir desse instante, tudo sucedeu muito rápido. A tontura retornou, minha visão tornou-se parcialmente enuviada e minhas pernas perderam totalmente as forças. Vi-me caindo, sem que conseguisse fazer nada a respeito a fim de evitar a queda. Sucessivamente, braços fortes ampararam meu corpo amolecido ao mesmo tempo em que eu, meio consciente e meio desfalecida, aferi o pedido desesperado por ajuda, próximo ao meu ouvido. Meu rosto afundou de encontro ao paletó macio de Gabe, recendendo um perfume masculino marcante.

Não lembro de mais nada.


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