– Evanna, dá pra explicar o que se passa com você? – Isso foi Mione me questionando, junto a Harry e Ron. Eu estou no quarto em que divido com ela, sentada em minha cama e ouvindo minhas músicas. Isso é o que eu tenho feito nos últimos três dias. Eu passo a maior parte do tempo aqui, só saindo para as refeições. Algumas pessoas vêm conversar comigo, mas honestamente, as conversas não são muito estimulantes, porque eu nunca estou a fim de conversar. Amanhã é natal... mas eu não me sinto muito no espírito natalino...

Pra falar a verdade, eu estou um tanto deprimida em questão aos meus sentimentos com o Harry. Descobrir que ele jamais gostaria de mim da mesma maneira que eu gosto dele porque ele me vê como uma irmã, não é algo lá muito animador.

Mas eu estou péssima mesmo! Estou parecendo aquelas garotas chatas de filmes norte-americanos que eu vivo zoando. Desde quando eu demonstro quando estou deprimida? Eu normalmente não demonstro nada por não querer compartilhar o que sinto. Fazer o que eu estou fazendo, me isolar, simplesmente entrega que eu não estou bem.

Essa não sou eu.

Argh! Primeiro eu choro, depois fico deprimida por amores, e agora eu demonstro meus sentimentos. Obrigada, Harry, por destruir toda a imagem que eu venho construído desde... que me entendo por gente!

– Pra falar a verdade, Mione, eu tenho respondido que estava bem pra todo mundo que me fazia essa pergunta. Por pura teimosia, claro. Porque, pra falar a verdade, eu acho que estou resfriada. Tenho sentido dor de cabeça, tonturas e mal-estar. – É uma mentira, Okay gente? Tudo menos a verdade.

– Eva, porque você não falou antes? – Disse Mione. – Poderia ter se tornado algo mais sério!

– Mas eu estou realmente me sentindo melhor que antes, então não é nada de mais. – Falei na maneira mais convencível possível. – Alguém pode me trazer um chá de cidreira? É bom pra resfriados. – Pelo menos é isso que a tia Susi do orfanato falava.

– Ãh, claro. – Disse Ron saindo do quarto e arrastando Harry. Pude ouvir ele falando algo como “o que é cidreira?”

– Dor de cabeça? – Questionou Mione. – Tontura e mal-estar até cola, mas você está passando o dia inteiro de fones de ouvido e diz estar com dor de cabeça?

– Eles caíram, você já não tinha necessidade. Mas eu preferia que tivesse, assim eu poderia evitar explicar algo que eu não estou a fim de falar. Mas que sei que vou falar mesmo assim porque você vai insistir. Então sente-se e escute.

Ela se dirigiu até sua cama, sentou-se e ficou me encarando. Eu fiquei pensando em como explicar exatamente.

– Bem... quando eu saí para dar uma volta a alguns dias atrás, eu comecei a pensar na vida. E acho que você sabe o que eu quero dizer com “vida”. – Eu dei a ela um olhar significativo, que ela assentiu com a cabeça mostrando que entendeu. Harry. – Bem, a questão é que: ele está com a Cho. Gosta dela e tals. Mas... ele ficou preocupado quando eu saí sem avisar ninguém, ele se preocupa comigo, mas... isso é porque ele me vê como uma irmã. Ele nunca vai gostar de mim do mesmo jeito que eu gosto dele.

Quando eu terminei, a Mione estava mordendo o lábio inferior e encarando o chão. Como se estivesse pensando se diria ou não algo.

– Eva... o Harry, ele... gosta de você. – Ela me encarou. – Desde o terceiro ano. Eu sei disso porque... ele me contou. Pediu que eu guardasse segredo. Me desculpe.

...

Puta que pariu! Então eu estava mesmo certa? Mas... tem uma coisa que eu ainda não consigo entender.

– E porque ele está com a Cho? – Eu digo minha dúvida em voz alta. Completamente sem emoção. Senão é provável que eu soque a parede. Ou a cara da Mione.

– Foi o que eu perguntei pra ele ontem. Ele disse que estava tentando “superar” você. – Ela disse fazendo aspas com os dedos. – Disse que ele achou que se ele se convencesse que gostava da Cho ele te esqueceria.

– Por que as aspas? – Eu pergunto confusa.

– Porque, sinceramente, eu acho isso meio impossível. – Ela disse. – Por isso que no dia que você me contou que gostava dele, eu disse que você devia falar pra ele. Aí vocês ficariam juntos e...

– E o quê? – Eu disse a interrompendo. – Ele simplesmente diria para a Cho que não queria nada com ela depois de beijá-la e que agora está saindo com outra garota? Isso se espalharia por Hogwarts, ele ficaria com imagem de galinha que “beija e larga” e eu ficaria com imagem de puta por ficar com ele.

Mione pareceu refletir sobre as minhas palavras, no final ela concordou.

– Mas... – Ela começou. – Você deveria fazer alguma coisa...

– Eu deveria fazer alguma coisa? – Eu disse completamente indignada. – Ele que deveria ter feito algo, anos atrás! Ele deveria ter tomado uma atitude e vindo falar comigo, e não se forçado a gostar de outra pessoa e... reprimir seus sentimentos. – Eu vacilei um pouco nesse final, refletindo sobre o meu “probleminha de raiva”, mas foi em questão de nano segundos. Logo continuei. – E se alguém tem que fazer algo agora, é ele. E você não vai falar nada pra ele, porque você me fez uma promessa, e você não vai querer quebrar uma promessa minha. – Eu disse sentindo a raiva se acomodar em mim.

– T-ta. – Ela me olhava um tanto... assustada? Desviei meu olhar dela para o espelho na parede ao seu lado. Meus olhos estavam vermelhos e em chamas. Eles estavam certos, isso é realmente assustador.

Fechei meus olhos e me forcei a me acalmar. A última coisa que eu quero e descontar minha raiva na Mione.

– Ãh... tá tudo bem? – Perguntou Harry. Abro meus olhos já me sentindo mais calma, vejo Harry na porta com Ron segurando uma xícara ao seu lado.

– Sim, foi só uma tontura passageira, nada de mais. – Eu digo convincente.

– Trouxemos seu chá. – Diz Ron me entregando a xícara.

– Obrigada. – Eu digo me forçando a dar um sorriso.

– Nós vamos jantar, vocês vêm? – Disse Harry.

– Vamos daqui a pouco. – Disse Mione.

– Tudo bem.

E assim os dois desceram. Eu encarei a xícara em minhas mãos, então a estendi para Mione.

– Você quer? Eu detesto chá.

Ela me encarou incrédula.

– Então por que você pediu chá se você detesta?

– Eles tinham que acreditar que eu estava doente!

– Não dava pra fazer isso sem pedir chá?

– Não, isso torna a coisa mais convincente! Doentes sempre pedem chá.

– Mas... – Eu a interrompi.

– Era isso ou fingir um desmaio. Vai querer ou não? – Ela revira os olhos e pega a xícara. Depois que ela tomou o chá nós descemos para o jantar.

Nada de mais aconteceu. Além do fato de que a Mione ficava novamente lançando olhares de mim para o Harry.

Se essa cozinha estivesse composta por gente como eu, esses olhares seriam a mesma coisa que gritar “eles se gostam!”. Graças a Merlin que eles são meio incompetentes. Sem ofensas.

Ah, que legal. Pra melhorar a situação meu pai está fazendo a mesma coisa.

Fiz questão de terminar o jantar rápido, deixar a louça na pia pra outra pessoa lavar, e subir para o quarto.

Enquanto eu subia as escadas comecei a pensar (novamente) na vida.

O Harry não gosta da Cho realmente, ele se força a acreditar que gosta dela. Pra quê ele faz isso? Para tentar me superar.

Se ele acha que pode simplesmente superar a minha pessoa com alguém como a Chang, que é uma chorona, aproveitadora, metida e fresca, ele está enganado. E pensar que um dia eu já falei que eles formariam um casal fofo... e que eu armei um plano para o distrair o Cedrico e fazer com que eles pudessem dançar uma música juntos no baile de inverno!

São com esses pensamentos que eu adormeço. E posso muito bem dizer que dormi mal naquela noite.